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Capítulo 2

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Kate negou com a cabeça, sem proferir uma única palavra.

O homem olhou de novo para ela, antes de se dirigir ao companheiro e de lhe dar uma ordem, em castelhano. Imediatamente, este apagou a luz.

Durante uns momentos, a escuridão foi total, e Kate achou que, se agisse de imediato, teria tempo de fugir dali, antes que alguém tivesse oportunidade de a impedir de o fazer. Afinal, o que é que tinha a perder? «Muito; além disso, nem sequer conseguiste as fotografias e os negativos», pensou.

– Nem te atrevas a fazê-lo!

Ela deu um salto ao ouvir a ordem mordaz que surgiu do escuro e que destruiu por completo as suas intenções de fuga. O outro homem afastou a cortina, e o luar inundou o quarto revelando o perfil vincado do seu agressor, que tinha todo o aspecto de ser o chefe.

– Esperavas que aparecesse, esta noite? – indagou, retomando o interrogatório.

– Não conheço o González – replicou a jovem com sinceridade.

Kate começou a desconfiar de que se encontrava no meio de um conflito entre criminosos. Precisava de agir com prudência; não podia dizer nada que piorasse a sua situação.

A sua sinceridade não foi suficiente para suavizar a expressão austera do homem que a interrogava.

– Então, estás aqui por acaso? – perguntou e observou atentamente a roupa que ela usava. – Vestida dessa maneira?! – os seus lábios cruéis e fascinantes deixaram escapar um suspiro impaciente.

– Olha quem fala! – exclamou, olhando alternadamente para os dois homens, também eles vestidos de preto. Kate sorriu ao pensar que aquilo mais parecia uma convenção de ladrões mascarados de preto.

– Estás a divertir-te imenso com tudo isto, não? – indagou o homem num tom rude e agressivo.

O outro homem permaneceu na penumbra do quarto. Devia estar satisfeito por ser o companheiro a conduzir o interrogatório. Tendo em conta o seu porte atlético, provavelmente era ele quem se encarregava da parte física dos negócios. Se bem que o outro não necessitasse da sua ajuda para esse efeito, concluiu Kate, observando o seu entroncado corpo. «Pára com isso!», aconselhou-a uma vozinha no seu interior.

Depois de respirar fundo, na tentativa de afastar o medo e as especulações libidinosas, procurou analisar a situação com objectividade. Finalmente, chegou à conclusão de que se quisesse sair dali, teria de falar com aquele homem. Ainda que a sua expressão não fosse nada animadora. Já tinha visto estátuas de pedra com feições mais suaves.

– Claro. É divertidíssimo ser atacada no escuro por um bandido estúpido e enorme – comentou com amargura, ao mesmo tempo que esfregava as costas doridas. – De certeza que amanhã vou estar cheia de nódoas negras – gemeu.

– Se me tomas por um bandido pouco inteligente, não achas que me devias tratar com mais respeito?

– Isso é uma ameaça? – perguntou, atenta ao olhar vigilante do homem que revelava uma astúcia sagaz.

– Se fosse uma ameaça, ter-te-ias apercebido de imediato.

– Então, não passou de uma manobra para me intimidar – apreensiva, reparou no brilho que brotava daquele olhar arrepiante. Contudo, Kate não queria ser alvo daquele tipo de interesse que parecia despertar nele. A sua liberdade só seria viável se ele a considerasse inofensiva e atoleimada. – Tenho o hábito de conceder o benefício da dúvida seja a quem for, no entanto, creio que esse princípio não se aplica a este caso – declarou, indo contra a sua decisão inicial. – És um bandido da pior espécie. Provavelmente, devia estar calada, mas sempre que me enervo não consigo parar de falar… fui sempre assim…

– Acho que não estás nervosa – interrompeu-a, calmamente. – Julgo que por detrás desses olhos grandes e inocentes és tão dura como uma pedra. Estavas aqui à espera do González? Ou ele pediu-te para vires aqui buscar alguma coisa? Por acaso, ele sabe que nós andamos à procura dele? Então?

