Читать книгу Uma Luz No Coração Da Escuridão - Amy Blankenship, Amy Blankenship - Страница 7

Capítulo 5

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Kyoko não gostou da forma como Yohji estava reagindo ao rubor dela e sentiu seu ressentimento começar a surgir. Empurrando o máximo que pôde com as palmas das mãos pressionadas contra o peito dele, seus olhos dispararam faíscas irritadas enquanto tentava novamente fazê-lo soltá-la.

— Olha, quero que me solte agora, Yohji! Estou aqui com alguém. — Seus olhos se arregalaram quando ele simplesmente deu uma olhada presunçosa e a prendeu de novo.

— Merda! - Kyoko enfureceu-se e pisou forte com o pé, tentando atingir o dedo do pé de Yohji.

Do outro lado do salão, Tasuki levava um chá normal de volta à mesa. Olhando para a porta para ver se ele podia detectar Kyoko, seus olhos escureceram ao notar que Yohji a assediava. A maioria das pessoas que o conhecia acreditava que Tasuki era um típico americano, meigo, companheiro e o mais popular na escola, mas ele tinha um temperamento oculto.

Yohji estava à beira de testemunhar isso se ele não tirasse as mãos de Kyoko.

A ira de Tasuki estava estampada em seu rosto enquanto ele atravessava o salão para resgatar sua doce Kyoko. Ele sabia, depois de ouvir outros conversarem na faculdade, que Yohji e seu irmão eram agressivos com as meninas e até foram acusados de estupro mais de uma vez.

Quando ele se aproximou deles, viu o irmão de Yohji, Hitomi, ao lado dele, mas Tasuki não deixou que isso o impedisse. Aqueles dois caras eram venenosos e ele sabia disso. Os olhos de Tasuki ganharam uma sombra iluminada de ametista enquanto avançava. Sua adrenalina estava alta e ele travou os dentes ao ver Kyoko lutar para se libertar.

A sobrancelha de Kyoko começou a se contrair quando a mão de Yohji percorreu suas costas e segurou sua bunda firmemente, forçando-a a encaixar-se nele. Ela podia sentir sua lascívia enquanto ele sorriu maliciosamente para ela.

— Chega! — Ela ergueu a mão com tanta rapidez que Yohji nem viu, até que ele ouviu o estalar em sua orelha.

O irmão de Yohji, Hitomi, ouviu o som e se virou para olhar o rosto vermelho de seu irmão. Ele sorriu, entendendo, mas depois olhou por cima de Yohji e viu o menino chamado Tasuki vindo em direção a seu irmão com um olhar lívido no rosto.

Sabendo que seu irmão poderia cuidar da menina relutante sozinho, Hitomi deu um passo para frente e ficou diretamente no caminho de Tasuki.

— Onde pensa que está indo, garotinho?

Tasuki olhou além de Hitomi, seus olhos se chocando com os de Yohji. Ele podia ver a mão de Yohji acariciando Kyoko. Sem pensar, ele jogou todo o seu peso no soco dado no estômago de Hitomi. Para seu espanto, o outro menino mal se moveu.

Sendo muito maior do que o calouro da faculdade, Hitomi deu um soco em Tasuki, fazendo-o voar em direção à parede do corredor. Ele encolheu os ombros, imaginando que o garoto não voltaria e se voltou para ver o seu irmão curtir seu novo brinquedo.

Ver a luta da menina para se soltar trouxe um sorriso aos lábios de Hyakuhei.

— Então, essa garota não é fácil de ser domada. Terei prazer em amansá-la. — Olhando para o jovem que tinha vindo defender a honra de Kyoko, Hyakuhei decidiu quem ele queria como seu mais novo recruta.

Ele rapidamente pegou o garoto chamado Tasuki antes que ele se chocasse com a parede.

Seus sentidos lhe disseram que o menino ainda era puro, virgem. Que estranho. Rapidamente escondendo-os na escuridão para evitar que os outros vissem, Hyakuhei olhou para ele. Ele havia observado como Tasuki interagia com esta menina e várias outras. Ele seria uma boa escolha.

