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ROTA DO SANGUE

A rota das aves. Essas manhãs em que

levantava a cabeça e elas passavam

rente à infância. Passeavam

no céu como eu passeava cá em baixo. Sem rua

e passeios apinhados na respiração por um segredo

dentro do ouvido. Um tremor, quase a consciência

de ter corpo. Em bando, mais gente que segredos.

Talvez seja por isso que pousam nos telhados vazios.

É o caminho que as escolhe.

Há mais coisas a dizer entre o quê e o quem.

Por exemplo, as aves têm rotas que a guerra desconhece.

Previsível colisão com aviões

este ano (pensa ela),

este país em sangue

no bico das aves.

Elas passavam. Ficam os comboios, os apeadeiros,

o borbulhar de passos que se afastam das aves.

Era o corpo que exigia outros mapas, linhas

sinuosas ou beijos. As manhãs agora fazem perguntas,

por exemplo, quem escolhe uma morte para seguir a rota

dos outros. Sempre uma pergunta sobre o lucro.

Conclui-se que há menos razões que aves

nos telhados solitários. Há menos, mas mais sangue.

Cattle of the Lord

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