Читать книгу Na cama errada - Penny Jordan - Страница 5
Capítulo 1
ОглавлениеJodi não conseguiu resistir à tentação de olhar mais uma vez para o homem que passava à entrada do hotel.
Alto, com mais de um metro e oitenta, devia ter uns trinta e cinco anos. De fato escuro e cabelos ainda mais escuros, havia nele uma sensualidade tão marcante que chamava a atenção de qualquer um.
Jodi reparara nisso assim que o vira a caminhar em direcção à porta de saída. O impacto que tivera sobre ela fora de tal forma intenso, que fez com que o ritmo do seu coração se acelerasse, uma reacção inesperada que não combinava com a sua maneira de ser. Por um instante, Jodi entregou-se a devaneios sensuais e perigosos.
O desconhecido virou-se e, por um momento, deu a impressão de que também olhava para ela, como se entre os dois tivesse havido uma cumplicidade instantânea e profunda.
O que é que estava a acontecer com ela?
Era como se, de repente, a alma de Jodi se perdesse, levando para longe o seu mundo interno, em geral tão inflexível e previsível, baseado na prática e no bom senso, que gostava de cumprir tudo à risca. Isso tudo desapareceu numa fracção de segundos.
Amor à primeira vista? Jodi? Nunca!
Decidida, reagiu e recolocou as emoções nos seus devidos lugares.
Por certo, era a actual agitação por que passava, que a estava a deixar neste estado instável e fantasioso.
«Não achas que já tens preocupações suficientes?», repreendeu-se com muito mais dureza do que faria com um dos seus pequenos alunos. Não que estivesse habituada a repreendê-los, pelo contrário, Jodi dedicava-se de corpo e alma ao trabalho de professora na escola primária da região. Alguns amigos questionavam-na quanto a esta entrega exagerada e achavam que ela deveria cuidar da sua vida amorosa, ou da falta dela, com a mesma devoção apaixonada que nutria pelas crianças.
E era por causa da escola e dos alunos que estava ali naquela noite, ansiosa, no hotel mais luxuoso da região, à espera do primo, o seu aliado e colaborador.
– Jodi?
Ao ver, finalmente, o primo Nigel a caminhar de uma forma apressada na sua direcção, suspirou, aliviada. Nigel trabalhava a vários quilómetros dali, numa delegação da câmara, e fora por intermédio dele que Jodi tomara conhecimento acerca do perigo que ameaçava a escola onde leccionava.
Quando o seu primo lhe contara que a fábrica de componentes electrónicos, que gerava a maior parte dos empregos locais, fora vendida e corria o risco de ser fechada, recusara-se a acreditar.
Toda a região trabalhara muito para atrair novos investimentos e evitar que a população diminuísse ainda mais. A inauguração da fábrica, alguns anos antes, revitalizara o local, trouxera dinheiro, criara empregos e atraíra jovens moradores. Eram os filhos dessas pessoas que frequentavam a escola de Jodi. Sem eles, a escola teria de fechar.
Apesar do laço afectivo que mantinha com as crianças e de ter consciência da importância do serviço que realizava, sabia que o ponto de vista das autoridades era claro. Se o número de alunos ficasse abaixo de um certo mínimo, o estabelecimento seria fechado.
Depois do esforço que fizera para convencer os pais a apoiar a escola, Jodi não podia ficar de braços cruzados enquanto um empresário arrogante, insensível e megalomaníaco fechava as portas da fábrica, em nome do lucro e em detrimento da própria comunidade!
Esse era o motivo do seu encontro com Nigel.
– O que é que conseguiste descobrir? – perguntou, ansiosa, balançando a cabeça, quando o primo perguntou se gostaria de beber alguma coisa.
Jodi não costumava beber e era, na realidade, como diziam os seus conhecidos, um pouco antiquada para alguém que frequentara durante vários anos uma universidade. Chegara a trabalhar no exterior, antes de se decidir a viver na tranquilidade do interior do seu próprio país.
