Читать книгу A mentira mora ao lado - Блейк Пирс - Страница 8

CAPÍTULO DOIS

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Chloe não sabia ao certo o que esperar quando chegou à sede do FBI na manhã seguinte. Mas o que ela com certeza não esperava era ser recebida por um agente mais velho na entrada. Ela viu quando ele notou sua presença, e não teve certeza do que fazer quando percebeu que ele estava vindo diretamente em sua direção. Por um momento, ela pensou que fosse o Agente Greene, o homem que havia sido seu instrutor e parceiro em seu “quase caso”, que a levara a descobrir a verdade sobre seu pai.

Mas quando olhou melhor para o rosto do homem, viu que tratava-se de alguém bem diferente. Ele parecia durão e feito de pedra, e sua boca era desenhada em uma linha apertada em sua mandíbula.

- Chloe Fine? – O agente perguntou.

- Sim?

- O diretor Johnson gostaria de falar com você antes das orientações.

Aquilo a animou e a assustou. O diretor Johnson havia aberto exceções para ela quando ela fora parceira de Greene. Talvez ele estava mudando de ideia? As ações dela no última caso teriam trazido problemas para ele? Teria ela chegado tão longe apenas para ter seus sonhos destruídos no primeiro dia?

- Para que? – Chloe perguntou.

O agente encolheu os ombros, sem se importar com a pergunta.

- Por aqui, por favor – ele disse.

Ele a levou até os elevadores e, por um momento, Chloe sentiu-se como se estivesse voltando no tempo. Ela pode se ver entrando nos mesmos elevadores um pouco mais de dois meses antes, com o mesmo nó de preocupação no estômago, sabendo que iria encontrar o Diretor Johnson. E como da última vez, aquele nó de preocupação tomou conta de seu corpo inteiro quando o elevador começou a subir.

O agente com cara de durão a levou para fora do elevador quando ele parou no segundo andar. Eles passaram por vários escritórios e salas antes que o agente parasse na porta da sala de Johnson. A secretária na mesa assentiu educadamente, e disse:

- Você pode entrar. Ele está esperando por você.

O agente também assentiu para Chloe – não de um jeito tão educado – e fez um gesto em direção à porta do escritório. Estava claro que ele não iria entrar.

Fazendo o possível para manter-se calma, Chloe caminhou até a porta do diretor Johnson. Por que estou com tanto medo? Ela pensou. Na última vez que foi chamada na sala dele, ganhei responsabilidades e tarefas que a maioria dos agentes novos como eu não ganham. Aquilo era verdade, mas não serviu para acalmá-la.

O Diretor Johson estava sentado em sua mesa, lendo atentamente algo em seu notebook quando Chloe entrou. Quando ele olhou para cima, toda sua atenção estava nela. Ele até fechou a tela do notebook.

- Agente Fine – ele disse. – Obrigado por vir. Vamos levar só um segundo. Não quero que você perca nada das orientações—que, vou me adiantar e te dizer—também são muito rápidas e tranquilas.

Ouvir Agente Fine era algo que a animava muito, mas Chloe tentou não demonstrar. Ela sentou-se na cadeira em frente à mesa do diretor e sorriu o mais normalmente possível.

- Sem problemas - ela disse. – Eu... bem... tem algo errado?

- Não, não, nada disso – ele disse. – Eu queria lhe apresentar uma opção sobre suas responsabilidades. Eu sei que você está começando uma carreira na Equipe de Evidências. Isso é algo que você sempre buscou?

- Sim, senhor. Tenho uma visão muito boa para encontrar detalhes.

- Sim, eu soube disso. O Agente Greene falou muito bem de você. E mesmo com alguns tropeços nas coisas que aconteceram meses atrás, tenho que admitir—também fiquei muito impressionado. Você carrega uma confiança em si mesma e uma certeza inabalável que não é comum em novos agentes. E é por causa disso e do feedback do Agente Greene e de outros instrutores da academia que eu gostaria que você repensasse no departamento que você quer seguir.

- Você tem algum departamento particular em mente? – Chloe perguntou.

- Você conhece o PaCV?

- O Programa de Apreensão de Crimes Violentos? Sim, eu conheço um pouco.

- O título já diz tudo, mas acho que esse programa também se encaixa no seu talento para encontrar provas. Além disso, sendo muito sincero, a Equipe de Evidências tem um grupo grande de agentes primeiro-anistas desta vez. Melhor do que se perder no meio de tantos, eu acho que você se daria bem no PaCV. Isso te interessaria?

- Sendo sincera, eu não sei. Nunca pensei sobre isso.

Johnson balançou a cabeça, mas Chloe tinha certeza que ele já estava decidido.

- Se você quiser, eu gostaria que você ao menos tentasse. Se depois de alguns dias você achar que não se encaixa, eu pessoalmente vou colocá-la de volta, sem problemas, em sua vaga atual nas Evidências.

