Читать книгу Cavaleiro, Herdeiro, Príncipe - Морган Райс, Morgan Rice - Страница 13
CAPÍTULO QUATRO
ОглавлениеLucious girou a sua espada na mão, exultante com a forma como ela brilhava à luz do amanhecer, no instante antes de golpear o velho homem que se tinha atrevido a se atravessar no seu caminho. Em torno dele, mais plebeus caíam nas mãos dos seus homens: os que ousavam resistir e qualquer estúpido o suficiente que estivesse simplesmente no lugar errado à hora errada.
Ele sorria enquanto os gritos ecoavam à sua volta. Ele gostava quando os camponeses tentavam lutar, porque isso dava aos seus homens uma desculpa para mostrar-lhes o quão fracos eles realmente eram, comparados com os seus melhores. Quantos ele havia matado em ataques como aquele? Ele não se tinha dado ao trabalho de continuar a contar. Porque deveria ele salvar a mais ínfima atenção para o seu tipo?
Lucious olhou à volta quando os camponeses começaram a correr e gesticulou para alguns dos seus homens. Eles correram atrás deles. Correr era quase melhor do que lutar, porque havia um desafio para caçá-los como presas que eram.
"O seu cavalo, sua alteza?", perguntou um dos homens, levando o garanhão de Lucious.
Lucious abanou a cabeça. "O meu arco, acho."
O homem concordou e passou a Lucious um elegante arco recurvo de cinza branca, misturada com chifre e prata. Ele colocou a flecha no arco, recuou a corda e deixou-a voar. Ao longe, um dos camponeses que estava a correr foi abatido.
Não havia camponeses com quem lutar, mas isso não significava que eles já tivessem terminado. De longe. Ele tinha descoberto que camponeses escondidos poderiam ser tão divertidos como correr ou lutar contra aqueles no seu caminho. Havia tantas maneiras diferentes de torturar os que pareciam ter ouro, e tantas maneiras de executar os que pudessem ter simpatias rebeldes. A roda de fogo, a forca, a corda para enforcar... o que seria hoje?
Lucious apontou para dois dos seus homens para começarem a abrir as portas ao pontapé. Ocasionalmente, ele gostava de queimar aqueles que se escondiam, mas as casas eram mais valiosas do que os camponeses. Uma mulher saiu a correr e Lucious apanhou-a, atirando-a ao calhas na direção de um dos traficantes de escravas, que o seguia como uma gaivota atrás de um navio de pesca.
Ele entrou no templo da aldeia. O padre já estava no chão, segurando um nariz partido, enquanto os homens de Lucious apanhavam ornamentações de ouro e prata para dentro de um saco. Uma mulher com vestes de sacerdotisa confrontou-o. Lucious reparou num lampejo de cabelo loiro que saía do seu capuz, com uma certa semelhança que o fez parar.
"Tu não podes fazer isto", insistiu a mulher. "Somos um templo!"
Lucious agarrou-a, afastando o capuz das suas vestes para a ver. Ela não era o duplo de Stephania - nenhuma mulher nascida inferior conseguiria tal - mas ela era suficientemente parecida para valer a pena manter por um tempo. Pelo menos até ele se aborrecer.
"Eu fui enviado pelo teu rei", disse Lucious. "Não tentes dizer-me o que eu não posso fazer!"
Demasiadas pessoas tinham tentado fazer-lhe isso. Tinham tentado colocar-lhe limites, quando ele era a única pessoa no Império sobre quem não devia haver limites. Os seus pais tinham tentado, mas ele seria rei um dia. Ele seria rei, independentemente de tudo o que ele tinha encontrado na biblioteca quando o velho Cosmas pensava que ele era burro demais para entendê-lo. Thanos iria aprender o seu lugar.
A mão de Lucious apertava o cabelo da sacerdotisa. Stephania iria aprender o seu lugar também. Como é que ela ousava casar-se com Thanos assim, como se ele fosse o príncipe a desejar? Não, Lucious iria encontrar uma maneira corrigir as coisas. Ele iria separar Thanos e Stephania tão facilmente quanto ele separava as cabeças daqueles que o enfrentavam. Ele iria exigir Stephania em casamento, não só porque ela era Thanos como também porque ela daria o ornamento perfeito para alguém da posição dele. Ele iria gostar disso, e até lá, a sacerdotisa que ele tinha agarrado daria uma substituta adequada.
Ele atirou-a para um dos seus homens para que aquele a vigiasse, e partiu para ver que outras diversões ele poderia encontrar na aldeia. Ao sair, ele viu dois dos seus homens a amarrarem um dos aldeões que tinha fugido para uma árvore, com os braços abertos.
"Porque é que não mataram este?" exigiu saber Lucious.