– Não lucras nada com essas intimidações – advertiu-o Kate, consciente de que o deixara confuso, e questionou-se sobre se estaria a ser atrevida ou simplesmente estúpida ao enfrentá-lo. Na realidade, não conseguia evitá-lo; havia algo nele que a incitava a desafiá-lo.

– Não sou um malfeitor – retorquiu, irritado.

Ela sorriu com amável incredulidade, e pareceu-lhe ouvir o rilhar daqueles dentes brancos e perfeitos.

– Não conseguirás esclarecer nada porque eu não faço a menor ideia do que estás a falar – abanou a cabeça com um movimento tão enérgico que o capuz caiu-lhe.

O homem franziu o sobrolho ao ver os seus maravilhosos cabelos louros. Kate sentiu um nó no estômago quando aqueles olhos azuis percorreram o seu corpo de uma forma insolente e se detiveram nas partes mais relevantes.

Instintivamente, quis proteger-se com as mãos. Contudo, depressa se apercebeu do quanto estava a ser ridícula e deixou cair os braços ao longo do corpo. Reparou, então, que segurava na mão uma quantidade considerável de cabelos escuros. Abriu-a e desenvencilhou-se deles, recordando-se da forma como lutara para se libertar dos seus braços e do puxão de cabelo que lhe dera.

– Devias saber que ele não estava aqui. Vieste por iniciativa própria? Querias aproveitar-te da ausência dele? – perguntou sem desviar o olhar dela. – Vê se descobres o que ela procurava nessa gaveta, ouviste, Serge?

Kate sentiu um calafrio. Dava a impressão de que nas veias daquele homem corria água gelada em vez de sangue.

– É evidente que não estou aqui por acaso – admitiu, enervada, enquanto o tal Serge, com uma rapidez surpreendente para a sua estatura, se dirigiu para a cómoda.

Os batimentos cardíacos de Kate aumentaram assustadoramente, o que era natural numa situação como aquela. Porém, o que a preocupava não era isso; era ter consciência de que o seu nervosismo se devia ao magnetismo daquele homem. Disfarçadamente, olhou para ele e sentiu um aperto no coração.

O homem emanava uma sensualidade imponente. Nunca vira nada assim. No entanto, aquele não era o momento ideal para analisar a estranha atracção que sentia por aquele sujeito de olhar frio. Tinha de esquecer tudo o resto e concentrar-se.

Pelos vistos, a irmã não era a única Anderson a sentir-se atraída pelo perigo.

– Estou aqui para recuperar algo que não pertence a esse tal senhor González. E que é… meu – afirmou calmamente, incapaz de desviar o olhar daquela figura corpulenta que revolvia o conteúdo da gaveta, espalhando-o pelo chão. Consciente de que o outro a observava atentamente, humedeceu os lábios com nervosismo.

Conviveu com muitas pessoas culpadas, por isso, facilmente reconheceu que ela própria evidenciava todos os sinais de culpabilidade.

– Acho que a surpreendemos com isto, Javier.

Kate não pode evitar lançar-se sobre as fotografias quando Serge as entregou ao tal Javier.

– São minhas! – gritou.

Durante alguns segundos, Kate ofereceu resistência aos dedos que apertavam os seus pulsos como algemas, e não tardou a olhar com ressentimento para o seu agressor, ao mesmo tempo que sentia os olhos encherem-se de lágrimas de dor e frustração.

– Não tens o direito… – calou-se quando o homem, conhecido por Javier, começou a abrir o envelope.

Aterrorizada, viu-o tirar uma fotografia e analisá-la.

Kate deu conta de que corava intensamente quando o homem desviou o olhar da fotografia e a encarou, antes de olhar de novo para a fotografia e de guardar no envelope. De seguida, tirou os negativos e esteve a vê-los contra a luz. O leve tremor dos seus lábios revelava a repugnância e a reprovação que sentia perante o que via.

Serge perguntou-lhe algo em castelhano e o outro respondeu-lhe no mesmo idioma. Kate cerrou os dentes e apertou as mãos com força. A sua raiva aumentava perante as gargalhadas dissimuladas que os dois davam às custas de Susie.

