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Capítulo Um
Оглавление“Ei, o que você está fazendo comigo? Ei, o que você espera ver? Eu te amei e de todas as formas…”
Viv virou a cabeça em direção ao palco quando a voz do jovem cantor preencheu o salão e abafou a conversa entre os outros clientes da boate. Por que essa música depois de tudo que eles passaram? Por que as memórias dela tinham que voltar e assombrá-lo agora? Mesmo que fosse através da letra de uma música idiota, interpretada por um estranho. Viv tinha pensado que ele finalmente estava superando Grace. Especialmente depois da última vez que ela decidiu machucá-lo, acabando com a vida de seu irmão Daniel. Mesmo que ele já tivesse amado Grace, Viv nunca quis vê-la novamente. "Doga." Daniel se virou para Viv e sorriu ironicamente. “Agora há memórias de um passado fodido. Essa música me faz odiar ainda mais essa vadia, mais do que já a odeio. Olha, pelo menos esse cara é mais sexy do que Grace."
Ambos ignoraram a risada antipática de Brie na fala de Daniel. A namorada atual de Daniel aos olhos de Viv não era muito melhor do que Grace.
Pela forma que seu irmão falava, Viv sabia que Daniel ainda estava tão fodido agora quanto antes nas mãos de Grace e todos os seus jogos mentais. Antes ela era tão doce, parecia que ela havia mudado da noite para o dia. O que ela fez com Daniel destruiu o que ela e Viv compartilharam. Viv sempre teve a sensação de que Brie de alguma forma estava envolvida no que aconteceu com Daniel, mas ele não podia provar. Daí a razão de Brie ainda estar em suas vidas.
Daniel a estudou, e Viv percebeu que seu irmão viu todas as emoções que ele não conseguia esconder enquanto ouvia a música favorita de Grace. Viv suspeitava que sua namorada atual fizesse parte do grupo que drogou Daniel e colocou seu vídeo na Internet para todos verem. Viv tentou não chorar de raiva e humilhação com a memória de Grace e toda a dor que ela lançou várias vezes. Ela era a razão pela qual ele não namorava mais a sério. Ninguém chegaria tão perto dele novamente.
“Sim”, Daniel pensou. “Ele é muito bonito.”
“Daniel, às vezes a merda que sai da sua boca me diverte e me faz pensar o que passa com você?” Viv riu enquanto ele tentava desviar a atenção de sua própria demonstração de emoção pela coincidência de estar tocando uma música estúpida. Mesmo que ele nunca pensasse que o que ele disse de certa forma machucasse, a dor pairou nos olhos de Daniel.
Deus me dê forças.
Tudo ficou em silêncio por um momento e, por mais que tentasse, Viv não conseguia tirar os olhos do jovem cantor. Viv o achava muito bonito—para um homem. Seu cabelo curto, escuro e espetado se arrepiou para todos os lados em sua cabeça, como se ele tivesse frustrado e apenas momentos antes passou a mão no cabelo. Ele também tinha um bigode fino e uma barba ainda para fazer. O pelo em seu rosto parecia estranho nele, mas de uma forma muito estranha, Viv gostou. O corpo dele era magro, mas não tão magro. O suor brilhava em seu rosto sob as luzes do palco e, pela maneira como cantava, é claro que ele gostava do que estava fazendo—parecia feliz. Mais do que algumas pessoas na multidão, tanto homens quanto mulheres, estavam voltados para o show desejando o cantor, o que divertiu Viv, já que o cara parecia alheio a eles.
“O que foi que eu disse?” Daniel perguntou, sua atenção também voltada para o palco. Viv estudou seu irmão e teve a sensação de que Daniel estava refletindo sobre tudo o que eles conversaram e, Viv teve que concordar com os comentários anteriores de Daniel. Honestamente, o cantor era realmente bonito, Viv era mais bonito do que Grace. Daniel etinha certeza disso. Ele provavelmente estava em algum lugar entre os vinte anos de Daniel e os trinta e dois anos de Viv. Ele pensou se o cara era hétero. Em sua opinião, ele não achava que alguém tão bonito pudesse ser hétero, e ele sentiu ‘Eu sou muito sexy para ser solteiro’.
De onde diabos veio esse pensamento? Eu não sou gay. Não me sinto atraído por homens, não importa quão charmosos eles sejam. É mais do que provável que algum jovem bonito esteja esperando que ele termine, e mesmo que eu estivesse atraído, não há nada que eu possa fazer a respeito. Então, bora seguir em frente.
Daniel suspirando, deu à Viv a sensação de que seu irmão já estava apaixonado pelo cantor. Por alguma razão estranha, Viv não gostava do jeito que o seu irmão olhava para o cara. Parte dele queria lembrar a Daniel que ele tinha uma namorada sentada com eles—uma namorada chata do caralho, mas ela era a namorada de Dan—e assim, manter os olhos longe de alguém com quem ele não estava namorando.
“Esqueça. Eu não quis dizer isso. Eu não quero falar sobre Grace.” Ele disse o nome de sua ex com muito ódio. “Sinto muito por descontar minha frustração em você.” Viv olhou para o cantor mais uma vez e passou em seu olhar uma intensa antipatia a ele. Em sua própria mente, um estranho entretendo a multidão era a razão pela qual ele e seu irmão estraram em desacordo. Bem, não exatamente probabilidades. Mais que ele era o motivo pelo qual Viv estava descontando sua mágoa e ódio em seu irmão por ter trazido Grace para suas vidas em primeiro lugar.