— Bem-vindo à escuridão, meu filho — sussurrou enquanto afundava suas presas na veia de Tasuki. Os olhos de Hyakuhei se arregalaram com o sabor do sangue do menino. Um poder escondido? Tinha gosto de ametista. Ele agarrou o menino mais apertado, querendo mais.

Tasuki tomara o golpe no rosto com segurança, já que tinha tanta adrenalina pulsando dentro de si. Ele planejou revidar, mas, como havia braços o envolvendo por trás, tudo ficou escuro e ele se sentiu paralisado por um medo imediato. Uma voz suave e quase sedutora deu-lhe as boas-vindas à escuridão.

Ele ofegou quando sentiu dentes afiados em seu pescoço. À medida que sua vida se esvaía, seus últimos pensamentos foram em Kyoko e o quanto ele precisava chegar até ela. Ele estava estendendo a mão em uma última tentativa de ir até ela quando o esquecimento veio, tomando seu último suspiro.

*****

A mão de Kyoko ainda queimava do impacto que tinha feito com o rosto de Yohji. Ela queria se encolher agora que podia sentir muitos olhos curiosos sobre ela. Não ajudou nada o fato da bofetada ter soado como um tiro.

Dane-se tudo! Isso foi o que ela tentou evitar, mas não, Yohji tinha que ser um idiota. Falando em idiotas, ele ainda não havia tirado as mãos de cima dela. Ela lentamente olhou de volta para ele. Pelo olhar irritado nos olhos dele, ela viu que ele não planejava soltá-la.

Ela devolveu o olhar enfurecido, esperando para ver se ele revidaria ou a soltaria. Se ela fosse apostar, escolheria a primeira opção.

Kyou sabia que o pequeno tapa de uma garota não era compatível com a lascívia que vinha do cara que a segurava com tanta força. Ele mentalmente destruiu o pervertido por ousar tocar o que ele pretendia reivindicar como sua posse. De repente, tomou uma decisão, não se importando mais se Hyakuhei o detectou ou não. Assim que Kyou se moveu para sair das sombras, com a intenção de afastá-la do assediante, ele ouviu um grunhido profundo.

Momentaneamente atordoado, Kyou sabia que esse tipo de rosnado só pertencia a um licantropo. Seus olhos dourados seguiram o som para sua origem. O som continuava a vibrar da entrada, a apenas alguns metros da menina. A raiva do lobo inundou o corredor cheio de gente.

Os olhos de Kyou se estreitaram na cena, imaginando se ele podia confiar em uma força atemporal estando tão perto da garota. Ele não via um licantropo desde que havia sido transformado pela primeira vez e, depois, ele apenas se distanciou. Se lembrou de ter dito uma vez para Toya que vampiros e lobisomens não se misturavam. Toya perguntou-lhe por que, mas ele não havia respondido porque só estava repetindo as palavras de Hyakuhei e não sabia o motivo.

Kotaro deu uma olhada em Yohji tateando "sua mulher" e enlouqueceu. Num piscar de olhos, Yohji foi arremessado contra a parede com a mão de Kotaro em sua garganta, levantando-o vários centímetros no ar. Ele havia lidado com os irmãos pervertidos antes e onde um estava, o outro sempre seguia.

Seus sentidos estavam em alerta quando sentiu o cheiro de Hitomi e sabia que ele estava vindo por trás. Com um chute bem colocado, Kotaro fez Hitomi voar, para depois cair como um amontoado no chão do corredor. As pessoas se espalharam e o corredor rapidamente ficou vazio.

Kyoko sentou-se no chão com os olhos arregalados, mal acompanhando o que acabava de acontecer, já que foi tudo muito rápido. Seu olhar foi do corpo amassado de Hitomi para a forma furiosa de Kotaro, que segurava o pescoço de um Yohji que estava ficando azul.

Sabendo que ela tinha que parar Kotaro antes que ele realmente machucasse alguém, Kyoko ofegou e começou a se levantar. Ao pressionar as mãos no chão, ela tropeçou atrás de Kotaro, pousando uma mão no ombro dele enquanto tentava acalmá-lo.

