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CAPÍTULO SETE

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Danielle acordou às oito em ponto, sentindo-se como se não tivesse dormido nada. Ela havia chegado do trabalho às 2:45 e caído na cama às 3:10. Geralmente, não tinha problemas para dormir até as onze—às vezes até mais—mas quando abriu os olhos às 08:01 da manhã, não conseguiu voltar a dormir. Na verdade, ela não estava dormindo bem desde que soubera que Chloe estava voltando para a cidade. Sentia que seu passado estava a seguindo, e não pararia até destruí-la completamente.

Cansada e irritada, Danielle tomou um banho e comeu seu café da manhã. Fez tudo isso escutando o álbum Too Dark Park, de Skinny Puppy. Ao colocar a louça do café na pia, percebeu que precisaria ir ao mercado naquele dia. Na maioria das vezes, isso não a incomodava. Mas havia dias em que ela sentia que sair em público era um erro... que as pessoas estavam a olhando, esperando por ela para foder com sua vida e apontar dedos.

Ela também tinha medo de sair e permitir que o autor das cartas a seguisse. Num dia desses, pensou, o autor poderia parar de brincar e simplesmente matá-la.

Talvez aquele fosse o dia.

Ela dirigiu até o mercado, totalmente consciente de que aquele seria um desses dias... daqueles onde ela teria medo de tudo. Um desses dias onde ela ficaria olhando sempre por cima dos ombros. Dirigiu rapidamente, passando até por um sinal vermelho, querendo chegar logo.

Desde que começara a receber os bilhetes perturbadores debaixo da porta, Danielle sentia-se ansiosa ao ficar em lugares públicos por muito tempo. Era muito fácil imaginar que a pessoa que estava escrevendo as cartas estava a seguindo. Mesmo no trabalho, ela imaginava que o autor poderia estar sentado no bar, recebendo drinks dela. Quando pegava comida chinesa, imaginou que ele poderia estar a seguindo, esperando para finalmente pegá-la quando ela voltasse para o carro. Será?

Mesmo depois de chegar em segurança até seu destino, correndo até o mercado e praticamente correndo com o carrinho pelos corredores, o medo estava presente. O autor das cartas poderia estar ali com ela, seguindo seus passos a alguma distância, talvez olhando de longe, ou através da prateleira de cereais.

Era um medo real, que passava por sua cabeça, um dia depois do que acontecera com Martin. A paranoia não lhe deixava, fazendo-a abaixar a cabeça e encolher os ombros. Se alguém quisesse ver seu rosto, precisaria de um motivo muito bom, a ponto de fazê-la parar e levantar a cabeça.

Ela odiava que fosse assim. Sempre enfrentara esse tipo de problemas, e era por isso que a maioria de seus relacionamentos raramente duravam mais do que um mês. Ela sabia que havia construído uma reputação de ser um pouco vadia durante sua primeira passagem por Pinecrest, mas não porque ela gostava de dormir por aí. Era porque, quando conseguia se sentir confortável o suficiente para dormir com um cara, começava a pensar o pior dele. Terminava o relacionamento, tirava um tempo para se recuperar, e começava tudo de novo.

Ela havia melhorado um pouco quando se mudara novamente para Pinecrest, alguns anos antes. Deixara Boston e sentira que estava dando um passo atrás... mas tudo bem. Pelo menos, estava voltando para algo familiar. O mais difícil era se acostumar ao cenário estagnado de namoros. No começo, estava tudo bem, mesmo que estragando todas as relações que começava. Por isso a briga com Martin não saía de sua cabeça.

Claro, havia o lado ruim de Pinecrest. Muitas pessoas lembravam-se dela e de Chloe. Eles lembravam das pobres garotinhas Fine, que acabaram morando com os avós depois que a mãe morreu e o pai foi preso.

- Danielle, é você?

Ela virou-se em direção à voz, assustada. Estava tão perdida em seus pensamentos que expusera o rosto completamente para pegar uma caixa de Froot Loops. Encontrou-se olhando para um rosto do passado—uma mulher que parecia terrivelmente familiar, mas da qual ela não conseguia se lembrar.

- Você não lembra de mim? – A mulher perguntou, sem saber se estava ofendida ou achando graça. Ela provavelmente tinha cerca de quarenta e cinco, talvez cinquenta anos. E não, Danielle não se lembrava dela.

- Acho que você não lembra mesmo – a mulher disse. – Acho que você tinha treze ou quatorze anos da última vez que te vi. Eu sou Tammy Wiler. Eu era amiga da sua mãe.

- Ah, claro – Danielle disse. Ela não lembrava da mulher, mas o nome era familiar. Danielle imaginou que fosse uma das amigas da família, que a visitara nos anos seguintes à morte da mãe.

- Eu quase não te reconheci – Tammy disse. – Seu cabelo está... mais escuro.

- Sim – Danielle disse sem entusiasmo. Ela supôs que na última vez que na Tammy Wyler havia a encontrado, ela deveria estar apenas entrando no seu modo rebelde. Na época, treze ou quatorze anos atrás, ela geralmente colocava listras de rosa neon no cabelo. Agora, ele era preto, totalmente, um estilo antigo, mas que ela achava que combinava perfeitamente consigo.

- Eu sempre soube que você voltaria para cá, mas bem... não sei. Eu nunca soube muita coisa de você depois que você se mudou. Você foi para Boston ou algo assim por um tempo, certo?

- Certo.

- Ah, e eu soube que Chloe voltou, também. Comprou uma casa nova perto de Lavender Hills, certo?