– Tudo o que sei é que fez uma reserva no hotel, a melhor suite e nada mais. Embora, pelo que possa perceber não esteja aqui, no momento. – Ao vê-la respirar fundo, Nigel olhou para ela, intrigado. – Foste tu que quiseste vir aqui encontrar-te com ele. Se mudaste de ideias…
– Não. Preciso de fazer algo. A notícia de que pretende fechar a fábrica espalhou-se pela vila e ninguém fala de outro assunto. Alguns pais já me procuraram para me avisar da possibilidade de se terem de mudar e pediram-me que lhes indicasse outras boas escolas na região. O número de alunos está um pouco acima do mínimo exigido. Nigel, se eu perder mais cinco por cento… E o pior é que, se conseguíssemos manter-nos por mais alguns anos, tenho a certeza de que as matrículas cresceriam e ficaríamos com uma boa margem de segurança. Mas para isso a fábrica precisaria de continuar a operar. Por este motivo, preciso de falar com esse tal de…
– Leo Jefferson. Já conversei com a recepcionista e consegui convencê-la a dar-me a chave da suite dele. – Ao ver a expressão de Jodi, emendou.
– Não te preocupes, eu conheço-a e expliquei-lhe que tu tens um encontro marcado com Jefferson, mas que chegaste muito cedo. Portanto, acho que o melhor que tens a fazer é subires e ficares à espera para o apanhares desprevenido quando o homem voltar.
– Nunca farei uma coisa dessas! Só quero que o Sr. Jefferson entenda como irá prejudicar a nossa vila se levar adiante a ideia de fechar a fábrica. Pretendo convencê-lo a mudar de opinião.
Nigel observava-a, apiedado. Jodi estava cheia de ideais, mas as suas boas intenções não bastariam para lidar com um homem como Leo Jefferson. Nigel pensou em sugerir que um sorriso caloroso e um charme feminino poderiam funcionar melhor do que o tipo de discussão que a prima tinha em mente. Mas sabia como Jodi reagiria mal à sugestão: ficaria indignada, pois era contra os seus princípios.
Do ponto de vista de Nigel, tudo isto era um desperdício, porque Jodi tinha condições mais do que suficientes para fazer «gato-sapato» de qualquer homem que tivesse o mínimo de sangue a correr-lhe nas veias. Muito atraente, o seu corpo era tão perfeito que perturbava qualquer um só de olhar para ela, apesar da sua tendência em esconder as formas voluptuosas com roupas discretas e práticas.
Os cabelos escadeados eram espessos e brilhantes. Os olhos, de um azul profundo, destacavam-se da pele delicada, que ressaltava ainda mais as maçãs salientes do rosto. Se não fosse sua prima, e não a conhecesse desde menina, Nigel também se sentiria atraído por toda esta formosura.
Mas Nigel preferia raparigas que encaravam o namoro e o sexo como um jogo divertido. Jodi levava tudo muito a sério.
Aos vinte e sete anos, pelo menos pelo que Nigel sabia, ela ainda nunca tivera nenhuma relação de verdade, preferindo dedicar-se ao trabalho. Muitos dos seus amigos consideravam tal dedicação um total desperdício.
Ao pegar na chave magnética que o primo lhe entregava, Jodi esperava estar a fazer a coisa certa.
De repente, sentiu a garganta seca de tanto nervosismo e, quando contou isto a Nigel, ele disse-lhe que pediria algo para ela beber na suite.
– Não podemos correr o risco de assaltares o frigorífico devido a tanta sede, pois não? – provocou-a, rindo da própria piada.
– Não acho graça nenhuma.
No fundo, ela sentia-se culpada pelo modo forçado que arranjara para se aproximar de Leo Jefferson, mas segundo Nigel, seria a única maneira possível de falar a sós com ele.
Jodi pensara em marcar um encontro, porém Nigel convencera-a a desistir, argumentando que um empresário tão ocupado quanto Leo Jefferson jamais se disporia a marcar uma reunião com a professora de uma escola rural.
Por isso, fora necessário arranjar este desagradável subterfúgio.
