Читать книгу Razão para Salvar - Блейк Пирс - Страница 9

CAPÍTULO TRÊS

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Estranhamente, Connelly mandou Finley ir com Avery até a cena do crime. Finley não falou muito no caminho, e olhou pela janela pensativo na maioria do percurso. Ela sabia que Finley nunca havia se aprofundado em nenhum caso muito importante. Se aquele fosse o primeiro, ela teria pena dele.

Acho que eles estão se preparando para o pior—alguém precisa assumir a bronca caso Ramirez não resista. Finley é bom como qualquer outro. Talvez até melhor.

Quando chegaram à cena do crime, era claro que os peritos e investigadores já tinham terminado suas tarefas. Eles estavam matando tempo, a maioria deles atrás da fita que separava a cena, olhando através da entrada do beco. Um deles tinha um café na mão, fazendo Avery perceber que já era de manhã. Ela olhou o relógio e viu que eram 8:45.

Meu Deus, ela pensou. Eu perdi seriamente todo o conceito de tempo nos últimos dias. Poderia jurar que eram pelo menos nove da manhã quando cheguei no apartamento.

Aquele pensamento a fez sentir-se muito cansada naquele momento. Mas deixou o sentimento para trás quando ela e Finley se aproximaram dos investigadores. Avery automaticamente mostrou seu distintivo e Finley assentiu educadamente com a cabeça a seu lado.

- Você tem certeza de que está pronta para isso? – Finley perguntou.

Ela apenas assentiu e eles entraram no beco, passando por baixo da fita. Eles caminharam pela via estreia por vários metros e depois viraram à esquerda, quando o beco se tornava uma pequena área cheia de poeira, detritos e grafite. Havia algumas latas de lixo velhas na esquina, abandonadas. Não tão longe delas estava a mulher que Avery havia visto nas fotos do crime. As imagens não haviam a preparado totalmente para vê-la na vida real.

O sangue, na verdade, estava, de alguma maneira, muito pior agora. Sem o acabamento das fotos, parecia mudo e mortal. A natureza surpreendente do assassinato a trouxe rapidamente de volta à realidade, afastando seus pensamentos quase que completamente do quarto de hospital de Ramirez.

Ela chegou o mais perto que pode sem pisar no sangue e deixou sua mente trabalhar.

O sutiã e a calcinha não são nem um pouco provocantes, ela pensou. Não era uma garota que estava na rua procurando bons momentos. Se a calcinha diz isso, há grandes chances da roupa dela não ser nada reveladora também.

Ela circulou pelo corpo devagar, com sua mente pensando em pequenos detalhes mais do que nunca. Viu um ferimento por perfuração onde o prego havia entrado na parte de baixo da mandíbula. Mas depois viu muitos outros ferimentos, todos exatamente iguais—todos feitos com uma pistola de pregos. Um entre os olhos. Outro acima da orelha esquerda. Um em cada joelho, um na base do peito, um na mandíbula e um na parte de trás da cabeça. O fluxo de sangue e a breve descrição que Connelly fizera sugeriam que também havia ferimentos similares na parte de trás do corpo da garota, que agora estava pressionado contra a parede de tijolos como uma boneca.

Aquilo era brutal, excessivo e violento.

A cereja do bolo era o fato de que ela estava sem a mão esquerda. O braço, ainda sangrando, sugeria que a mão fora cortada menos de seis horas antes.

Ela chamou os pesquisadores por cima do ombro da garota.

- Algum sinal preliminar de estupro?

- Nada visível – um deles respondeu. – Não teremos certeza até tirarmos ela daqui.

Ela sentiu o tom do comentário, mas o ignorou. Circulou em volta da mulher, devagar. Finley a olhava à distância, parecendo querer estar em qualquer outro lugar. Ela estudou o corpo, a natureza dele. Aquilo fora feito por alguém que precisava provar algo. Isso era claro.

Por isso eles querem ir direto ao Howard, Avery pensou. Ele acabou de escapar, foi preso por seus crimes, e agora quer provar que ainda é perigoso—para si mesmo e para a polícia.

Mas aquilo não parecia certo. Howard era louco, mas quase bárbaro, primitivo. Aquilo estava abaixo dele.