Chloe realmente não estava certa do que dizer ou fazer. O que ela sabia, no entanto, era que estava se sentindo orgulhosa por ver que o diretor queria muito tê-la em um departamento específico por conta de suas habilidades e de feedbacks positivos.

- Tudo bem, posso trabalhar lá – ela finalmente respondeu.

- Fantástico. Já temos um caso em que quero te colocar. Você começaria amanhã de manhã. A polícia de Maryland State está cuidando disso, mas ligaram hoje de manhã pedindo ajuda. Vou colocar você com outra agente que está sem parceiro. O parceiro dela não aguentou a pressão e pediu demissão ontem.

- Posso perguntar por quê?

- No Programa de Apreensão de Crimes Violentos, alguns crimes tendem a ser um pouco sinistros. Isso acontece com novos recrutados... eles passam pelo treinamento, vendo casos-exemplo e até cenários da vida real. Mas no fim, quando percebem que vão viver no meio disso... Alguns acham que já é demais para eles.

Chloe não disse nada. Ela tentou entender como alguém poderia tomar uma decisão assim, mas não conseguiu. Ela queria aquele trabalho desde sempre—desde que aprendera a diferença entre o certo e o errado.

- Vou precisar fazer algum treinamento adicional?

- Eu recomendaria mais treinamentos de arma de fogo – Johnson disse. – Vou deixar tudo preparado para você. Suas notas na Equipe de Evidências no que diz respeito a armas de fogo são muito boas, mas você vai querer ter mais habilidade nessa área quando entrar de vez no PaCV—se você decidir ficar.

- Entendo.

- Bom, se você não tiver mais perguntas, acho que você pode seguir para a orientação, lá embaixo. Temos três minutos até começar.

- Sem mais perguntas por enquanto. E obrigado pela oportunidade. E pela confiança.

- Claro. Vou tomar conta da papelada e alguém vai te ligar para falar sobre as assinaturas até o fim do dia. E, Agente Fine... estou com um bom pressentimento nisso. Acho que você vai ser um reforço e tanto para o PaCV.

Foi então, quando levantou-se e saiu da sala, que Chloe percebeu que nunca fora boa em escutar elogios. Talvez fosse porque ela nunca recebera muitos durante sua juventude. Naquele momento, ela simplesmente sorriu de um jeito estranho e saiu. O nó de nervosismo que estivera em seu estômago havia ido embora, sendo substituído por uma sensação de como se seus pés não tivessem tocando o chão no caminho até o elevador.

***

A orientação foi praticamente como ela esperava. Tratava-se de uma lista do que se poderia e não poderia fazer, sendo dita por vários agentes. Havia exemplos de casos que haviam dado errado, casos tão ruins que os agentes haviam se demitido ou até cometido suicídio. Os instrutores contaram histórias horríveis de crianças assassinadas e de estupradores em série que, até aquele dia, ainda não havia sido presos.

Enquanto as histórias eram contadas, Chloe pode escutar alguns murmúrios entre os novos agentes. Dois lugares à sua esquerda, ela ouviu uma mulher murmurando para o homem a seu lado.

- Aparentemente, meu parceiro ouviu essas histórias antes de nós. Talvez por isso ele pediu para ir embora – Ela disse que um jeito sacana, em um tom malvado que irritou Chloe instantaneamente.

Com a sorte que tenho, essa é a parceira-sem-um-parceiro que Johnson vai colocar comigo, Chloe pensou.

A orientação parou para o almoço. Nesse momento, os instrutores separaram os novos agentes em departamentos específicos. Quando Chloe escutou a Equipe de Evidências sendo chamada, sentiu uma pequena pontada de tristeza. Ela viu cerca de vinte recrutados juntarem-se no canto direito da sala. Saber que ela poderia estar entre eles até menos de três horas antes a fez sentir-se um pouco isolada, especialmente quando viu que alguns dos agentes pareciam já ter começado algumas amizades.

Quando os agentes do Programa de Apreensão de Crimes Violentos foram chamados, Chloe levantou-se. O grupo com o qual ela caminhou era menor do que a Equipe de Evidências. Incluindo a si mesma, ela contou nove pessoas. E uma delas era, de fato, a mulher que havia feito o comentário maldoso sobre a demissão do parceiro.

Chloe estava tão focada naquela mulher que não percebeu o homem que aproximou-se dela enquanto eles caminhavam.

- Eu não sei você - ele disse, - mas eu sinto como se precisasse esconder meu rosto. Fazer parte de um programa com a palavra “Violento” nele... me faz pensar que as pessoas estão me julgando.

- Acho que eu nunca pensei desse jeito – Chloe disse.

- Bom, você tem tendência a ser violenta?

