Читать книгу Flores do Campo - João de Deus - Страница 5

Camões e Byron—Scepticismo e Crença

Оглавление

Índice de conteúdo

Vem d'alto gozar, lirio!

Noite estrellada e tepida;

A vista ao céo intrepida

Lança, penetra o Empyreo.

Dilata os seios tumidos;

Larga este terreo albergue;

Nas azas d'alma te ergue;

Ergue os teus olhos humidos

Que vês?—Soes, de tal sorte

Que os crêra tochas pallidas,

Quando as guedelhas, madidas

De sangue, arrasta a morte.

—Transpõe-n'os; que, elevando-te,

Por cada um d'aquelles,

Milhões e milhões d'elles

Verás alumiando-te.

Ávante pois, acima

Dos soes d'uma luz tremula;

Alma dos anjos emula!

Deus o teu vôo anima.

Que vês?—Um vacuo eterno.

—E n'elle?—Em ermo tumulo,

Em ignea letra (cumulo

D'horror) Byron—o inferno.

—Foge.—O horror fascina-me.

São reprobos que exhalam

Horridos ais que abalam

O inferno: oh Deus! anima-me.

—Escuta-os.—Escutemol-os.

Como elles bramem, rugem,

E o espaço uivando estrugem...

Gelam-se os membros tremulos.

—Entra.—Não posso.—Arromba.

—Prohibem-m'o.—Subleva-te.

—Prohibe-o Deus.—Eleva-te.

Acima, ingenua pomba!

Que vês? A luz clareia-me.

Que céo, que azul ethereo!

Oh extasi, oh mysterio!

Sobeja a vida, anceia-me.

—Falla.—Deus! que harmonia!

Aqui a alma exalta-se;

A alma aqui dilata-se...

Camões!—É a poesia.

Coimbra.

Flores do Campo

Подняться наверх