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CAPÍTULO DOIS

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Gwendolyn fica em pé no topo da montanha e observa o sol raiar no céu do deserto enquanto seu coração bate acelerado dentro de seu peito ao se preparar para o ataque iminente. Ela havia liderado seus homens até ali ao mesmo tempo em que tinha observado o confronto entre os aldeões e os soldados do Império, circulando o campo de batalhas pelo caminho mais longo e posicionando seus homens atrás das linhas inimigas. O Império, completamente concentrado nos aldeões e na batalha diante deles, não havia percebido sua aproximação. E agora que os aldeões estão começando a morrer é chegado o momento de fazê-los pagar por tudo que haviam feito.

Desde que Gwen havia decidido voltar com seus homens e ajudar os aldeões, ela havia sido tomada por uma profunda sensação de predestinação. Ganhando ou perdendo, ela sabe que aquela é a coisa certa a fazer. Ela havia assistindo o confronto se desdobrando do alto das montanhas, tinha visto a aproximação das forças do Império montadas sobre suas zertas e acompanhas de soldados profissionais; tudo aquilo traz de volta sentimentos antigos, fazendo-a lembrar da invasão do Anel por Andronicus e depois por Romulus. Ela tinha observado Darius avançar sozinho para enfrentá-los e seu coração havia se animado ao vê-lo matar o comandante. Aquilo é algo que Thor teria feito – algo que ela mesma teria feito.

Gwen, acompanhada por Krohn que rosna calmamente aos seus pés, fica ali parada com Kendrick, Steffen, Brandt, Atme, dezenas de soldados da Prata e centenas de seus homens atrás dela; eles vestem as mesmas armaduras de aço que haviam vestido quando tinham deixado o Anel e empunham as mesmas armas enquanto aguardam pacientemente o seu comando. Seu exército é formado por soldados profissionais e eles não enfrentam uma batalha de verdade desde que tinham sido exilados de sua terra natal.

A hora havia chegado.

"AGORA!" Gwen ordena.

Um grito de batalha irrompe entre todos os seus homens que, liderados por Kendrick, começam a correr para baixo da montanha enquanto suas vozes são carregadas pelo vento e soam como o rugido de milhares de leões descendo as encostas sob a luz da manhã.

Gwen observa quando seus homens alcançam as linhas do Império e os soldados inimigos, ocupados na luta contra os aldeões, se viram lentamente com olhares de surpresa estampados em seus rostos – claramente sem conseguir entender quem poderia estar atacando-os ou a razão daquilo tudo. Obviamente, aqueles soldados do Império nunca tinham sido surpreendidos daquela maneira antes e certamente nunca haviam enfrentado um exército profissional.

Kendrick não lhes dá tempo para reagir ou para processar o que está acontecendo. Ele continua atacando e perfura o primeiro homem que ele encontra; Brandt, Atme, Steffen e as dezenas de soldados da Prata que o acompanham se juntam a ele, gritando ao enfiarem suas armas nos soldados diante deles. Todos os homens de Gwen carregam uma grande mágoa e haviam esperado muito tempo por uma luta, ansiando pela vingança contra o Império e cultivando o ódio durante todos aqueles dias presos na caverna. Gwen sabe que eles desejam vingar-se do Império desde que haviam abandonado o Anel – e naquela batalha os seus homens haviam encontrado a oportunidade perfeita. Uma chama arde nos olhos de cada um de seus homens, um fogo onde as almas de todos os entes queridos que eles haviam perdido no Anel e nas Ilhas Superiores ainda vivem. Aquela é uma necessidade de vingança que eles haviam nutrido durante toda a viagem através do oceano. Gwen percebe que a causa dos aldeões, mesmo vivendo do outro lado do mundo, é também a causa de seu povo.

