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PRÓLOGO

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Abril 1794

Charles Lindsay, o Conde de Coventry, observou o prédio que esperava comprar. A estrutura era sólida e funcionaria esplendidamente para o que tinha em mente. A rua em que estava localizada também era ideal. O clube secreto de cavalheiros estaria bem escondido no bairro, e seus moradores não questionariam as idas e vindas constantes que aconteceriam. Ele tinha muitos planos e essa casa era apenas o começo.

— O proprietário está disposto a concluir o negócio? — Ele se virou para o advogado encarregado da venda.

Charles não queria parecer muito ansioso, isso poderia dar ao advogado um motivo para aumentar o preço e ele não pagaria um centavo a mais do que valia.

— Ele está, meu senhor — respondeu ele.

Seus cabelos grisalhos estavam espalhados ao redor das orelhas e na parte de trás da cabeça, mas o topo estava completamente careca. O advogado tinha olhos redondos que o faziam parecer indigno de confiança. Não era a aparência esperada de alguém que deveria invocar esse sentimento em particular.

— Você gostaria de fazer uma oferta?

— Não — ele respondeu. — Precisa de grandes reformas e não tenho certeza se funcionará para o que tenho em mente. — Isso era mentira, mas não queria conscientizar o homem de seu completo interesse. — Todo o piso inferior precisaria ser trocado e as paredes reconstruídas. Seu empregador está pedindo muito.

— Entendo... — O advogado engoliu em seco.

Charles desejou poder se lembrar de seu nome, mas como não era importante para ele, o descartou ao ouvi-lo. O advogado se atrapalhou com alguns papéis e depois olhou para cima.

— Existe algo que o convença a comprá-lo?

Charles conteve um sorriso, já que isso não funcionaria a seu favor e ele queria a propriedade. Ele bateu no queixo e tentou agir como se estivesse considerando as suas opções. A verdade era que sabia exatamente qual seria seu próximo movimento. Esse era o benefício de estar vários passos à frente de seu oponente. Ele tinha o dom de ver o todo e como todas as peças ao seu redor podiam se encaixar. Esse projeto seria grande e ele tinha que fazer tudo correto para que funcionasse.

— Eu poderia reconsiderar se o proprietário baixar mil libras do preço de venda, não pagarei um xelim a mais do que isso.

O advogado arrastou os pés e depois encontrou o olhar de Charles.

— Parece razoável, meu senhor. Informarei ao proprietário que você deseja comprá-lo.

Charles levantou uma sobrancelha.

— Isso é tudo? — Assim que as palavras foram ditas, ele deu de ombros e se dirigiu para a saída.

Para ele, o negócio já havia sido concluído. Se o proprietário aceitasse a oferta, o advogado poderia enviar-lhe uma missiva sobre isso. Ele tinha um bom pressentimento. Em breve, teria o lugar necessário para abrir o seu clube.

Ele ainda não havia alcançado a saída quando o advogado o chamou — Lorde Coventry.

Ele virou-se para o advogado e disse: — Sim?

— Eu tenho autoridade para aprovar a venda dentro de um determinado valor. Se o senhor quiser a propriedade, é sua.

Dessa vez, ele permitiu que o sorriso se formasse em seu rosto. O Clube Coventry estava agora a um passo mais perto de se tornar realidade. Mal podia esperar para contar ao seu bom amigo George, o Conde de Harrington, sobre isso. Eles poderiam planejar o desenvolvimento e a reconstrução da casa juntos.

— Maravilhoso — disse ele ao advogado. — Vou avisar ao meu advogado e vocês dois podem cuidar dos detalhes.

Charles assentiu com a cabeça.

— Obrigado por sua ajuda.

Com essas palavras, ele saiu do prédio e voltou para casa. Mais tarde, teria um encontro com George e eles poderiam fazer seus planos finais.


Charles bateu o dedo na mesa, impaciente. Onde diabos estava George? Ele deveria ter chego várias horas atrás. Ele suspirou e derramou conhaque do decantador em sua mesa em um copo. Eles teriam que discutir seus planos para o Clube Coventry mais tarde.

Ele tomou um gole de conhaque e se perguntou o que poderia ter mantido seu amigo longe da reunião. Não conseguia discernir um único motivo para George não estar ali, seu amigo nunca perdia um compromisso, ele era o homem mais confiável que Charles conhecia.

Ele largou o copo e olhou para a escritura de sua nova propriedade. Já havia enviado cartas para iniciar os reparos e reformas. Em questão de meses, não mais que um ano, seu sonho seria realidade. Um refúgio seguro para homens que não tinham outro lugar, um lugar de iniquidade para aqueles que precisavam, mas, principalmente, um lugar onde a lealdade prevaleceria mais do que qualquer outra coisa.

