Contos Phantasticos
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Braga Teófilo. Contos Phantasticos
PRELIMINAR
As azas brancas
O véo
A estrella d'alva
Lava de um craneo
Beijos por facadas
A Ogiva sombria
As aguias do norte
O relogio de Strasburgo
Um erro no kalendario
A adega de Funck
Revelação de um caracter
O sonho de Esmeralda
O Evangelho da desgraça
Aquella mascara
A rosa de Sáron
Os quatro filhos d'Aymon
Odio de inglez
ADDITAMENTO
Отрывок из книги
Sempre o mesmo olhar doloroso! uma constante expressão de magoa, esse abandono, que é o tedio da vida! Porque é que na flôr dos annos, quando a existencia se purpurêa com todas as graças que se entrevêem apenas em sonho e se veste das alegrias que a rodeiam, como uma criança enfeitando-se distrahida com as florinhas espontaneas, tu, bella, sentida, deixas reflectir pela transparencia da tua face pura um clarão pallido e incerto como de agonias e desespero, como a phosphorecencia de um grande mar que estúa? Diante de ti sente-se uma oppressão estranha, a mudez sagrada de uma grande floresta, o terror gélido, de quem entra na caverna de uma sibylla. Porque é que os teus vinte annos, as fórmas arrebatadoras do teu flexuoso corpo de sylphide, que verga pela dôr, mais languido e gentil do que a palmeira solitaria embalada nas bafagens mornas vindas da amplidão remota do deserto, como é que toda esta adolescencia, que te cinge como auréola de encanto e attractivos, me faz ter medo de ti, me prende a voz temerosa e balbuciante, que ousa ás vezes perguntar-te:
D'onde vieste? Em que scismas? Que véo te acena e está chamando de longe? Porque te escondes dos olhos que choram de vêr-te assim desolada, na consternação de uma angustia intraduzivel por palavras humanas? Porque não fallas, e nos contas o que soffres? Porque te deixas ficar horas esquecidas com a mão firmada ao rosto, suspensa n'uma contemplação divina, irradiante, de um modo, que ninguem ousa dizer se és da terra, se és a incarnação de alguma essencia archangelica que anda errante no mundo a sanctificar o amor no soffrimento?
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É esta uma qualidade vulgarissima nos povos do norte, principalmente os insulares, conhecida sob a denominação de Second sight. Ahi a imaginação tendo pouca variedade de paizagem que a fecunde, volta sobre si o que ha edificado e exagera-lhe as proporções. Por isso as theogonias do norte são terriveis. As avalanches suspensas a precipitarem-se, os nevoeiros diffundidos por toda a parte como um sudario immenso e frio, a aurora dos polos a desdobrar-se esplendida, tudo faz sonhar de um mundo phantastico, escutar essas toadas vagas, indefiniveis dos espiritos que se annunciam pelo ressoar de uma harpa longinqua. O dom da visão é commum; é assim na ilha de Ferroë. Que virgens se não ostentam n'uma apparição repentina, e que o vidente procura, sem nunca mais poder encontral-as! Balzac, o observador sem egual do coração, sentiu toda a poesia do norte no poema de Seraphita; é um mysterio, o enlace da philosophia e da poesia, um extasis indecifravel de Swedenborg, contemplado nas fiords da Norwega. O delirio de Seraphita é o problema incessante da percepção immediata; o seu amor é mais puro que o ideal de Dyotima, é elle que lhe dá a segunda vista.
Taishatrim e Phissichin são os nomes que em lingua gaëlica se dão aos que tem esta faculdade. Os factos observados são innumeros, o seu estudo é dos nossos dias. Kant combateu a doutrina visionaria de Swedenborg, mas não attendeu que este phenomeno physico era todo sentimental; viu no patriarcha dos videntes do norte um impostor. A vida exemplarissima de Swedenborg é um desmentido completo e irretorquivel aos argumentos d'esta ordem.
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