Читать книгу Jeremy (Anjos Caídos #4) - L.G. Castillo, L. G. Castillo - Страница 12

7 Três meses antes

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— Eu sou seu filho? — Jeremy sussurrou.

Sua mente girou com o que acabara de ouvir. Ele deveria ter ouvido errado. Raphael, o terceiro arcanjo mais poderoso do Céu, com apenas Michael e Gabrielle mais poderosos acima dele, não poderia ter dito a ele que era seu pai.

Sim, ele definitivamente tinha ouvido errado. Às vezes, era confuso entender Raphael, que preferia falar na língua antiga. Houve momentos em que ele até mesmo mudava para o hebraico no meio da conversa. Isso raramente acontecia hoje em dia, e apenas quando estava sob muita pressão. Obviamente este era um desses momentos. A batalha com Lúcifer em Shiprock, Novo México, não aconteceu como planejado. De alguma forma, Lúcifer conseguiu escapar, e Raphael mencionou que era uma questão de tempo antes que o poderoso anjo das trevas voltasse com números ainda maiores. Todo mundo estava no limite.

Então, por que seu coração estava acelerado?

— Você é meu pai? — A voz de Jeremy ecoou alto no quarto.

Houve um gemido e seus olhos dispararam para a cama onde Naomi Duran dormia. Raphael fez uma pausa, suas mãos pairando sobre o corpo dela.

— Sim — disse Raphael calmamente.

Ele é meu pai. Jeremy afundou no assento em frente a ele. Raphael continuou seu trabalho de cura sobre Naomi, a mulher que seu melhor amigo lutou tanto para proteger.

Não é possível. Será? Séculos atrás, ele nasceu de uma mãe humana, Rebecca. Lash era seu irmão. Seus filhos perderem todas as lembranças de sua vida passada, de todos, incluindo o pai deles, o que acabou sendo o castigo de Raphael.

Ele observou os olhos de safira e os cabelos dourados de Raphael, tão parecidos com os seus e as suas mãos. Aquelas mãos...

Ruído branco seguido pelo som de um bebê chorando encheu sua mente. As imagens piscaram em sua mente: uma cabana pequena, uma cabra e a mão de uma criança ao lado de mãos grossas e musculosas.

— Pai, suas mãos são como as minhas.

Ele se engasgou, e seus olhos dispararam para Raphael. Era verdade. E, no entanto, era como se ele sempre soubesse. No fundo, sempre sentiu uma forte conexão com o homem que ele chamava de mentor e amigo.

— E eu estava prometido a ela. — Seus olhos se moveram para Naomi.

Tudo fazia sentido agora. A repentina atração por Naomi no momento em que ele a viu em Houston; o jeito que ela constantemente assombrava sua mente enquanto ele observava Lash para ter certeza que ele completaria sua tarefa; e a dor em seu peito que quase o deixou de joelhos quando viu Lash segurá-la protetoramente em seus braços, pressionar seus lábios contra sua bochecha e professar seu amor por ela. E quando os cílios escuros se ergueram e os pálidos olhos azuis olharam para o melhor amigo e os lábios tingidos de azul sussurraram: "Eu te amo", seu coração parou, esmagado por alguma razão incompreensível. Por um momento, ele pensou que Lúcifer ou Saleos havia escapado e estava atacando-o através de algum tipo de força invisível. Agora ele entendia o porquê.

Ele a amava.

Mesmo agora, seu coração doía ao olhar para Naomi deitada quase sem vida na cama, pálida, com o cabelo escuro espalhado pelos travesseiros. Ele fez isso com ela. Ele tomou sua vida humana. Ele a levou para longe da família que tanto amava.

Depois que ele a destruiu no topo de Shiprock, ele a levou para os aposentos dos anjos, para um quarto privado. Ele esperou ao lado dela enquanto Raphael cuidava de Lash na Sala das Oferendas, curando suas feridas. Mesmo que estivesse preocupado com Lash e cuidar de Naomi fosse trabalho de Rachel, ele se recusou a sair do lado dela. Em vez disso, implorou a Rachel para ir buscá-lo assim que Lash acordasse. Sua culpa por não estar ao lado de seu irmão foi diminuída quando Raphael lhe disse que Lash ficaria bem.