Dez minutos mais tarde, ao entrar na suite de Leo Jefferson, Jodi tinha esperança que ele não demorasse muito a voltar. Ela acordara às seis da manhã, para trabalhar num projecto para os seus alunos mais antigos, que no final do ano passariam a frequentar a escola das «crianças grandes».
Eram quase sete da tarde, já passava do horário normal do seu jantar, e Jodi sentia-se cansada e com sede.
Aprumou-se, nervosa, ao ouvir a maçaneta girar, mas era apenas o empregado com a bebida que Nigel prometera. Olhou para a grande jarra colorida com sumo de fruta, sobre a mesinha à sua frente, que o empregado colocara antes de sair apressado, fechando a porta.
Preferiria beber água. Com a boca seca de tensão, serviu-se e bebeu tudo o que despejou no copo de um gole só. A bebida tinha um gosto estranho, mas não desagradável. Por algum motivo, Jodi quis beber mais um copo.
Leu o jornal que encontrou e aproveitou para ensaiar várias vezes o que pretendia dizer a Leo Jefferson.
Onde é que ele estaria? Exausta, começou a bocejar e levantou-se, assustando-se, ao perceber que se sentia tonta e cambaleante.
Mas a cabeça estava tão leve! Desconfiada, observou a jarra de sumo. Aquele gosto um tanto amargo bem poderia ser de álcool. Nigel sabia que ela não costumava beber.
Confusa, olhou à sua volta, procurando a casa de banho. Leo Jefferson poderia chegar a qualquer momento, e Jodi queria estar apresentável, bem arrumada como uma executiva. A primeira impressão, sobretudo numa situação daquelas, era muito importante.
Através da porta semiaberta, que levava à sala da suite, ela percebeu logo que a casa de banho ficava fora do quarto.
Com esforço, conseguiu chegar até lá. O que seria que tinha naquele jarro, afinal?
Na casa de banho enorme, toda branca, Jodi lavou as mãos e espalhou água fria sobre os pulsos, observando ao espelho o seu rosto vermelho, antes de se virar para sair.
No quarto, parou e olhou para a confortável cama. Estava tão cansada! Quanto tempo é que aquele homem ainda demoraria para chegar?
Outro bocejo. As pálpebras pesavam-lhe. Precisava de se deitar, só um bocadinho, até que as tonturas passassem.
Mas antes…
Com todo o cuidado e a concentração necessária para um embriagado, tirou a roupa e dobrou-a meticulosamente, antes de se esticar naquela cama maravilhosa e abençoada.
Ao destrancar a porta da sua suite, Leo Jefferson olhou para o relógio. Eram dez e meia da noite, e acabava de voltar de uma das duas fábricas que acabara de comprar. Antes disso, passara a tarde com o genro e ex-dono dessas empresas, um perfeito idiota, que tentara de qualquer maneira convencê-lo a voltar atrás no negócio.
– Veja bem, o meu sogro cometeu um erro, e errar é humano – dissera a Leo, com falsa amabilidade. – Mas mudámos de ideias e já não queremos vender as fábricas.
– Agora é tarde – respondera, secamente. – Já assinámos o contrato, o negócio está fechado.
No entanto, Jeremy Discroll continuava a bater na mesma tecla. Queria convencer Leo a voltar atrás.
– Deve haver um meio de te persuadir. Eu sei que podemos chegar a um acordo. Há um bar que acabou de abrir na cidade, com pista de dança e tudo. Estão a precisar de um executivo para montar uma sociedade. É o tipo de negócio que tem tudo para correr bem aqui. Que tal se passarmos por lá para dares uma vista de olhos, sem compromisso? Depois, voltamos a conversar, quando estiveres mais descontraído.
– De maneira nenhuma.
Leo ouvira boatos sobre Jeremy, que davam conta de que era uma pessoa de carácter duvidoso, que tentava sempre resolver as coisas à sua maneira, nem que para isso tivesse de recorrer a propostas indecentes.
A princípio, Leo resolvera dar a Jeremy o benefício da dúvida, no entanto, depois de o conhecer, entendeu que os rumores tinham fundamento. A falsa generosidade daquele homem era irritante.
