Читать книгу Canções De Natal Em Old América - Patrizia Barrera, Patrizia Barrera - Страница 6

AS ORIGENS DO NATAL

Оглавление

erão dificuldades em acreditar nisto mas na verdade o Natal é… uma festa pagã. Ou seja, para dizer a verdade, uma festa reservada aos bruxos e às bruxas que ousavam dançar em volta de uma árvore ou muito mais provavelmente em volta de círculos de pedra no dia solstício de inverno, quer dizer o 22 de Dezembro. Era uma celebração orgíaca, com danças, erva e sexo, conveniente para ganhar o favor dos Deuses na época de inverno, que nos tempos antigos criava mesmo medo.

A origem? Alguns dizem que surgisse da cultura Druidica e que as suas raízes fossem Célticas. Se alguém de vocês leu por acaso aquelas bandas desenhadas de Asterix e Obelix pode, de forma satisfatória, ter uma ideia embora a tradição exotérica que acompanhava estes povos era de longe mais complexa. O período vai a partir do século IV até ao século III A.C. e a localidade, as Ilhas Britânicas mas com largas expansões mesmo na Itália, na península Ibérica e na Suécia. Nós as conhecemos como BRITANNI e provavelmente o que nos estimula do seu passado é o mistério de Stonehenge, mais que as suas tradições religiosas. Contudo deste povo extinto provém toda a magia e a sugestão do Natal, a mesma que respiramos ainda hoje.

Os Romanos, que derrotaram e colonizaram os Celtas em várias retomadas assimilaram usos e costumes, e foi desta forma que a festa do solstício de inverno tornou-se tradição do Império. Na verdade a celebração do solstício de inverno está presente um pouco em todas as culturas: nos tempos lá idos os ciclos naturais eram bem observados e o facto que o dia mais curto, e portanto o “aparente” abandono do sol, caísse por volta de 21 de Dezembro representava um facto conhecido mas não por isso considerado “automático”. O sol era um Deus distribuidor de vida; e como todos os deuses sujeitos ao descomedido, rancores e actos violentos. Era preciso cair na sua graça para que continuasse a oferecer ao homem o seu calor. Os dias imediatamente sucessivos ao 21 de Dezembro eram portanto vividos pelos primitivos com terror e medo, sobretudo quando a luz inevitavelmente tornava-se mais fraca e as noites mais longas. A certeza que o sol tivesse voltado e que um novo ano se abrisse para a humanidade tinha-se apenas o 25 de Dezembro, dia em que por diversas leis astronómicas que não vou tratar aqui, o sol parece “renascer” poderoso e vitorioso.

Em palavras pobres que tenha tido um novo “Natal”. Esta simples interpretação pode talvés esclarecer o sucesso das festas ligadas ao solstício de inverno que encontramos em muitíssimas culturas espalhadas em todo o mundo.

Quando os Romanos “reciclaram” as danças pagãs tinham em prática descoberto a água quente. E depois deles o fizeram os Cristãos que, unindo às danças pagãs a uns feitiços representativos da Divindade do Cristo e a virgindade de Maria, na prática relacionavam-se a mitos e usos muito mais antigos. A nossa senhora com a criança, efectivamente, não é património Cristão.

No Egipto, por exemplo, precisamente a 2000 anos antes do nascimento de Jesus o Deus Horus (o Sol) estava figurado como uma criança nos braços da deusa Iside

(a Lua) que era a mãe e irmã. Antes ainda na Pérsia o mito do deus Mitra deveria suscitar uma reflexão: parece que tivesse sido gerado por uma virgem, que tivesse doze discípulos e sobretudo que viesse definido “O SALVADOR”! O Deus Sol da Babilónia TAMMUZ não é menos surpreendente: ele também figurado no braço da Deusa mãe ISHTAR tinha uma auréola formada por doze estrelas, que representavam os 12 sinais zodíacos. (12 como os discípulos de Cristo, não acham?) Parece que mesmo ele morreu e depois ressuscitou depois de 3 dias… e isto a 3000 A.C.

