Читать книгу Anjo De Ouro (Anjos Caídos #5) - L.G. Castillo, L. G. Castillo - Страница 7
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ОглавлениеJeremy estava de volta.
Leilani não queria pensar em Jeremy de volta na ilha. Ela estava cansada e pegajosa.
Ela jogou o lençol úmido para o lado, saindo da cama. A casa estava quente como o inferno. Ela não conseguia dormir e toda vez que fechava os olhos, tudo o que via era Jeremy.
Ela caminhou pela cozinha e pela porta dos fundos. Abrindo, ela se encostou na porta, olhando para o quintal. Uma brisa suave atingiu seu rosto suado.
Por que você teve que voltar?
E por que ela não conseguia tirá-lo da cabeça?
Ela tinha coisas mais importantes em que pensar, como fazer o ar condicionado funcionar. Ela precisaria trabalhar um turno extra de fim de semana para conseguir o dinheiro para consertá-lo. Ou talvez Kai pudesse fazer sua mágica novamente.
Por que você teve que voltar? E por que você tem que ser tão bonito?
Ela olhou para a lua, lembrando-se de seus sonhos infantis sobre Jeremy segurando-a, beijando-a. Isso era tudo em que pensava desde o dia em que o conheceu.
Por que ele não era o idiota que pensava que era quando o conheceu? A vida teria sido muito mais fácil. Mas não, a vida queria torturá-la e tornar Jeremy tão bonito por dentro quanto por fora.
Ele era gentil, doce e atencioso. Tudo o que fez, desde tentar animá-la quando Candy roubou seu emprego e ser amigo de Sammy, a fez se apaixonar por ele e muito.
Por que você teve que voltar? E por que você tem que ser tão bonito?
Ele não mudou nada, ainda era bonito e incrivelmente forte. E aqueles olhos. Uau, meu Deus, aqueles olhos. Eles falavam com ela, intoxicavam-na a ponto de estar perdida em um lago azul.
Ela suspirou, fechando os olhos. Aqueles lábios. Oh, como ela se lembrava daqueles sonhos e como era tê-los pressionados contra os seus. Macio, firme, sensual. Seu coração acelerou com desejo.
Argh! Ela bateu a cabeça contra a moldura da porta várias vezes.
Esqueça ele. Esqueça ele. Esqueça ele já!
Pare com isso.
Ela não era mais uma criança, não tinha tempo para essa porcaria adolescente.
Os olhos dela se abriram ao som de alguém choramingando. Sammy estava tendo seus pesadelos novamente.
A culpa era de Jeremy por trazer de volta as memórias. Ela sabia que Sammy estava sonhando com aquele dia. Era o mesmo choramingo que fez todas as noites durante um ano após a morte dos pais. Não foi por acaso que tudo começou de novo ao mesmo tempo em que Jeremy apareceu.
Ela não sabia exatamente o que havia acontecido depois de perder a consciência e não podia acreditar em tudo o que Sammy havia dito a ela. Sammy transformou Jeremy em um super-herói que andou pelo fogo e arrancou as portas do carro. Foi só o que ele falou por dias. Quando as crianças da escola o provocaram sobre seu amigo super-herói imaginário, ele a arrastou para todas as praias da ilha, tentando encontrar Jeremy para que pudesse provar que Jeremy era real. Depois de semanas, a realidade finalmente o atingiu. Seu suposto amigo se foi. Ele parou de falar sobre Jeremy e os gemidos à noite começaram.
Maldito seja, Jeremy!
Gostoso ou não, ela já o havia superado. É isso mesmo, nada de desperdiçar células cerebrais pensando nesse idiota. O que ela precisava fazer era focar sua atenção em Kai.
Kai havia amadurecido no momento em que descobriu que seus pais haviam morrido. Ela gostava dele. Com o tempo, poderia até começar a amá-lo. Afinal, ele ficou. Ele cuidou de Sammy quando ela ou a tia Anela não estavam.
E daí se o seu único beijo não a fez enrolar os dedos dos pés? Foi no baile do ensino médio, esses beijos não contavam.
Ela ainda se lembrava de como Kai parecia encantador naquela noite, com os cabelos escuros alisados para trás e o pomo de Adão tremendo nervosamente, enquanto estavam na varanda da frente. Ele se inclinou devagar, sem saber como ela reagiria. Ela arqueou a cabeça para trás, convidando seu beijo. E então ele a beijou, um beijo profundo e doce.
Ela descansou as palmas das mãos no peito dele e esperou.
E esperou.
Esperou a Terra se mover. Esperou que seus joelhos dobrassem ou que as borboletas invadissem seu estômago.
Nada. Ela poderia muito bem estar beijando uma pedra.
– Lua linda! Lua linda!
Leilani se assustou com risadas estridentes.
– Ah, você ainda está acordada. Eu não quis te assustar, estava apenas colocando Risadinha de volta em sua gaiola – disse tia Anela enquanto se dirigia para a gaiola de pássaros ao lado da porta. Uma cacatua branca estava sobre seus ombros, balançando a cabeça animadamente.
– Lua linda! Lua linda!
– Sim, risadinha. Hoje temos uma lua bonita.
