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Capítulo 1

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Quando Sebasten Contaxis se aproximou de Ingrid Morgan para lhe dar os pêsames pela perda do seu único filho, a mulher apoiou-se no seu peito e começou a chorar como se lhe tivessem arrancado o coração.

As outras pessoas presentes naquela casa de Brighton olharam-nos com curiosidade. Aquele homem alto, forte, bronzeado e de aspecto autoritário parecia-se muito com… Não, não podia ser. Como podia estar ali? Como poderia o magnata grego da electrónica estar no funeral de Connor? Alguém se apercebeu que uma limusina se encontrava estacionada na rua e que dois guarda-costas esperavam junto à porta principal. Então, começou o murmurinho.

Com os olhos vidrados, Sebasten esperou que Ingrid se acalmasse um pouco.

– Podemos falar em privado?

– Continuas empenhado em não manchar o meu nome? – disse Ingrid levantando a cara. Sebasten ficou impressionado com o sofrimento que viu espelhado nos seus traços, outrora bonitos. Deu-se conta que o amor que Ingrid sentia pelo seu filho ultrapassava o que tinha sentido pelo seu pai, também falecido. – Tanto me faz. O Connor foi para um lugar onde o meu passado já não o pode envergonhar…

Ingrid acompanhou-o até um elegante escritório e serviu duas bebidas. Sempre tinha sido magra, mas agora estava esquelética, aparentava mais idade do que os cinquenta anos que tinha. Fora a amante do seu pai durante bastante tempo e muitas das poucas recordações que Sebasten tinha da sua infância deviam-se a ela e a Connor, que era cinco anos mais novo do que ele. Tinha-o tratado sempre como o irmão mais novo que nunca teve. Transformou-se num estupendo jogador de pólo que as mulheres, e também os homens, adoravam. Há um ano que Sebasten não o via.

– Mataram-no… – disse Ingrid.

Sebasten não disse nada. Ouvira dizer que o acidente de viação que o seu irmão sofrera não fora realmente um acidente, mas sim um suicídio, e sabia que não havia forma mais dolorosa de perder um ser querido. Sabia que Ingrid precisava de falar e que escutar era o melhor que podia fazer por ela naquele momento.

– Gostei da Lisa Denton… Quando conheci aquela víbora gostei dela! – exclamou Ingrid amargurada. – Percebi que o Connor estava apaixonado por ela quando deixou de me contar tudo. Isso magoou-me, mas tinha vinte e quatro anos, e acabei por não dizer nada.

– Lisa Denton? – repetiu Sebasten.

– Uma menina rica e mimada que desfruta do facto de enlouquecer os homens! Em apenas três meses, o Connor apaixonou-se perdidamente por ela. Depois, sem aviso prévio nem justificação, ela cansou-se dele. Deixou-o numa festa há duas semanas… apresentou-se com outro… e não com o Connor… Os pais contaram-me tudo!

Ingrid fez uma pausa para engolir saliva com dificuldade.

– O Connor suplicou-lhe, mas ela nem o telefone atendia. O pobre não tinha feito nada. Não conseguiu suportar – soluçou Ingrid. – Não conseguia dormir e decidiu ir dar uma volta de carro a meio da noite e embateu numa parede!

Sebasten abraçou-a, enquanto pensava com desgosto naquilo que ela lhe acabara de contar. Supôs que não teria custado muito a uma mulherzinha daquele género manipular Connor como se fosse manteiga.

– Vais odiar-me pelo que te vou dizer…

– Não digas asneiras.

– O Connor era teu meio-irmão.

Sebasten suspirou e olhou nos olhos de Ingrid.

– Não… é possível – disse. Não queria que fosse verdade, já não podia fazer nada.

Ingrid não conseguia deixar de chorar e de se justificar. Sebasten olhou-a como se nunca a tivesse visto. Nunca o tinha dito a Andros, o seu pai, porque sabia que era um homem que não gostava de ver o nome da sua família manchado por escândalos.

– Se o Andros tivesse sabido, ter-me-ia obrigado a abortar. Deixei-o e fui-me embora. Voltei dezoito meses depois e disse que tinha tido outra relação que não tinha dado certo. Supliquei… até que me aceitou novamente.