— Obrigada, Kotaro, mas estou bem agora, então você pode soltar o Yohji, tá? —Sua voz era suave, mas seu pânico aumentou quando os dedos de Kotaro apertaram a garganta de Yohji. Kotaro virou o rosto para Kyoko e ela deu um passo assustado para trás, vendo o tom vermelho em torno dos olhos azuis dele.

— Vi onde as mãos dele estavam, Kyoko, e acho que é hora de levar o lixo para fora. — Kotaro resmungou quando ele se voltou para Yohji e ouviu com um fascínio mórbido quando o menino fazia sons guturais e assumia uma tonalidade azul assustadora.

O temperamento de Kotaro estava satisfeito com a cor mais escura, dando-lhe o controle suficiente para perceber que Kyoko o estava olhando chocada. Precisando aliviar o medo dela, ele agarrou Yohji pela gola da camisa e se dirigiu para a porta para ensinar ao bastardo alguns bons modos. Ela não precisava ver o resto.

Kyoko piscou quando a porta se fechou atrás de Kotaro. Perplexa, ela ainda estava em um torpor devido ao choque. Nossa! Kotaro podia ser realmente assustador quando estava bravo. Ela até sentiu pena de Yohji naquele momento.

Olhando por cima do ombro, viu o irmão de Yohji, Hitomi, ainda deitado onde Kotaro o tinha deixado no chão. Pela primeira vez, ela não se importou que Kotaro fosse seu protetor. Ela estremeceu e tentou não pensar no que poderia ter acontecido se Kotaro não tivesse aparecido na hora.

Kyou observou ela roer o lábio inferior como se estivesse incerta sobre o que fazer. Quando o olhar dela viajou de volta à porta, ele pensou. Então, ela tem a proteção do licantropo. Ele se perguntou que outros mistérios cercavam a menina. Este não era um lobo normal, aquele que ela chamara de Kotaro, ele podia sentir que era tão velho quanto ele.

Kyoko aproximou-se das portas de vidro olhando para o estacionamento escuro, imaginando onde Kotaro tinha ido. Colocando a mão na maçaneta, ela começou a abrir a porta, mas um jovem entrou na frente dela, bloqueando seu caminho. Ela permaneceu imóvel por um momento quando o garoto fixou seus olhos nos dela. Foi o sentimento mais esquisito que já experimentara.

O menino tinha cabelos brancos sólidos e um tom de pele que era quase igual aos cabelos. Mas essa não era a pior parte. Seus olhos eram tão negros que pareciam continuar para sempre, dando a Kyoko a sensação de que ela estava mergulhando neles. O garoto sorriu suavemente, mal descobrindo suas presas desumanas e por um momento, Kyoko realmente acreditava que as viu.

Uma mão saiu do nada e agarrou o ombro de Kyoko fazendo com que um grito aterrorizado ficasse preso em sua garganta quando ela se virou para ver de quem era a mão.

*****

Kyou saiu da escuridão quando viu o servo de Hyakuhei do outro lado da vidraça. Ele sabia do menino enganador. O mais jovem que parecia tão inocente era muitas vezes o mais mortal.

Avançando atrás de Kyoko, seus olhos sangraram e suas presas se alongaram, deixando o fantasma do menino saber que ele não morderia essa garota sem perder sua própria vida imortal.

A mão de Kyoko se acalmou na porta sem ter certeza se queria abri-la. Algo sobre o jovem estava realmente lhe dando medo. Assim que ela começou a dar um passo para trás, uma mão pesada saiu do nada e agarrou seu ombro. Um grito aterrorizado subiu sua garganta enquanto se virava para ver quem era.

Kyoko esqueceu de respirar quando olhou para os olhos dourados. Os longos cabelos brancos moldavam o rosto e os ombros. Ele era poucos anos mais velho e seu cabelo estava perdendo a cor escura em meio às mechas prateadas, mas ele quase se parecia...

— Toya? — sussurrou Kyoko hesitantemente, sabendo que estava errada, mas o mais importante, por que o salão estava girando?