Mesmo enquanto pensava que a culpa era do cantor no palco, ele sabia que sua reação não fazia sentido. Ele não conhecia esse cara de Adam. Depois dessa noite, ele provavelmente nunca mais o veria. Era justo culpar o artista por algo que aconteceu com você? Talvez isso fosse uma bênção disfarçada. Mesmo assim, ele não conseguia tirar os olhos do cantor. E ainda mais louco, sua imaginação lhe disse que o cara estava olhando de volta para ele. Viv quase riu bem alto. Por um momento, parecia que seu coração estava batendo no mesmo ritmo da música.
Que doidera é essa?
Viv nunca achou ser homofóbico, embora muitas pessoas ainda o vissem dessa forma. Porque? Ele nunca soube realmente. Ele preferia meninas. As meninas eram macias em todas as partes. Claro, uma ou duas vezes—tudo bem, talvez algumas vezes no passado—ele pensou que algum cara fosse bonito, mas isso foi o mais longe que seus pensamentos já tinham ido. Ele nunca seguiu esses pensamentos. Esse cara era muito bonito, mas ver desse jeito não tornava Viv gay, não é mesmo? Viv estava acostumado a estar perto de homens e mulheres gays e isso nunca o incomodou, especialmente morando com Daniel, que parecia não se importar com quem ele amava, desde que ele fosse amado em troca. Talvez seu irmão se sentisse assim desde que tinha apenas 20 anos e não estava pronto para resolver isso. A maioria dos relacionamentos de Daniel eram luxúria com uma tendência a acabar rapidamente. Não importa o que acontecesse, Viv amava seu irmão do jeito que ele era, mesmo que, às vezes, o que Daniel fazia o deixasse com raiva.
Ele não podia dizer o mesmo de algumas pessoas que seu irmão escolheu ficar. A aventura mais longa e atual de Daniel estava começando a acabar, e Viv esperava que Brie logo saísse de cena. Ele tinha certeza de que Daniel só tinha ficado com ela tanto tempo porque ele sabia o quanto ela irritava Viv. Seu irmão sempre gostou de deixar Viv o mais desconfortável possível, e essa garota certamente fez isso. Ele não a suportava. Ela era astuta e seu instinto lhe dizia que ela era uma má influência.
Além disso, Brie era muito cruel. Viv olhou para ela e revirou os olhos. Ela também parecia hipnotizada pelo cantor no palco. A luxúria estava em seu rosto. Ele se perguntou se ela iria dar em cima do pobre rapaz como ela tinha feito com outros membros da banda que tocavam no Declan. Não que Daniel soubesse o que sua preciosa Brie estava fazendo. Viv queria dizer que ela estava perdendo tempo. O cara não estaria interessado nela de qualquer forma. A única coisa que o impediu de falar foi o fato de que ele não sabia qual sexo o cantor preferia. E ele não conseguia falar com ela, pois isso só terminaria em outra discussão. Talvez ele devesse dizer a Daniel quantas vezes sua namorada tentou dar em cima não só em Viv, mas também em todos os outros homens durante os dezessete meses que Daniel tinha estado com ela. Ele não conseguia dizer nada. Se fizesse isso, só iria acabar machucando mais Daniel.
Por que diabos Tony contratou essa banda, afinal?
E qual era o nome do grupo? Darkness Crawls?
Ele balançou a cabeça para os outros dois ocupantes sentados com ele. Viv podia ver que o cara bonito no palco se tornaria a nova obsessão de Daniel.
Ah, que alegria.
Não.
Viv só podia imaginar seu futuro inundado com a presença de um homem que já estava confundindo o corpo de Viv o suficiente para fazê-lo querer fugir e nunca mais olhar para trás. Ele não sabia se seria capaz de suportar testemunhar Daniel estando com esse cara sem se entregar também.
Seus pensamentos voltaram no presente, quando Daniel chutou seu pé por baixo da mesa e resmungou, “Viv, sabe de uma coisa? Você pode beijar minha bunda.”
Um sorriso apareceu no canto da boca de Viv quando ele se virou para seu irmão e viu Daniel se preparando para uma briga sem tirar o olhar do palco nem uma vez.
Esta noite finalmente será o fim do Brie. Aleluia! Espero que seja o fim dela, já que não há como Dan estar co raiva de mim. Dan nunca fica bravo comigo, não importa o quanto nós brigamos. Quase sinto pena da pobre cadela idiota. Espere… Não—não sinto pena alguma. Farei tudo o que Dan quiser, especialmente se conseguir o que eu quero.
A música manteve seu foco de volta ao palco, e os sentimentos que ele não tinha o direito de ter por um perfeito estranho estavam mexendo com algo dentro dele.
Por que ele tem que cantar essa música? Porque agora? Isso é um sinal? Se for, qual é a mensagem?
Viv acreditava muito em sinais. Foi algo ensinado a ele por seu pai, que sempre disse, ‘Tudo acontece por uma razão, então certifique-se de ouvir’.
Ele respirou ofegante. Por favor, não deixe Grace voltar e estragar tudo. Por que sempre me torno um perfeito idiota no minuto em que ela sorri para mim?