Um deles sorriu. "O Tor estava aqui a contar-me sobre algo que os nortenhos fazem. Chamam-lhe a Águia de Sangue."
Lucious gostou do que ouviu. Ele estava prestes a perguntar o que é que isso envolvia quando ouviu o grito de um dos vigias que guardavam os rebeldes. Lucious olhou ao redor, mas em vez de uma horda de escumalha comum a aproximar-se, ele viu uma única figura a cavalgar num cavalo facilmente do tamanho do seu. Lucious reconheceu a armadura instantaneamente.
"Thanos", disse ele. Ele estalou os dedos. "Bem, parece que o dia de hoje está prestes a ficar mais interessante do que eu pensava. Tragam-me o meu arco novamente."
***
Thanos incitou o seu cavalo para a frente ao ver Lucious e o que o seu meio-irmão estava a fazer. Qualquer dúvida que tivera em deixar Stephania para trás dissipou-se no calor da sua raiva quando viu os camponeses mortos, os traficantes de escravos, o homem amarrado à árvore.
Ele viu Lucious a sair e a levantar um arco. Por um momento, Thanos não conseguia acreditar que ele iria fazê-lo, mas porque não? Lucious já o tinha tentado matar antes.
Ele viu a flecha voar do arco e ergueu o seu escudo a tempo. A cabeça bateu no metal do seu escudo, começando a tinir. Seguiu-se uma segunda flecha, e, desta vez, perfurou o escudo, parando muito perto do rosto de Thanos.
Thanos forçou o seu cavalo a avançar para atacar quando uma terceira flecha passou a zunir por ele. Ele viu Lucious e os seus homens a atirarem-se para o chão, desviando-se repentinamente do caminho, enquanto ele se deslocava apressadamente pelo local onde eles tinham estado. Ele girou e puxou da espada, no momento exato em que Lucious se conseguiu levantar.
"Thanos, tão rápido. Qualquer um pensaria que tu estavas ansioso por me ver."
Thanos nivelou a espada no coração de Lucious. "Isto acaba agora, Lucious. Eu não vou deixar que tu mates mais ninguém do nosso povo".
"Nosso povo?", contrapôs Lucious. "Eles são o meu povo, Thanos. Meu para fazer o que eu quiser com eles. Deixa-me que te demonstre."
Thanos viu-o desembainhar a espada e arrancar na direção do homem amarrado à árvore. Thanos percebeu o que o seu meio-irmão ia fazer e pôs o seu cavalo em movimento mais uma vez.
"Detenham-no", ordenou Lucious.
Os seus homens saltaram para obedecer. Um deu um passo em direção a Thanos, apontando uma lança ao seu rosto. Thanos desviou-a com o seu escudo, cortando a cabeça da arma com a sua espada e, em seguida, pontapeou o homem pelos ares. Ele esfaqueou outro que correu na sua direção, empurrando-o para baixo pelo ombro da armadura e desembainhando a sua espada outra vez.
Ele forçou-se a ir para a frente, atravessando a pressão de opositores. Lucious continuava a avançar na direção da vítima que tinha escolhido. Thanos deu balanço à sua espada na direção de um dos bandidos de Lucious, apressando-se, enquanto Lucious sacava a sua própria espada novamente. Thanos conseguiu, por pouco, lançar o seu escudo e o golpe ouviu-se num barulho de metal contra metal.
Lucious agarrou o seu escudo.
"Tu és previsível, Thanos", disse ele. "A compaixão sempre foi a tua fraqueza."
Ele puxou Thanos com força suficiente para o arrancar da sela. Ele rebolou a tempo de evitar um golpe de espada e libertou o seu braço das alças do seu escudo. Segurou com força com as duas mãos a sua espada enquanto os homens de Lucious se aproximavam novamente. Ele viu o seu cavalo afastar-se a correr, mas isso significava que agora ele não tinha a vantagem da altura.
"Matem-no", disse Lucious. "Vamos culpar os rebeldes."
"Tu és bom a tentar isso, não és?" ripostou Thanos. "É uma pena que não sejas igualmente bom a terminar o trabalho."
Um dos homens de Lucious chegou-se ao pé dele e, em seguida, deu balanço a uma maça cravejada. Thanos entrou no arco do golpe, cortando na diagonal. Em seguida, afastou-se a girar com a sua espada estendida para manter os outros à distância.
Naquele momento, eles aproximaram-se rapidamente, como se soubessem que nenhum deles sozinho ia conseguir derrotar Thanos. Thanos recuou, de costas contra a parede da casa mais próxima para que os seus adversários não o conseguissem cercar. Havia três homens perto dele agora, um com um machado, um com uma espada curta e um com uma espada curvada como uma foice.