Abstenho-me sobre os truculentos ritos de Dionísio, onde o Deus criança vinha feito literalmente em pedaços por mulheres endoidecidas, para depois renascer mais lindo e forte que antes; e menciono apenas um Deus Sol em yucatan, também este gerado pela virgem CHRIBIRIAS. Mas saliento que os ritos que acompanhavam o solstício de inverno não diziam respeito apenas a este hemisfério, todavia também o outro, visto que até os Inca celebravam o Deus Sol WIRACOCHA na estação invertida isto é no dia 24 de Junho!


FOTO 1) Eis a extraordinária união entre a deusa Isis e a Virgem Cristã. As semelhanças dissipam-se: o que cai sobre é a centralidade das suas figuras na religião pagã e depois cristã. Ambas eram consideradas mortais, virgens e relacionadas à figura do “Salvador”, Hprus por Iside e Cristo por Maria, que a iconografia clássica reassume como a criança que asseguram no braço e que ambas aleitam.

As pessoas em toda a parte são as mesmas, pois. E todo o mundo festeja alegremente um Natal rico em danças e cantos entre um amplexo e uma bebida, até quando não chegou o Cristianismo para quebrar os ovos no cesto. Claramente começou-se a proibir o sexo e a doçura da festa, que não correspondia com a imagem da pureza de Maria; seguidamente passou-se á dança, julgada “dom do demónio”. E para concluir pensou-se em substituir os cantos pagãos, que aclamavam ainda às estranhas divindades do passado confundindo-as com aquelas cristãs.

O primeiro a fornecer um texto original foi o Bispo Romano, em 129 d.C. o qual obrigou os fiéis a cantar um HINO DOS ANJOS no Natal; para não mostrar-se inferior à Igreja ortodoxa, na pessoa de um certo Comas de Jerusalém, produziu um HINO À DIVINDADE em 720 d.C. Depois de escrever textos religiosos para cantar no Natal tornou-se uma verdadeira profissão reservada aos Frades. É do século IV a iniciativa de contrastar as ainda numerosas celebrações do solstício de inverno fixando a data do nascimento de Jesus no dia 25 de Dezembro. Na verdade nenhum dos Evangelhos faz referência a um momento preciso, quando se fala da natividade. Jesus nasce e basta. Os teólogos tomaram como motivo o facto do censo omitindo o facto que os Romanos tinham uma verdadeira paixão pela “conta” dos próprios súbditos, que amavam portanto submeter ao censo muitas vezes mesmo por motivos de planificação e de controlo. Substituir os festejos pagãos com o nascimento do Nosso Senhor foi pois um genial golpe de mestria.

Todavia o povo não apreciou de imediato a mudança: a vida era bastante curta e dura para deixar subtrair um dos poucos momentos de desenfreamento do ano. Condenados ao jejum e à morigeração dos costumes os novos Cristãos tinham-se refugiados nos cantos populares os quais, tendo o mérito de serem cantados na língua nativa, eram facilmente compreensíveis para todos. A igreja na verdade obrigava a plebe para aprender à memória Hinos em latim, e as celebrações eram conduzidas entre um povo triste e ponderado que se esforçava para mastigar as palavras das quais não compreendia o sentido.

Muitos Bispos Paleo/Antigos – Cristãos opuseram-se a este estado das coisas, como por exemplo S. Ambrogio que precisamente adaptou o texto VENI REDEMPTOR GENTIUM às músicas populares de origem pagã de forma que o povo, mesmo não conhecendo o texto, pudesse pelo menos cantarolar a seu modo a canção. Mas foram casos isolados. Entre anátemas e ameaças de excomunhão a Igreja Católica conseguiu compor uma verdadeira antologia musical que se impôs ao povo e que conseguiu arrastar até á Idade Media. E não certamente entre a satisfação geral. Nos primórdios de 1200 a gente tinha perdido a vontade de festejar o Natal, e o nascimento do Nosso Senhor passava apática dentro de famílias amuadas, cuja única transgressão consistia finalmente em poder comer um pedaço de carne, depois do longo jejum do Advento. Pois apercebeu-se que um dos Santos mais atentos e reformador do Catolicismo, Santo Francisco de Assis, que pensou em exumar a defunta alegria para reaproximar o povinho ao Céu.


