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PRÓLOGO

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Gareth Ogden estava na ampla praia com vista para o Golfo do México. A maré estava baixa e o Golfo estava calmo – a água estava plana e as ondas baixas. Viu algumas gaivotas em silhueta contra o céu que escurecia e ouviu seus gritos cansados sobre o som das ondas.

Deu uma tragada no cigarro e pensou com um sorriso amargo…

As gaivotas parece também odiar esse clima.

Ele não sabia por que se incomodara em descer até ali de sua casa. Costumava apreciar os sons e cheiros da praia à noite. Talvez fosse apenas da idade, mas achava difícil aproveitar o que quer que fosse com aquele calor abafado. Os verões estavam ficando mais quentes do que costumavam. Mesmo depois do crepúsculo, a brisa da água não oferecia alívio e a umidade era sufocante.

Terminou o cigarro e pisou-o com o pé. Depois, afastou-se da água e caminhou de volta para o paredão à beira-mar, uma estrutura maltratada pelo tempo que dava para a velha estrada e praia deserta.

Enquanto percorria o trecho de areia, Gareth pensou em todas as reparações que tinha feito em casa depois do último furacão, alguns anos atrás. Tivera que reconstruir a grande varanda da frente e as escadas, e substituir um monte de paredes e telhas, mas tivera a sorte de não haver danos estruturais sérios. Amos Crites, dono das casas de ambos os lados da de Gareth, tivera que as reconstruir quase totalmente.

Aquela maldita tempestade, Pensou, afastando um mosquito.

Os valores das propriedades tinham despencado desde então. Ele desejou poder vender a casa e dar o fora de Rushville, mas ninguém pagaria o suficiente por isso.

Gareth tinha vivido naquela cidade toda a sua vida e não sentia que o tivesse favorecido grandemente. No que lhe dizia respeito, Rushville estava em decadência há muito tempo – pelo menos desde que a interestadual passara por ali. Ele ainda se lembrava de como tinha sido uma próspera pequena cidade turística de verão antes disso, mas esses dias tinham desparecido há muito tempo.

Gareth abriu caminho entre as grades de madeira e caminhou até a rua à beira-mar. Ao sentir as solas dos sapatos absorverem o calor do pavimento, olhou para a casa. Suas janelas do primeiro andar estavam iluminadas e convidativas…

Quase como se alguém morasse lá.

Embora “viver” dificilmente fosse a palavra certa para a existência solitária de Gareth. E pensamentos de dias mais felizes – quando sua esposa, Kay, ainda estava viva e criavam a filha, Cathy – só o fizeram se sentir mais deprimido.

Enquanto caminhava pela calçada que levava à sua casa, Gareth vislumbrou algo através da porta de tela – uma sombra se movendo dentro.

Quem poderia ser? Se perguntou.

Não ficou surpreso por algum visitante ter entrado. A porta da frente estava bem aberta e a porta de tela também. Os amigos de Gareth entravam e saíam quando quisessem.

"É um país livre", Gostava de dizer-lhes. "Ou pelo menos o dizem."

Enquanto subia as longas escadas tortas até a varanda, Gareth imaginou que o visitante pudesse ser Amos Crites. Talvez Amos tivesse vindo de onde morava do outro lado da cidade para conferir suas propriedades ao longo da praia. Gareth sabia que ninguém havia alugado nenhuma das casas para agosto, um mês notoriamente quente e úmido por ali.

Sim, aposto que é ele, Gareth pensou enquanto cruzava a varanda.

Amos costumava passar por ali para reclamar das coisas em geral e Gareth ficava contente em acompanhá-lo com as próprias queixas. Supôs que talvez ele e Amos fossem uma má influência um para o outro desse jeito…

Mas ei, para que servem os amigos?

Gareth ficou de pé do lado de fora da porta, sacudindo a areia das sandálias.

"Ei, Amos", Gritou. "Pegue uma cerveja na geladeira."

Esperou que Amos respondesse…

"Já tenho."

Mas nenhuma resposta veio. Gareth pensou que talvez Amos estivesse de volta à cozinha, só agora pegando uma cerveja. Ou talvez estivesse mais rabugento do que o normal. Gareth não se importava…

A tristeza adora companhia, como dizem.

Gareth abriu a porta de tela e entrou.

"Ei, Amos, o que está acontecendo?" Disse.

Um flash de movimento captou sua visão periférica. Ele se virou e vislumbrou uma silhueta sombria contra a lâmpada da sala de estar.

Quem quer que fosse aproximou-se de Gareth rápido demais para ele ter tempo de fazer qualquer pergunta.

A figura levantou um braço e Gareth vislumbrou um lampejo de aço. Algo indescritivelmente duro bateu contra sua testa e então uma explosão eclodiu em seu cérebro como vidro quebrando.

Depois tudo se apagou.

Adormecido

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