– Fazes isto para ganhar a vida ou é apenas um passatempo?

«Julga que as fotografias são minhas», constatou, boquiaberta. Noutras circunstâncias, até lhe agradaria que confundissem o seu corpo com o de Susie, que era irresistível. Porém, naquele momento, sentiu-se enlouquecer.

Se o seu adversário não tivesse reagido com aquela surpreendente rapidez, o punho cerrado de Kate tê-lo-ia atingido em cheio no rosto. Ela, que nunca em toda a sua vida sentira necessidade de recorrer à força, ficou abismada com a sua própria reacção. De repente, foi invadida por um incontrolável desejo de fugir dali.

– Deixa-me ir embora! – implorou e deu-lhe um pontapé na perna, com os olhos repletos de lágrimas e a respiração entrecortada pela raiva.

– Agora é que estás a mostrar quem realmente és – declarou com desdém. – Tem calma, gatinha, as tuas fotografias indecentes não me interessam, podes ficar com elas…

Kate sentiu-se tão pateticamente aliviada, que teve vontade de chorar. Embora trémula, esforçou-se por manter a dignidade e olhou propositadamente para os dedos morenos que lhe prendiam o pulso, procurando ignorar o tom de desprezo utilizado. Não se podia dar ao luxo de perder o controlo; era ele quem tinha as fotografias e, pelo bem de Susie, precisava de as conseguir, nem que tivesse de se humilhar.

Mesmo consciente disso, era inegável que o que mais desejava era destruir aquele sorriso desprezível que ele tinha estampado no rosto, antes de lhe soltar a mão.

– Quando me deres a informação de que preciso – concluiu, abanando a cabeça numa atitude de gozo e com um sorriso cínico, que acabou por se desvanecer.

Kate sentiu-se impotente, sobretudo ao olhar para as fotografias, ainda fora do seu alcance. Rapidamente se apercebeu de que estavam a jogar ao gato e ao rato com ela e que nada podia fazer.

– Não sei de nada – murmurou, aflita, enquanto esfregava o pulso dorido pela força bruta do homem.

– Não te faças de inocente. É obvio que o conheces, a não ser que envies fotografias pornográficas a desconhecidos.

Aquilo era um insulto e, sem o poder evitar, corou de vergonha.

– Não são pornográficas… são de bom gosto – replicou, vacilante.

– Sim, são uma obra de arte – o homem arrastou as palavras de um modo injurioso. – Que tipo de relacionamento é que tens com ele? É teu amante ou teu fornecedor?

– Fornecedor?! – exclamou, abismada. Droga! Oh, santo Deus! Onde é que se tinha metido? Será que o Luís Gonzàlez tinha interferido no negócio daqueles bandidos? Estariam eles ali para lhe darem uma lição ou fazerem-lhe algo pior? – Deve haver aqui algum mal-entendido – gaguejou. – Não sei nada de drogas.

– Claro que não!

Os seus olhos encheram-se de lágrimas, e Kate pestanejou para tentar disfarçar. Se fosse capaz de chorar com a mesma facilidade que Susie, talvez conseguisse alguma coisa. Porém, algo lhe dizia que aquele homem não se comovia tão facilmente.

– Porque é que não acreditas em mim? Por acaso, tenho aspecto de ser toxicodependente ou algo do género?

– E qual é o aspecto dos toxicodependentes?

«Se soubesse como os distinguir dos outros, a minha irmã não teria passado pela agonia de todos aqueles meses de reabilitação», pensou, angustiado.

– Deves conhecer a resposta melhor do que eu. Afinal, essa especialidade é tua e não minha.

O homem estava tenso. Não moveu nem um só músculo da cara, ainda que os seus olhos brilhassem de fúria.

– Não compreendo as mulheres como tu. Porque é que o proteges? Um homem desse calibre, arrasta-te para o seu mundo sórdido e quando estiveres arruinada, abandona-te.