Viv não podia arriscar que sua ex chegasse perto de Daniel. Não depois do que aconteceu da última vez. Viv fechou os olhos. Ele pediu a Deus que estivesse errado. Mas do jeito que sua sorte estava ultimamente, ela estaria aparecendo em breve apenas para foder com sua cabeça novamente. No passado, ela havia entrado em sua vida em intervalos anuais e aqui o ano estava quase acabando desde sua última tentativa de fazer um inferno.
Enquanto Viv lentamente abria os olhos, seu olhar ia direto ao palco. Ele ficou paralisado quando percebeu que o cantor ainda estava olhando para ele. Não havia dúvida de que o cara estava de olho apenas nele. Ele ficou com falta de ar quando viu um sorriso torto brilhar timidamente em sua direção. Um calor estranho o percorreu, um que ele não conseguia entender. Ele sentiu uma vibração na boca do estômago enquanto ele lutava para colocar seus pensamentos em ordem. E ainda mais, ele não pôde evitar sorrir de volta.
Que diabos estou fazendo?
Estou fodido.
“Bem, isso é a primeira vez”, Daniel ficou em choque. “Se eu não soubesse melhor, eu pensaria que o cantor estava vindo para…bem…você. E se não for engano meu, eu diria que você está flertando também.” Daniel olhou para Viv.
Daniel mordeu seu lábio e Viv se perguntou se seu irmão sentiu a sensação estranha dentro dele, bagunçando tudo. Os olhos de Daniel se arregalaram ainda mais e ele ficou boquiaberto quando Viv virou os ombros, em seguida, olhou para o palco e sorriu para o cantor novamente.
“Se você conseguir, mostre.” Viv sorriu, sem saber por que ele estava gostando da declaração inflamada de Daniel sobre o cara flertando com ele. Então, ele fez a única coisa que conseguiu pensar e descartou isso como uma piada antes de acrescentar, “Honestamente, ele provavelmente está olhando para você de qualquer maneira.”
“Viv”, Daniel perguntou baixinho, tá escrito no seu rosto, “eu realmente te irrito?”
Viv deveria saber que seu irmão voltaria ao seu comentário estúpido de antes. “Não, Dan. Você não. Desculpa dizer o que disse.” Às vezes, Viv odiava forma que ele falava demais e, nove em dez vezes, seu pobre irmão suportava o peso de uma de suas broncas.
“Às vezes eu sinto que você está sempre decepcionado comigo”, Daniel disse com tristeza. Viv ficou em silêncio enquanto observava a apreensão de Daniel. Eles tinham doze anos de idade, mas eram próximos. Eles sempre se levantaram e lutaram um pelo outro quando necessário. Nos últimos dezessete anos, ele criou Daniel sem qualquer ajuda de sua mãe. Ela largou Daniel, com três anos, em seu colo e partiu em uma viagem com o pai de Daniel.
Dava para perceber que criar um filho não estava de acordo com seus planos.
“Não, Dan. Você nunca poderia me decepcionar.” Viv acariciou o braço de seu irmão. Daniel se sentiu bem com suas próximas palavras. “Você é como um filho para mim. Sempre terei orgulho de você, não importa que eu diga de outra forma.” Ele estendeu a mão novamente e deu um tapinha no rosto do irmão em conforto e segurança. “Sempre vou te amar.”
Às vezes, Viv pensava que seu irmão não prestava nas coisas. Agora que ele tinha se assegurado de que ainda era querido e amado, Daniel mudou para o próximo assunto e, na verdade, Viv deu boas-vindas à distração de seus próprios pensamentos atuais e perturbadores. Pela primeira vez, ele estaria disposto a ouvir qualquer coisa que seu irmão quisesse dizer, especialmente se essa conversa mantivesse seus pensamentos e hormônios longe de onde eles não deveriam ir.
“Eu te contei sobre a garota mais intrigante—e também a mais estranha—que eu que conheci hoje?”
Viv balançou a cabeça e esperou que Daniel continuasse.
“Eu estava atravessando a rua para comprar um hambúrguer para Tony, e uma garota passou por mim. Ela estava rindo alto. Fiquei fascinado e a segui.”
Viv o observou com curiosidade. “Você perseguiu uma estranha?”
Daniel meio sem jeito disse: “Não, eu não persegui uma estranha. Não foi perseguição. Eu meio que a segui até a loja de música e a observei enquanto ela olhava CDs. Eu não pude evitar. Eu precisava ver. Ela era linda pra caralho”, Daniel disse, e seus olhos brilharam. “Sabe, ela era uma daquelas pessoas que é linda sem nem tentar ser e, mais do que provavelmente, nem sabe que é. Eu poderia ter ficado olhando para ela o dia todo.”
Quando seu irmão suspirou, Viv tentou não rir. “E como isso não é classificado como perseguição? A loja de música fica a quatro quarteirões daqui.”
Daniel revirou os olhos. “De qualquer forma, o que estou querendo dizer é que ela me viu e largou os CDs que estava segurando, então se levantou e me encarou por um longo tempo. Ela colocou os óculos de sol na cabeça e revelou seus incríveis olhos azuis grandes que brilhavam felizes. Quando pensei que já era hora de dar o fora de lá, ela começou a mexer na bolsa e tirou um pacote de fotos. Ela as folheou, escolheu uma e disse: ‘Qual é o seu nome?’ E depois de dizer, ela escreveu meu nome na foto, colocou um coração com um S e disse, ‘Aqui está uma foto. Dura mais’.”