Assim que seus olhos se chocaram, Kyou sentiu-se atraído por eles. Ela estava olhando para ele como se ela o conhecesse. Mas isso não era tão perturbador quanto ela sussurrar o nome de seu irmão morto. Os braços dele a envolveram, vendo-a ficar tonta sob a influência do líquido contaminado que ela havia consumido anteriormente.

Quando suas mãos deslizaram por sua pele nua, onde sua blusa era muito curta para cobrir, ele sentiu uma agitação dentro de seu sangue de vampiro, sussurrando para que ele a protegesse.

A visão de Kyoko não estava boa o suficiente agora. Parecia desafiar sua vontade quando o homem começou a ficar desfocado enquanto ela olhava para ele com curiosidade. Mesmo não conseguindo ver bem, ela ainda podia sentir o corpo dele apoiando-a.

Elevando os dedos para tocar no rosto dele, ela falou:

— Você não é o Toya. Quem é você? — Antes que ela pudesse obter uma resposta, Buda ou qualquer outro deus que continuasse fazendo piada com ela apagou as luzes e ela mergulhou no inconsciente.

Kyou a apertou fortemente quando o corpo dela ficou imóvel em seus braços. Ela desmaiou, mas pelo menos não foi nos braços de um inimigo. Sua cabeça caiu para trás, expondo a suave curva alva de sua garganta e Kyou lutou contra seus instintos. Ele silenciosamente se perguntou se ela não estava mesmo nos braços do inimigo. Suas presas começaram a alongar-se e ele dominou a tentação. Este era um ser muito puro para aquela escuridão.

Ele então sentiu sua cólera se acender contra a garota ingênua. Se ele não estivesse aqui para protegê-la, o que teria acontecido com ela? Ele, convenientemente, esqueceu seus próprios impulsos apenas alguns momentos antes. Se o lobo tivesse sido um protetor adequado, ele não a teria deixado. Ele olhou em volta percebendo que os amigos com quem tinha estado antes também a abandonaram.

Expandindo seus sentidos, Kyou ainda podia sentir seu próprio inimigo, Hyakuhei, dentro do prédio. Sentindo o mal vindo de algum lugar acima, ele sabia que Hyakuhei estava no segundo andar.

*****

Shinbe saltou do carro ainda em movimento. Uma coisa o empurrou para frente e levou-o direto para a entrada principal da boate em disparada. Ele não conseguiu tirar da cabeça a ideia de Suki e Kyoko se tornando uma dessas garotas desaparecidas e isso estava aterrorizando-o.

Toya havia contado sobre o que Kotaro lhe havia dito e, quando ele pusesse as mãos em Suki, ele não a soltaria nunca mais. Onde no corpo dela ele iria pôr a mão ele não conseguia dizer, mas ele tinha que encontrá-la primeiro.

Shinbe parou de repente quando ele avançou pelas portas da frente da Midnight Club.

No meio do corredor havia um homem segurando Kyoko e ela não parecia bem. Ela estava imóvel e muito pálida. E mais, o homem também não parecia tão normal. Pele pálida era um eufemismo para ele, o que fez Shinbe parar nervosamente quando ele percebeu que o homem o fez se lembrar de seu melhor amigo.

O cabelo prateado e os olhos dourados... os cabelos de Toya eram escuros como a meia-noite, mas dentro deles havia as mesmas marcas de prata, iguais aos do homem à sua frente. Essas eram características muito incomuns e ele sabia que só Toya tinha esse tipo de combinação incomum.

Percebendo o homem se movendo para sair com Kyoko, Shinbe afastou a sensação de desconforto. Toya o mataria se ele não impedisse o sequestro de Kyoko.

— O que diabos você está fazendo com Kyoko? — Olhos de ametista brilhavam quando Shinbe gritou, sentindo que seus pés se moviam de novo sem pensar. Ela pode não ser sua namorada, mas ela era muito querida, mais do que ele admitiria e, além disto, ela era a melhor amiga de Suki. Não havia chance desse cara levar Kyoko em suas garras.

Kyou deslizou o braço sob os joelhos de Kyoko e ergueu-a sem esforço. Ele a embalou como um bebê, debruçando a cabeça dela sobre seu ombro, com cuidado para não a incomodar. No momento em que a cabeça dela tocou seu ombro, ela se aconchegou em seu abraço, suspirando suavemente.

