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CAPÍTULO CINCO

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Aquela era uma mistura esquisita de pessoas, para dizer o mínimo. O único alívio que Emily sentia enquanto olhava para a estranha variedade de rostos ao redor da mesa da varanda era que seu pai e Chantelle não estavam aqui, já que estavam muito ocupados em seu trabalho na estufa.

A conversa era forçada e artificial. Nem mesmo a cerveja parecia ajudar.

“Então, como vocês se conheceram?” perguntou Amy, evidentemente tentando ser o mais simpática possível.

“Sou o amigo mais antigo de Daniel,” disse Stuart. “Eu o conheci na escola, lá atrás. Na época em que ele ainda se chamava Dashiel!”

“Quanto menos falar sobre isso, melhor, obrigado,” respondeu Daniel. Ele preferiu mudar o nome, igual ao do pai, quando ainda era muito novo.

“Eu entrei para a gangue no ensino fundamental”, acrescentou Evan. “Pegamos o Clyde no ensino médio.”

“Daí em diante, nos metemos em encrenca”, terminou Clyde. “Então, cada um seguiu um caminho diferente”.

“Mesmo assim, Daniel foi o único que se mudou para outro Estado,” acrescentou Stuart. “Talvez para ficar longe de nós”. Ele riu.

Emily refletiu. Talvez Daniel quisesse recomeçar longe de seu passado quando foi para o Tennessee.

“Nada como um casamento para reunir velhos amigos,” disse Clyde. “Bem na hora, Danny Boy”, disse Stuart, agarrando Daniel com força pelo pescoço. “Acabei de entrar em liberdade condicional”.

Emily tomou um grande gole de bebida. Então, sentiu Amy e Jayne se mexerem desconfortavelmente ao seu lado.

“Por que foi preso?” perguntou Jayne.

Amy e Emily fuzilaram-na com o olhar. Jayne estava nitidamente querendo puxar conversa e, com seu hábito de não pensar mais que um milésimo de segundo antes de falar, fez a pergunta que estava na mente de todos.

“Só por dirigir embriagado”, disse Stuart, encolhendo os ombros, como se não fosse nada de mais.

Emily começou a sentir muito calor. Ela puxou a gola de sua camisa.

“Ah,” disse Jayne, suspirando de alívio. “Eu estava preocupada, pensando que você ia dizer assassinato ou algo parecido”.

Clyde e Evan riram alto. Emily chutou Jayne sob a mesa.

“Ele já se safou dessa acusação,” informou Clyde a Jayne.

Os olhos dela se arregalaram, sem acreditar. “Sério?”

Clyde e Evan riram ainda mais alto desta vez.

“Não!” exclamou Clyde. “Mas você deveria ter visto a sua cara”.

Jayne não foi a única que não conseguiu entender a piada. O próprio Stuart parecia furioso.

“Olha quem fala, Clyde”, disse ele. “Eu não sou o único sentado nesta mesa que já esteve preso!”

Emily queria sumir. Esses caras pareciam completamente instáveis. Chega de descobrir os segredos deles; quanto mais revelavam, menos ela desejava saber.

“Vocês devem ter algumas histórias engraçadas sobre Daniel”, disse Amy, tentando acalmar a situação.

Daniel enrubesceu. “Ai, meu Deus, não, melhor não”.

Mas era tarde demais. Os rostos de seus amigos se iluminaram imediatamente.

“Que bom que você perguntou”, disse Stuart. “O que vocês, senhoras, gostariam de ouvir? Sobre aquela vez em que Daniel ficou bêbado pela primeira vez e acabou rasgando as calças, quando passou por uma cerca de arame farpado, ou sobre como ele perdeu a virgindade?”

“Nenhuma das duas”, disse Emily, sacudindo a cabeça, sentindo o pânico começar a se instalar.

Daniel também parecia petrificado com a perspectiva dessas duas histórias serem contadas.

Stuart cutucou Emily. “Não me diga que vocês ainda não contaram um ao outro todos os seus segredos obscuros?”