Um lento sorriso surgiu no rosto de seu irmão segundos antes de ele falar novamente.
“Então, antes que eu pudesse pensar em algo para responder, ela me agarrou pelo pescoço e me puxou em sua direção para que pudesse me beijar. Foi um beijo completo, sem frescura. Quando terminamos, ela pediu seu chiclê de volta, pois ele ficou dentro da minha boca. Então ela piscou para mim enquanto colocava o chiclete de volta em sua boca e pegou suas coisas. Antes que meu cérebro tivesse tempo de pensar, ela começou a rir e saiu da loja. Eu realmente queria continuar a segui-la pela cidade a tarde inteira—mas então isso teria sido uma perseguição.”
Viv se perguntou se Daniel ao menos percebeu que havia suspirado e agora estava com um grande sorriso bobo. Brie, fez ar de deboche, não acreditando em nada, embora fazia careta como estivesse com raiva. Ela cruzou os braços e ouviu enquanto ela olhava com raiva para Daniel. Daniel a ignorava de propósito, e a merda estava prestes a explodir. Viv mal podia esperar.
“Então, o que você fez em seguida?” Viv perguntou, sabendo que ele estava apenas aumentando a raiva de Brie. E isso não o deixou feliz?
“Eu estava suspreso demais para fazer qualquer coisa além de ficar lá, e quando eu saí, ela tinha ido embora. Então, voltei e peguei o hambúrguer de Tony, depois de comprar uma moldura para colocar a foto dela na minha mesa do escritório. Me lembre de mostrá-la a você antes de irmos para casa esta noite.” Daniel balançou a cabeça surpreso com a memória da garota, com um sorriso em seu rosto. “Ela está vestida como uma hippie em tons de roxo e seu cabelo dourado parece uma auréola. Se eu a encontrar novamente, posso pedir-lhe em casamento, antes dela ter chance de ir embora.”
“Então, qual era o nome dessa linda garota com quem você quer se casar?” Viv perguntou curiosamente. Ele quase podia ver a raiva saindo de Brie enquanto ela se irritava com o rumo que a conversa estava tomando. O olhar azedo em seu rosto era uma indicação de uma explosão iminente. Viv queria levar os dois ao escritório, então ele se levantou e fez um gesto para que seu irmão se levantasse. “Venha e me mostre a foto agora. Eu quero dar uma olhada na mulher que roubou seu coração.”
A banda estava terminando seu show quando Viv se levantou. Daniel acenou com a cabeça e o levou até a entrada dos funcionários de seu escritório. Ele sabia que Brie o estava seguindo, mas Viv não se importou, contanto que seu ataque acontecesse a portas fechadas. A discussão seria épica.
Uma Brie ainda mais irritada bateu a porta atrás deles quando Daniel se aproximou, pegou a moldura da mesa e entregou a Viv. A surpresa encheu Viv quando percebeu que a mulher era tão bonita quanto seu irmão havia afirmado.
Daniel apontou para a assinatura. “Não sei o nome dela, mas tem que começar com um S.”
A conversa terminou de forma bruta quando Brie começou a dizer palavrões para Daniel. Talvez eles realmente devessem ter guardado essa conversa em particular até que o clube estivesse vazio, porque com certeza os clientes da boate ainda seriam capazes de ouvi-los através das paredes, apesar da música. Viv ouviu seus palavrões sobre o que Daniel poderia fazer com a foto dessa garota linda pra caralho. Viv ficou impressionado com a calma de Daniel durante todo o discurso dela com uma sobrancelha levantada enquanto olhava para Brie.
Este foi o fim. Viv sabia exatamente o que sairia da boca de seu irmão em seguida. Ele tinha ouvido esse discurso algumas vezes antes e poderia praticamente dizer palavra por palavra com Daniel. Desta vez, Viv esperou alegremente que Daniel falasse. Ele teve que morder a gengiva para não sorrir.
Daniel balançou a cabeça fingindo desânimo, sua voz cheia de sarcasmo. “Eu te amo… Não, espere. Pensando bem, eu não. As coisas estavam bem enquanto duraram, mas você e eu sabemos que não vamos a lugar nenhum. Então, não me ligue, e eu definitivamente não vou ligar para você—nunca mais.”
Bem depressa, Daniel se virou para Viv e retomou a conversa sobre a garota estranha e linda que ele conheceu no início daquela manhã. Nenhum deles olharam para Brie que continuava a xingar antes de sair do escritório.
Era errado que Viv quisesse pular e gritar de felicidade para o mundo? Felizmente, para todos os envolvidos, ele era muito maduro para agir como um colegial besta. Mas ele deu uma cutucada no ombro de seu irmão, acompanhada por um sorriso maníaco, antes de voltarem para o andar principal da boate.
“Vamos sair e conhecer a banda.” Ele se sentia seguro para fazer isso agora, visto que o cantor saiu correndo do local assim que eles deixaram o palco para uma pausa. Aonde quer que ele fosse, tinha muita pressa.