- Sim, ela voltou - Danielle disse, chegando perto de extrapolar sua tolerância para conversas bobas.

- Soube por aí que ela mora a só duas casas de uma menina com quem vocês estudavam no ensino médio. Na verdade eu moro umas duas ruas depois dela.

Pobre Chloe, Danielle pensou.

- Ah, ela te falou sobre a festa no bairro? – Tammy perguntou, aparentemente sem conseguir parar de falar por mais de três segundos.

- Falou, sim – Danielle disse. Ela esperava que Tammy entendesse suas respostas curtas como uma dica de que ela não era do tipo que ficava conversando no corredor do mercado.

Houve um breve silêncio entre as duas e Tammy pareceu mesmo perceber a situação. Ela olhou em volta, de um jeito estranho, e disse com o melhor tom possível:

- Bem, espero que você possa ir. Bom te ver, Danielle.

- Sim, você também. – Danielle disse.

Ela não perdeu tempo em abaixar os ombros e a cabeça e empurrar o carrinho até a prateleira dos cereais. A necessidade de sair dali e voltar para o apartamento estava mais forte do que nunca—não só por conta de sua paranoia, mas também pelo encontro estranho com Tammy Wyler.

Danielle apressou-se para fazer o resto das compras, quase batendo em uma senhora na sessão seguinte. Fez o auto-pagamento (porque não queria lidar com caixas se não precisasse) e correu para o carro. Quando voltou a sentir o ar fresco, sentiu-se um pouco melhor. Claro, talvez o autor das cartas estivesse sentado em um dos carros no estacionamento. Talvez ele estivesse seguindo-a no mercado, escutando sua conversa estranha com Tammy.

Colocou suas sacolas no banco de trás e ligou o carro. Antes de conseguir dar a ré no estacionamento, seu telefone tocou. Ela viu o nome da Martin na tela e não hesitou em atender. Se ele estivesse ligando para discutir, ela ia gostar. Se ele quisesse pedir desculpas, também. Na verdade, ela apenas gostara da ideia de falar ao telefone com alguém que conhecia naquele momento.

Ela atendeu com um simples “Ei”.

- Ei, Danielle – Martin disse. – Olhe, eu te devo mil desculpas por ontem à noite. E não só por ter sido grosso. Eu não devia ter sido tão estranho com o telefone. É que as coisas estão uma merda no trabalho. As mensagens eram sobre isso. Eu sabia desde que elas começaram a chegar. Eu não queria lidar com isso ontem. Faz sentido para você?

- Faz. Mas o que não faz sentido é porque você não me disse isso ontem.

- Porque eu sou idiota – ele disse. – Eu não queria que você soubesse que meu trabalho pode estar prestes a se acabar. E depois você ficou brincando, e eu entendi tudo errado. Danielle.. Eu nunca machuquei uma mulher. Por favor, acredite em mim. E colocar minhas mãos em você ontem... Meu Deus, me desculpe!

Ela não disse nada. Seus braços estavam ainda um pouco vermelhos e ela havia se sentido em perigo. Mesmo assim, podia sentir uma tristeza genuína na voz dele.

- Danielle?

- Estou aqui – ela disse. – Só que... Queria que você tivesse me dito tudo isso antes de chegarmos naquele ponto.

- Eu sei. Por favor... você pode me desculpar?

Ela sabia que sim. Estava simplesmente tentando pensar no que fazer para virar as coisas em seu favor. Ela sorriu ao ter uma ideia e não conseguiu resistir.

- Bom, esse negócio de “relação sem nada” vai acabar. Você vai me encontrar no meu apartamento essa noite e vamos nos pegar. Não vou dormir com você ainda, mas... bem, vai rolar alguma coisa.

- Hum... tudo bem. Posso fazer isso – ele disse, claramente confuso, mas feliz.

- Não é só isso. Minha irmã se mudou para cá. Te falei, certo?

- Sim.

- Bom, é um bairro estranho. Desses que fazem festas de bairro. Ela me convidou para a festa do final de semana. Quero que você vá comigo.

- Ah, certo. Posso fazer isso.

- Bom – ela disse. – Te vejo à noite, então.

Ela desligou sem se despedir. Gostava de saber que ele não tinha ideia de como respondê-la. Também gostava de saber que estava basicamente no controle agora—não de um jeito desleal, mas poderia se sentir mais confortável perto dele.

Sentindo-se um pouco melhor, com a paranoia sendo agora apenas uma sementinha na cabeça, Danielle foi para casa. E ficou feliz em perceber que estava animada para a noite. Fazia muito tempo que ela queria sentir as mãos de um homem em seu corpo.

Aquele pensamento, junto com a paranoia indo embora, a fez pensar se Martin poderia ser o cara certo para ela ao final das contas. Ele parecia estar mudando tudo nela. É claro, ele sabia pouco sobre ela, e ela iria manter as coisas desse jeito o quanto pudesse.

Ela seguiu para casa, começando a pensar no que deveria vestir para ir a uma festa de bairro.

Aquilo foi quase o suficiente para fazer sumir a paranoia que aparecera pela manhã e a seguira até o mercado.

Quase.

Pegou seu telefone e discou o número de Chloe. Nem deixou a irmã dizer Oi antes de começar a falar.

- A festa do bairro... Posso levar um cara?

- ...Sim, claro – Chloe disse, claramente surpresa.

- Te vejo amanhã, então.

E então, desligou, pensando em onde estava acabando de se meter.

A próxima porta

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