Howard não vê problema em matar—e em fazer isso de um jeito que chame a atenção da mídia. Ele deixou parte dos corpos de suas vítimas espalhadas por Harvard, na verdade. Mas nada desse tipo. Isso aqui é além de obsceno. Os assassinatos de Howard eram violentos, mas havia algo quase limpo neles... evidências sugeriram que ele primeiro estrangulava para depois cortar. Mas até os cortes nas partes do corpo eram feito com precisão.

Quando Avery finalmente se afastou, gravando tudo na mente, Finley se aproximou.

- O que você acha? – Ele perguntou.

- Tenho uma ideia – ela disse. – Mas Connelly com certeza não vai gostar nada.

- O que é?

- Howard Randall não tem nada a ver com isso.

- Besteira. E a mão? Quer apostar que está escondida em algum lugar do campus de Harvard?

Avery apenas fez um hum. Ele estava fazendo uma suposição justa, porém na qual ela ainda custava a acreditar.

Eles decidiram voltar para o carro, mas antes que chegassem a passar da fita que separava a cena do crime, ela viu um carro estacionando em uma parada ao lado da rua. Avery não reconheceu o carro, mas reconheceu o rosto. Era o prefeito.

O que esse cretino está fazendo aqui? Ela pensou. E por que ele parece tão bravo?

Ele partiu com raiva em direção aos investigadores, que tentavam se afastar. Quando todos sumiram, Avery passou por baixo da fita que separava a cena do crime para encontra-lo. Ela achou melhor para-lo antes que ele inventasse de meter o nariz na bagunça sangrenta atrás dela.

O rosto do prefeito Greenwald estava vermelho de raiva. Ela esperava que a boca dele fosse começar a espumar a qualquer momento.

- Avery Black – ele disse, - que porra você acha que está fazendo aqui?

- Bem, senhor – ela disse, sem estar muito certa do que responder.

Na verdade, ela não precisou responder. Outro carro apareceu do nada e parou na calçada, quase atrás do carro do prefeito. Aquele carro Avery reconheceu. O veículo nem tinha parado completamente quando Connelly saiu da porta do carona. O’Malley desligou o carro e também saiu, chegando ao lado de Connelly o mais rápido possível.

- Prefeito Greenwald – Connelly disse. – Não é o que você está pensando.

- O que você me disse hoje de manhã? – Greenwald disse. – Você me disse que todos os sinais apontavam para que esse crime fosse obra de Howard Randall. Você me assegurou que tomaria conta disso com cuidado e que a cena do crime poderia oferecer pistas de onde esse filho da puta está escondido. Não foi?

- Sim, senhor. Eu falei – Connelly disse.

- E agora você está me dizendo que meter Avery Black nesse caso é tomar conta do assunto? A mesma detetive que a mídia sabe que se encontrava em privado com ele?

- Senhor, eu posso assegurar, ela não está no caso. Eu chamei ela apenas para uma consulta. Afinal ela conhece Howard Randall melhor do que qualquer um na polícia.

- Não me importa. Se a mídia souber disso... se eles imaginarem que a Detetive Black está cuidando do caso, vou ter tanta merda para juntar que vou usar seu salário para comprar as pás.

- Sim, eu entendo, senhor. Mas o—

- A cidade já está aterrorizada com Randall à solta – o prefeito continuou, realmente irritado. – Você sabe tão bem quanto eu que estamos recebendo pelo menos trinta ligações por dia de pessoas preocupadas achando que viram ele. Quando souberem desse assassinato—e vamos ser realistas, é só uma questão de tempo—todo mundo vai saber que foi ele. E se a porra da Avery Black estiver no caso, ou perto do caso—

- Isso não vai importar – Avery disse, tendo escutado o suficiente.

- O que você disse? – O prefeito Greenwald quase gritou.

- Eu disse que não vai importar. Howard Randall não cometeu esse crime.

- Avery... – O’Malley disse.

Nesse momento, Connelly e o Prefeito Greenwald a olharam como se tivesse surgido nela um terceiro braço.

- Você está falando sério? – Greenwald perguntou.

E antes que ela pudesse responder, Connelly falou—o que não a surpreendeu.

- Black... Você sabe que isso é coisa de Howard Randall. Por que diabos você pensaria que não é?

- Apenas veja os arquivos, senhor – ela disse. Depois, olhou para Greenwald e acrescentou: - O mesmo serve para você. Veja os arquivos de Howard Randall. Encontre um dos assassinatos dele onde ele fez algo desse tipo—algo tão fora do normal e sangrento. Desmembramento é uma coisa. Mas isso vai muito além. Howard estrangulou a maioria de suas vítimas primeiro. O que estou vendo nesse último crime é muito pior que algo assim.