Inesperadamente, agarrou-lhe no braço e arregaçou-lhe a manga da camisa. Entretanto, passou suavemente um dedo pelas veias do antebraço e do pulso esquerdo. Baixou a luz que o ajudante prontamente dirigiu sobre a zona, e examinou a pele lisa em busca de algum sinal que a denunciasse.

O roçar da mão masculina sobre a sua pele incendiou o corpo de Kate, que só conseguiu respirar de novo quando ele a soltou.

– Estás contente? – perguntou, baixando a manga com uma expressão íntegra e solene.

– Nem por isso.

– Deixa-me em paz! – replicou, sarcástica, ao compreender a sua intenção. Depois de arregaçar a manga direita, esticou o braço e levantou a cabeça num gesto de desafio.

Esperava que ele desviasse o olhar, perturbado, envergonhado ou talvez enojado, ao ver a pequena zona de pele vermelha e enrugada na parte interna, sobre a articulação do braço. Tinha outra marca idêntica, embora mais pequena e menos pronunciada, no ombro.

Era incrível como uma pequena mancha afectava as pessoas. Há muito tempo que tinha decidido que a aversão dos outros era problema deles e que não ia passar o resto da vida a esconder as cicatrizes de infância, provocadas por um acidente doméstico.

Ao contrário do que era habitual, aquele não se afastou nem sequer fingiu, por cortesia, não notar as cicatrizes. Seb nunca tivera coragem de lhes tocar, apesar de lhe ter assegurado que não o perturbavam minimamente.

Aquele homem não tinha escrúpulos! Não satisfeito, pegou-lhe no braço, torceu-o ligeiramente para um lado e passou o polegar suavemente pela zona danificada, como se quisesse provocá-la. Kate estremeceu e ele levantou a cabeça.

– Foi uma queimadura? – indagou sem o menor sinal de compaixão, algo a que Kate já se acostumara.

– Sentes sempre esse tipo de curiosidade mórbida?

– Perturba-te falar disso?

Para além de ser um louco depravado e perigoso, era também aprendiz de psicólogo.

– Não com homicidas maníacos.

– Conheces muitos?

Kate negou com a cabeça.

– A maior parte dos homicídios ocorre em casa das vítimas – declarou com frieza e olhou intencionalmente para o seu braço.

Não era fácil mostrar-se fria com aquele homem quando o simples contacto da sua mão a fazia estremecer.

Ele levantou a cabeça e olharam-se nos olhos. Kate reparou, então, que estes tinham o poder de aniquilar a sua arrogância e de trazerem ao de cima a adolescente insegura que outrora fora. Desgostosa com a sua própria vulnerabilidade, abanou a cabeça de forma a afugentar aquele pensamento, ao mesmo tempo que baixava a manga da camisa.

– Espero que não andes sempre assim tão vestida como agora – comentou num tom severo ao tocar no tecido de algodão.

Kate teve a estranha sensação de que toda aquela situação se estava a tornar surrealista: ali estava ela, atenta aos conselhos de uma pessoa que invadia a privacidade dos outros com o propósito de fazer chantagem com traficantes de droga.

Talvez devido ao seu trabalho, Kate habituara-se a conversar com os delinquentes de uma forma natural, quase familiar; tinha uma visão da vida muito cínica e distorcida, pelo menos na opinião da sua mãe.

– Só quando vou assaltar uma casa – frisou, arrependendo-se de imediato. Na sua situação, a ironia era uma péssima escolha. Ao vê-lo sorrir, ficou mais tranquila e atreveu-se a olhar para as fotografias. – Ouve – disse num tom persuasivo, – uma vez que não conheço o teu amigo, porque é que não me vou embora e me esqueço de que algum dia te vi?

– Amigo?! Pelo amor de Deus! – exclamou, quase ofendido.

Assustada, Kate recuou e só parou quando ouviu o outro homem tossir intencionalmente. Espreitou por cima do ombro e viu-o de pé com os braços cruzados sobre o peito, junto à única saída que havia.

– Garanto que não o conheço. Estou hospedada neste hotel. Cheguei hoje…

Enquanto falava, os dois homens aproximaram-se um do outro. Kate virou a cabeça ao sentir de novo a luz da lanterna sobre os olhos.