Ele podia sentir a confiança e o contentamento sendo emitidos da aura dela enquanto se acomodava em seus braços. Esta mulher-filha o perturbava muito, e quanto mais ele a observava dormindo, mais ele queria escondê-la de todos. Ele sabia que conseguiria, se ele realmente quisesse, e a tentação era imensa. Ele nunca transformou ninguém no que ele era, mas se ele quisesse, ele conseguiria.

Seu instinto protetor para com a menina, bem como a necessidade possessiva de ficar com ela o surpreenderam e Kyou rosnou suavemente para suas ações. Como essa garota poderia afetá-lo assim? Tirando o olhar de seu rosto angélico, ele olhou para o jovem que gritava com ele. Parece que os homens que a queriam continuavam a entrar em seu caminho.

Olhos de ouro se fixaram com os olhos de ametista e Kyou sentiu uma familiaridade estranha.

— Não é decisão sua, mago — advertiu Kyou em um tom mortal e baixo.

Naquele momento ele sabia que o próprio Hyakuhei não poderia tirá-la dele. Ela pertencia a ele. Seus braços se apertaram ao redor dela, não gostando do amor que ele podia sentir crescendo em relação à menina, irradiando da poderosa aura do outro.

Desviando-se de seus pensamentos rebeldes, Kyou rosnou baixo. Ele não deixaria a menina afetá-lo, mas ele ainda não estava pronto para desistir dela. Ele tinha muitas perguntas e ela as responderia, quer ela gostasse ou não.

Confiante de que estava sob controle, Kyou decidiu que era hora de partir.

Shinbe estava a caminho de Kyoko quando o homem se mexeu. Mexeu? Essa talvez não tenha sido a palavra certa. Tremulou e desapareceu, depois reapareceu do nada, bem na frente dele.

— Mas... — Shinbe parou enquanto olhava para um rosto que tinha a morte escrita por toda parte.

Seus olhos se arregalaram em choque, parecia que seu coração simplesmente tinha parado. Tão perto assim, ele podia ver claramente que o homem tinha praticamente uma pele branca de porcelana e se parecia muito com Toya, como se isso fosse uma piada. Piscando, ele poderia ter jurado que havia presas saindo da boca do homem e um grunhido de advertência ao redor delas.

Shinbe ficou plantado quando o homem estendeu um dedo e empurrou contra o peito dele. A próxima coisa que Shinbe notou foi que estava sentado de bunda no meio do corredor. Piscando novamente, ele ficou confuso quando o homem de cabelos prateados, vestido de preto, simplesmente passou por cima dele e de repente desapareceu.

Suki chegou ao corredor apenas a tempo de ver Shinbe cair no chão, não tão gentilmente, e um homem alto de cabelos prateados desaparecendo com Kyoko. Ela piscou uma vez e eles desapareceram. Um segundo estavam lá, no outro haviam sumido.

Shinbe, que parecia estar na zona do crepúsculo, ficou sentado lá mais um pouco, piscando confuso.

— Que diabos?

Correndo até Shinbe, Suki tremia quando tentou ajudá-lo a se levantar.

— Quem era aquele homem que desapareceu com Kyoko? — Ela olhou para Shinbe preocupada, quando ambos se viraram e correram pela porta para encontrá-los.

— Ele simplesmente desapareceu?

Eles saíram do prédio e olharam freneticamente e não viram nenhum vestígio do homem ou Kyoko em qualquer lugar.

Virando-se para Shinbe, os olhos de Suki marearam. Sentia que estava à beira das lágrimas.

— Cadê eles? Aquele homem sequestrou Kyoko! — Ela estava tremendo de medo. O que tinha começado como uma noite divertida tinha se transformado em um pesadelo.

— Calma, Suki. Vamos encontrá-la. Toya também está aqui. — Shinbe procurou ansiosamente pelo amigo. — Pensei que ele estava logo atrás de mim!