– Eu cuido dela. – Leilani pegou o pássaro.
Risadinha bateu suas asas e gritou. Leilani puxou a mão de volta.
Risadinha riu.
– Isso não foi legal, Risadinha – repreendeu a tia Anela.
Leilani revirou os olhos. Ela amava tia Anela por morar com eles, mas aquele pássaro a estava enlouquecendo. Não era segredo que Risadinha queria destrui-la. Tinha sido guerra desde o primeiro dia.
Tia Anela avisara que Risadinha era inteligente e gostava de repetir tudo o que ouvia. Ela não estava brincando. Leilani havia aprendido da maneira mais difícil.
Quando ela e Sammy ajudaram a tia Anela a se mudar, ela bateu o cotovelo no balcão da cozinha. Ela soltou uma série de maldições que a teriam garantido castigo por um mês se seus pais tivessem ouvido. Risadinha estava em sua gaiola, brincando com um de seus brinquedos, agindo como se não tivesse ouvido nada disso. Ela não disse uma palavra, nem mesmo uma risadinha, até a tia Anela entrar na cozinha e depois bam! Aqueles palavrões voaram direto daquele maldito pássaro.
– Algo está errado? – Tia entregou Risadinha para ela.
Leilani olhou para ela, observando sábios e enrugados olhos castanhos. Seus cabelos curtos e escuros estavam manchados de cinza, dando a ela uma aparência de preto salpicado com banco em volta do rosto enrugado.
– Nada está errado. Está um pouco quente. – Ela se virou, colocando Risadinha na gaiola.
Ela não estava realmente mentindo. Estava quente.
Mãos suaves tocaram seu ombro, virando as costas. Os olhos de Leilani brilharam. Ela não conseguia olhar para ela, a tia era como uma médium ou algo do tipo que podia ler mentes. Às vezes, ela sabia o que Leilani ia dizer mesmo antes de pensar nas palavras.
Mesmo que a tia não fosse parente dela e de Sammy, ela era ohana ‒ família. Tia praticamente criara a sua mãe e depois a si mesma quando era pequena. Tia tinha estado com a família por tudo, quando o pai partiu para Los Angeles, quando a mãe se casou novamente, quando Sammy nasceu e quando seus pais morreram. Ela até vendeu sua própria casa para pagar a hipoteca de seus pais, para que ela e Sammy pudessem ficar na casa onde foram criados. Leilani lhe devia tudo.
– Algo aconteceu. Sammy estava falando no sono novamente, chamando por alguém chamado Jeremy.
Um nó se formou em sua garganta ao som do nome dele. Ela queria esquecê-lo e a tia estava dificultando.
Forçando um sorriso, ela foi à geladeira e pegou uma jarra.
– Jeremy? Oh, isso não é nada. Ele é apenas um turista com quem Sammy costumava a passar um tempo há alguns anos.
– Só isso?
A cozinha estava silenciosa enquanto ela servia limonada em dois copos. Quando entregou um para a tia, ela segurou sua mão.
– Você tem certeza de que é só isso?
Leilani tomou sua bebida gelada. Ela deveria contar à tia sobre Jeremy. Talvez pudesse lhe dizer como parar de sonhar com um homem que nunca poderia ter.
Eu não posso. Ela não deveria estar preocupando a tia com seu drama. Ela já fez muito por eles.
– Sim – ela respondeu, mantendo a voz leve. – Ah, a propósito, você ainda vai me ajudar a coreografar uma nova hula, certo?
Ela engoliu a bebida enquanto tia a estudava.
– Você não está pronta para conversar ainda. Tudo bem. Talvez amanhã.
– Sim, amanhã.
– Você está indo dormir?
– Em um minuto. – Ela beijou a bochecha da tia antes de sair da cozinha.
Quando ouviu uma porta se fechar, olhou novamente para a lua cheia. Ela esperava que a tia ficasse tão distraída com a nova dança hula que não se lembrasse de perguntar novamente. E talvez isso não importasse mais. O Garoto de Ouro estava fadado a desaparecer novamente. Em breve, ela esperava.
– Por que você tem que ser tão malditamente sexy? – Ela sussurrou na noite tranquila.
Ele facilitaria muito mais para ela se ficasse longe deles. Sammy seria um desafio, ele gostaria de rever seu velho amigo.
– Oh, Jeremy – ela suspirou.
– Jeremy sexy! – Risadinha gritou.
– Oh, meu Deus! – Ela golpeou a gaiola de pássaros enquanto Risadinha continuava gritando a frase.
– Shh! Pare com isso!
– Jeremy sexy! Jeremy sexy!
Leilani pegou o pano e colocou sobre a gaiola. O som abafado de " Jeremy sexy" continuou por alguns segundos antes de finalmente parar.
Ela iria parar de ouvir o nome dele? Leilani afundou no chão. Dobrando as pernas no peito, ela deixou cair a cabeça nas mãos. Todo mundo a estava torturando, os deuses ou o destino, até o maldito pássaro!
Risadinha gritou: " Jeremy sexy " uma última vez seguida por seu riso estridente.
Leilani riu com ela.