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Mediaram cerca de tres annos entre os successos que levaram Fernão de Magalhães a renegar a nacionalidade portugueza, e a sua entrada em Sevilha a 20 de outubro de 1517.

Este tempo consumiu-o em estudos de cosmographia e nautica, escrevendo tambem a sua obra em castelhano sobre as terras que tinha visitado, á qual deu o titulo: Descripcion de los reinos, costas, puertos e islas que hai en el mar de la India oriental i costumbres de sus naturales: su gobierno, religion, comercio i navegacion, i de los frutos i efectos que producen aquellas vastas regiones, con otras noticias mui curiosas; compuesto por Fernando Magallanes, piloto portuguez que lo vio i anduvo todo.

Esta obra nunca foi publicada, apesar d'isso extrahiram-se d'ella algumas copias, que alteraram muitos pontos essenciaes das viagens de Magalhães, o que bastante deprecia o seu conhecimento, e Diego de Barros Arana, diz que viu em Madrid uma d'essas copias, de letra do seculo XVI que possuia o erudito bibliophilo D. Paschoal de Gayangos.

Aos estudos que Fernão de Magalhães fazia, ora em Lisboa ora no Porto, onde tinha mais persistencia, reuniu o conhecimento de Ruy ou Rodrigo Faleiro da Covilhã, que segundo diz Oviedo, na sua Historia jeneral de las Indias, era homem de grandes conhecimentos de cosmographia, astrologia e outras sciencias. Faleiro foi de grande auxilio para Magalhães porque comprenetrando-se do seu pensamento e dos seus planos associou-se calorosamente á empreza, juntando-se-lhe Francisco Faleiro, irmão de Rodrigo e que tambem era homem sabido em coisas de nautica.

Magalhães já não se encontrava sosinho com a sua idéa, e isto mais o animou a proseguir, nos meios de levar á pratica o audacioso plano.

Sem navios nem meios para os adquirir e aprestar, sem nada poder esperar do rei que o despresara, tinha fatalmente que recorrer a Castella, tanto mais, que para realisar a sua viagem, não querendo abeirar-se de terras portuguezas, precisava tocar em terras sujeitas á Hespanha e onde não era permittido estabelecer trafico sem auctorisação do rei de Castella.

A Carlos V ia offerecer os seus serviços e descobrir os seus planos, pedindo que lhe fornecesse os meios de os realisar. Mais tarde havia de Camões cantar, nos seus immortaes Luziadas, os feitos de Magalhães:

Eis-aqui as novas partes do Oriente,

Que vós outros agora ao mundo daes,

Abrindo a porta ao vasto mar patente,

Que com tão forte peito navegaes.

Mas é tambem razão, que no Ponente

D'um Lusitano um feito ainda vejaes,

Que de seu Rei mostrando-se aggravado,

Caminho ha de fazer nunca cuidado.


Vedes a grande terra, que contina

Vae de Callisto ao seu contrario polo,

Que soberba a fará a luzente mina

Do metal, que a côr tem do louro Apollo;

Castella, vossa amiga, será digna

De lançar-lhe o collar ao rudo collo:

Varias provincias tem de varias gentes,

Em ritos e costumes differentes.


Mas cá onde mais se alarga, ali tereis

Parte tambem c'o pao vermelho nota:

De Sancta Cruz o nome lhe poreis;

Descobril-a-ha a primeira vossa frota.

Ao longo d'esta costa, que tereis,

Irá buscando a parte mais remota

O Magalhães, no feito com verdade

Portuguez, porém não na lealdade.


Descobrimento das Filippinas pelo navegador portuguez Fernão de Magalhães

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