A preocupação rapidamente se transformou em raiva agora que a ficha caiu e ele viu que Suki estava segura e ao seu lado. Uma sombra de piedade cruzou seus olhos assombrados enquanto pensava no passado.

— No que diabos você estava pensando? Algo poderia ter acontecido com você e não dava para eu saber onde você estava! — Ele a agarrou bruscamente pelos braços quando seus olhos de ametista escureceram possessivamente.

Os lábios de Suki se estreitaram com a raiva de Shinbe. Qual é a dele? Não era como se ela nunca saísse com as amigas. Seu olhar se fixou no dele quando sua própria raiva começou a subir.

— O que você quer diz... — suas palavras foram interrompidas quando seus lábios se chocaram contra os dela em um beijo abrasador e de parar o coração.

Shinbe estava tão preocupado com ela que não conseguia impedir os sentimentos que se precipitaram. Ele queria ter certeza de que podia sentir cada emoção que estava percorrendo suas veias naquela hora. Ele a abraçou fortemente, jurando para si mesmo que nunca mais perderia Suki de vista.

Suki gemeu suavemente pela intensidade do beijo de Shinbe. Era como se estivesse descobrindo cada emoção nua e crua dentro de sua alma. Ela poderia praticamente senti-la com a ponta dos dedos quando agarrou os ombros dele, sabendo que se ela soltasse, não conseguiria ficar de pé, pois suas pernas acabavam de se transformar em geleia, então ela se segurou como se fosse para salvar sua vida.

Sua mente ficou em branco por um momento e ela esqueceu que estava brava com ele ou que Kyoko acabara de desaparecer. Tudo o que ela podia sentir era Shinbe e um amor que sem dúvida duraria mais que os dois.

Suavemente, ele relaxou o abraço, terminando o beijo esfregando o nariz contra o dela. Seus olhos se encheram de alívio, mas ainda estavam escuros de desejo. Balançando a cabeça ligeiramente, ele tentou se concentrar na situação em questão e pela primeira vez, sua mente pervertida não vagou pela sensação do corpo macio de Suki em seus braços. Afinal de contas, essa sensação existia durante muitas vidas.

— Algumas coisas estão acontecendo e você precisa saber disto. Não era seguro para você e Kyoko saírem sozinhas esta noite. Vou explicar enquanto procuramos Toya. Acho que Kotaro está aqui também em algum lugar. — Shinbe envolveu um braço protetor ao redor dela enquanto se dirigiam ao estacionamento para encontrar Toya.

Por um momento, Suki ficou atordoada para fazer qualquer coisa, mas acenou com a cabeça.

*****

Toya correu pelo estacionamento, amaldiçoando Shinbe sair correndo na frente. Ele teve que sair do carro no lado do passageiro, uma vez que percebeu que não podia sair do seu lado. Na pressa de chegar a Kyoko, ele havia estacionado muito perto de um muro. Infelizmente, ele também descobriu isso quando tentou abrir a porta e bateu no muro, dando uma amassada no carro.

Isso não foi realmente o que o atrasou. Quando ele saíra correndo do estacionamento a uma velocidade vertiginosa, um garotinho apareceu do nada e colidiu com ele. O impacto foi tão súbito que o derrubou. Quando ele se endireitou o suficiente para ficar de pé, rapidamente ofereceu ao menino uma mão para ajudá-lo a se levantar.

— Ei, garoto, você está bem? — Toya recolheu a mão quando o menino sibilou e correu na direção oposta como se o próprio Satanás o perseguisse.

Toya deixou de lado a sensação assustadora que o menino tinha deixado e olhou para a boate de dois andares. O sentimento estranho voltou dez vezes mais forte quando notou a sombra de um homem que carregava alguém em uma das janelas no último andar. Havia tantas coisas erradas com aquela pequena cena.

Seus olhos brilhavam, prateados, seus sentidos reconhecendo coisas que ele ainda não entendia. Tudo isso o deixou com a sensação de que alguém acabara de pisar sobre seu túmulo.

Quando se aproximou da boate, Toya grunhiu aborrecido ao perceber que havia duas entradas. Uma parecia ser a entrada principal e a outra estava muito lotada. Decidindo ir pela principal, ele abriu caminho entre a multidão.