O constrangimento de Emily aumentava cada vez mais. Talvez fosse porque o passado dela era tão difícil e lamacento que não havia forçado Daniel a se abrir mais sobre o dele, mas ela estava começando a se arrepender disso agora. E se as duas histórias fossem tão horríveis a ponto de fazê-la perder toda a vontade de casar com ele?

“Havia uma garota chamada Astrid”, começou Stuart.

Daniel enterrou o rosto nas mãos.

“Os olhos deles se encontraram”, continuou Stuart. “Foi amor à primeira vista. Ela se aproximou. Daniel não acreditava em sua sorte. Então, ela disse as palavras que atearam fogo em seu coração. 'Posso pegar seu transferidor emprestado?'”

“Espere”, disse Emily, franzindo a testa. “O quê?”

“Foi na aula de matemática!” Stuart alinhavou, triunfante. “No quinto ano”.

Daniel enrubesceu.

Jayne parecia confusa. “Eu achava que você ia contar como Daniel perdeu a virgindade”.

“Estou chegando lá,” disse Stuart. “Então… adiantando, o quê, cinco, seis anos? Daniel teve essa patética atração por Astrid a vida toda e finalmente juntou coragem para convidá-la para o baile”.

“O resto é história”, disse Clyde, piscando. “Quanto tempo vocês ficaram juntos, afinal? Quatro anos?”

Daniel assentiu tenso. “Quatro e meio, por aí”.

Emily gelou OU sentiu seu corpo gelar. Daniel nunca havia mencionado o nome Astrid. Agora foi revelado que ela foi seu primeiro amor? Uma garota por quem ele foi apaixonado por anos? Ela não queria se comparar a uma adolescente do passado, mas parecia que ela havia sido mais do que apenas seu primeiro amor para ele. Parecia que seu relacionamento com Astrid havia sido longo e importante. Mas ele não mencionou nada.

“Suponho que vocês não mantiveram contato?” perguntou Stuart.

Daniel balançou a cabeça.

“Que pena”, disse Stuart. “Ela era ótima. Eu meio que pensei que vocês dois voltariam a ficar juntos em algum momento.”

O rosto de Emily deve ter ficado pálido, porque ela sentiu Amy apertar sua mão sob a mesa, confortando-a.

“Agora, o que eu quero saber”, disse Clyde, “é o que as senhoras planejaram para a despedida de solteira?”

“Não vai ter festa”, disse Emily. “Daniel e eu decidimos não fazer festas do tipo”.

“Hã-han”, disse Clyde, olhando para Daniel. “Dominado.”

Emily franziu a testa. “O quê?”

Daniel parecia culpado. “Eu não tive a chance de te contar,” disse ele. “Os rapazes decidiram me dar uma despedida de solteiro surpresa. Nós vamos viajar no fim de semana”.

Emily não conseguia nem falar. Tudo o que podia fazer era piscar.

“Vamos pegar a estrada”, disse Clyde. “Visitar as melhores boates de strip que o Maine tem a oferecer”.

Emily podia ver Amy fechando os punhos de raiva, ao seu lado. A própria Emily sentiu todo o sangue saindo de seu rosto. Com sua visão periférica, podia ver a expressão preocupada de Daniel.

De repente, os três homens caíram na gargalhada.

“Ah, deveriam ter visto a cara que vocês fizeram!” exclamou Evan.

“Na verdade, não vamos para boate nenhuma”, Stuart falou, rindo. “Nós vamos caçar!” Agarrou Daniel pelo pescoço novamente e puxou-o, num tipo grosseiro de abraço sufocante. “Partimos na sexta-feira de manhã”.

Emily tinha ouvido o suficiente. Não aguentava mais continuar sentada ouvindo aquilo. Seus pensamentos estavam cada vez mais caóticos e seus nervos estavam desgastados. Passou o dia todo tentando não surtar, mas agora não conseguia mais segurar. Ela se levantou de repente, fazendo a mesa balançar por causa da pressa, e entrou correndo na pousada.

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