Ele perguntou com um sorriso sacana, e foi esse sorriso que a fez perceber que o homem era extremamente bonito. Claro, o comentário sobre a tendência a violência estragou um pouco sua aparência.

- Não que eu saiba – ela respondeu de um jeito estranho, quando eles chegaram ao andar onde o grupo se reuniu.

- Ok – o instrutor, um senhor mais velho vestido de jeans e camiseta preta, disse. – Primeiro vamos almoçar, depois vamos nos encontrar na Sala de Conferências Três para analisar alguns detalhes e fazer uma sessão de perguntas e respostas. Mas antes de tudo... – Ele pausou e olhou um pedaço de papel, analisando-o com um de seus dedos. – Chloe Fine está aqui?

- Sou eu – Chloe disse, quase suando por ter sido escolhida em meio a um grupo de pessoas que não conhecia.

- Preciso falar com você por um momento, por favor.

Chloe caminhou até o instrutor e viu que o senhor também estava chamando outra agente à frente.

- Agente Fine, estou vendo aqui que você é um reforço para o PaCV, recomendada diretamente pelo Diretor Johnson.

- Está certo.

- Bom ter você. Agora, gostaria que você conhecesse sua parceira, a Agente Nikki Rhodes.

Ele apontou para a outra agente que vinha em sua direção. De fato, era a mulher maldosa de antes. Nikki Rhodes sorriu para Chloe de um jeito que deixava claro que ela sabia que era bonita. E até Chloe tinha que admitir. Alta, pele perfeitamente bronzeada, olhos azuis brilhantes, cabelo loiro impecável.

- Prazer em conhecê-la – Rhodes disse.

- Igualmente – Chloe respondeu.

- Agora, você duas, aproveitem o almoço – o instrutor disse. – Pelo que sei, vocês terão um caso amanhã cedo. Vocês duas estão no topo da lista desse grupo, então espero ouvir muitas coisas boas de vocês.

Rhodes sorriu e Chloe pode sentir a falsidade naquele sorriso. Ela odiava achar automaticamente que alguém não era uma pessoa autêntica, mas sua intuição sempre percebia coisas assim. O instrutor havia se virado para se juntar ao resto do grupo, deixando as duas mulheres sozinhas. Percebendo que os olhos do superior já não estava nelas, Rhodes virou-se e se afastou, sem dizer uma só palavra.

Chloe seguiu distante do restante do grupo por um momento, tentando focar na situação. Ela havia acordado naquela manhã animada para começar sua carreira como membro da Equipe de Evidências. No entanto, tudo o que ela havia planejado havia mudado. E agora ela estava ali, em um departamento com o qual não era muito familiar, com uma parceira que prometia ser um pé no saco.

- Ela não parece exatamente uma pessoa, parece? – Alguém disse por trás dela.

Chloe virou-se e viu o homem que havia caminhado com ela até aquele andar—o cara bonito que havia perguntado sobre as tendências violentas.

- Não, não parece.

- Imagine passar a maioria dos cursos da academia com ela – ele disse. – Foi horrível. Falando nisso... eu não lembro de você em nenhum curso ou módulo.

- É... eu sou meio que nova. Fui colocada no departamento hoje de manhã.

Uma expressão um tanto quanto em choque tomou conta do rosto dele.

- Ah, ok... Bem, bem-vinda ao PaCV. Eu sou Kyle Moulton e se sua nova parceira não quer almoçar com você, eu gostaria de tomar o lugar dela.

- Sem problemas – Chloe disse, finalmente indo junto com o grupo. – Isso combina com o meu dia, para ser sincera.

- Como assim?

- Porque nada está saindo como planejado.

Moulton apenas balançou a cabeça enquanto eles saíam do auditório. Mesmo que Moulton fosse um estranho (um estranho lindo, era verdade), ela bom tê-lo a seu lado enquanto eles caminhavam até o local do almoço, em outro ponto do prédio. Ela estava com medo de ter que encarar o futuro incerto completamente sozinha, e a companhia dele poderia fazê-la repensar nisso.

- Mas enfim, as pessoas ligam muito para os planos. – Moulton disse.

- Eu não acho. Planos significam estrutura. Significam previsibilidade.

- Eu não acho que previsibilidade está na descrição de trabalho nos nossos cargos – Moulton brincou.

Chloe sorriu e assentiu, mas nunca havia pensado daquela forma. Na verdade, aquilo a assustava um pouco. O que não fazia nenhum sentido. Sua vida nunca fora nada previsível, então por que sua carreira seria diferente?

Felizmente, ela havia aprendido a lidar com os golpes da vida. E se pessoas como Nikki Rhodes quisessem atrapalhá-la, sua nova parceira teria duas opções: adaptar-se a seu jeito ou sair de seu caminho.

A mentira mora ao lado

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