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Capítulo 2

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Zakary Montegova sabia que um momento de fraqueza podia acabar com qualquer império. E, quando Violet se afastou dele como se tivesse a peste, optou por deixar que se afastasse para a limusina e seguiu-a devagar, recusando-se a reconhecer o que a visão das suas nádegas redondas fazia à sua libido.

Como era possível que se deixasse excitar com tanta facilidade? Não tinha o suficiente com a lição que o seu pai lhe recordava da sepultura?

As repercussões da sua fraqueza tinham sido traumáticas e continuavam a ter consequências na Casa Real de Montegova, como o seu irmão reservado e circunspecto, Remi, demonstrava. Ou como a mãe demonstrava também, embora escondesse a angústia por trás do aprumo aristocrático de uma mulher que nunca se acovardava. Mas, sobretudo, como demonstrava a existência de Jules, o seu meio-irmão ilegítimo.

O reino quase caíra nas mãos de oportunistas e generais ambiciosos quando a notícia da infidelidade do pai se tornara pública, poucas horas depois de falecer. E Zak, que fora testemunha de tudo isso. Não esquecera o que a tentação podia causar.

Além disso, ele não era uma exceção à regra. Fora por isso que escolhera uma vida de trabalho árduo. Por isso recusava-se a cair nas garras das mulheres. Era por isso que adorava deixar a produção de herdeiros para o seu irmão, o primeiro na linha dinástica.

Contudo, nesse caso, porque se obcecara com Violet Barringhall?

Não esquecera o que acontecera há seis anos. A mãe pedira-lhe que fosse ao aniversário da adolescente e quase se recusara. Não queria apoiar a amizade da primeira com a bisbilhoteira Margot Barringhall, uma oportunista famosa que adorava a imprensa cor-de-rosa.

No entanto, a mãe insistira e, quando Zak vira Violet, não conseguira desviar o olhar. Já não era a menina com quem estivera algumas vezes. Transformara-se numa jovem linda. E a hora que tencionava dedicar à festa transformara-se em quatro.

Em determinado momento, seguira-a para o jardim de sua casa, atraído pelas artimanhas femininas tímidas, mas sedutoras, que ela parecia praticar. Achava que estava a testar-se e submetera-se à tentação com a certeza de que conseguiria ir-se embora quando quisesse e sair triunfante na batalha contra o desejo de tocar nela.

E tocara nela.

Descobriu porque lady Violet Barringhall o intrigava tanto.

Tocou nela e provara-a com toda a fome que acumulara durante vários meses, desde a morte do pai. Até chegara a pensar em ter uma aventura com ela e talvez tivesse sido assim se não tivesse descoberto que a família dela era tudo menos honrada.

O conde delapidara a sua fortuna antes de morrer e a condessa mergulhara num plano desesperado e frenético para manter o seu nível de vida, que seguia duas estratégias, cada uma pior do que a outra: A primeira, vender informação à imprensa amarela e, a segunda, casar as filhas com qualquer homem que tivesse uma boa conta bancária e quisesse aceder a um título nobiliário.

A descoberta deixara-o pasmado e amaldiçoara-se por ter estado perto de cair na armadilha casamenteira de Margot Barringhall. No entanto, felizmente, livrara-se. E não voltara a pensar nisso até a mãe voltar a pedir um favor relacionado com Violet.

Só tinham passado três meses. Três meses de fracassos na sua tentativa de fazer com que se rendesse e deixasse o emprego. Dava-lhe as tarefas mais aborrecidas. Dava-lhe as mais insignificantes. Mas não se rendia, portanto, pôs mais trabalho sobre os seus ombros pequenos, com a esperança de que perdesse as forças.

E não correra bem.

Violet era mais dura do que imaginara e compreendia perfeitamente os objetivos da House of Montegova Trust, sobretudo, no que dizia respeito aos programas de ajuda aos mais necessitados.

Além disso, a sua proximidade física despertara nele o desejo de voltar a tocar no seu corpo, de voltar a ouvir os seus gemidos, de voltar a sentir as suas carícias, de verificar que a sua atitude tímida escondia uma língua verdadeiramente descarada.

Mas não podia ser. Não podia cometer o erro terrível de se deixar seduzir por uma das filhas da condessa, comprometendo o futuro da sua família com isso. E essa era a razão por que mantivera a distância da criatura escultural de cabelo castanho e olhos turquesa, que o faziam sempre pensar no mar.