– Porque não me disseste antes? – explodiu Sebasten. Numa questão de segundos, a morte de Connor tinha passado de algo muito triste para lhe embrulhar, literalmente, o estômago. Sabia a resposta para a sua pergunta. Sabia que Ingrid não tinha dito nada por medo, porque gostava do seu pai mais do que ele algum dia tinha gostado dela.

– Estou a contar-te porque quero que faças com que a Lisa Denton se arrependa de ter nascido… – confessou Ingrid com ódio. – És um dos homens mais ricos do planeta. Não me importa como o fazes. De certeza que tens contactos aos quais podes pedir que a castiguem de alguma forma pelo que fez ao Connor.

– Não – murmurou Sebasten, um homem de um metro e noventa e cinco e de olhos âmbar escuro. – Sou um Contaxis e tenho honra.

Minutos depois, Sebasten saiu de casa de Ingrid sem ligar aos curiosos que o observavam. Na limusina, serviu-se de um uísque duplo. Estava pálido. Não duvidada que Ingrid lhe tinha contado a verdade. Connor… o seu pequeno irmão, quem apenas tinha visto um par de vezes num ou outro encontro de pólo nos últimos anos. Se soubesse, poderia tê-lo protegido de alguma maneira. Desde o início, poderia tê-lo ensinado a lidar com aquele tipo de mulheres. Por acaso, Lisa Denton saberia que, apesar da sua fama e dos seus amigos ricos, Connor não tinha fortuna e vivia apenas do que ganhava no pólo? Ter-se-ia por acaso aborrecido da adoração de um cachorrinho?

Seria uma mulher que coleccionava homens como se fossem troféus?

Sentiu uma imensa pena por Ingrid que, apesar de ter passado muitos anos na Grécia, nunca se apercebera que um homem não fala de questões de honra com uma mulher.

Maurice Denton olhou pela montra da biblioteca e voltou-se furioso para a sua filha.

– O que fizeste não tem desculpa.

Lizzie estava pálida como giz e o seu cabelo cor de cobre brilhava como se estivesse em chamas.

– Não te pedi nada – murmurou. – Já disse que… todas as pessoas cometem erros… e eu cometi um ao sair com o Connor.

– Há normas de comportamento e tu quebraste-as a todas – continuou o seu pai com dureza. – Dás-me vergonha.

– Lamento – respondeu ela, magoada. – Lamento… muito.

– Um pouco tarde, não? O que não te posso perdoar é a vergonha pública que estás a fazer passar a tua madrasta. Ontem à noite, a Felicity e eu tínhamos um jantar marcado com os Turgen, mas cancelaram-no com uma desculpa qualquer. Todas as pessoas dizem que a tua crueldade acabou literalmente com o jovem Morgan e a nós tratam-nos como se tivéssemos a peste…

– Papá…

– A Hannah Jurgen gostava muito do Connor, como muitas outras pessoas. A Felicity teve um desgosto de morte quando cancelaram o jantar. Não dorme desde que os detalhes começaram a sair na imprensa!

Pálida como o leite, Lizzie desviou o olhar com um grande nó na garganta. Poderia dizer-lhe que a sua jovem e bela mulher, o centro do seu universo, não dormia porque temia que a descobrissem; mas, que direito tinha de ser Deus e de julgar o casamento do seu pai? Que direito tinha para falar e destruir aquele casamento e a segurança do filho que ia nascer?

– Achas que uma mulher grávida pode viver assim, a ver como as suas amizades lhe viram as costas porque tu te converteste por mérito próprio numa rejeitada?

– Só deixei o Connor. Não fiz mais nada – respondeu Lizzie a tremer. Não estava acostumada a que o seu pai falasse com ela com tanta frieza. Estava tão magoada que não encontrava as palavras para se defender. – Não sou culpada pela sua morte! – jurou fervorosamente. – Tinha problemas que não tinham nada a ver comigo!

– Esta manhã, a Felicity foi para a casa de campo para descansar – disse o seu pai como se estivesse a ditar uma condenação. – Quero que volte para o meu lado onde deve estar, tenho de cuidar dela. Por isso tomei uma decisão que, de facto, já deveria ter tomado há mais tempo: vou deixar de pagar as tuas despesas e quero que saias desta casa.

Lizzie não conseguiu abrir a boca com a comoção. Iam atirá-la aos lobos por causa da sua madrasta. Olhou incrédula para o pai que adorava desde a infância, o pai que tinha tentado proteger e evitar a dor e humilhação, apesar da sua própria vida se desintegrar.