— Sim, você estava — disse Raphael enquanto movia as mãos sobre o estômago de Naomi. Parando, ele olhou para Jeremy atentamente. — Você tem as memórias, meu filho?

Os olhos de Jeremy passaram por Naomi. A cor estava lentamente voltando para suas bochechas e lábios perfeitamente formados. Sua respiração prendeu quando mais imagens passaram por sua mente. Elas se moviam tão rapidamente que ele não conseguia segurá-las. Uma bolsa de couro. Lábios rosados. Uma faixa vermelha.

A atração por ela se intensificou. Ele estendeu a mão para ela, querendo desesperadamente passar o dedo sobre a curva dos lábios dela. E então, como se perdido em um passado que não sabia que existia até agora, ele sentiu: lábios nos lábios, quentes, molhados, sensual… eletrizante.

— Jeremiel?

Piscando, ele olhou para Raphael e teve um vislumbre de si mesmo no espelho do chão encostado na parede oposta. Sua mão pairando a centímetros dos lábios de Naomi. Desejo e saudade escritos por todo o seu rosto.

Ele puxou a mão de volta, enfiando-a no bolso. O que quer que estivesse sentindo, ele tinha que acabar com isso e rápido. Lash ia ficar puto quando acordasse. E quando Lash ouvisse sobre Naomi ser prometida a ele em casamento... bem, isso não ajudaria na situação. Ele conhecia seu melhor amigo. Agir primeiro; pensar depois. Lash pensaria que ele estava intencionalmente tentando roubar Naomi dele.

Olhando para Naomi, uma pequena voz sussurrou no fundo de sua mente.

E ele estaria certo.

Jeremy pigarreou, compondo-se. — Na verdade, não. Acho que me lembro de algo sobre ganhar uma corrida e uma bolsa de couro cheia de moedas de ouro… e talvez uma cabra.

— Séculos depois e aquela cabra ainda tem controle sobre todos nós. Cabra teimosa. — Rindo, Raphael colocou a mão gentilmente na testa de Naomi. — Ela era a única que conseguia fazer a cabra velha se mexer e a única que conseguia fazer com que Lahash sorrisse. Ela o fez muito feliz e fará isso novamente.

— Ela já o faz — Jeremy murmurou enquanto olhava carinhosamente para a mulher que trouxe a luz do sol para a vida de seu melhor amigo.

Nas últimas semanas, ele nunca tinha visto Lash tão feliz como quando estava com Naomi. Mesmo antes de ser expulso do Céu, Lash sempre parecia ter uma sombra sobre ele. Jeremy achava que era apenas o jeito de Lash. Agora sabia que era porque ele estava sentindo falta do seu coração e nem sabia disso.

Se ela foi feita para o meu irmão, então por que meu espírito ganha vida em simplesmente estar sentado ao lado dela?

— Meu trabalho aqui está feito. Foi bastante simples. — Raphael se inclinou e beijou a testa de Naomi. — A raiva do seu irmão, no entanto, será um assunto diferente.

— Eu deveria ir com você? — Por mais que quisesse ficar com Naomi, talvez fosse melhor se ele ficasse longe.

— Eu sei que você está ansioso para fazer as pazes com Lahash, assim como eu. Devemos proceder com cautela. Deixe-me falar com ele primeiro.

Assim que Raphael saiu da sala, Jeremy voltou para Naomi. Ela estava melhor, sua respiração lenta e firme. Cílios escuros formavam uma meia lua contra o topo de suas bochechas. Suas bochechas estavam rosadas e seus lábios entreabertos em um rosa adorável. Ele gemeu. Deveria ter saído com o Raphael, deveria ter feito Rachel ficar com ele.