Conversar com os músicos era algo que eles geralmente faziam sempre que tinham um grupo ao vivo se apresentando no Declan. Era quando descobriam se tudo estava funcionando bem. Embora esta noite fosse um pouco diferente, já que Viv sabia que Daniel falaria sobre o cantor na conversa, querendo saber para onde ele tinha ido e quando voltaria.
Não é como se eu não tivesse acompanhado ele a noite toda e me perguntando a mesma coisa.
***
No final da última apresentação, Ray tirou a guitarra de seus ombros e a colocou no pedestal. Então ele realmente olhou para o que Beth estava vestindo. Ele não conseguia conter um sorriso maníaco de se formar enquanto ajudava Beth a descer do palco no Declan. Por que ela estava usando aquele par de saltos em particular, quando tinha tanta dificuldade para andar com eles, Ray não conseguia entender. Especialmente porque cada boate em que eles tocaram tinha algum tipo de palco do qual ela tinha que descer. Por que diabos ele não os notou antes?
Certo, porque eu estava muito ocupado verificando o Sr. Alto, Moreno e Sexy para prestar atenção em qualquer outra coisa.
“Eles precisam ir para o lixo para que você nunca mais fique tentada a usá-los”, ele brincou enquanto apontava para os pés da amiga.
“Cale a boca, Ray. Vou trocar com Girly quando ela chegar aqui. Você sabe que eles são meus favoritos”, Beth disse enquanto a levava para a mesa onde Josh e Jasper já estavam esperando.
“Estarei de volta assim que puder”, Ray prometeu enquanto pegava o telefone e lia a mensagem que recebeu durante a última música.
Pai, você está atrasado. Estou esperando.
Ele riu baixinho. Pelo menos Girly estava pronta. Ele mandou uma mensagem de volta.
Estou a caminho. Encontre-me lá na frente, por favor.
Depois de apenas alguns segundos, sua resposta veio.
Já está aí. Você me deve. GG disse oi, preguiçoso.
Ele amava sua avó mais do que tudo no mundo, mas ultimamente cada vez que ela o via, ela começava a gostar dele. Esta noite ele não queria ter a mesma velha discussão com ela. Ray suspirou ao estacionar na garagem de sua avó para encontrá-la esperando na frente com Girly, então ele teve que ouvi-la de qualquer maneira. Isso era comum.
Durante toda a conversa, os pensamentos de Ray continuaram se voltando para o cara que ele estava observando. Ele sorriu por dentro e se perguntou se sua avó o deixaria em paz se pudesse ler seus pensamentos. Era tão ruim sentir uma atração instantânea por um estranho? Ray achou fascinante observar enquanto o objeto de seu desejo estava conversando com o homem mais jovem com quem estava sentado. Bem, o mais jovem estava falando, e o cara estava ouvindo. O que quer que tenha ouvido deve ter sido bom, pois o fez sorrir. Ele tinha um sorriso tão bonito. Todo o seu rosto se iluminou, deixando-o ainda mais deslumbrante, se isso fosse possível.
Tudo, desde os tons de oliva de sua pele ao cabelo preto-azulado escuro e ondulado até os ombros, fascinou Ray. Se o cabelo do cara fosse mais comprido, provavelmente cairia em cachos. E isso seria sexy pra caralho. Ele queria tocar aquele cabelo. Teria sido incrível se o cara tivesse se levantado para que pudesse ver o quão alto era. Ray gostava de um homem mais alto do que ele. Ok, então ele estava mais do que animado. Seu batimento cardíaco acelerou muito e certas outras partes dele estavam ficando duras como pedra.
Sua imaginação disparou enquanto ele pensava no que diria se tivesse tido a coragem de se apresentar. 'Olá. Meu nome é Ray e só gostaria de dizer que acho seu sorriso lindo. Ah, e estaria tudo bem se eu tocasse em seu cabelo.’
Ele poderia agir como uma droga de garota? Ser gay não dava a ele o direito de cobiçar todo cara bonito que cruzasse seu caminho. Mesmo que ele estivesse meio desapontado, sabendo que tinha que sair, e ele esperava que o cara ainda estivesse aqui quando ele voltasse. Talvez então ele tivesse coragem de ir até lá e se apresentar.
Ou talvez não.
***
Daniel e Viv se apresentaram e sentaram-se. Viv acenou para uma garçonete e se ofereceu para pagar uma bebida a todos—como ele normalmente fazia em qualquer outra noite de show. Todos os membros da banda agradeceram, fizeram suas pedidos e se apresentaram como Beth, Jasper e Josh.
“Onde foi o outro cara?" Daniel perguntou com decepção em sua voz.
Beth olhou para Daniel por um momento antes de responder: "Ray? Ele foi buscar Girly. Eles voltarão logo.”
Os pés dela estavam no colo do Jasper quando o cara desfez o que Viv descreveria como saltos de prostituta. Eles tinham que ter pelo menos 15 cm de altura.
"Então, Daniel e Viv", Beth perguntou. "Quem é você, exatamente?"
“Nós somos donos deste lugar. "Você falou com Tony sobre fazer o show aqui. Ele dirige a parte de shows ao vivo do negócio. Daniel apontou para o homem alto e de pele escura que estava atrás do bar falando com um cliente. "O clube pertencia ao pai do Viv, por isso tem o nome de Declan. Mas mudamos muito o lugar desde que assumimos." De repente Daniel mudou de conversa. "Eu realmente gostei da voz de Ray.”