– Se te deixarmos ir embora, poderás avisá-lo de que andamos à procura dele.

Kate empalideceu.

– O que é que queres dizer com esse «se»? Se me puseres as mãos em cima ou não me deixares sair daqui, farei um escândalo.

O que supostamente era o chefe pestanejou perante a sua ameaça.

– Se fizeres um escândalo, um dos hóspedes ou alguém do pessoal poderá chamar a polícia.

– E porque não? – sugeriu Kate, pegando de imediato no telefone e entregando-lho.

– Naturalmente, seria obrigado a mostrar-lhes isto – insinuou, e abanou o envelope frente ao nariz da jovem.

– E achas que eles iam acreditar na vossa história? A polícia ia acreditar mais em mim do que em vocês.

Por algum motivo, aquelas palavras provocaram o riso em Serge, que rapidamente se calou mediante o olhar duro do seu companheiro.

– Achas que sim?

Kate reparou que o tal Javier não se mostrava preocupado, como seria de esperar na sua situação e perante a ameaça de se ver confrontado com as autoridades policiais. Talvez escondesse os seus negócios ilícitos sob uma fachada legal.

– Sou uma pessoa respeitável – declarou a jovem.

– Bom, é muito possível que a tua convicção e esses olhos castanhos me comovam, mas a polícia vai exigir provas mais concretas.

– Queres uma prova? Está bem – afirmou, sorridente, ao lembrar-se do cartão de crédito que tinha no bolso. – Esta sou eu, K. M. Anderson – revelou e abanou o cartão frente ao nariz do homem. – Divido uma casa com… com uma amiga.

Não havia necessidade de envolver a irmã naquela confusão.

– Pode ser roubado – retorquiu, depois de ter olhado para o cartão sem grande interesse. – De facto, e dadas as circunstâncias, é o mais provável.

O peito de Kate inchou de indignação; um gesto que não passou despercebido ao seu agressor, que se fixou nele com descarado interesse. Aquele olhar fez com que o traiçoeiro coração de Kate disparasse.

– Uma das coisas que mais detesto, é que os homens não sejam capazes de encarar uma mulher quando estão a falar com ela – declarou, desafiante; Serge não pôde evitar uma gargalhada. – Para tua informação, não roubei este cartão. É meu. Trouxe-o caso a porta estivesse… – calou-se de repente.

– Fechada à chave?

Kate sentiu-se corar.

– És uma mulher de muitos recursos. No entanto, ainda não me contaste por que motivo estás aqui.

– E por que razão haveria de o fazer? Vocês também não me disseram o que fazem aqui, e tenho a certeza de que não foram convidados – murmurou.

– Silêncio! – interrompeu o homem, antes de se dirigir ao companheiro. – Serge, ouviste aquilo?

O outro assentiu com a cabeça.

– Será o González?

Apagaram a luz de imediato, e Kate ouviu passos no pavimento junto à janela. Fosse quem fosse, aquela era a oportunidade que há muito esperava. Determinada a sair dali, abriu a boca para pedir ajuda. Antes de poder gritar, uma mão tapou-lhe a boca e outra imobilizou-lhe o braço trás das costas.

– Queres avisar o teu amante? – aquela voz fria e repugnante roçou com aspereza o seu ouvido.

Kate tentou virar a cabeça. Odiava o seu desprezo, odiava o calor daquela respiração sobre o seu pescoço e, acima de tudo, temia aquela sensação de atordoamento que lhe provocava.

Enfurecida, Kate mordeu-lhe a mão com todas as suas forças. Embora consciente de que aquela não era a melhor solução, o desespero não lhe deixou outra alternativa.

Ainda que ele não tivesse gritado, apesar de ela ter sentido o sabor salgado do seu sangue na língua, ele diminuiu um pouco a pressão. Aquele era o momento pelo qual Kate tanto ansiara. Com um movimento rápido, desprendeu-se dele. De seguida, baixou a cabeça, tomou balanço e lançou-se para a frente, tal como um corredor de fundo desesperadamente decidido a alcançar a meta.

Chantagem com a noiva

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