A porta do seu escritório se abriu e George entrou. Seu rosto se iluminou com um sorriso enorme quando ele exclamou: — Eu sou pai, Charles.

Ele esqueceu que a esposa de George estava grávida. Essa era uma boa razão para o amigo se atrasar. Agora que percebera o porquê, se sentia um idiota. Charles pegou um copo e derramou dois dedos de conhaque nele, depois o entregou ao amigo. Ele ergueu seu próprio copo e brindou: — A paternidade.

Ele tomou um gole de conhaque e depois perguntou: — Eu devo perguntar: um herdeiro ou uma filha?

— É um menino — respondeu George. — O pacote de alegria mais perfeito que eu já segurei. O nomeamos de Jonas em homenagem ao meu bisavô materno, isso fará minha mãe feliz.

Charles sabia que deveria procurar uma esposa e seguir com a linhagem da família, mas a ideia de se amarrar a uma mulher pelo resto da vida não o atraía. Ele não conhecera uma mulher que o inspirasse a esse tipo de compromisso. George havia se casado com a esposa por causa das exigências do pai. O Duque de Southington era um homem difícil para se dizer não. Charles não invejava a situação de seu amigo a esse respeito.

— Tenho certeza que ela ficará em êxtase apenas por ter um neto no qual se dedicar. Eu ouvi que mulheres gostam desse tipo de coisa.

— Você provavelmente está correto nessa suposição. De qualquer forma, sou grato por ser um garoto. O parto foi difícil para Sarah. Acho que ela não aguentaria outra gravidez. — Ele suspirou. — Jonas é uma bênção para nós dois. Meu pai finalmente vai nos deixar em paz sobre continuar a linhagem da família.

— Seu pai é bestial.

Ele era um idiota arrogante que importunava George sempre que podia. Charles desejava poder encontrar uma maneira de remover o Duque de Southington da vida de seu amigo. Infelizmente, não dependia dele, retirar George do controle de seu pai. Seu amigo teria que encontrar a coragem para fazer isso sozinho. Era a única maneira de ele saber como era ser livre para tomar suas próprias decisões.

— Eu tenho novidades. — começou Charles. — Comprei o prédio necessário para o Clube Coventry.

— Você comprou? — Seu rosto se iluminou com a felicidade. — Isso é maravilhoso. Agora você pode alcançar seus objetivos e todos teremos um lugar para escapar da realidade da vida.

— Vou ter que discernir as regras do clube antes de convidar novos associados. Gostaria que você fosse o primeiro administrador do clube, se quiser.

Ele queria que George tivesse a responsabilidade, assim se sentiria incluído, e isso daria a ele outra coisa para se concentrar além do terror que seu pai era.

— Eu? — George perguntou surpreso. — Você não quer administrar seu próprio clube?

— Eu prefiro aproveitá-lo no começo. Um dia, assumirei as funções, mas gostaria de experimentar primeiro. Você é muito mais equilibrado do que eu e poderá aplicar as regras que elaborarmos em prática. Eu acho que a primeira regra será: o administrador do clube é o único que pode ser casado. Não quero que um bando de maridos traidores leve suas amantes ao clube.

— Então, quando se casarem, terão que entregar a sua chave? — Perguntou George. — Isso não é uma má ideia. Então, você não vai assumir o controle até encontrar uma noiva? Isso vai demorar bastante, não?

Charles sorriu.

— Sei que um dia terei que me casar com alguém, mas você está correto, não pretendo encontrar uma dama para me casar nos próximos anos. Dependerei de você para manter as coisas funcionando sem problemas até então. Mas não é um requisito ser casado para manter essa posição. Se você achar que é muito difícil, eu posso assumir. Se eu me casar antes disso, terei que assumir o controle.

— Sim — George concordou. — Isso faz sentido.

Ele assentiu para Charles.

— Tudo bem, eu administro o seu clube. — Seus lábios se inclinaram para cima em outro sorriso. — Mal posso esperar para começar.

Charles pegou o copo e acenou para o amigo.

— Já começamos, meu amigo. Agora vamos beber ao seu novo filho.

— Essa é uma ideia fabulosa — respondeu George. Ele pegou o copo e bateu com o de Charles. — E ao seu futuro clube. Será tão bem sucedido quanto você imaginou.

Os dois beberam o conteúdo de seus copos e Charles os encheu novamente de conhaque. Beberam vários copos antes de George sair. Eles já tinham todas as regras do clube estabelecidas então e o futuro do Clube Coventry seria uma realidade em breve. Charles adorava quando um bom plano era concretizado.

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