Читать книгу Amor Como O Nosso - Софи Лав - Страница 6
CAPÍTULO UM
ОглавлениеKeira olhou para Cristiano no assento do avião ao seu lado. Apesar da longa e cansativa jornada, ele estava bonito como sempre, com seu cabelo escuro, sua pele bronzeada e seu maxilar esculpido. Na verdade, Keira achou que ele estava ainda mais bonito que o normal, se é que isso era possível, por conta do jeito como seus olhos cresciam e brilhavam de empolgação. Pela janela, distante abaixo deles, as luzes de Nova Iorque à noite reluziam.
– As ruas são tão estreitas – Cristiano murmurou, com expressão maravilhada. – Como uma grade. Mas o que é aquele vazio?
Ela vislumbrou abaixo o grande retângulo escuro para onde ele apontava. – Aquele é o Central Park.
Cristiano parecia admirado. – Ah, entendi. Central. Porque fica no centro.
Keira riu do encantamento dele, como o de uma criança. – Quase isso.
Conforme o avião continuava perdendo altitude, Cristiano voltou a olhar pela janela.
– Os prédios são tão altos – ele murmurou em voz alta.
Keira soltou uma risadinha e correu o dedão pelas costas da mão dele. Suas mãos estiveram entrelaçadas durante todo o voo, desde Verona, na Itália, até Nova Iorque, e Keira não tinha nenhuma intenção de soltá-la tão cedo.
À medida que o avião descia mais através das nuvens, a visão deles da magnífica cidade abaixo se aguçava. Tudo começou a entrar em foco conforme se aproximavam mais e mais da aterrissagem, até que puderam distinguir os táxis acelerando pelas ruas, depois as luzes dos postes de rua brilhando amarelas na escuridão, e então as luzes mais fortes do aeroporto. Finalmente, com um baque e o ruído dos pneus, o avião estava na pista, trepidando enquanto a velocidade diminuía até que ficou devagar o suficiente para taxiar até o terminal.
– Chegamos – Keira sorriu para Cristiano.
Ele assentiu com uma expressão ansiosa. – Não consigo acreditar direito – ele murmurou.
– Sinceramente, nem eu! – Keira respondeu.
Sua decisão de última hora de convidar Cristiano para vir para casa com ela tinha sido, digamos, ligeiramente absurda. Mas em momento algum durante o voo ela tinha sentido que havia tomado a decisão errada, ou agido com pressa. Parecia tão certo ter Cristiano ao seu lado.
Por fim, a aeronave desacelerou até parar, e o sinal do cinto de segurança apagou. Eles levantaram em uníssono e Cristiano pegou sob seu assento sua mochila de couro pequena, a única bagagem que ele havia trazido. Keira pegou sua bolsa, depois eles saíram em fila da aeronave com o resto dos passageiros.
Keira se deleitou na sensação de esticar as pernas de fato pela primeira vez em horas. Passar a maior parte do dia em um avião estava se tornando um evento recorrente demais para ela, mesmo que não trocasse seu trabalho por nada no mundo. Quantas pessoas não matariam para passar três semanas na Itália a trabalho? Ela sabia que tinha sorte por ser uma jornalista de viagem e a Viatorum, a revista para a qual ela escrevia, estava se tornando muito mais que um trabalho para ela. Ela tinha amigos lá – Nina, a editora, e Elliot, seu chefe –, sem falar de um propósito. As oportunidades que a Viatorum tinha dado a ela era um sonho realizado.
Porém, foi durante a última viagem para a Itália que ela tinha ganhado muito mais do que apenas mais um trabalho publicado em seu nome. Lá, ela tinha encontrado o amor com Cristiano.
Enquanto eles esperavam pela mala grande na restituição de bagagem, ela podia sentir a ansiedade de Cristiano para sair do aeroporto e começar a explorar a cidade. Ela conseguia apreciar sua impaciência. Sentia isso também.
Finalmente, a mala dela apareceu na esteira. Como um cavalheiro, Cristiano se incumbiu de recolhê-la, em seguida insistindo em carregá-la para ela.