FOTO 2. Frequentemente Francisco participava nas representações teatrais do Natal, colocando à noite profunda na criança acabada de nascer sobre uma manjedoura e celebrando ao mesmo tempo a Santa Missa. De tal forma que o pobrezinho ignorante vinha informado sobre os mistérios do Nascimento de Jesus e da Virgindade de Maria de forma simples e eficaz.

Compreendendo as dificuldades dos pobrezinhos, ele criou uma espécie de celebração viva do nascimento de Jesus, contado de Cabana e tais protagonistas, diferentemente daquilo que se crê, não estavam ali imóveis a deixar-se admirar porém cantavam as estrofes tradicionais jamais declinadas com o acompanhamento de gaitas e flautas pastoris, narrando sem delongas a história da natividade. Tratava-se de uma semana completa de preparação ao Natal com jogos e competições, mas também concursos de distinção para o apetrechamento anual do melhor presépio. Tudo culminava no dia 25 de Dezembro quando se abriam também divertidas danças seja ao ar livre como quando, se o tempo não era propício, na igreja demonstrando a falsidade da crença que as danças em honra do nosso Senhor fossem pecaminosas. É preciso dizer que a igreja não aceitou num primeiro impacto esta inovação mas a fama de santidade de Francisco era tão pura e incontaminada que o Papa deixou efectuar, também o divertido hábito já tinha desembarcada na França, Espanha e Alemanha e tanto fazia aquela publicidade ao Cristianismo que proibi-la teria sido certamente arranjar lenha para se queimar.


FOTO 3. Um dos hábitos mais difundidos na Idade Media Inglesa era festejar o Natal com grandes banquetes onde o prato principal era o pavão vivo. A lindíssima ave vinha preventivamente degolada e esfolada com cuidado, de forma para não desfazer a plumagem, depois vinha recheada com ovos e especiarias e assado. Por fim vinha “revestido” pela sua pele e ornado de ouro. Chegados na América nos Frades peregrinos substituíram quase logo a seguir o pavão pelo peru, que tornou-se o símbolo gastronómico do Natal Americano.

Assim, ao lado dos Hinos da igreja rigorosamente em latim, na Europa começou-se a festejar o Natal com canções vulgarmente, cada vez mais cuidadas e complexas, que vinham depois levadas por aí por menestréis e pastores que as ensinavam ao povo. É francês o termo CAROL, que indica precisamente o canto profano relacionado ao Natal muitas vezes acompanhado por danças e festas. Não temos nada escrito sobre os primeiros cantos populares da remota Idade Media, pois que as carols difundiam-se oralmente e os doutos não as transcreviam de algum modo.

A mais antiga que se recorda vem da Inglaterra, é datada em 1470 e é a primeiríssima versão de I SAW THREE SHIPS. Devo dizer que a Inglaterra foi líder no sector das canções de Natal, com um povo entusiasta e bem organizado que produziu os primeiros cantores solistas, chamados WAITS (isto é aqueles que esperam). E esperam todo o ano já que, acompanhantes de músicos consagrados, andavam por aí, por vários povoados levando a música do Natal e vivendo de esmolas. Tratava-se dos primeiros Artistas de Rua que a tradição recorda e, quando chegavam, traziam alegria juntamente com as Boas Novas. Com o Natal à espreita voltavam para o povoado de origem, onde notáveis dos povoados os acompanhavam cantando em público com eles.

Eis então que os WAITS tornaram-se waitnight na medida em que, trajando roupas dos pastores, estavam fora a cantar toda a noite observando as estrelas, recordando uns primeiros pastores que enchiam a cabana de Jesus. Um hábito certamente não salubre e vista a rigidez do clima, que provavelmente estimulou a criação dos primeiros presépios de madeira à volta dos quais se reuniam todas as famílias na véspera da noite de natal ou até toda a população de uma aldeia, quando eles vinham realizados à grandeza natural. Encontrava-se para estes “presépios gigantes” um grande estábulo e aqui num único golpe preservava a saúde física e aquela espiritual. A tradição intensificou-se ao ponto que as Igrejas da Europa apetrecharam-se, permitindo ao povo de festejar o Natal mesmo com as próprias canções. Houve pois um período em que, mesmo continuando a dizer missa em latim, aos coros canónicos foram acrescidos aqueles populares os tais, narrando vulgarmente o nascimento de Jesus, não eram mais pecaminosos. Um povo feliz enchia portanto as Igrejas que, sendo preciso, resplandecia de milhares de velas: ou melhor, duplamente feliz, visto que os círios, realizados em sebo de animal, uma vez apagados vinham oferecidos às centenas de fiéis ávidos que… as consumia logo depois da função! Eh sim, a vida era dura na Idade Media!