Apesar disso, a primeira coisa que fez quando entrou no carro foi olhar para as pernas da sua acompanhante, que acabara de as cruzar. Tinha uma elegância natural e os seus movimentos eram tão delicados como a sua pose, de costas direitas e mãos cruzadas por cima do colo. Era a quinta-essência do decoro. À exceção da veia que vibrava no seu pescoço suave e encantador, que Zak desejou beijar.

Contudo, o que raios estava a fazer? Porque insistia em brincar com o fogo?

Não sabia e odiou-se por ser incapaz de resistir à tentação de admirar o seu decote, que deixava ver a parte superior dos seus seios.

– Terás de tirar notas, mas parece-me que não trouxeste o computador – observou, irritado.

– Não o trouxe porque não é necessário. Tenho uma aplicação no telemóvel que serve para isso e que, se bem me lembro, é o que usam normalmente na fundação – declarou ela. – Se precisar de alguma coisa, posso tê-la numa hora.

– E se precisar antes?

– Então, perguntar-me-ei porque vai a esses bailes se tem coisas mais importantes para fazer – replicou. – Não me interprete mal… Sei que é um génio das multitarefas. Mas tudo seria mais fácil se soubesse o que é prioritário.

– Bom, vamos descobrir em breve.

Segundos depois, o motorista parou o veículo à frente da embaixada de Montegova. Zak saiu e ofereceu-lhe cortesmente uma mão, que Violet aceitou. Mas, ao sentir o seu contacto, afastou-a como se se tivesse queimado e entrou no vestíbulo do edifício, onde o general Pierre Alvardo, ministro da Defesa, esperava.

– Obrigado por me receber, Alteza – agradeceu o general. – Não queria interrompê-lo, mas trata-se de um assunto importante.

– Serei eu a decidir isso.

Para dizer a verdade, Zak concedera-lhe a audiência porque sabia que Alvardo era um homem rápido no gatilho. E, como a mãe estava ocupada no Parlamento e o irmão fora ao Oriente Próximo, não tinha outra opção senão recebê-lo.

– E então? O que se passa? – quis saber o príncipe.

Alvardo lançou um olhar a Violet, como se não quisesse falar à frente dela.

– Não se preocupe com a lady Barringhall – acrescentou Zak. – Assinou um acordo de confidencialidade e conhece as consequências de o infringir.

– Não é necessário recordar-mo – interveio ela, sorrindo com frieza. – A lady Barringhall nunca esquece nada, Alteza.

Alvardo ficou espantado com o seu descaramento, mas não disse nada. Afinal de contas, não teria chegado a ministro se não fosse um bom diplomata.

Já na sala de conferências, Zak esperou que Violet se sentasse e pegasse no telemóvel antes de se acomodar também. Então, virou-se para o ministro e perguntou:

– De que se trata? São os dissidentes sobre os quais me alertou há dois meses?

Alvardo assentiu.

– Os serviços secretos afirmam que são cada vez mais e que existe a possibilidade de se rebelarem em Playagova.

– A possibilidade? – inquiriu Zak, tenso. – Não tem a certeza?

– Bom, não conseguimos infiltrar o grupo. É mais difícil do que imaginávamos.

– E o que quer? Que lhe dê permissão para os perseguir abertamente?

O ministro assentiu.

– É verdade. A rainha nomeou-o chefe das Forças Armadas e não podemos agir sem a sua permissão escrita.

– Desculpe-me, mas um ato assim poderia causar inquietação social e talvez pânico.

– Talvez, mas o preço seria mais pequeno do que os lucros.

– Não me parece.

Zak reparou que Violet olhava para ele com alívio, antes de continuar a tirar notas no seu telemóvel.

– Alteza, não sei se é consciente do risco que corremos – disse Alvardo, escolhendo cuidadosamente as suas palavras. – Se não intervir em breve, a situação poderia fugir do nosso controlo.

– Então, duplique os seus esforços para conseguir provas fidedignas. O povo de Montegova já sofreu o suficiente e não precisa que o alterem com rumores. Mantenha a vigilância do grupo e diga-me se houver alguma mudança.

Zak pensou que investigaria o assunto e verificaria o relatório do ministro, pelo sim pelo não. A situação da Montegova complicara-se com a decisão inesperada da mãe de deixar o trono a Remi e o país não precisava de mais sustos.

