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10 de abril

Domingo De Manhã

Do alto dos meus trinta centímetros, a minha cabeça estava erguida com orgulho e dignidade.

O pessoal tinha-se reunido na biblioteca do Monk e do Terrance.

Tinham acabado de montar por cima da grande lareira um belíssimo quadro de um majestoso tigre siberiano em todo o seu esplendor.

Que visão!

Senti os olhos de toda a gente passarem de mim para o tigre e voltar a fixar-se em mim.

Eu sabia que eles estavam maravilhados a olhar pra nós os dois.

O quadro era impressionante.

Em frente ao cume de uma montanha coberta de neves perpétuas, o meu parente, o tigre siberiano, dava um salto, o corpo tenso, preparado para atacar algo que não podíamos ver, só imaginar.


A sua nobre expressão era uma visão.

As suas presas afiadas estavam preparadas para agarrar algo invisível aos nossos olhos.

Que força da natureza!

Ele estava claramente a levar aquilo a sério.

Os meus colegas detectives felpudos estavam muito impressionados.

Eu alisei o pêlo.

Não pude conter-me!

Dei uma volta à biblioteca, vaidosa, bem consciente de que a minha família, constituída pela minha linda irmã siamesa Cara, e o meu irmão Fromage – o trapalhão de serviço e amante de queijo – estavam a olhar para mim cheios de admiração.

O nosso hamster adoptado, a Charlotte, olhava para mim como se eu fosse uma estrela de cinema, e depois para o meu primo, o magnífico tigre siberiano.

Até o Terrance, o detective, mundialmente famoso, olhava para o tigre com respeito.

Isto tudo enquanto o Monk, o gato Russo Azul que morava com o Terrance, e o Polo, o nervoso pequinois que era nosso vizinho, olhavam para o tigre maravilhados.

A nossa mãe, Missy, a jovem humanóide que nos pertence conjuntamente, não parava de olhar para o quadro e para mim.

Eu sou uma gatinha bem esperta, apesar de ser eu a dizê-lo.

A bem dizer, acho que sou purrrfeita!

Estou consciente de que sou uma sensação onde quer que vá.

Sou de raça siberiana, também conhecida como Gato dos Bosques da Sibéria, e os meus antepassados vêm da Rússia.

Para além do meu corpo esbelto, nós, os Siberianos, somos conhecidos pela nossa agilidade a saltar.

Embora os Siberianos sejam normalmente grandes, eu sou uma versão de bolso com apenas três quilos.

As minhas pernas traseiras são fortes, as patas redondas e grandes e a minha cauda é magnífica. A minha pelagem é sedosa, cinzento-fumo e branca.

Tens de olhar melhor para a minha cauda.

É verdadeiramente exuberante e felpuda.

Eu considero-me um excelente gato detective.

Resolvi vários casos com a ajuda da minha equipa de detectives, Inca & Companhia.


Solo, a quem pertence a mansão no jardim da qual fica o pequeno chalé onde vivemos, tinha encomendado uma magnífica pintura de um tigre siberiano.

O quadro tinha chegado num grande camião e tinha sido montado na parede nesse mesmo dia.

Nós ouvimos dizer que ele tinha chegado e tínhamos corrido para o ver.

Disseram-nos que a população de tigres siberianos vive maioritariamente na região montanhosa mais oriental da Rússia.

O Tigre Siberiano habitava dantes a maior parte da península coreana.

Hoje em dia, há um número incerto de tigres siberianos nas reservas junto às fronteiras entre a China e a Coreia do Norte.

O quadro tinha vindo da Coreia do Sul.

Eu não era muito parecida com este lindo tigre, mas éramos ambos siberianos, por isso era como se fôssemos parentes.

Aha! Ha!


Domingo À Tarde

É interessante e muito apropriado que aquele grande quadro do tigre siberiano tenha chegado precisamente nesta altura à biblioteca do Solo.

A Mãe deu a notícia ao Solo depois de um sumptuoso jantar que ele nos tinha oferecido em casa dele.

As minhas orelhas tremiam ao ouvir a conversa entre a Mãe e o Solo.

O Fromage estava a lamber os bigodes depois de comer um bocado delicioso de queijo. A Cara estava ocupada a lamber o seu lindíssimo pêlo, certificando-se de que o seu focinho bonito estava bem arranjado e limpo.

Quanto a mim, eu sou naturalmente muito curiosa, e portanto aproximei-me como quem não quer a coisa e saltei para o colo da Mãe, interrompendo a conversa.

A Mãe parou um momento para me fazer festas na cabeça e depois continuou a falar.

“É fantástico, Solo”, disse a Mãe.

“Consegues imaginar terem-me seleccionado para fazer parte do painel de juízes da competição de patisserie francesa organizada pela Escola ‘Le Cordon Bleu’ na Coreia do Sul?”

Vou aproveitar esta oportunidade para apresentar o meu próprio queijo especial.

Os outros juízes vêm de todo o mundo e são todos chefs famosos. Estou tão feliz por ter sido escolhida. É uma grande honra.

Os organizadores estão muito contentes com a minha criação e vão organizar um evento especial para apresentar o meu novo queijo.

É um sítio maravilhoso para o fazer.”

O Solo apenas acenou com as mãos e disse:

“Tu és demasiado modesta, Missy. A tua reputação é muito boa.”

Eu concordo com o Solo.

Esfreguei carinhosamente a minha cabeça no queixo da Mãe para lhe mostrar que concordava plenamente com o que ele tinha dito.

‘Le Cordon Bleu’ era uma escola de culinária francesa muito famosa. Era considerada uma das melhores escolas do mundo.

‘Le Cordon Bleu’ tinha filiais por todo o mundo, incluindo Seul, na Coreia.

“Já planeaste a tua viagem para a Coreia do Sul?”, perguntou o Solo.

“Sim. Telefonei ao meu agente de viagens assim que recebi a notícia. Também vamos dar uns passeios e visitar a cidade”, respondeu a Mãe.

“Felizmente os gatinhos e a Charlotte têm os passaportes e as vacinas deles todos actualizados desde que fizemos a nossa viagem ao Sri Lanka.

Coreia do Sul???

Nunca tínhamos lá estado.

Não esperei para ouvir o fim da conversa.

Corri para a beira dos meus amigos para lhes dar estas fantásticas novidades.

Coreia do Sul, aqui vamos nós!


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