Читать книгу Na Cama Do Alfa - Kate Rudolph - Страница 7
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ОглавлениеCassie não estava mais tendo convulsões. Isso era um progresso. Mel observou Krista cuidar da garota. A bruxa podia fazer milagres, mas contra um feitiço habilmente colocado e uma metamorfo recém-transformada que a havia ferido gravemente, ela estava tendo um pouco de dificuldade. Dois dias antes, Cassie havia mudado para sua forma de leão inesperadamente. Pior ainda, estava tão envolvida nisso que abriu um corte feio no braço de Krista. A ferida havia sido tratada e estava começando a cicatrizar, mas a constituição de uma bruxa não lidava bem com ferimentos graves. Por enquanto, Krista cuidava da garota quando tinha energia, mas nunca ficava sozinha com ela.
Com Luke e Maya caçando, Mel ficou de babá.
Ela ficou sentada lá por mais de uma hora em um silêncio quase confortável antes de uma comoção estourar, o som vindo da entrada.
— Parece que o alfa está de volta.
— Com certeza voltou. — Krista não olhou para Mel ao falar. Ela não sabia dizer se a raiva era devido à lesão ou pela história sobre a qual não estavam falando. Não sabia qual preferia que fosse.
Talvez Bob pudesse lhe contar, mas ele estava tentando rastrear quem tinha enfeitiçado Cassie. Ele tinha contatos que não compartilhava com as duas, mas iria buscar as informações. Isso já era alguma coisa.
Cassie soltou um miado patético e se virou para o lado, se enrolando em uma bola. Começou a tremer mais uma vez e o pelo brotou de seu braço forte e bronzeado. Krista recuou e deixou Mel assumir. Com uma mão agora experiente, ela segurou a algema que haviam prendido na parede e prendeu a jovem. Era degradante, uma coisa horrível de se fazer, mas Cassie concordava que era a única maneira de mantê-la segura, bem como a todos ao seu redor.
Mas a garota estava tão cansada da mudança quase constante nos últimos dois dias, que o tremor parou e ela caiu para trás, o pelo de seu braço recuando em sua pele, deixando a pele humana bronzeada em exibição. Os olhos castanhos da garota se abriram e ela deu um sorriso triste para Mel.
— Pelo menos não estou deixando de malhar.
Mel sorriu, mas não sabia como responder.
— Acho que ouvi seu irmão entrar — foi o que ela finalmente decidiu dizer. E isso pareceu animar a garota.
Cassie recuou até que pudesse se sentar contra a parede. Seus braços ainda estavam presos sobre a cabeça, mas ela não pediu para ser desamarrada. Mel não sabia se ela achava que iria se transformar de novo ou se simplesmente tinha se acostumado tanto com as algemas que nem as notou.
Maya entrou depois de alguns minutos, mas ainda não havia sinal de Luke. Mel soltou as restrições de Cassie e saiu em busca dele. Após procurar em todos os outros lugares do andar residencial, ela o encontrou em seu próprio quarto, sentado na cama com a cabeça apoiada nas mãos. Ela fechou a porta o mais silenciosamente que pôde, mas ele a ouviu e ergueu os olhos.
Por um momento, ele sorriu, embora seus olhos mantivessem as sombras que haviam se formado nos últimos dias. O sorriso desapareceu quando Mel não se moveu em sua direção. Ela se manteve quieta, forçando seus pés a não atravessarem o quarto para que ela pudesse abraçá-lo. Eles não tinham se tocado nos últimos dois dias e havia uma dor quase física com a falta de contato.
Mas ele não era seu companheiro.
Foi o comentário provocador de Bob que colocou o pensamento em sua cabeça quando eles estavam no México. E estava completamente errado. Ladras não se aliavam com alfas; nunca daria certo, não importava o quanto era bom beijá-lo e ser abraçada por ele. Como isso era impossível, ela não ia pensar a esse respeito. Roubo impossível era uma coisa – com planejamento estratégico e uma equipe sólida, ela conseguia quase tudo. Mas romance? Nunca.
Então Luke Torres não era seu companheiro e não havia nada que a fizesse dizer o contrário.
— Imagino que não foi bem? — ela perguntou.
Luke balançou a cabeça. Ele se moveu para um lado da cama para dar a ela espaço suficiente para se sentar, embora a cama fosse tão grande que o espaço não era um problema. Mesmo sabendo que não deveria, Mel cruzou o quarto e se sentou ao lado dele.
— Tão bem quanto poderia se esperar — Luke respondeu. — Ameaças, insultos e exigir o impossível.
— Qual era a demanda? — Mel relaxou a perna e deixou-a encostar em Luke. Não estava tecnicamente tocando-o, já que os dois estavam vestidos. Mas foi tão bom que ela não se afastou.
— Eu prefiro dizer a todos de uma vez. — Ele se levantou e interrompeu o minúsculo contato entre eles. Mel não ficou desapontada, nem um pouco. Ele foi até a mesinha de cabeceira e vasculhou a gaveta de cima.