Maurice tinha sido sempre um pai dedicado. A sua mãe tinha morrido quando ela tinha cinco anos e nos quinze seguintes, até se voltar a casar, formara-se um vínculo muito especial entre pai e filha. No entanto, desde que conheceu Felicity, aquele vínculo tinha-se quebrado. Felicity encarregou-se em ser o mais importante tanto na vida do seu marido como na sua casa.

– Não o faço como um castigo, mas é óbvio que te mimei até limites inexplicáveis e o único que consegui é que não te importes minimamente com os sentimentos dos outros…

– Isso não é verdade… – defendeu-se Lizzie, destroçada.

– Temo que sim. Acho que o melhor que posso fazer por ti é obrigar-te a enfrentares sozinha o mundo real. Acabaram-se as idas às festas da última moda e as desculpas para as coisas que realmente importam…

– Mas…

– Depois da morte do Connor, quem é que te vai convidar para festas onde se fala de generosidade entre os demais? A tua presença é um acontecimento de caridade que faria com que muitas pessoas tivessem náuseas!

Nesse momento, o telefone tocou e o seu pai fez um gesto com a cabeça, dando por finalizada a sua conversa. Lizzie queria morrer. Saiu do vestíbulo e dirigiu-se para o seu apartamento, que ficava atrás da casa principal, nos antigos estábulos.

Esteve um pouco sem conseguir reagir por causa do impacto. Há dez dias que recebia críticas contínuas e já não tinha lágrimas. Quinze dias antes, reservara uma semana de férias com Connor em Bali. Não lhe tinha conseguido dizer nem tão pouco cancelar o conseguinte gasto. Nunca se tinha preocupado por causa de dinheiro, mas agora, de repente, sim.

E o que importava isso quando o homem que amava estava preso à sua madrasta? A doce e efusiva Felicity, tão chorona que jorrava. Connor tinha-se apaixonado por ela até à medula, parecia o amor da sua vida e ela tinha-o rejeitado, o que fizera com que ele se suicidasse.

– Não queria que isto acontecesse… Não o pude evitar! – tinha-lhe dito Connor sem se importar com a dor que a sua traição lhe estava a infligir.

Aquele homem, que era o seu melhor amigo, inclusive o seu futuro marido… E não tinha feito outra coisa a não ser utilizá-la desde o princípio para tapar a sua relação com Felicity. Lizzie sentiu um tremor dos pés à cabeça e tapou a boca. Os seus grandes olhos verdes olharam-se ao espelho. Era demasiado alta e magra. Não possuía as curvas femininas de Felicity, e sendo assim não era de estranhar que Connor a tivesse preferido a ela.

E Connor? Sentiu uma náusea. Que preço tinha pago por ter uma relação com uma mulher casada! Connor… tinha morrido. Como o podia odiar? No meio de toda essa dor, alegrava-se por não se ter exposto ao ridículo de lhe ter oferecido o seu corpo em Bali. Tinha saído a correr!

A senhora Baines apareceu à porta.

– Temo que o teu pai me pediu para preparar a tua bagagem.

– Oh…. – disse Lizzie vendo como a sua área coberta de sardas ficava ainda mais pálida. Tentou recompor-se para a mulher não ficar preocupada. – Tudo bem, já sou uma mulher, eu faço isso.

– Não está certo teres de sair de casa – respondeu a senhora Baines veemente. Lizzie surpreendeu-se dado que, apesar de trabalhar há muitos anos com eles, aquela mulher nunca se metia nos assuntos da família.

– É apenas um mal-entendido familiar – disse Lizzie encolhendo os ombros, agradecida por aquela mostra de afecto, mas por sua vez envergonhada. – Vou tomar um duche.

Uma vez na casa de banho, surpreendida pela conversa com a senhora Baines, marcou o número de telefone de Jen, a única amiga que ainda tinha.

– Jen, posso ir para tua casa por uns dias? O meu pai pôs-me fora de casa.

– Estás a brincar?

– Não, estou a falar a sério. De facto, a minha governanta está a fazer-me as malas.

– Pois, com toda a roupa que tens, a pobre mulher vai ter muito trabalho – riu-se Jen. – Sim, vem para cá. Assim saímos esta noite e arejas.

– Não estou para muitas festas.