Os tempos para a satisfação de Natal foram seja como for breves: Santa Inquisição na Espanha e na Itália foi severa com os cantos e danças que, vindo do demónio como tentação para a carne, foram novamente proibidos e combatidos. A Alemanha e a Inglaterra, abraçando a nova vaga do Protestantismo, fizeram cair as populações na austeridade mais profunda. Até a Catolicíssima França, enfim oprimida por reinantes de origem Espanhola que precipitavam-se ali para casamentos políticos armados de crucifixos e rosários, perdida a sua natureza dançarina. Em toda esta obscuridade o povo não esqueceu as canções de Natal, que vinham pelo contrário cantadas em privado, como forma de pretexto sobretudo na Inglaterra, apesar do CROWMELL e as suas rígidas leis Puritanas tivessem levado a austeridade até nas colónias Americanas.

Em 1730 é denunciado um escândalo pelo Rev. Mather o qual queixou-se de um “deplorável hábito” em Massachussetts Bay Colony onde, na noite de Natal, a gente “jogava cartas, passava o tempo fazendo borga na mesa e entoavam “vulgaríssimos cantos sobre o nascimento de Jesus!” Uma moda que afirmou-se cada vez mais e que, como em toda tradição que se respeita, tem os seus heróis nas pessoas umas centenas de menestréis que, nas barbas das leis inglesas, tinham coleccionado todas as canções populares sobre o Natal da pátria amada antes de desembarcar no novo continente e difundir o verbo! O hábito dos WAITS foi portanto não apenas revista mas pelo contrário melhor estruturada, com verdadeiras encenações teatrais que, no vaivém entre Inglaterra e América, voltou ao ponto de partida. Antes, a maior parte das velhas canções de Natal que ainda hoje, tipo Stille Nacht o What a Child is This? Foram escritas na segunda metade de 1700.

Nivelado o caminho, as grandes Potências adequam-se: em 1822 o deputado e histórico DAVIES GIBERT, publica uma antologia de Antigos Cantos Natalícios, seguindo a rota WILLIAM SANDYS, que publicita algumas canções históricas, como THE FIRST NOWELL o HARK the HERALD ANGELS SING. O golpe final foi dado depois em... época Vitoriana quando a puritaníssima Rainha que cobria por pudor as pernas das mesas com um saiote o teutónico e prestante Príncipe Albert.

Este era um cultor da Velha Música de Natal e dedicou-se para reorganizar as festividades desatando do nó da “celebração fúnebre” e devolver a elas o antigo fulgor. Nasceu daí um Natal em perfeito estilo laico que espalhou a mancha de óleo em todo o mundo, onde a gente não esperava outra coisa. Desde então ao lado dos Presépios e das árvores embelezadas para a Festa, as canções enriqueceram-se de novos simbolismos que marcam a mudança dos tempos. Entram em cena a neve, o visco, as renas e Santa Clausche, alcançado de mãos-cheias pelas tradições de Países únicos muitas vezes pouco conhecidos, tornam-se Património Público pelo menos no Natal.

A vaga das canções Natalícias tornou-se depois um verdadeiro business para o cinema, casas discográficas e televisões. Milhares de autores enriqueceram-se produzindo verdadeiros sucessos que nos fazem ainda chorar e sonhar, como WHITE CHRISTIMAS SONG.

Depois, como toda coisa, o movimento esgotou-se e o mercado mudou. Hoje tudo isto que ouvimos do Natal são simples reelaborações de canções do passado, e aquele pouco de novo que existe não faz história. As tradições enterram-se, as festividades reduzem-se a um árido comércio e a gente parece ter perdido também a vontade de cantar.

Por quê? Onde foi parar o Espírito do Natal? Quiçá, talvés perdemo-lo?

Canções De Natal Em Old América

Подняться наверх