Читать книгу Um club da Má-Lingua - Федор Достоевский, Dostoyevsky Fyodor, Fyodor Dostoevsky - Страница 5

V

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– Nastassia Petrovna, não seria mau ir deitar a sua rabisáca pela cozinha, disse ella apóz de haver acompanhado o principe. Palpita-me que aquelle traste do Nikitka é capaz de se tomar da pinga e deita-nos a perder o jantar.

Obedeceu Nastassia Petrovna. Á saída, olhou para Maria Alexandrovna e percebeu que estava animadissima a digna senhora. Em vez de ir vigiar o tratante do Nikitka, Nastassia Petrovna dirige-se a uma saleta contigua, d'alli, enfiando pelo corredor, vae ao quarto, e esgueira-se para um cubiculo de despejos, atulhado de bahús, de vestidos velhos e de roupa suja de toda a familia. Nos bicos dos pés, acerca-se de uma porta fechada, sustendo a respiração, e espreita pelo buraco da fechadura: Aquella porta é uma das três que abrem para a sala (está condemnada). Maria Alexandrovna sabe que a Nastassia Petrovna é velhaca, pouco delicada, de poucos escrupulos, e muito capaz de escutar ás portas. N'este momento, comtudo, Madame Moskalieva está tão preoccupada, que se descuida de toda e qualquer cautélla.

Senta-se n'uma poltrona e despede significativa olhadela á Zina. E a Zina a sentir o pêso d'aquelle olhar. Dá-lhe um pulo o coração!

– Zina!

A Zina volta com muito vagar para a mãe o descorado semblante e aquelles olhos sonhadores.

– Zina, tenho que te falar em negocio importante.

Está de pé a Zina; cruza os braços e espera. Deslisa-lhe pelo semblante expressão fugaz de despeito e de ironia.

– Quero perguntar-te qual é a tua opinião a respeito d'este tal Mozgliakov?

– Está farta de saber a conta em que o tenho, responde a Zina com modo constrangido.

– Pois sim, filha, mas está-me parecendo que se vae tornando um tanto ou quanto impertinente, atrevido; e em conclusão, aquella sua insistencia…

– Diz elle que me ama; se assim fôr, acho perdoavel a sua insistencia.

– Admiro-me de uma circumstancia: tu, d'antes, não o desculpavas, assim, tanto;… antes pelo contrario, eras, até, muito rispida para com elle, sempre que eu a elle me referia.

– E a mim, o que me causa admiração é outra circumstancia: A mamã, d'antes, estava sempre a defendêl-o, e é agora a propria a condemnál-o.

– Confesso que me sorria este casamento. Custava-me vêr-te assim sempre, tão triste. – Avaliava bem a tua tristeza, – pois sou capaz de a comprehender, seja qual fôr o juizo que faças a meu respeito. – Chegou até a tirar-me o somno! Em summa, estou convencida de que só uma mudança radical na tua vida te poderia salvar, e essa mudança, ha de ser o casamento. Não somos ricos, não podemos ir dar a nossa volta pelo estrangeiro. Os asnos que povoam esta cidade espantam-se de te ver ainda solteira aos vinte e três annos e inventam fabulas a tal respeito. Mas poderei eu dar-te por marido para ahi um conselheiro d'esta estupida cidade ou o Ivan Ivanovitch, nosso procurador? Haverá por aqui marido á altura dos teus merecimentos? É certo que o Mozgliakov é apenas um peralvilho, e com tudo isso, de todos elles, é ainda o mais acceitavel. É de boa familia, dôno de cincoenta mil almas: sempre valerá mais que um procurador que vive de propinas e á custa Deus sabe de que tranquibernias. E eis o motivo porque me lembrei d'elle. Tanto menos verdadeira simpathia me merecia, e tanto mais me convenço hoje de que era o Suprêmo Senhor quem me enviava semelhante desconfiança como advertencia. Pensa bem! Se porventura se offerecesse agora um partido mais vantajoso, não serias tu a propria a louvar-me de não ter até hoje dado a tua palavra a ninguem? Pois, ouso crer, Zina, que tu hoje, nada lhe terás dito de positivo. – Pois não é verdade?

– Para que servirão tantos rodeios, mamã? quando podia muito bem ter-me dito tudo isso em duas palavras, replica a Zina com modo resoluto.

– Rodeios, Zina! Serão coisas que se digam a tua mãe? Ah! Vejo que de modo nenhum te mereço confiança! Consideras-me como inimiga muito mais do que como mãe!

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