– Tens de sair. Ouve-me: tens de sair para a rua, enfrentar os fotógrafos e dizer-lhes: «Pois sim, sou eu, e depois?» – exclamou a sua amiga. – Deixaste o Connor, sim, mas só andaste com ele uns meses. Que culpa tens tu de ele se ter embebedado e de sofrer um acidente? – acrescentou sem ponta de tacto.

Lizzie deu-se conta de que ficar em casa de Jen tinha um preço, mas que mais podia fazer? Não tinha dinheiro para ir para um hotel e o resto dos seus amigos deixaram de lhe ligar. Talvez Jen, que estava sempre bem-humorada, a alegrasse um pouco. Talvez, sair uma noite a ajudasse a esquecer o desespero que sentia.

– Trabalhar? – disse Jen como se a palavra lhe provocasse alergias. – Tu? Em quê? Fica em minha casa até o teu pai se acalmar. Tanto tu como eu fomos educadas para ser objectos decorativos inúteis e convertermo-nos em esposas. A culpa não é nossa.

– Pretendo ganhar a vida pelos meus próprios meios – respondeu Lizzie com teimosia. – Quero demonstrar ao meu pai que não sou uma mimada…

– Claro que és. Nunca trabalhaste na vida! Se começares a trabalhar, como vais ter tempo para ir ao cabeleireiro e à manicura, para ficar a comer com as amigas ou para ires uma semana para uma praia tropical? Seria espantoso.

A verdade é que tudo aquilo soava fatal, mas também não era verdade que nunca tinha trabalhado. Fizera muitos trabalhos voluntários sem serem remunerados, sempre para organismos de caridade, e demonstrara dar-se muito bem para que os ricos aflorassem a carteira. Outra coisa era trabalhar para outros com um horário fixo e um salário medíocre. Isso nunca tinha feito, mas podia tentar…

Quatro horas depois, não se sentia tão segura. Estavam num bar da moda, a apenas duas mesas dos amigos antigos, que olhavam para ela como se a quisessem matar. Tinha vestido um conjunto que não precisava de ter comprado e Jen tinha ficado aborrecida quando lhe disse que não queria beber álcool, mas sim sumo de laranja. Assim, para não ofender a sua única amiga, ali estava a beber vodka.

– Se uma amiga me diz que não quer beber, dá-me a impressão que me está a tratar como se fosse superior – disse-lhe Jen bebendo uma Tequilla Sunrise num abrir e fechar de olhos.

Jen foi falar com alguém e Lizzie dirigiu-se para a casa de banho. Olhou-se ao espelho e arrependeu-se de se ter deixado convencer pela amiga a vestir aquele top branco e aquela saia tão curta. Apesar de comprar conjuntos atrevidos, apenas os vestia quando os experimentava. Enquanto se perguntava sobre o porquê de tudo aquilo ouviu um grupo de raparigas a falar.

– Não posso acreditar que a Lizzie tenha tido a pouca vergonha de vir cá esta noite!

– Isso demonstra o ser mau que é…

– O Tom avisou a Jen que, se continua a ser vista com ela, corre o risco de ficar sem amigos.

– Como é que ela pôde tratar o Connor assim? Era tão divertido e bom…

Lizzie ficou vermelha como um tomate e sentiu um enorme desejo de chorar. Voltou para a mesa e bebeu a bebida de um gole só. Aquelas raparigas tinham sido suas amigas. Já não eram. De repente, todos a odiavam quando há poucas semanas tinha tantos convites para sair que não conseguia dar resposta a todos. O único que queria era ir para casa. O problema era que não podia ir para a sua casa e Jen ia ficar aborrecida se lhe dissesse que nunca mais queria voltar a sair.

Sim, Connor parecia uma boa pessoa. Ela tinha acreditado nisso até ao dia em que foi à casa de campo que tinham e o descobriu na cama com Felicity. Ao recordá-lo, o sangue gelou-lhe nas veias.

Pensara em convidar uns quantos amigos para passar o fim-de-semana. Como há muito tempo que não iam lá, aproximou-se da casa para ver como estava. Ao chegar, não viu o carro da sua madrasta. Estava feliz, imaginando a surpresa que Connor ia ter quando lhe dissesse que ia celebrar os seus vinte e cinco anos em Bali.

Estava nas escadas quando ouviu uns ruídos. Eram gemidos. Sentira medo. Na sua ignorância, não suspeitou que o que estava a ouvir era um homem e uma mulher a fazer amor. Supôs que era o vento e continuou a subir. Do corredor, viu todos os detalhes da sua madrasta a desfrutar do seu namorado numa cama.