— O que você está fazendo? — Ela não conseguiu evitar que o sorriso aparecesse nos cantos dos lábios.
Luke puxou uma pequena bolsa de veludo preto da gaveta e jogou para ela.
— Acho que você deveria ter isso de volta.
Sem nem mesmo colocar a mão na bolsa, Mel sabia o que era. Mas ainda assim a virou e deixou a pedra transparente suspensa em uma corrente de prata cair em sua mão. A pedra de vidência. A maldita coisa que começou essa confusão. Com isso, ela poderia rastrear a mulher que matou seus pais. Luke tinha roubado dela depois que ela roubou uma gema de berilo vermelha chamada Esmeralda Escarlate de seu cofre.
— Por quê? — ela perguntou. Cassie não estava melhor, a Esmeralda Escarlate há muito estava nas mãos de um comprador desconhecido. Tudo o que ela tinha feito por ou para Luke só piorou as coisas.
Luke fechou a gaveta.
— Fizemos um acordo. Você cumpriu sua parte no trato e sou um homem de palavra.
Se era esse o caso, por que parecia que ela tinha levado um soco no estômago? Mel tinha conseguido o que queria e poderia simplesmente sair pela porta agora e nunca mais olhar para trás. Mas isso parecia muito errado.
— Você está me dizendo para ir embora? — Se o trabalho estivesse concluído, por que ela ficaria?
Luke deixou sua pergunta pairar no ar por um momento.
— Não quero você aqui porque você espera um pagamento. Não quero esse tipo de obrigação entre nós.
Ela não podia reagir a isso, ela não sabia como. Em vez disso, Mel colocou a longa corrente em seu pescoço e deixou a pedra descansar debaixo de sua camisa bem entre os seios.
— Você não deveria manter minhas joias inestimáveis em seu cofre?
Luke sorriu.
— Você iria roubá-las se eu as deixasse em um lugar tão óbvio. — Ele caminhou até o pé da cama e colocou as mãos em cada lado dela. Mel não cedeu, ela nunca cederia seu espaço para um alfa. Mas tudo que Luke fez foi beijar rapidamente sua bochecha e se afastar.
— Vamos conversar com os outros. Tenho novidades.
Mel não disse nada a ele no caminho para o quarto de Cassie. Luke estava em guerra consigo mesmo. Ele não sabia se era certo devolver a pedra, mas o pensamento de que ela permanecesse por obrigação, ou apenas porque era um trabalho, não o agradava. Mel não era apenas uma parceira de negócios que desapareceria noite adentro assim que tudo isso acabasse. Ela era sua companheira.
Pelo menos, ele achava que era.
E agora que Mel não tinha nenhum motivo para ficar, ele queria que ela ficasse por perto para ver se essa coisa entre eles realmente iria florescer em algo real. Dez minutos no México mal contavam e, da próxima vez que colocasse as mãos nela, não a soltaria. Nenhuma ligação iria interromper a próxima vez que tivessem um tempo a sós.
Mas no momento precisava manter a cabeça no jogo. Talvez Krista soubesse algo sobre o que Tim e os outros bruxos queriam. O bando se reuniria em breve e ele precisava reunir o máximo de informações sobre seu inimigo e o que ele procurava antes de falar com seu círculo interno. O que quer que estivesse por vir seria perigoso e ele precisava que todos estivessem o mais preparados possível.
Ele abriu a porta do quarto de Cassie e viu Krista sentada em um banquinho ao lado da cama de sua irmã. Maya estava meio passo atrás dela e a bruxa segurava a mão de Cassie, falando baixinho. Apesar de seu tom, ele podia ouvi-la.
— Isso pode afetar sua capacidade de se transforma depois que tudo isso for resolvido.
— Alguma ideia de quando isso vai acontecer? — Cassie perguntou.
Luke ficou feliz em ouvir sua irmã falando. E se não fosse pela pressão horrível de encontrar uma maneira de recuperá-la, de fazer tudo isso terminar, ele teria passado cada momento neste quarto com ela.
Mas seja o que fosse que a bruxa estava propondo, o deixava nervoso. Especialmente quando Krista e Cassie se enrijeceram ao perceber que ele havia entrado. Maya não se mexeu e ele não sabia se era porque ela estava escondendo sua reação a ele ou, porque não tinha nenhuma para mostrar.
— O que vai afetar sua habilidade de se transformar? — Ele tentou manter a calma. Mas Cassie demorou tanto para se transformar, ela já havia perdido tanto por causa disso, que ele não podia deixá-la se sacrificar tão facilmente.
Ele ouviu Mel se encostar na porta atrás dele. Krista meio que girou em seu banquinho para poder dar uma olhada. Ela se moveu um pouco para que Cassie pudesse vê-lo também. Sua irmã sorriu para ele e Luke sentiu uma pontada no peito. Desde que foi enfeitiçada, ela perdeu peso, suas bochechas ficaram encovadas e sua pele estava pálida. Parte dela estava desaparecendo e não havia nada que ele pudesse fazer para resolver. Exceto dar aos bruxos algo que ele não sabia que tinha.