Jeremy chegara ao ponto de oferecer a Leo serviços de acompanhantes. Era o tipo de coisa que Leo abominava. Para ele, qualquer lugar onde o sexo fosse comprado, onde o ser humano tivesse que se vender para dar prazer a outra pessoa, não tinha qualquer valor. Quando ouviu a proposta de Jeremy, não fez a menor questão de esconder o desprezo que sentia por aquilo.
Mas Jeremy Discroll não se dava por vencido.
– Não? Preferes divertir-te com mais privacidade. Bem, nesse caso, podemos arranjar-te uma mulher só para ti.
A frieza da resposta de Leo, no entanto, provocara uma expressão de descontentamento no rosto do insistente rapaz.
– A verdade é que a possibilidade de vires a fechar uma das fábricas está a criar muita polémica por aqui, Jefferson. Um homem com a tua reputação…
– Garanto-te que a minha reputação sobreviverá a isso.
Leo percebia que a sua segurança desagradava ao rapaz, assim como notara a inveja nos olhos de Jeremy, ao vê-lo chegar no seu Mercedes topo de gama. Leo viu, nesse momento, com o canto dos olhos, que o grosseiro Jeremy Discroll continuara a ler o jornal, fingindo ignorar a sua presença.
Na página aberta, havia uma reportagem sobre um político local que tentara, sem sucesso, processar algumas pessoas por invasão de privacidade. A visita de tal político a uma casa de massagens fora o rastilho do escândalo, e o júri não se convencera da sua inocência no caso.
– Eu não teria tanta segurança quanto à tua reputação se estivesse no teu lugar – insinuara Jeremy, continuando a olhar para o jornal, enquanto falava.
Leo mediu-o de alto a baixo, antes de se ir embora.
Ao entrar na sua suite, Leo franziu a testa. Não mudaria de ideias por nada neste mundo. Trabalhara duramente, durante muito tempo, para construir o seu negócio a partir do nada. Devagar e com muito sacrifício, fora construindo o seu pequeno império.
Primeiro, deixara para trás os concorrentes e, depois, à medida que crescia mais e mais, passara a adquirir as fábricas que competiam com os seus produtos.
Era o caso da família Discroll, que tinha duplicado a capacidade de produção das suas empresas. Agora, seria natural que Leo fechasse algumas das quatro fábricas que acabara de adquirir. Por enquanto, ainda não decidira qual delas seria fechada.
Mas a insistência de Jeremy Discroll quase o levara à loucura.
Cansado, entrou na suite, sem se dar ao trabalho de acender as luzes. Sendo mês de Junho, o céu ainda estava suficientemente claro, embora, a cortina fechada impedisse que a lua cheia iluminasse todo o ambiente.
Por certo, fora a empregada quem as fechara, deixando o quarto na penumbra, mas a lâmpada da casa de banho estava acesa, e a porta, aberta. Leo franziu a testa, intrigado, e caminhou até lá para verificar.
Olhou para o espelho, passou a mão sobre o queixo e decidiu barbear-se.
A arrogância de Jeremy Discroll zangara-o a tal ponto que Leo acabara por concluir que os rumores a respeito daquele homem tão desagradável eram a mais pura das verdades.
Apertando os olhos cinzentos, que herdara do pai e que eram temidos por todos os que tentavam enganá-lo, graças à sua extrema capacidade analítica, fez uma careta. Precisava de cortar o cabelo, que já se enrolava sobre o colarinho. Mas naquele momento, qualquer coisa que não estivesse relacionada com o trabalho ficava para segundo plano.
Os seus pais costumavam dizer que não entendiam onde é que Leo arranjara tamanha determinação e ambição. Para eles, a pequena agência de notícias que possuíam bastava para que fossem felizes. Agora, estavam reformados e moravam na cidade natal da mãe, em Itália.
Leo comprara-lhes uma propriedade perto de Florença, como presente das bodas de prata. Fora visitá-los em Maio, no aniversário da mãe.