Homens gritam ao lutarem frente a frente e Kendrick e os outros usam o impulso inicial para abrir caminho até o meio luta, eliminando fileiras inteiras de soldados do Império antes que eles possam se organizar. Gwen se enche de orgulho ao ver Kendrick bloquear dois golpes com seu escudo, girar o corpo e esmagar o rosto de um soldado com ele, batendo no peito de outro com um único movimento. Ela observa Brandt dar uma rasteira em um soldado e então esfaqueá-lo nas costas através do coração, usando as duas mãos para enfiar sua espada no corpo do homem. Gwen vê Steffen empunhar sua espada curta, cortar a perna de um soldado e então dar um passo adiante e chutar outro soldado na virilha e bater sua cabeça na dele, nocauteando-o. Atme gira seu mangual e derruba dois soldados de uma só vez.

“Darius!” grita a voz.

Gwen olha para o lado e vê Sandara apontando para o campo de batalhas.

"Meu irmão!" ela exclama.

Gwen localiza Darius no chão, deitado de costas e cercado pelo Império que se aproxima rapidamente dele. Seu coração se aperta de apreensão, mas ela vê com satisfação quando Kendrick corre até ele e ergue seu escudo, salvando Darius de um golpe de machado antes que o golpe fatal atinja o seu rosto.

Sandara grita e Gwen percebe o seu alívio e sente o quanto ela ama o seu irmão.

Gwendolyn estica o braço e pega um arco das mãos de um dos soldados de guarda ao seu lado. Ela prepara uma flecha e mira.

"ARQUEIROS!" ela grita.

Ao seu redor, dezenas de seus arqueiros começam a mirar, preparando seus arcos e esperando pelo seu comando.

"FOGO!"

Gwen libera sua flecha alto no céu, bem acima de seus homens. No mesmo instante, dezenas de seus arqueiros também soltam suas flechas.

A saraivada acerta o grupo de soldados restante e gritos irrompem à medida que dezenas de soldados caem de joelhos.

"FOGO!" ela grita mais uma vez.

Mais flechas são arremessadas sucessivamente.

Kendrick e seus homens avançam e matam todos os homens que haviam caído de joelho após terem sido alvejados pelas flechas.

Os soldados do Império são forçados a abandonar os aldeões que ainda resistem e, em vez disso, decidem concentrar suas forças no confronto com os homens de Kendrick.

Isso dá aos aldeões uma oportunidade. Eles dão um grito ao continuarem avançando, atacando pelas costas os soldados do Império que agora estão sendo massacrados por ambos os lados.

Os soldados do Império, presos entre duas forças hostis e com seus números diminuindo rapidamente, finalmente percebem que estão sendo superados. Suas forças de centenas logo são reduzidas a apenas dezenas; aqueles que ainda restam começam a abandonar suas fileiras, fugindo após terem suas zertas mortas ou tomadas pelos aldeões.

Eles não conseguem ir muito longo antes de serem capturados ou mortos.

Um grito de triunfo irrompe entre os aldeões e entre os homens de Gwendolyn. Eles se reúnem, celebrando e abraçando-se como irmãos, e Gwendolyn se apressa para descer a encosta e juntar-se ao grupo com Krohn em seus calcanhares. Ela entra no meio da multidão e é cercada pelos seus homens e pelos aldeões, pelo cheio de suor e medo no ar e pelo sangue fresco que cobre o chão de terra do campo de batalhas. Ali, naquele dia, apesar de tudo que havia acontecido no Anel. Gwen sente um momento de triunfo. Aquele é um momento glorioso de vitória no meio daquele deserto, cercada pelos aldeões e pelos exilados do Anel, unidos contra um inimigo em comum.

Os aldeões haviam perdido muitos homens bons e Gwen também tinha perdido alguns bons guerreiros. Mas pelo menos Darius, Gwen fica aliviada ao ver, está vivo e amparado pelos seus amigos.

Gwen sabe que o Império possui milhões de soldados. Ela sabe que o acerto de contas um dia chegará.

Mas esse dia não é hoje. Hoje ela não tinha tomado a decisão mais sábia, mas sua decisão certamente tinha sido a mais corajosa. A decisão certa. Ela sente que aquela é uma decisão que seu pai teria tomado. Ela tinha escolhido o caminho mais difícil. O caminho correto. O caminho da justiça. O caminho da coragem. E não importa o que aconteça agora, ela havia sobrevivido.

Ela tinha realmente vivido.

Um Juramento de Irmãos

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