Ele ouviu atentamente, esperando ouvir os passos de Rachel indo em direção ao quarto. Tudo o que ouviu foi música vinda do pátio. Deixando o seu lugar, ele foi até a janela e olhou para fora. Sentados embaixo das cerejeiras havia um grupo de anjos ouvindo um dos serafins cantando. Ela parecia com Rachel, pequena com olhos azuis em vez de marrom. Flores de cerejeira rosa e brancas flutuavam no ar, caindo no chão ao redor dela e da plateia de anjos. Sua doce voz de soprano era pura, sem vibrato enquanto cantava, pedindo que seu amor sonhasse com ela. Suas mãos cheias se moviam graciosamente com o fraseado musical da canção celta.

Enquanto ele ouvia o anjo cantando sobre ser levada para as nuvens onde o amor dela estava esperando, ele se virou para Naomi. Ela estava sonhando? Ela sonhava em se reunir com Lash?

Ele se inclinou sobre ela, hipnotizado pela curva de seus lábios rosados. Seu cabelo estava em um emaranhado no travesseiro. Suas bochechas manchadas de traços de sujeira, e ainda assim ela era a coisa mais linda que já vira. Nem mesmo Gabrielle, que era considerada a mais bela dos anjos, podia se comparar a beleza que estava diante dele.

Ela se lembrará de mim?

Com as costas da mão, ele gentilmente roçou a bochecha dela.

Ela soltou um gemido suave.

Ele puxou a mão de volta. Ele não deveria estar fazendo isso, deveria apenas pegar sua cadeira e colocá-la no canto do outro lado da sala e esperar. Ele estava prestes a fazer isso quando seus lábios se moveram levemente. Ele segurou a respiração. Ela estava falando com ele?

Ele se inclinou para mais perto para ouvi-la. Sem importar que, com suas habilidades auditivas superiores angélicas, ele a ouviria perfeitamente bem de onde estava.

Ele estava tão perto, a respiração dela acariciando contra a sua bochecha. Hipnotizado por seu rosto suave, ele tocou sua bochecha novamente. Ele só queria verificar se ela estava bem. Afinal de contas, foi ele quem a acertou com os relâmpagos.

Ele passou a ponta do polegar sobre a maçã do rosto dela, saboreando a suavidade aveludada. Seus lábios se curvaram em um sorriso delicado. Seu coração disparou quando ela se transformou em seu toque e se aninhou contra a sua mão, suspirando.

Seus lábios se separaram quando ele avançou. A lembrança de seu beijo estava gravada em sua mente. Doce. Suave.

Sua respiração acelerou. Cada músculo em seu corpo ficou tenso enquanto sua boca pairava sobre a dela. Então, suavemente, seus lábios tocaram os dela.

Ele cerrou as mãos, segurando um punhado do lençol enquanto a eletricidade subia por seu corpo como um incêndio. Ele apertou os olhos, lutando contra o desejo de tomá-la em seus braços e arrebatá-la.

Memórias de Naomi do passado, um passado que ele não deveria ser capaz de lembrar, inundaram sua mente. Ele recordou a sensação de seus braços ao redor dele quando ela agradeceu por lutar contra Saleos quando Lash foi ferido, o lindo sorriso em seu rosto quando ele a levou de volta para a cidade, do jeito que ela falava gentilmente com ele toda vez que visitava a estalagem da sua família, como olhos azuis pálidos olhavam para ele com admiração após o primeiro beijo em Ai.

Foi apenas um beijo, mas ele queria mais. Encostando sua testa na dela, ele sussurrou: — Era para você ser minha esposa uma vez. Certamente, você deve ter tido algum amor por mim? Você poderia aprender a me amar?

Ele respirou fundo com as palavras familiares. Foi algo que ele disse a ela antes? Ele deve ter. Como ainda poderia sentir do jeito que fazia agora se eles não tivessem compartilhado algo tão intenso no passado?

Ele precisava saber. Ele pressionou os lábios firmemente contra os dela, desesperado para sentir o amor dela. E nesse breve momento, tudo o que ele ouviu foi o bater do coração dele sincronizando com o dela enquanto se beijavam. Ele não ouviu o rangido da porta se abrindo ou o suspiro vindo da porta. Ele estava perdido no beijo até ouvir um grito estridente.

— Jeremy! O que você está fazendo?

Jeremy (Anjos Caídos #4)

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