– É só isso – sentenciou.

O ministro levantou-se, fez uma reverência e saiu da sala. Depois, Zak e Violet voltaram ao carro e, quando já se dirigiam para o Upper East Side, onde se celebraria o baile, ele disse:

– Se tem alguma coisa para perguntar, pergunte. Nota-se que está a esforçar-se para ficar calada.

Ela cerrou os dentes.

– É verdade que Montegova corre perigo?

Zak encolheu os ombros.

– Há sempre ameaças de alguma categoria – respondeu. – O truque consiste em separar o trigo do joio, por assim dizer.

– Mas o general parecia preocupado…

– O Alvardo é o ministro da Defesa e costuma exagerar.

Violet franziu o sobrolho.

– Tem a certeza? Pareceu-me algo grave.

– Porque talvez seja.

– E aceita-o assim, com tanta tranquilidade? – inquiriu ela, perplexa.

– Aprendi que as coisas nem são sempre o que parecem. O ministro faz os seus relatórios e eu investigo-os quando é necessário. No fim, descobre-se sempre a verdade.

Zak lembrou-se do segredo que o seu pai guardara durante vinte anos, um segredo que rebentara na cara da família. No entanto, também se lembrou dos planos matrimoniais de Margot Barringhall e questionou-se se seria realmente verdade que a filha conspirava com ela.

Depois de olhar novamente para ela e ver que fingia estar interessada na paisagem, pensou que sim. Aparentemente, lady Violet queria caçá-lo e convencera-se de que a farsa do seu trabalho na fundação o enganara.

– Acha que a situação merece uma investigação a fundo? – insistiu ela. – É possível que alguém queira acabar com o reino?

Zak encolheu os ombros outra vez.

– Bom, a era das monarquias acabou e há quem pense que o país estaria melhor sem a Casa Real. Mas Montegova não é governada por um ditador que se limita a sentar-se no trono e a angariar impostos. A minha mãe e o meu irmão são membros ativos do Parlamento e nenhum dos dois está acima da lei – explicou o príncipe. – Se alguém quer mudar as coisas, deve usar as vias legais, sem motins ou revoltas.

– Soa bem, mas não é verdade que os seus antepassados esmagaram a dissidência com sangue e fogo?

Ele sorriu com frieza.

– É. E, precisamente por isso, temos de impedir que a história se repita. Porque haveríamos de seguir a velha rota de sempre, quando há caminhos novos? Trata-se de inovar, não de imitar.

Violet semicerrou os olhos.

– Porque finge que não se preocupa?

Zak ficou tenso.

– Talvez seja porque desconfio dos seus motivos para perguntar. Supostamente, só tem de tirar notas. De onde vem esse interesse súbito pelo meu país?

– Trabalho para si – replicou, fazendo um esforço para manter o aprumo. – O que tem de estranho que me interesse? Além disso, esquece que também tenho motivos pessoais. A minha mãe tem sangue de Montegova.

Zak não se esquecera. De facto, parecia-lhe engraçado que as Barringhall só mencionassem esse assunto quando lhes dava jeito.

– E diga-me, quantas vezes visitou Montegova? Porque, se a sua mãe é filha do meu país, a menina também tem essas raízes – ironizou.

Ela corou.

– Não tantas como teria gostado…

– Oh, vá lá, confesse que nunca lá esteve.

– Confessar? Não posso confessar nada, porque sabe tão bem quanto eu.

– Efetivamente, sei. Segundo o seu currículo, viajou por todo mundo e publicitou-o muito bem nas redes sociais, mas nunca se incomodou em visitar o lar dos seus ancestrais mediterrânicos – declarou. – Desculpe-me por desconfiar do seu interesse súbito. Não parece sincero.

– Todas as minhas viagens foram em trabalho e foram financiadas por organizações não governamentais – defendeu-se. – E, quanto às redes sociais, fazem parte da minha profissão. Tento despertar a consciência das pessoas.

– Há uma grande diferença entre despertar a consciência das pessoas e tornar-se famosa às suas custas – contra-atacou Zak.

– E como sabe? Tem uma lista de peritos em redes sociais? Ou é um desses príncipes que tem identidades secretas para espiar os outros através da Internet?

Zak voltou a sorrir.