Thanos manteve a sua espada perto, observando-os, não querendo dar a nenhum dos mercenários a hipótese de emarenharem a espada tempo suficiente para que os outros avançassem.
O que estava do lado direito de Thanos tentou um golpe com a sua espada curta. Thanos, em parte, aparou-a, sentindo-a a ressoar da sua armadura. Algum instinto fê-lo girar e baixar, mesmo a tempo do machado do homem canhoto lhe passar por cima. Thanos golpeou pela altura do tornozelo derrubando o bandido e, em seguida, inverteu a sua espada e empurrou para trás, ouvindo um grito quando o primeiro homem apareceu a correr.
Aquele que tinha a espada curva atacou com mais cautela.
"Ataquem-no! Matem-no!", exigiu Lucious, obviamente impaciente. "Oh, eu próprio o vou fazer!"
Thanos lutava e o príncipe entrou na luta. Ele duvidava que Lucious o tivesse feito se não tivesse havido um outro homem ali para ajudá-lo. E talvez houvessem mais a caminho. Na verdade, tudo o que Lucious tinha a fazer era atrasar as coisas, e Thanos daria por si esmagado por um número tão elevado de homens.
Portanto, Thanos não esperou. Em vez disso, ele atacou. Ele golpeava sem parar, alternando entre Lucious e o bandido que Lucious tinha trazido com ele, construindo o ritmo da luta. Então, de repente, ele parou. O detentor da foice golpeou o ar vazio. Thanos golpeou na abertura e a cabeça do homem saiu a voar.
Ele atirou-se a Lucious num instante, espada com espada. Lucious pontapeou-o, mas Thanos desviou-se do golpe para o lado, agarrando a espada de Lucious pelo botão do punho. Thanos puxou para cima e arrancou a espada das mãos de Lucious e, em seguida, atacou pelos lados. A sua espada ressoou com o embate na couraça de Lucious. Lucious desembainhou uma adaga e Thanos agarrou a espada de forma diferente, dando balanço por baixo com a ponta do punho de modo que a cruz de proteção ficasse presa em torno de joelho de Lucious.
Ele puxou a espada e Lucious caiu. Thanos arrancou a adaga da mão dele com um forte pontapé.
"Diz-me outra vez como é que a compaixão é a minha fraqueza", disse Thanos, levantando a ponta da sua espada sobre a garganta de Lucious.
"Tu não farias isso", disse Lucious. "Tu estás apenas a tentar assustar-me."
"Assustar-te?", disse Thanos. "Se eu achasse que assustar-te resultaria, eu ter-te-ia assustado de morte anos atrás. Não, eu vou acabar com isto."
"Acabar com isto?", disse Lucious. "Isto não acaba, Thanos. Não até eu ganhar."
"Ficarias à espera disso muito tempo", Thanos assegurou.
Ele ergueu a espada. Ele tinha de fazer aquilo. Lucious tinha de ser detido.
"Thanos!"
Thanos olhou para o som da voz de Stephania. Para sua surpresa, ele viu-a a aproximar-se, cavalgando num galope acelerado. Ela usava uma roupa de montar que estava muito distante dos seus habituais elegantes vestidos, e do estado desgrenhado daquela roupa, parecia que ela se tinha vestido às pressas.
"Thanos, não!", gritou ela ao se aproximar.
Thanos agarrou a espada com mais força. "Depois de tudo que ele fez, achas que ele não o merece?"
"Não é sobre o que ele merece", disse Stephania, desmontando ao se aproximar. "É sobre o que tu mereces. Se tu o matares eles vão matar-te por isso. É assim que funciona, e eu não te quero perder assim."
"Ouve-a, Thanos", disse Lucious a partir do chão.
"Cala-te", disse Stephania de repente. "Ou queres que o incite a matar-te?"
"Ele tem que ser detido", disse Thanos.
"Não gosto disto", insistiu Stephania. Thanos sentiu a mão dela no seu braço, afastando a espada para longe. "Não de uma maneira que faz com que te matem. Tu juraste que serias meu para o resto das nossas vidas. Querias mesmo que ela fosse assim tão curta?"
"Stephania…", começou Thanos, mas ela não o deixou terminar.
"E eu?", perguntou ela. "Em quanto perigo ficarei eu se o meu marido matar o herdeiro do trono? Não, Thanos. Para com isto. Fá-lo por mim."
Se fosse outra pessoa a pedir, Thanos talvez ainda pudesse ter ido até ao fim. Havia muito em jogo. Mas ele não podia arriscar Stephania. Ele espetou a espada no chão, falhando a cabeça de Lucious por uma polegada. Lucious já estava a afastar-se correndo para um cavalo.
"Vais arrepender-te disto!", gritou-lhe Lucious. "Eu prometo que te vais arrepender!"