Читать книгу Um Quarto De Lua - Massimo Longo - Страница 3
ОглавлениеPrólogo
- Verás que tudo vai correr bem, já és grande… Volta a brincar com as outras crianças, nos veremos um dia, te prometo!
A criança reparava desaparecendo lentamente, com os olhos cobertos de lágrimas, aquele que tinha sido o seu companheiro nas brincadeiras se é que a memória não falhe.
Correu rapidamente em direcção dos carrosséis do parque abandonado, onde voltou a brincar com as crianças do bairro, no momento em que a lembrança do seu amigo imaginário desvanecia.
Chegou, entre empurrões, a sua vez ao escorregão. Não esperou um instante e lançou-se no declive com todo o ímpeto possível. Nem sequer teve o tempo de chegar ao fim do declive, eis que viu surgir uma criancinha loira diante dos seus pés, escapada ao controlo da mãe, não conseguiu travar e a antigiu com violência.
A criança perdeu o equilibrio e embateu com a cabeça na saliência em cimento que contornava o escorregão.
Tentou alcançar a criança, para assegurar-se de que não estivesse tão mal, mas foi de tal forma mal recebido pela mãe que corria para socorrê-la. Naquilo que para ele pareceu um ápice, uma multidão de avós e mães aglomeraram-se em volta da mal-aventurada.
Uma única coisa conseguiu ouvir, no momento em que tentava ganhar espaço no meio da floresta de pernas dos adultos:
- Desmaiou! alguém deve chamar o pronto socorro!
Aquela voz ressoava feroz nas orelhas, o medo apoderou-se dele. Correu em direcção do pequeno bosque que se encontrava por detrás do parque.
De repente tudo ficou escuro em volta dele.
Pelo ar um vento gélido trazia consigo sons estranhos, simultaneamente com as palavras ouvidas num instante anterior, começaram a ressoar uns versos que era difícil perceber, chegavam inesperadamente por detrás de um conjunto de árvores onde uma sombra extensa surgia. Depois a voz fez-se cada vez mais insistente, chegava vindo de todas as várias direcções à volta dele. Estava mais próxima no momento, cada vez mais próxima, até sussurrar-lhe nas orelhas:
“Damnabilis ies iom, mirdo cavus mirdo, cessa verunt ies iom, mirdo oblivio ement, mors damnabils ies iom, ospes araneus ies iom…”
Colocou as mãos na cabeça e apertou fortemente os seus tímpanos para não ouvir, mas era tudo inútil, caiu de joelhos, os seus olhos apagaram-se…
“Damnabilis ies iom, mirdo cavus mirdo, cessa verunt ies iom, mirdo oblivio ement, mors damnabils ies iom, ospes araneus ies iom…”