– Se tem alguma coisa a esconder, não se preocupe. Não tenciono dizer nada.

Violet olhou para ele com raiva.

– Sei que se disseram muitas coisas sobre a minha família, Alteza. Mas é de estranhar que um homem como o senhor acredite em tudo o que lhe contam.

– Bom, há provas aparentemente irrefutáveis – replicou ele. – Embora, se não forem, será um prazer ouvir a sua história.

Ela voltou a cerrar os dentes e Zak lembrou-se do sabor dos seus lábios e dos suspiros que deixavam escapar quando Violet se excitava.

– Não, obrigada, não quero perder tempo com algo inútil. Além disso, já chegámos.

Zak virou-se para a janela e praguejou. Estava tão concentrado na conversa que perdera a noção do tempo e do espaço. Nem sequer se apercebera de que o motorista saíra do veículo e estava à espera para abrir a porta.

No entanto, Violet conseguira despertar o seu interesse. Recusara-se a falar dos rumores que afetavam a sua família e não estava habituado a ser rejeitado.

– Alteza…

– Zak.

Olhou para ele com espanto.

– Como?

– Podes tratar-me por tu quando não estivermos em âmbitos excessivamente formais ou profissionais. Se quiseres, claro.

Violet não rejeitou a oferta em voz alta, mas os seus olhos rejeitaram-na com toda a clareza.

– Vamos chegar atrasados, Alteza. E não quero que me culpe.

Zak fixou o olhar nos seus olhos azuis. Com quem achava que estava? Era príncipe. Era a segunda pessoa na linha de sucessão de um reino pequeno, mas muito poderoso. Como se atrevia a desafiá-lo?

Durante uns instantes, pensou em pô-la no seu lugar. No entanto, havia outras formas de submeter os que semeavam dissensão no país ou tentavam enriquecer às custas dos Montegova. Porque não haveria de as usar? Em vez de a repreender, seduzi-la-ia novamente e deixá-la-ia depois, enviando uma mensagem clara e definitiva às Barringhall.

Sim, era a solução perfeita. Se achavam que ele não sabia jogar o seu jogo, corrigi-las-ia.

Decidido, fez um gesto ao motorista, que lhe abriu a porta.

Zak saiu da limusina e encontrou-se entre muitos paparazzi, que começaram a tirar fotografias. Porém, não fez caso. Ofereceu uma mão a Violet e levou-a pela passadeira vermelha que tinham posto na entrada do edifício.

Naturalmente, os paparazzi crivaram-no de perguntas pelo caminho. E ele desprezou-as todas, porque aprendera que a imprensa amarela publicava o que queria, independentemente do que dissesse e da própria verdade.

Além disso, Violet era a única coisa que lhe interessava nesse momento.

As coisas tinham mudado.

Violet não soube nem quando nem porquê, mas percebeu que Zak tinha outra atitude quando abriram caminho entre os convidados do baile. E tinha a certeza de que essa atitude não se devia ao bom trabalho que estava a fazer.

Era algo de caráter pessoal. Algo dirigido a ela, como demonstrou ao olhar reiteradamente para ela e com mais intensidade do que de costume enquanto a guiava pela sala opulenta.

O que estaria a tramar?

Fosse o que fosse, tinha de se afastar dele. E encontrou a desculpa de que precisava nos compromissos de Zak, que tinha sempre de se reunir com alguém.

– Recordo-lhe que tem de falar com três pessoas antes do jantar – replicou, insistindo em tratá-lo formalmente. – O primeiro é o agregado da embaixada boliviana, que se dirige para aqui.

Zak assentiu sem desviar o olhar do cavalheiro de quem se despedia nesse momento e Violet começou a afastar-se. No entanto, o príncipe pôs-lhe a mão no cotovelo e disse:

– Fique. A sua presença limitará a tendência dele para falar sem parar. E talvez aprenda algumas coisas que serão úteis quando deixar a fundação.

A lembrança de que o seu trabalho era temporário não deveria tê-la incomodado, tendo em conta que ardia de vontade de se ir embora, mas incomodou. Seria porque a observava como se desconfiasse dela?

– Está bem, ficarei, se desejar. Afinal de contas, sou a sua assistente.

– Deteto um tom de aborrecimento na sua voz, lady Barringhall?

A ironia de Zak aumentou o seu desgosto de tal forma que quase lhe pediu para não a chamar assim, mas pelo seu nome próprio.