- Howard Randall esmagou a cabeça de uma mulher com um tijolo – Greenwald disse. – Eu diria que isso é bem sangrento e brutal.

- É sim. No entanto, aquela mulher foi atingida duas vezes e a investigação diz que foi o segundo golpe que a matou—não o primeiro. Howard Randall não está nessa pela emoção, violência ou pela exploração. Mesmo quando despedaçou os corpos, tinha pouco sangue. Era quase como se ele evitasse sangue, apesar de seus atos. Mas esse assassinato aqui... é demais. É sem fundamento. E mesmo que seja um monstro e com certeza um assassino, Howard Randall não é alguém sem fundamento.

Avery viu uma mudança na expressão de Connelly. Ele estava ao menos pensando naquilo, considerando seus exemplos. O prefeito Greenwald, por outro lado, não estava aceitando a ideia.

- Não. Isso é obra de Howard Randall e é ridículo pensar outra coisa. Até onde eu sei, esse assassinato colocou fogo em todo o A1—caramba, em todos os departamentos da cidade! Eu quero Howard Randall algemados ou cabeças vão rolar! E imediatamente, eu quero a Black fora desse caso. Ela não pode estar envolvida de nenhuma maneira!

Depois disso, Greenwald voltou a seu carro esbravejando. Avery já havia sofrido com reuniões com ele no passado e estava começando a pensar que ele era sempre assim. Ela nunca havia o visto caminhando normalmente.

- Você voltou ao trabalho há meia hora – O’Malley disse, - e já conseguiu tirar o prefeito do sério.

- Não estou trabalhando – ela pontuou. – Como ele descobriu que eu estava aqui, afinal?

- Não faço ideia – Connelly disse. – Nós achamos que alguém da mídia viu você deixando o departamento e alguém disse algo para ele. Tentamos chegar aqui antes que ele, mas não conseguimos. – Ele suspirou, puxou o ar e acrescentou: - Quão certa você está de que não foi Howard Randall? Definitivamente?

- Claro que não é definitivamente. Mas isso aqui não casa com nenhum dos assassinatos dele. Esse aqui é diferente. Parece diferente.

- Poderia ser uma imitação? – Connelly perguntou.

- Poderia, eu acho. Mas por que? E se for, esse cara está fazendo um trabalho ruim.

- E um fanático de merda por cultura de assassinatos? – Connelly perguntou. – Um desses derrotados que juntam material sobre serial killers e, com o escape de Randall, finalmente criou coragem para matar pela primeira vez.

- Pode ser um caminho.

- Então eu não devo relacionar a recente fuga de Howard Randall com um assassinato tão parecido com o estilo dos antigos crimes dele.

- Senhor, você pediu minha opinião e eu lhe disse.

- Bem – Connelly disse, - você ouviu o Greenwald. Não posso mais deixar você ajudar nisso. Agradeço você ter vindo hoje pela manhã quando eu chamei mas... Acho que foi um erro.

- Acho que sim – ela disse, odiando a facilidade com que Connelly cedia à pressão do prefeito. Ele sempre fazia isso e essa era uma das razões pela qual era achava difícil respeitar o capitão.

- Desculpe – O’Malley disse a ela quando eles voltaram para o carro. Finley estava atrás deles, e assistira a toda a cena com um desconforto aparente. – Mas talvez ele esteja certo. Mesmo que o prefeito tenha sido muito duro, você acha mesmo que esse é o tipo de coisa em qual você deveria se envolver agora? Faz só duas semanas desde o seu último grande caso—onde você quase morreu, tenho que dizer. E duas semanas desde que Ramirez...

- Ele está certo – Connelly disse. – Tire mais um tempo. Mais algumas semanas. Você consegue?

- Se tem que ser assim – ela disse, indo para o carro com Finley. – Boa sorte com esse assassino. Você vão encontra-lo. Tenho certeza.

- Black – Connelly disse. – Não leve para o pessoal.

Ela não respondeu. Entrou no carro com pressa, dando a Finley apenas alguns segundos para entrar no carro antes que ela arrancasse, deixando para trás a rua e um corpo morto, que ela tinha quase certeza de que não fora assassinado pelo recém-livre Howard Randall.

Razão para Salvar

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