Felicity estava extasiada e Connor não parava de arquejar, de lhe dizer que a desejava e que não poderia aguentar outra semana sem a ver. Lizzie tinha ficado paralisada. Felicity viu-a e começou a chorar.

Bem, a sua madrasta passava a vida a chorar. Chorava por tudo, inclusive chorava se o jantar não estava perfeito.

Assim não lhe custou muito começar a chorar. Lizzie chorou e gritou, mas apenas depois de os pôr fora de casa. Depois, queimou os lençóis no jardim.

Nesse momento, a meio das suas recordações, Jen chegou e disse-lhe para irem dançar.

Sebasten estava na parte de cima com o dono do local.

– Reconhecê-la-ei quando a vir. A menos que…

Sebasten sentiu um asco terrível. O facto daquela mulher estar numa festa quarenta e oito horas depois do enterro de Connor era um claro indício de como era.

– É muito alta, apesar de não ser muito bonita. Não é o meu tipo – acrescentou o homem.

Apesar de precisar de um rosto para aquele nome, Sebasten não ia actuar ali. Não era o seu estilo. Ele devolvia os golpes de forma subtil.

Fixou o olhar numa mulher muito alta que estava a dançar. Tinha o cabelo da cor da marmelada de laranja e caía-lhe sobre os ombros. Observou-a deitar a cabeça para trás e sentiu que todos os músculos do seu corpo ficavam tensos. Tinha uma beleza rara e original, olhos grandes e uma boca mágica. Para não falar do seu corpo que estava bastante descoberto com o conjunto que usava. Sebasten olhou-a com desejo e pensou que naquela noite não dormiria só.

– É aquela… a ruiva…

Sebasten olhou na direcção que o homem lhe assinalava e viu uma ruiva baixa com um peito escandaloso. Com que então essa era a bruxa que tinha feito com que Connor perdesse a cabeça. Não o impressionou nada.

Viu que as duas mulheres falavam entre si e não gostou, mas pensou melhor e ficou encantado. Ao chegar à mesa, Jen voltou-se para Lizzie.

– Estive a pensar que… bom, que não sei se é muito boa ideia que fiques em minha casa…

– Disseram-te alguma coisa? – perguntou Lizzie, magoada.

– Olha, sinto muito o que se está a passar, mas tenho de pensar em mim e não quero…

– Que te tratem como a mim? – explodiu Lizzie.

Jen assentiu.

– É melhor que vás para um hotel e que não te exponhas muito. Passa amanhã por casa para levares as tuas coisas. Verás que dentro de uma semana as pessoas já falam de outra coisa – disse Jen dirigindo-se à mesa onde estavam os outros.

Durante uns segundos, Lizzie temeu fraquejar e começar a chorar diante de todos. Preferiu voltar para a pista de dança, onde, pelo menos, não a viam.

Deixou-se levar pela música e pôs-se a dançar. Os seus olhos pousaram sobre o homem que estava na galeria. Era alto, de cabelo escuro e tremendamente atraente.

Todas as mulheres estavam a olhar para ele e ele devia sentir-se como uma criança numa loja de brinquedos. Lizzie apercebeu-se que estava a olhar para ela. Olhou para as suas pernas e continuou a subir até ao peito. Ao chegar ali e ver que era plana e que tinha a cara coberta de sardas, desviou o olhar.

«A história da minha vida», pensou Lizzie.

Sentiu uma imensa vontade de chorar e desejou que aquele homem se aproximasse dela e a tirasse dali.

Envergonhada por ser tão fraca, dirigiu-se para o bar.

De repente, sentiu uma mão sobre a sua.

– Eu convido… – disse-lhe uma voz ao ouvido.

Lizzie voltou-se surpreendida e ficou ainda mais ao comprovar que era o homem da galeria. Era mais do que parecia e tinha uns olhos maravilhosos. Era muito homem, demasiado homem.

Alucinada, viu-o estalar os dedos em direcção a alguém.

– Tenho sardas… – murmurou Lizzie caso ele não tivesse dado conta.

– Adoraria contá-las – sorriu ele.

Lizzie sentiu que aquele sorriso entreva no seu coração maltratado e lhe devolvia a vida.

– Gostas de sardas?

– Amanhã digo-te – respondeu Sebasten.

Dormindo com o inimigo

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