"Sua banda está junto há muito tempo?" Viv perguntou. Ele tentou mudar a direção da conversa antes de Daniel começar a fazer mais perguntas sobre Ray ou se soltar com sua teoria de como Ray e Viv estavam flertando durante a última parte do show. Seu irmão nunca teve um controle no cérebro e nem na boca. Se Daniel estivesse pensando em algo, logo todo mundo ouviria sobre isso. Isso era cativante e irritante ao mesmo tempo.
“Sim", respondeu o baixista loiro, Josh. "Todos nós nos conhecemos no ensino médio. Naquela época, éramos apenas uma banda de garagem. Jas, Brent, Girly e Ray já eram amigos, e quando Beth—eu a chamo de B—e eu mudamos para cá, Ray teve uma ideia brilhante para a nossa B, então todos nós saímos por um tempo e permanecemos amigos desde então." Josh olhou para Beth, que tinha puxado o canudo de sua bebida e jogado nele. "Para que foi isso?" Como se percebesse o que ele tinha feito, ele acrescentou: "Acho que estou compartilhando muita informação novamente. B, afinal, você é minha irmã. Embora eu tenha que te dizer, nós costumávamos pegar os melhores bolos e biscoitos na casa da avó do Ray. Acho que ela adorava nos ter por perto. Eu sinto falta daqueles dias de banda de garagem.”
Beth e Jasper começaram a rir. Do que você está falando,? Fomos à casa da vovó na segunda passada. Pelo amor de Deus, não é de admirar que você não tenha muitos amigos. Ninguém realmente quer saber da nossa vida", ela brincou.
“Eu sei, mas pensar nesses bolos me dá fome.”
Eles ainda estavam todos sentados lá conversando quando Ray voltou com o braço em volta de uma jovem—uma jovem muito bonita que Viv achava muito familiar. Viv ficou fascinado quando eles foram direto para a pista de dança.
Daniel surpreso deu uma cotovelada no Viv. "É ela! Essa é a garota do chiclete que me deu a foto. Eu não disse que ela era linda?”
Beth virou-se e olhou onde apenas Ray e Girly estavam dançando como lunáticos, e Beth começou a rir. "Coisa de Girly. Aposto que ela te disse que dura mais tempo.”
Daniel estava muito ocupado olhando para os dois para responder. Tantas emoções fluíram em seu rosto, e Viv quase podia ouvir os pensamentos na cabeça de seu irmão. Ele sabia que Dan estaria pensando: "Claro que ela teria um namorado. Se o cara com quem ela está dançando é o namorado dela, então ele definitivamente não é gay, também. A decepção seria passar por ele duas vezes por ambas perdas. Viv sabia disso porque, estranhamente, ele também estava sentindo algum tipo de perda e precisava descobrir o porquê.
Viv observou Ray dançar e gemeu quando o calor em seu estômago estava começando a agitar como uma correnteza violenta. Ele esperava que ele só estivesse ficando doente. Qualquer outra coisa seria apenas uma complicação em sua vida—uma complicação que ele não estava pronto para reconhecer de forma alguma. Ray e Girly estavam cantando junto com a música. O jeito que eles estavam dançando chamou a atenção de Viv. De alguma forma, sentiu que eles não eram namorados, mas podia ver que eles eram muito próximos. Talvez fossem irmãos.
Daniel falou, fazendo a mesma pergunta.
“Ela é a namorada dele?”
Viv começou a beber enquanto observava e ficou aliviado quando Beth disse não com a cabeça.
“Não, ela é filha dele.”
A resposta dada não era o que ele esperava. Viv engasgou com sua bebida, e Daniel bateu em suas costas enquanto Viv dizia em voz alta: "Ela é muito velha para ser sua filha.”
Jasper respondeu: "Sara é filha de sua irmã, mas todos a chamam de Girly. Izzy morreu quando Girly tinha nove anos. Ray só tinha 18 anos. Izzy a deixou para Ray, e seu pai disse que ela era responsabilidade dele, então ele arranjou para Ray adotar. Embora, sério, ele tem cuidado dela desde que ela nasceu. Izzy não era exatamente a melhor mãe do mundo, e quando ela conheceu um cara novo, ela largou Girly e se foi.”
Isso não me pareceu familiar? Viv balançou a cabeça. Isso parecia tanto com o o que mãe dele fez. Viv ficou surpreso que sua mãe não lhe trouxe mais filhos para criar. Talvez ela nunca mais tivesse tido. Seria triste pensar que ele tinha outros irmãos lá fora e nunca soubesse, e que eles, por sua vez, não saberiam nada sobre ele e Daniel. Ele duvidou que sua mãe iria querer anunciar seu passado e explicar sobre as crianças que ela tinha dado.
“Isso é loucura", sussurrou Daniel.
Beth explicou: "Você tem que entender que os Connellys são uma família rica e muito antiga. Em algum lugar ao longo da linha, Izzy—Isobel—fez algo que a renegou por seus pais. No final, ela só falou com Ray, porque ele ainda a amava, não importa o que ela tivesse feito. O pai deles, Liam, teve dificuldade em aceitar Girly como parte da família quando ela era um bebê. Na certidão de nascimento, o pai é um desconhecido, mas todos sabiam quem era ele. O cara em questão era casado na época. Ele até teve um filho um ano ou dois mais velho que Girly. Isso não importava para Ray e ele não podia deixar Girly ir. Ela era sua última ligação com Isobel e ela é como filha há nove anos. Izzy não queria ser pai e deu Girly para a família de Ray. Ray disse uma vez que ela sempre foi responsabilidade dele. Ele estava cuidando dela desde o dia em que ela nasceu.”