— Oi — disse Cassie, com a voz rouca e doce. — Me dê um abraço. — Ela estendeu os braços. Pelo menos não estava algemada no momento.
Krista se levantou e ele tomou seu lugar, sentando-se ao lado da irmã e puxando-a para perto. Ela parecia uma pena em seus braços, frágil o suficiente para flutuar em uma brisa forte. Mas ele também podia sentir um núcleo de força dentro dela para sair dessa situação. Ele beijou sua bochecha e perguntou:
— Do que a Krista está falando?
Ele esperava que a bruxa falasse, mas foi sua irmã quem respondeu.
— A Krista acha que pode impedir minha transformação. Talvez me deixe controlar isso. — Ela encontrou seus olhos, que eram tão semelhantes aos dele. Às vezes, as pessoas diziam que era impossível dizer que eram meios-irmãos Essas pessoas jamais deveriam ter prestado atenção aos olhos de Cassie.
— Parece perigoso. — Sem mais informações, ele não poderia deixar sua irmã prosseguir com uma coisa que poderia isolá-la de algo tão vital. Ele olhou para Krista.
— O que você está propondo? — A pergunta saiu como uma ordem grosseira.
Maya enrijeceu, mas não disse nada.
Krista olhou para Mel antes de falar, com um sorrisinho aparecendo no canto de sua boca. A expressão desmentia suas palavras.
— Pense neste feitiço como um vírus de computador — disse ela. Luke ergueu uma sobrancelha e ela continuou explicando. — Se a Cassie fosse um computador, a mudança de forma seria um programa rodando em segundo plano. Está sempre lá, mas nem sempre ativo.
— Sim, sei como funciona.
Krista tentou cruzar os braços, mas estremeceu e deixou o braço ferido solto.
— O feitiço tem como alvo a transformação dela. Acho que quando tentei quebrá-lo, algo aconteceu. Eles foram amarrados em um grande nó. Posso desfazer o nó, bloquear o vírus de seu programa de transformação, por assim dizer, mas isso pode impedi-la de se transformar.
Luke olhou para Cassie.
— Não, é muito perigoso. Não depois... — Ele parou de completar a frase.
Mas Cassie completou para ele.
— Não depois que me meti nessa confusão porque eu queria tanto me transformar? Não depois que eu me deixei ser sequestrada por vampiros? Não depois que fiz isso comigo mesma? Qual dessas opções é a certa, Luke?
— Não foi isso que eu quis dizer. — Saiu mais duro do que ele pretendia. Cassie só foi sequestrada depois de tentar fazer um acordo com Mel semanas antes, quando ela era sua prisioneira. Os vampiros usaram um lapso momentâneo em sua guarda para se esgueirar e tomá-la. Tudo parecia ter acontecido há séculos agora, mas parte disso era porque ele não teve tempo para realmente lidar com as consequências.
Ela endureceu a mandíbula.
— A escolha não é sua.
— O inferno que não é. — Luke queria se levantar, andar de um lado para o outro, mas permaneceu sentado. — Você está no meu território, Cass. Acha que vou deixar uma bruxa te matar?
— Estou morrendo de qualquer maneira! — Deveria ter sido um grito, mas saiu como uma tosse rouca. — As transformações estão acontecendo cada vez mais rápido. Não sei quanto mais vou durar.
A tristeza desesperada em sua voz apunhalou Luke até o âmago. Ele queria algo contra o qual pudesse lutar, alguma forma de torná-la melhor. Em vez disso, estava preso aqui, depositando suas esperanças em uma bruxa que mal conhecia para ajudar sua irmã e salvar seu povo.
Antes que ele pudesse dizer qualquer outra coisa, Mel falou:
— As pessoas que fizeram isso com ela apareceram? Se querem algo de você, provavelmente vão quebrar o feitiço em troca.
Luke queria contar tudo a ela. Queria jogar a cautela ao vento e pedir seu conselho antes mesmo de levar o assunto a seus conselheiros de confiança do bando. Mas não conseguiu. Tinha uma responsabilidade para com seu povo e, à frente disso, não podia passar informações confidenciais a alguém que recentemente fora seu inimigo.
Ou, se não fosse sua inimiga, tinha sido pelo menos sua oponente.
Por isso, ele não chegou a responder.
— Mesmo que fizessem, por que eu acreditaria neles? — Ele se virou para Cassie. — Tem certeza de que confia na Krista para fazer isso?
Cassie assentiu.
— Sim.
Então ele respeitaria a decisão de sua irmã. Até certo ponto. Olhou para Krista, deixando apenas um pouco do seu leão interior aparecer em seus olhos. Para seu crédito, ela não vacilou.
— Se ela morrer... — Ele não terminou a ameaça antes que a bruxa assentisse.
— Entendi.