– Claro que não.

Zak cumprimentou o agregado, começou a conversar com ele e despediu-se quando começou a tornar-se aborrecido. Depois, aproximou-se da pessoa seguinte com quem devia falar e, é claro, apresentou Violet.

Já tinham ficado a sós quando ela perguntou:

– Porque se empenha em apresentar-me como lady Barringhall?

– Empenhar-me? Não sei a que se refere.

– Não disfarce, Alteza – replicou. – Está de um humor estranho desde que chegámos. É algum tipo de teste?

– É tudo um teste. Se ainda não aprendeu isso, estou a perder tempo consigo.

– Sabe muito bem que não me referia ao trabalho. Isto é pessoal – queixou-se. – Fiz alguma coisa que o tenha ofendido?

– Continuo sem entender – mentiu. – Limito-me a apresentá-la pelo seu título, que sempre foi lady Barringhall. Não sei porque se sente atacada.

Ela suspirou.

– Devíamos esclarecer tudo. Ser francos um com o outro.

Os olhos de Zak brilharam.

– Ah, ena! Vai diretamente à questão? Vai confessar?

Violet franziu o sobrolho.

– O que tenho de confessar?

– O verdadeiro motivo pelo qual trabalha na fundação.

– E que motivo é esse? – perguntou. – Não, espere um pouco… Deixe-me adivinhar. Acha que procuro um lugar na sua vida? Ou talvez na sua cama?

– Quer ir para a cama comigo? – perguntou, com humor. – Devia ter-mo dito antes, Violet. Teríamos poupado este jogo.

O comentário de Zak tirou-a do sério e, antes de se aperceber do que se passava, já estava a tratá-lo por tu.

– Estás a manipular as minhas palavras deliberadamente! Não quero ir para a cama contigo! Nem sequer quero aproximar-me do teu quarto!

Vários convidados viraram-se para eles, surpreendidos com o tom de voz de Violet. E sentiu-se profundamente aliviada quando, um instante depois, alguém tocou uma campainha para os chamar para jantar.

– Salva pelo gongo, eh? – replicou ele, levando-a para outra sala. – Mas não fiques tão feliz. Já retomaremos a conversa.

– Não retomaremos nada. Disse tudo o que tinha para dizer sobre esse assunto. E tanto faz o que pensas de mim, embora agradecesse que…

– Tanto faz? – interrompeu-a. – Esqueceste que uma das razões da tua presença é fazer com que te dê uma carta de recomendação?

– Estás a ameaçar-me se não jogar o teu jogo ridículo?

– Quem está a jogar com quem? – quis saber, observando-a com dureza.

– Não respondeste à minha pergunta – insistiu Violet, que não ia acovardar-se. – Fiz tudo o que me pediste desde que cheguei a Nova Iorque. Mas, se estou a perder tempo, prova que tens o que é preciso e diz-me.

Ao chegar à mesa que lhes tinham atribuído, Zak esperou que Violet se sentasse antes de fazer o mesmo. Ela continuava zangada, mas conteve-se porque não queria irritá-lo mais do que devia.

– Não vais ganhar a minha confiança com o teu encanto inglês e algumas semanas de trabalho. Terás de fazer mais – declarou ele, em voz baixa. – E, quanto a ter o que é preciso, eu não puxaria esse assunto nas nossas conversas. Pelo menos, assim. Mas quem sabe… Talvez to demonstre mais tarde.

Violet, que já se sentia incomodamente consciente do seu cheiro e do corpo poderoso que o seu fato escondia, corou. Não queria pensar nele, mas a sua mente encheu-se de imagens eróticas e teve de fazer um esforço para perguntar:

– O que tenho de fazer para que me valorizes?

– Bom, o fundo vai construir uns alojamentos ecológicos na Tanzânia. É uma iniciativa com colaboração governamental, destinada a aumentar os ganhos dos habitantes da zona – respondeu. – Começa por dar a tua opinião.

Violet animou-se imediatamente, porque Zak lhe pedira conselho sobre uma das questões que mais lhe interessavam.

– Quantos vão construir?

– Para começar, trinta. E mais sessenta na segunda e terceira fases – explicou. – Todos, a pensar num turismo sustentável.

– Precisam de trabalhadores? Posso ajudar com isso. Sei distinguir entre os que estão verdadeiramente envolvidos numa causa e os que só querem crescer.