Quando Ray e Girly foram em direção a eles, Daniel falou calmamente quando ele perguntou: "Ele não vai ficar chateado que você nos disse, vai?”
“Não. Girly vai te dizer de qualquer maneira. Ela está tão orgulhosa dele. Eles são melhores amigos", Josh finalizou.
“Olá, Dan. Que bom encontrar você aqui”, disse Girly. Ela tocou de leve seus lábios nos de Daniel antes de se sentar em seu colo. Ela enfiou a mão na bolsa e puxou um pacote para entregar a Josh. "GG mandou uma sobremesa para você, seu garotão."
“GG?” Daniel perguntou.
“Bisavó dá muito trabalho”, explicou Girly.
Josh sorriu quando abriu o pacote e olhou para dentro. "Tudo bem! Te amo, vovó." Ele começou a devorar o pedaço de bolo de chocolate que estava lá.
“Irmão, você é nojento. Beth riu.
"Então, se eu ouvi direito, vocês dois são irmãos?" Daniel perguntou, seu braço abraçado na cintura de Girly.
A visão fez Viv sorrir. Dedos cruzados para que Girly não tivesse feito nada como Brie.
“Sim. Beth riu de novo. "Nascemos no mesmo ano, mas não somos gêmeos. Assim que ele saiu quando mamãe engravidou de mim, mas a maioria das pessoas acha que somos gêmeos.”
“Como vantagem, nós dois podemos comemorar dois aniversários todos os anos”, acrescentou Josh, enquanto enfiava o último pedaço de bolo na boca.
O corpo inteiro de Ray formigava e ele quase teve um ataque cardíaco quando ele e Girly foram para a mesa deles. Por mais estranho que fosse, o cara que ele estava olhando mais cedo estava sentado lá falando com seus amigos. Seu rosto ficou vermelho com a forma que foram apresentados.
Porra. Esse cara é muito lindo para descrever.
E, por sorte, o único lugar disponível era ao lado de Viv. Ray quase ficou molhado em excitação nervosa quando eles foram apresentados. Mesmo quando ele tentou agir frio, calmo, e recolhido, dentro dele era só agitação, gritos, delirantes de nervosismo.
Ray pensou em fugir. Estar tão perto dele fez seu corpo reagir inapropriadamente. Ele queria fazer isso parar, especialmente quando ele ainda estava fingindo para o resto do mundo que ele gostava de garotas. Connellys nunca foram gays. Pelo menos foi o que o avô dele sempre lhe disse. Olhando para Viv, ele tentou não transparecer o que estava acontecendo. Seu coração tremia quando viu como os olhos de Viv eram tão verdes. Eram da cor da grama e fez seu rosto parecer ainda mais bonito de perto. Ray lutou contra a vontade de passar seus dedos nos lábios carnudos dele enquanto ele se sentava e ouvia pela metade a conversa ao seu redor. Lutando desesperadamente para não continuar olhando Viv, Ray admitiu a derrota. Realmente, ele estaria bastante disposto a sentar e olhar direto para Viv pelo resto da noite. A única coisa que o impedia era o medo de ser chamado a atenção ou, pior, levar uma porrada na cara.
Dando a si mesmo uma boa sacudida interior, Ray voltou para a conversa em questão e percebeu que Jasper estava olhando para ele. Ele sabia pelos olhares nos rostos de todos que Jasper estava tentando chamar sua atenção por um tempo.
“O que?" Ray ficou com vergonha.
"Então, a vovó ainda quer que você se apresse e arranje um namorado?"
Ray acenou com a cabeça. “Eu continuo dizendo a ela que não sou gay, mas ela não escuta.” A pequena mentirinha escapou tão facilmente como sempre acontecia.
Ambos Girly e Beth reviraram os olhos para ele, enquanto Josh e Jasper tentavam esconder seus sorrisos. Ray ficou ainda mais nervoso. Ele não estava pronto para seus amigos saberem a verdade ainda, e ele definitivamente não queria falar sobre sua sexualidade na frente de Viv e Daniel.
"O que?" Ray tentou parecer indiferente.
Girly se inclinou sobre Viv e deu um tapinha no rosto de Ray. “Ela sabe o que sabe. Acho que você deveria levar algum cara diferente para conhecê-la. Talvez então ela fique satisfeita e saia do seu pé. Você quer que GG fique feliz, não quer?"
Ray olhou para ela sem acreditar. “Claro que quero que ela seja feliz, mas o que devo dizer? 'Oi. Meu nome é Ray. Olha, minha avó quer me ver com um jovem simpático. Então você acha que pode fingir ser gay comigo pelos próximos vinte anos para que minha avó morra contente?' ”O constrangimento o consumiu. "Eu levaria um soco na boca antes mesmo de terminar de falar.”
“Você sabe que existem caras lá fora que estariam dispostos a namorar você quando quisesse, certo? " Disse Daniel.