— É melhor que ela esteja bem... quando eu a encontrar, vou algemá-la permanentemente, ela gostando ou não. Marcas de prata começaram a se fortalecer dentro do ouro de seus olhos enquanto ele procurava Kyoko.

*****

Kyou abriu caminho pelo beco atrás da boate com Kyoko segura firmemente em seus braços. Sua mente estava preparada e ele levaria a garota para sua casa temporária para se recuperar. Ele olhou para a cobertura na rua bem em frente à boate. Ela estaria segura com ele, mas ele teria que ter cuidado. Ele podia sentir o servo de Hyakuhei dentro da escuridão que cercava a boate.

Seu maxilar apertou-se quando ouviu um grito fraco na distância e sabia que outra vítima havia sido encontrada. Olhando para a menina adormecida, seus olhos dourados se suavizaram. Por enquanto, ela seria seu segredo. Ela era leve como uma pluma e parecia tão frágil.

Ele não conseguiu compreender como essa menininha tinha um espírito tão ardente, mas uma alma tão pura. E "Toya", ela falou o nome de seu irmão morto como se ela o conhecesse. Como poderia ser possível?

Seus pensamentos pararam quando ele sentiu uma poderosa criatura noturna à frente, ao mesmo tempo que um cheiro de sangue chegou ao seu nariz. Ficando tenso, ele reconheceu a aura do licantropo que protegera Kyoko mais cedo, mas que depois a abandonara, deixando-a em perigo.

Não querendo que a menina se machucasse se ele precisasse lutar, Kyou a pousou suavemente no beco e seguiu o cheiro de sangue que vinha da esquina. Se o lobo tivesse abatido um humano, a garota pode não estar segura ao redor dele. Sabia-se que alguns lobisomens se perdem quando a ira entra em seu sangue, e ele não permitiria que a garota fosse protegida por uma criatura tão perigosa.

Ao virar a esquina com os pés silenciosos, os olhos de Kyou contemplavam uma cena que ele não tinha testemunhado há séculos. O lobo, ainda em forma humana, estava grunhindo, com as presas descobertas. Os olhos azulíssimos ardiam enquanto ele grunhia violentamente contra o que parecia ser um corpo que ele segurava.

*****

Toya fez uma pausa quando ele se aproximou da porta. Olhando, ele se virou rapidamente e se dirigiu em direção oposta da entrada. Ele conseguia sentir o cheiro dela, embora na parte de trás de sua mente ele não conseguisse descobrir como ou por que ele podia. Saindo em disparada em direção ao beco à esquerda do prédio, seu coração martelou violentamente em seu peito enquanto pensamentos mórbidos voavam em sua mente.

Meninas desaparecidas e lugares escuros... é melhor que Kyoko não tenha um único fio de cabelo fora do lugar ou então...

Entrando nas sombras, Toya parou de repente quando o medo sufocou sua respiração. Lá, deitada contra a parede de tijolos sujos, estava Kyoko. O mesmo medo que o havia congelado agora o fez entrar em ação. Em um segundo, ele estava ao lado dela.

Ajoelhando-se, ele a tocou, procurando a vida que permitiria que seu coração recomeçasse a bater.

Assim que seu dedo tocou o pescoço dela, seu próprio coração bateu ao mesmo tempo que o dela e ele exalou. Graças a Deus ela estava viva. Um momento de déjà vu trouxe uma lembrança indesejável e ele rapidamente a afastou de repente, com medo. Sentindo os outros por perto, ele não perdeu tempo em levá-la em segurança. Ao segurá-la perto dele, Toya usou sua velocidade sobre-humana para tirá-los da escuridão.

*****

Kotaro segurou Yohji contra a parede de tijolos enquanto controlava sua sede de sangue. Continuar o seu castigo já não valia mais a pena, considerando que o menino já havia desmaiado novamente. Deixando ele cair no chão sem nenhuma gentileza, ele sentiu uma perturbação na energia que o rodeava.

Sua cabeça virou para o lado, seus olhos azuis gelo se estreitando.

