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A História
ОглавлениеPor que publicar um livro antigo em latim e principalmente de parte? O motivo é exatamente esse, na definição "de parte": a história escrita é sempre de parte enquanto é gerada por uma "estrutura cultural"; entidade que, com frequência, coincide com o "estado-nação". Na prática para a história, vale o mesmo conceito válido para a arte, cada época dá um julgamento diferente sobre uma determinada obra de arte. Desde rapaz, quando eu estudava arte no segundo grau, ia para a biblioteca da escola para consultar uma famosa e belíssima série dedicada aos pintores, naqueles livros eram descritos os julgamentos críticos de especialistas da arte e artistas de diferentes épocas. Ali, podia-se ver a mudança de opinião com o passar do tempo. Assim, uma obra barroca primeiro gostamos, depois é desprezada e depois volta a ser considerada bonita. Esta mudança de opinião é estritamente ligada aos eventos históricos e às mudanças sociais. Para explicar alguns conceitos basilares vou continuar a usar o paralelismo arte-história, que acredito seja o mais adequado. Conto aqui brevemente uma experiência pessoal tida na Universidade ao prestar um exame de História Medieval. Assistindo aos exames de alguns estudantes meus colegas, notei a dificuldade que tinham ao definir os períodos históricos, ao seu apego às datas. O corpo docente da Estatal de Milão se irritava consideravelmente ao ver a incapacidade de argumentar sobre as datas de início e fim da época Medieval. As datas são convenções escolares, a idade antiga não terminar em um dia em um determinado lugar, mas é uma delimitação que se desloca e leva consigo mudanças sociais, frequentemente não uniformes. O reino goto na Itália ja é talvez da época Medieval, mas nós o consideramos tardio antigo, porque tendemos a fazer iniciar a época Medieval na Itália com os vinte anos das guerras góticas ou com a irrupção na península. A resposta certa à pergunta ''quando começa a época Medieval?'' é a data convencional da destituição do último imperador Romando do Ocidente, acompanhada da determinação que se trata, na realidade, de um longo período de transição que vai de Odoacre, aos Lombardos, e não envolve todo o território de modo uniforme. Se olhamos para a arte, vejamos os esplêndidos mosaicos de Ravenna, mas depois aparece o imponente mausoléu de Teodorico, faço notar que, depois destes, se passa para uma arte pobre paleocristã: a arte marca bem a passagem do mundo antigo aos novos tempos. De igual modo, independentemente da data em que conta-se que Colombo tenha descoberto a América, a arte do segundo quatrocentro florentino já mostrava o Renascimento, que aparece brevemente e logo se dissolve no Maneirismo que se tornará Barroco já na cúpula de Michelangelo de São Pedro. Assim, os Comuns tornam-se Senhorios e a política libera o fio com a antiguidade clássica que tem em si os símbolos do poder. Estranha história aquela da arte Clássica, nasce na democrática Atenas para se tornar instrumento de cada ambição imperial. De todo modo, também a arte decreta o fim da época Medieval, com a volta à plasticidade o "stil novo" de Vasari. Na prática, é o David de Michelangelo e não Colombo, a data certa a ser lembrada.
Assim, tendo esclarecido que é a sensibilidade comum e não as datas a enunciarem a História, acrescentemos o conceito de instrução estatal. Cada estado exalta a história que convém a ele para justificar a sua existência, podia-se adicionar também o fator geográfico que é parte integrante, mas haveria um tratado à Platão e bem longo. Resumindo, os Lombardos dividiram a Itália e para o futuro Estado-Nação, tudo isso que não tem Roma como capital e todo o território nacional como domínio é negativo, sem beleza, não importante. Este era o interesse dos Savoia, patriotas do Ressurgimento, do reino e também do Duce, agora, com um partido chamado Liga Nord, as "trombetas de Roma" voltaram a se fazer ouvir, sujando a verdade histórica. Eu acho que a Itália do Ressurgimento se tornou um estado maduro, pronto a se tornar parte do mundo. De resto, há cento e cinquenta anos, os Savoiardi são famosos biscoitos, ótimos para o tiramisù e o sentimento antigermânico se transformou em antagonismo esportivo. Desta forma, permitindo a todos lerem um texto como esse no formato original sem uma mediação cultural estatal, permite ao homem contemporâneo, "científico", julgar por si e aprofundar o tema como desejar.