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MARTHA
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Como tu não ha nenhuma!
Tens no rosto duas rosas...
És formosa entre as formosas!
Como tu não ha nenhuma!
«Duas pombas tens no olhar
Onde transluz a bondade.
Os teus cabellos sem parFazem-me sempre lembrar
As cabrinhas de Galaad...
«Tua bocca é tão fagueira!
Quando sorrís com ternura,
Julgo vêr n'uma ribeira,
Unidinhas em fileira,
Ovelhas de casta alvura!
«Oh! que suaves martirios
Em tuas caricias francas!
São teus seios—que delirios!
—Como duas corças brancas
A pastarem entre os lirios!»
Indiscretos ouviram Martha desde o meio da recitação. Claudia e o seu sequito passavam pela estrada, e a curiosidade fez que a mulher de Poncio Pilado detivesse os lecticarios com um gesto. Apeou-se da liteira; sem ser presentida, avançou, cautelosa, e com ella a sua escrava e confidente Geda.
Os soldados que escoltam a liteira ficaram immoveis; e o sol poente, avermelhando-lhes as couraças e os capacetes, parece tel-os transformado em estatuas de sangue. Na mão de um d'elles, que á frente caminhava, brilha o pilo de oiro, emblema heraldico da casa de Poncio.
Claudia é uma mulher alta e formosa, cujo rosto a idade ainda não enrugou, mas do qual fugiram as rosadas côres da mocidade, que a pintura e o artificio em vão tentam simular. Typo de matrona donairosa, fanatica do deus Phallus, tomando por modelo no amor a divina Julia, consorte de Tiberio, illustre messallina—lassata, sed non satiata. A tunica azul celeste apertada pelo largo cinto de oiro contorna-lhe a base do tronco esculptural. Um diadema, egual aos braceletes, que se lhe enroscam na carne, refulge no ebano de seus cabellos, e dá-lhe a majestade olympica do perfil das medalhas de Agrippina.