"Ele ainda está fingindo ser hetero", respondeu Girly. “Meu bisavô tinha algumas noções bem fodidas quando se tratava de sexualidade, e papai tem dificuldade em ser aberto sobre quem ele é.”
Ray desejou que ela calasse a boca e parasse de expor sua vida. Ele fez uma careta para ela, esperando que ela entendesse seu sinal.
"Eu vou fazer isso. Serei seu namorado para ela”, disse Daniel com sinceridade.
Todos olharam para ele incrédulos, especialmente Ray, e ele não pôde deixar de notar como Viv estava olhando feio para seu irmão.
Que diabos é isso?
Mas Girly falou antes que ele pudesse responder. "Não, você não vai. Eu mesmo tenho planos para você.”
Daniel parecia uma tainha fora da água.
Ray esperava que fosse o fim de tudo, mas Girly não parecia estar com vontade de deixar isso passar.
Sua filha voltou sua atenção para Ray. “Pai, você deveria fazer isso. Eu amo GG e ela nos ama. Por favor, ela só quer ver você feliz. Bem, feliz—e ela quer que você tenha mais filhos”, ela terminou com um sorriso.
Ray balançou a cabeça em frustração. “Vamos conversar sobre isso em casa. Você sabe que só me confunde muito quando começa a discutir o lado dela o tempo todo. E você também sabe porque eu não posso ser gay.” Ele não precisava disso agora. Não quando eles ainda tinham um show para terminar. “E se eu fosse gay, como diabos eu teria mais filhos? Sequestrando-os?"
Ray se levantou e voltou para o palco antes que alguém acontecer algo mais. Ele pegou seu violão e começou a tocar, então olhou de volta para a mesa a tempo de ver Viv se levantar e sair. Ele revirou os olhos quando viu Beth e Girly trocando os sapatos.
Esses malditos sapatos devem sumir.
Durante toda a apresentação seguinte, Ray se viu procurando por Viv enquanto Viv andava pelo clube conversando com as pessoas. Uma ou duas vezes Viv realmente se virou e olhou de volta para ele, e Ray baixou os olhos com vergonha por ter sido descoberto. Poucos minutos depois, ele se encontraria procurando pelo cara novamente.
Descobrir que Viv era o dono do clube foi um bônus a mais. Ele sabia que isso significava que Viv não iria embora tão cedo. Bem, ele esperava que não. Ray adorava ser capaz de se perder na música e, por um momento, esquecer os talvez e o que poderia ter acontecido. Ser gay era uma merda quando ele não conseguia ser honesto sobre quem ele realmente era. Ele era péssimo em guardar segredos e todos sabiam disso. Ray ainda estava surpreso por seus pais nunca terem descoberto que ele era gay. Não que ele realmente tivesse vivido com seus pais desde que assumiu a custódia de Girly, e talvez os tenha enganado levando mulheres com ele para lugares em nome de Connelly.
No final do show, Viv voltou para sua mesa e estava conversando com Girly, que estava mais uma vez sentada no colo de Daniel. Ray nem hesitou enquanto se sentava ao lado de Viv e ouvia a conversa.
"Pai, Dan nos convidou para jantar amanhã à noite."
“Eu acho que ele convidou você, não eu”, disse Ray quando ela revirou os olhos. Em momentos como este, ela parecia muito com a mãe dela. Era quase como ter Izzy de volta. Mas ele teve sorte de que a aparência fosse a única parte de sua mãe que ela parecia ter. Ray não se preocupava que Girly o abandonasse.
Daniel respondeu com um sorriso malicioso: "Viv estará lá também, então você não ficará de fora. Será mais como um encontro duplo. Iisso não parece divertido? Você pode praticar em ter um namorado.”
Olhando para a expressão surpresa de Viv, Ray então se concentrou em Girly novamente. Com um sorriso, ele disse: “Talvez você também devesse convidar a vovó. Eu em um encontro com Viv definitivamente a faria feliz. Ele é fofo igual a—” Ray de repente percebeu o que ele estava prestes a dizer e se virou para Viv, vermelho de vergonha. "Eu sinto muito—Eu não quis dizer isso. Eu só estava…”
“Está tudo bem, ”Viv disse hesitante.
O calor se espalhou pelo corpo de Ray. Quão estúpido posso ser? Muito bem . Assustá-lo antes mesmo de eu ter a chance de conhecê-lo. Se ele tivesse parecido mais com um idiota, ele teria batido com a cabeça na mesa várias vezes.
Ray ficou sentado o resto da noite o observando muito complexo e um tanto confuso, pensando em tudo que aprendeu sobre ele até então. Ele descobriu que gostava de Viv e de seu irmão. Eles pareciam honestos e Viv foi engraçado quando ele se abriu. Ainda assim, Ray não conseguia acreditar que Daniel havia concordado em bancar o gay para ele.
Ray pensou que depois dessa noite—bem, pelo menos depois do jantar de amanhã à noite—ele provavelmente nunca mais veria os irmãos de novo, pois eles não eram realmente o tipo de pessoa com quem ele normalmente se associava. Infelizmente, isso acontecia porque Ray achava tão difícil fazer amigos que só ficava com o mesmo grupo que conhecia desde o colégio. Talvez a sua presença aqui tenha sido um impulso do momento depois que a banda pretendida cancelou—mas e daí?—ele estava feliz que as coisas tinham acontecido desse jeito.