Отрывок из книги
Ricardo Beltran
Grandes Escolhas
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O conteúdo da carta era verdadeiramente nojento e repugnante, e aquela reunião tinha todo o sentido, exceto que o acusado não deveria ser eu! Quando levantei o olhar no final da leitura, já a minha primeira reação racional se tinha convertido num mundo de emoções. Os meus olhos, carregados de lágrimas de compaixão para com aquela pobre rapariga, fixaram-se frontalmente nela e lancei-lhe, sem hesitar, a pergunta mais frontal que podia: «achas mesmo que fui eu quem te escreveu isto?»
A rapariga ficou tão contagiada pela profundidade emotiva do meu olhar e da minha simples pergunta que me declarou inocente sem hesitar! Pelo canto do olho, consegui observar a psicóloga que perante aquela minha «negociação» com a vítima, se mostrou irremediavelmente convencida. Perante aquilo, todos os outros ficaram despidos de argumentos e sem saberem o que fazer. Em seguida, já com a razão e as emoções de mãos dadas, passeei o meu olhar pelos diretores e num ápice passaram de acusadores severos a meros acusados. Ainda com as lágrimas a quererem escorrer-me pelo rosto, fiz questão de que provassem o sabor da injustiça que estavam ali a cometer, ainda que de forma respeitosa.
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