– Temos alguns e o resto chegará dentro de algumas semanas.

Ela abanou a cabeça.

– A temporada de chuvas começa dentro de três meses. Se não te apressares, terão problemas.

Zak sorriu e Violet soube que estava a testá-la. Mas, em vez de se zangar, olhou para ele nos olhos e perguntou:

– Queres testar-me mesmo? Inclui-me no projeto. Quero demonstrar-te que não estou a brincar.

Observou-a com ceticismo.

– Não serias a primeira aristocrata que se junta a um projeto destas características para melhorar a sua imagem.

– Oh, vá lá, só estou a pedir que suspendas a tua desconfiança durante algumas semanas e me permitas fazer o meu trabalho. Ou és tão canalha que nem sequer vais conceder-me essa oportunidade? – desafiou-o.

Ele voltou a sorrir, embora com mais dureza.

– Tem cuidado com o que dizes, Violet.

– Não tencionava insultar-te, mas estou a defender a minha carreira. Sou muito boa no que faço – disse. – Se a minha palavra não vale nada para ti, deixa que os meus atos o demonstrem.

Zak observou-a com intensidade e, quando já ia responder, começou o discurso da famosa que geria o baile da angariação de fundos.

Ambos ficaram em silêncio e Violet ficou perplexa com a mulher em questão, porque não parava de olhar para Zak. De facto, o seu interesse era tão descarado que se questionou se teriam sido amantes. Até era possível que ele tivesse tido alguma coisa a ver com a sua escolha como anfitriã do evento.

Depois de um discurso carregado de inteligência e humor, que ganhou um aplauso cerrado, a famosa anunciou a intervenção do príncipe, que se levantou com elegância e subiu ao estrado, fazendo com que todos os presentes se sentissem especiais.

Zak falou com uma combinação sublime de encanto, seriedade e arrogância. Despertou consciências, encorajou as pessoas e até conquistou os mais céticos, que olharam para o vídeo de apresentação com verdadeiro interesse.

– Para acabar, quero recordar-vos o que a minha querida lady Barringhall, que acabei de nomear como assessora do projeto na Tanzânia, diz… Que o tempo é essencial se quisermos conseguir o nosso objetivo – sentenciou Zak. – Apressem-se, então, porque este comboio está prestes a partir. E, se o perderem, não garanto que possam entrar no próximo.

Os convidados desataram a rir-se e viraram-se para Violet, embora ela não lhes prestasse atenção. Só tinha olhos para o príncipe, que a deixara atónita com o comunicado inesperado e público da sua nomeação.

Segundos depois, Zak saiu do estrado e voltou à mesa enquanto um quarteto de cordas começava a tocar.

– Porque não me disseste antes de o comunicares? – perguntou ela, que mal conseguia conter o seu entusiasmo.

Os olhos cinzentos de Zak fixaram-se nela.

– Devias agradecer-me por te dar esta oportunidade, não é?

Violet engoliu em seco.

– Obrigada pela oportunidade – agradeceu, com ironia. – E, antes de me perguntares se estou à altura da tarefa, vou dizer-te que estou.

– Veremos. Mas quero que saibas que estarei a vigiar-te constantemente e que não permitirei passos em falso. Se me dececionares, serás despedida.

– Não vou dececionar-te.

– Nesse caso, vamos para lá dentro de sete dias. Será melhor começares a fazer as malas.

Violet olhou para ele com espanto.

– Vamos? Tu também vais?

– Ah, não o tinha mencionado? Sim, também vou à Tanzânia, o que significa que estarás diretamente às minhas ordens.

Zak olhou para ela com intensidade, ponderando o efeito das suas palavras e, depois, desviou o olhar de Violet, que estava perturbada, e começou a falar com outros comensais.

Durante os minutos seguintes, ela tentou aceitar a reviravolta dos acontecimentos e apagar uma ideia que não conseguia tirar da cabeça: Agora, estava à mercê do poder sensual do príncipe.

A sorte estava lançada e em mais de um sentido.

Contudo, não era tão mau como parecia. De repente, tinha a oportunidade de lhe demonstrar e de demonstrar ao mundo que não era uma aristocrata sem escrúpulos, que não estava a fingir que era uma profissional para caçar um homem rico e contentar a mãe ambiciosa.

Raptada por um príncipe

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