Ao lembrar-se do olhar que recebera dela quando lhe perguntara se não existia ninguém especial na vida dele, Leo parou a máquina de barbear. Dissera-lhe, com bom humor, que não havia, e que não tinha a menor intenção de encontrar alguém especial no futuro.
Com uma aspereza pouco usual, a sua mãe respondera que iria até à vila à procura de uma curandeira que conhecia tudo sobre ervas e que, dizia-se, sabia fazer uma incrível poção mágica de amor!
Leo rira muito ao ouvir tal coisa. Afinal, não tinha uma amante, porque não queria. Várias mulheres, jovens e atraentes, apareceram como candidatas. Umas discretas, e outras sem muito tacto, afirmaram que gostariam de compartilhar com ele a sua vida, a sua cama e, claro, a sua conta bancária…
Mas Leo jamais se esquecera da época em que ganhara uma bolsa de estudos num colégio feminino e de como as meninas olhavam para ele com menosprezo, por causa do uniforme comprado em segunda mão.
Aquela experiência ensinara-lhe uma lição que jurara não esquecer pelo resto dos seus dias. É claro que tivera namoradas, mas descobrira, para espanto da maioria das pessoas, que possuía uma verdadeira aversão ao sexo sem compromisso. Isso significava que…
Sem querer, Leo lembrou-se da reacção explícita do seu corpo ao ver aquela mulher à entrada do hotel, quando saíra, à tarde. Pequena e cheia de curvas. Pelo menos, era assim que a imaginara sob as roupas que usava.
Como todas as raparigas de Itália, a mãe de Leo tinha um estilo pessoal muito forte em tudo o que fazia. Por isso, ele aprendera a distinguir muito bem a mulher que sabia vestir-se com elegância. E aquela rapariga não primava pelo bom gosto.
Nem ao menos fazia o tipo dele. Preferia as loiras, elegantes e sóbrias, mas não para a cama. Leo nunca se desviava do rumo que traçava para si, e muito menos por causa de uma mulher.
Com um suspiro de desgosto, tirou a roupa começou a tomar banho. Quando terminou o banho, foi para a cama. Estava mais escuro, mas ainda havia luminosidade suficiente, graças à lua, que brilhava atrás das cortinas.
Puxando as cobertas, deitou-se. Para sua surpresa, percebeu que a cama estava ocupada!
Acendeu a luz da cabeceira e, furioso, olhou, sem acreditar naquilo que via. Sobre a almofada ao lado, espalhavam-se cachos de cabelos, com certeza uma cabeleira feminina, que ele logo reconheceu. O nariz aquilino de Leo, uma herança italiana, detectou o cheiro a álcool que ela exalava ao ressonar.
Mas os seus sentidos reagiram de forma bem diferente a outros aromas, uma mistura de ar fresco e de perfume, uma sensualidade estonteante que Jodi emanava.
Era a rapariga da entrada. Leo conseguiria reconhecê-la em qualquer lugar, pelo menos, o seu corpo conseguiria.
Naquele momento, o seu cérebro enviou-lhe outra informação. A voz pegajosa de Jeremy Discroll a sugerir-lhe que Leo voltasse atrás no contrato. Será que aquela jovem seria a oferta que ele tinha em mente? Só podia ser. Leo não conseguia imaginar outro motivo para a presença dela ali, no seu leito.
Bem, se Jeremy Discroll ousava pensar que ele era o tipo de homem que… Irritado, esticou-se, com a intenção de sacudi-la pelo braço.
Jodi dormia o sono dos justos. Embalada pelo álcool, parecia estar a meio de um sonho maravilhoso, onde se via abraçada pelo homem mais lindo e sensual do planeta. Era moreno, alto, de olhos cinzentos e tinha músculos excitantes. Estavam deitados lado a lado, numa cama enorme, num quarto com vista para o mar, quando ele se aproximou, tocou-lhe nos braços e disse:
– Que diabo está a fazer na minha cama?
Ainda tonta, sob o efeito do cocktail de frutas, Jodi abriu os olhos adoráveis.
Por que é que o seu amor estaria assim tão bravo? Sonolenta, sorriu, mas antes de conseguir formular a pergunta, a sua atenção desviou-se, e Jodi percebeu quão sensual ele era.