Kyou observava enquanto o lobo largou o menino de volta ao chão sem matá-lo. Ele imediatamente reconheceu o humano como sendo o assediador de Kyoko. Mudando a opinião de alguns momentos antes, seus lábios se curvaram em um ligeiro rosnado. Se fosse ele segurando o menino pelo pescoço, o garoto não estaria inteiro até agora.

Como se o tivesse percebido, o licantropo virou a cabeça e fixou seu olhar mortal sobre ele. Kyou podia sentir o imenso poder que emanava do lobo. Ele estava mostrando isso em advertência.

No passado, lobos e vampiros sempre se haviam evitado. Sem se preocupar um com o outro, eles escolheram se ignorar. Ambos tinham forças muito parecidas e nem se preocuparam com o domínio de um sobre o outro. Eles apenas existiam juntos no mesmo mundo, mantendo-se reclusos e vivendo suas próprias vidas intermináveis.

Todos os instintos de Kotaro ganharam vida, vendo o vampiro de pé ali nas sombras, observando-o. Ele não podia vê-lo com clareza suficiente para distinguir os traços característicos, mas seu instinto lhe disse que o sanguessuga era uma ameaça. Ele ainda precisava libertar sua própria sede de sangue e estalou os dedos pensando que talvez fosse um dos subjugados de Hyakuhei.

Assim que decidiu se virar e atacar, a imagem ficou mais forte, depois vacilou e desapareceu.

— Olhos dourados? — Kotaro ergueu-se em toda sua altura, percebendo que ele quase atacara Kyou. — O que ele está fazendo aqui? Droga! — Kotaro sibilou e saiu, temendo que Kyoko não estivesse onde ele a havia deixado. Ele tinha que chegar até ela rápido. Havia sanguessugas esta noite e ela não seria uma das vítimas deles. E com Kyou ao redor, não havia como dizer o quão perigosas as coisas poderiam ficar.

Kyou reapareceu de frente para a mesma parede de tijolos onde ele tinha recostado a menina. Vendo que ela não estava mais lá, seus olhos sangraram carmim e um grunhido enraivecido atravessou o beco vazio, ecoando nas ruas circundantes.

*****

Suki e Shinbe encontraram Kotaro na porta da boate. Agarrando Shinbe pelo ombro, Kotaro perguntou urgentemente.

— Kyoko ainda está lá dentro? — Seus sentidos sobrenaturais haviam entrado em pico e seus instintos lhe diziam que ela não estava perto.

Suki avançou para agarrar a camisa de Kotaro e confirmar suas suspeitas.

— Um homem a levou cerca de dez minutos atrás, você tem que encontrá-la! — Seus olhos se encheram de lágrimas quando ela falou com ele. — Não conseguimos encontrá-la em lugar nenhum!

Sem estar pronto para soltar a Suki ainda, Shinbe pegou sua mão, colocando-a no peito. Ele a envolveu em seus braços como uma tira de aço. Olhando para Kotaro, ele acrescentou:

— Alguma "coisa" acabou de levá-la daqui.

Shinbe olhou para a forma agora trêmula de Suki e tentou acalmá-la. Ela nunca permitiu que ele fizesse o que ele queria sem discutir.

— Vamos encontrá-la. Prometo. — Com a promessa feita, ele se virou para falar com Kotaro mais uma vez, mas o segurança já havia desaparecido.

— Aaa... aonde é que ele foi? — gaguejou Shinbe olhando ao redor, mas não encontrando nenhum vestígio do guarda de segurança. Balançando a cabeça, ele suspirou. Já tinha visto muita coisa estranha por uma noite.

Saindo de seu estado perdido e sem esperança, Suki resmungou aborrecida.

— Acho bom ele encontrar a Kyoko, senão vou fazer macarrão de Kotaro pro jantar. — Arrastando Shinbe atrás dela como se tivessem mudado de papel de repente, ela acrescentou:

— Meu carro, agora, vamos!

Shinbe olhou ao redor do estacionamento como se de repente lembrasse de algo importante.

— Falando em carros... o do Toya sumiu.

Uma Luz No Coração Da Escuridão

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