Eles se apressaram em sair do aeroporto, cheios de antecipação e empolgação.
Pegaram o metrô até a parte da cidade onde se localizava o apartamento de Bryn e subiram as escadas em direção à saída. O ar estava muito frio e Keira podia sentir a rajada de vento gélido descendo contra eles. Cristiano ergueu a mala dela nos degraus, parando na calçada e colocando a mala ao lado dela. Keira nunca tinha sentido tanta empolgação com a perspectiva de lavar roupas antes, mas a ideia de limpar e desfazer sua bagagem de repente parecia muito atrativa!
As calçadas pulsavam com energia, repletas de pessoas ocupadas correndo pela vida. Cristiano parecia confuso com a visão, como se simplesmente não entendesse por que as pessoas precisavam andar tão depressa.
Conforme eles começaram a andar pelas ruas entre a estação de metrô e o apartamento de Bryn, Cristiano olhava ao seu redor com admiração nos olhos arregalados. Keira achava seu entusiasmo infantil encantador, e se perguntou se ela também havia parecido tão cativante quando eles estavam no tour pela Itália.
– Há tantos deles! – ele disse a Keira. – Prédio atrás de prédio atrás de prédio! É enorme! – Mas então ele começou a tremer e seus dentes bateram ao falar. – É sempre assim tão frio?
Cristiano estava vestido em um dos seus elegantes ternos italianos, bonito, mas nem um pouco prático. Ele começou a esfregar seus braços. Ela os esfregou também, tentando aquecê-lo através do tecido fino.
– Só nesta época do ano – ela respondeu. – Temos que comprar um casaco melhor para você. – Ela gesticulou para a rua com a loja de roupas mais próxima. Era uma grande loja vendendo o fim da coleção a preços reduzidos. – Podemos achar algo para você aqui.
Pela expressão de Cristiano, Keira podia dizer que ele não estava nada impressionado com a escolha dela!
– Prefiro esperar e encontrar uma loja mais apropriada – ele explicou. – Eu posso aguentar o frio mais um pouco.
– Você prefere congelar a parecer fora de moda, mesmo que temporariamente? – ela zombou dele.
– É claro – Cristiano respondeu, com um sorriso maroto.
Mas a palavras mal haviam saído de sua boca quando uma grande rajada de vento gélido de novembro passou por eles. Keira estremeceu, se abraçando com força, e olhou para Cristiano.
– Coitadinho – ela disse, rindo. – Você não está mais na Itália!
Cristiano cedeu rapidamente e ela o conduziu para a loja bem iluminada. Ele examinou os cabides cheios de jaquetas quebra-vento de cores gritantes, aparentemente, sem gostar de nenhuma. Lá se foram os dias de comprar roupas finas de designers italianos, Keira pensou.
Enfim, ele encontrou uma jaqueta preta acolchoada – uma cópia barata do tipo de coisa que um homem italiano elegante talvez usasse – e a comprou.
– Dez dólares – ele disse, balançando a cabeça. – Isso vai se desfazer em uma semana.
– Só precisa durar até encontrarmos a Gucci mais próxima – ela brincou.
Eles continuaram, virando a esquina na rua de Bryn e caminhando ao longo dela antes de pararem do lado de fora de um apartamento antigo estilo Brown Stone. Ele ostentava um grafite fresco, corrimões recentemente quebrados e várias plantas mortas.
– Então é aqui? – Cristiano perguntou, olhando para o alto bloco de apartamentos à sua frente.
Dizer que ele não estava impressionado era um eufemismo. As expectativas dele haviam sido nocauteadas pelo bairro pobre em que Bryn vivia. Ele provavelmente se sentia como ela havia se sentido quando se encontrara em Nápoles.
Ela esperava que ele não estivesse muito decepcionado, porque as coisas só ficariam ainda mais estranhas daqui para frente.
– Minha irmã é um pouco... Bem... Digamos que louca – ela o avisou. – É melhor estar preparado.
Cristiano riu, claramente achando que ela estava fazendo mais uma de suas piadas.
“Coitadinho”, Keira pensou. “Ele não tem ideia onde se meteu!”