Aquele corpo dourado e nu! Hum… Nu! Que delícia! Fechou os olhos, suspirou e abriu-os de novo, ansiosa, sem querer perder nada.
Leo não acreditava no que via ou no que sentia. Aquela intrusa não só ignorara a sua questão, como ousava tocar-lhe! Não, não o tocava apenas. Explorava cada centímetro da sua anatomia, que reagia em total desacordo com as palavras que tinha intenção de dizer. Como poderia chamá-la de presença indesejada, se estava a adorar os seus movimentos? Céus! Ela estava a acariciá-lo!
Dividido entre a vontade racional de rejeitá-la e o desejo visceral de abraçá-la, Leo lutava com todas as suas forças, para se agarrar à disciplina e ao autocontrolo, que sempre tinham sido os bastiões da sua existência, com o intuito de se defender daquela rapariga, que o atormentava até ao limite da sua resistência. Chocado, percebeu que perdera, não apenas a batalha, mas a guerra.
No entanto, Jodi, impulsionada por alguma energia que não apenas a do álcool, muito mais intensa e poderosa, não percebia nada além do prazer que experimentava no sonho em que se encontrava mergulhada.
Apesar da pouca luz, Leo via os contornos das curvas dela, a cintura fina, os quadris largos, as pernas bem torneadas, a pele delicada e o triângulo negro da sua púbis, tão tentadora que…
Com a garganta seca de tensão, contorcendo-se de desejo, Leo estremeceu. Via o busto dela, redondo, macio, de pele clara, com os mamilos túrgidos. Sem controlo sobre si mesmo, cedeu à tentação de lhes tocar, sentindo o peso morno dos seios contra as suas mãos e os bicos erectos de volúpia a desafiá-lo.
Jodi suspirou e tremeu de prazer, ao sentir que ele lhe beijava os seios, tocando nos mamilos com a língua.
– Como isso é bom! – murmurou, entregando-se às sensações que ele lhe provocava.
Leo deslizou a mão pela cintura de Jodi e puxou-a pelos quadris, que se acomodaram tão bem ao seu toque que pareciam ter sido feitos um para o outro.
Decidiu ceder à paixão ardente e beijar cada centímetro do maravilhoso corpo dela, para em seguida começar tudo de novo, devagar, até que a irregularidade da respiração de Jodi se transformasse numa tortura insuportável para os seus sentidos. Enfim, permitiu-se penetrá-la com os dedos, através das curvas húmidas que o levavam às partes mais íntimas dela.
Tocou-lhe ao de leve, e depois com mais ímpeto. Era tão macia, quente e delicada, que Leo, ignorando os gemidos de Jodi, preferiu amá-la devagar e com cuidado.
Sentia-a a contorcer-se num perfeito frenesim, pronunciando palavras e frases incompletas que o atingiam como descargas eléctricas. Jodi dizia, sem acanhamento, o que queria e como queria. De alguma forma, conseguia manipular os dois corpos ao mesmo tempo, de tal maneira que Leo acabou por penetrá-la, sem se conseguir conter por mais tempo.
Jodi escutava os sons que Leo fazia, mexendo-se dentro dela. O prazer de sentir o próprio corpo a expandir-se para acomodá-lo era tão sensacional que ela gritava de felicidade. Adorava a sensação de o envolver, de conter e proteger, de algum modo, a sua essência masculina.
Leo pressentia que alguma coisa muito especial estava para acontecer e que o seu corpo deveria estar a avisá-lo de alguma forma, através da sua percepção. Mas, diante da urgência e da intensidade das suas sensações, era incapaz de formular algum pensamento coerente.
Sentiu o êxtase dela, vezes seguidas, com tanto vigor que Leo também atingiu o auge, experimentando uma sensação completa totalmente nova para ele.
Ao vê-la nos seus braços, ainda trémula de deleite, com os cabelos encaracolados e macios sobre o seu peito, Leo ouviu-a a sussurrar:
– Foi delicioso, meu amor, meu incrível amante.
Então, ao olhar para ela de novo, percebeu que caíra no mais profundo sono, com a inocência de uma criança.
Observou-a com cuidado. Para Leo, não havia a menor dúvida: aquela mulher fora encomendada e contratada por Jeremy Discroll. E ele caíra como um idiota na armadilha que lhe fora armada.
No dado momento em que já tinha condições para pensar melhor sobre o assunto, desconfiava se tudo aquilo não era apenas uma armação de Jeremy Discroll. Afinal, um homem daquele tipo não poderia ser tão altruísta assim. Claro que não, de forma alguma, e Leo sabia que não se enganara ao notar a maneira invejosa como Jeremy olhara para ele naquela tarde.
Jeremy sabia que Leo não voltaria atrás no negócio, a menos que acreditasse possuir algum meio para o forçar a desistir.
Agora, era tarde demais, pensou Leo ao lembrar-se do artigo de jornal que Jeremy Discroll estivera a ler, enquanto conversavam.
Para um homem solteiro, um escândalo sexual publicado na grande imprensa do país não teria um efeito tão devastador. No entanto, Leo, um empresário respeitado, seria motivo de piada, e poderia perder credibilidade no mundo dos negócios. Se isso acontecesse, correria o risco de não ser mais considerado como sério. Nenhum executivo, nem mesmo de tanto sucesso como Leo, desejava isso.
Levantou-se da cama, lançando um olhar ressentido em direcção a Jodi. Como é que ela conseguia dormir com tanta tranquilidade? Como se… como se…
Sem se conter, Leo desviou o olhar para os lábios dela, ainda curvados num sorriso de satisfação.
Até mesmo nos sonhos aquela rapariga era capaz de continuar a fingir, como se o que tivesse acontecido entre eles fosse mesmo algo muito especial! Sem dúvida era uma actriz talentosa. Só podia ser isso.
O seu comportamento era tão incompreensível que não conseguia entender muito bem o que se passara. Era como se tivesse sido possuído pelo espírito de outra pessoa. Como é que fora capaz de deixar as coisas fugirem tanto ao seu controlo?
Então, por que é que ainda continuava ali, ao lado da cama, a olhar para ela, quando o mais sensato seria tomar um banho tão quente quanto possível, até que tivesse eliminado da sua pele o perfume dela, o seu gosto e todas as sensações que ela lhe tivesse deixado? Por algum motivo incompreensível, isso era a última coisa que desejava fazer.
Por pouco, conseguiu evitar tocar-lhe de novo. Queria acariciar-lhe o rosto, os cílios longos, o nariz delicado e pequeno, os lábios macios.
Como se pressentisse que alguém olhava para ela, Jodi soltou um suspiro doce e sexy, que em seguida se transformou num sorriso de luxúria.
O que é que estava a acontecer, afinal, ao permitir que ela dormisse daquela maneira na sua cama? Leo consultou o despertador. Eram duas horas da madrugada. Tentava convencer-se a si mesmo de que agia assim guiado pelo seu sentido de responsabilidade.
Não seria seguro para nenhuma mulher, nem mesmo para uma como aquela, sair sozinha àquela hora da noite. Tudo poderia acontecer.
Mas não voltaria para o leito, não se deitaria ao lado dela, de maneira nenhuma.
Foi até à casa de banho, pegou num roupão e em seguida dirigiu-se para a sala da suite, fechando a porta.
Acendeu a luz, e a primeira coisa que notou foi a jarra e o copo por onde Jodi bebera.
Franzindo a testa, empurrou-os para o lado. Ela tivera a audácia de pedir que trouxessem uma bebida ao quarto dele. Será que precisava desse estímulo para ter coragem de se entregar a ele?
Não podia cair na armadilha de sentir pena dela. Não tinha desculpas, ela sabia muito bem o que fazia.
Já que estava acordado, poderia trabalhar um pouco. Quando a sua sedutora acordasse, teriam uma conversa curta e directa.
Não permitiria que Jeremy Discroll o ameaçasse para obrigá-lo a recuar.
Ainda com a testa franzida, esticou-se para apanhar a pasta.