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Prefácio – Uma leitura crítica sobre as mulheres em movimento

Esse livro intitulado Mulheres transatlânticas: identidades femininas em movimento foi pensado e escrito durante o contexto histórico mundial de pandemia da COVID-19. Quiçá, inconscientemente, este livro nasceu da necessidade (e nostalgia) que sentimos, durante estes meses de mudanças profundas em nosso cotidiano e da necessidade de nos conectarmos e de nos movermos pelo mundo. Na impossibilidade de podermos transitar fisicamente pelos riscos ocasionados pela nova doença, pelo fechamento de fronteiras e países que estiveram sob a égide do lockdown, imposto na tentativa de preservar vidas, no cancelamento das linhas aéreas que interligam pessoas, países e continentes, começamos a pensar na importância dos deslocamentos transatlânticos, sobretudo, naqueles realizados por mulheres.

Ao pensar sobre tudo isso, também reconsideramos o próprio conceito de deslocamento, que se amplia, se multiplica, se expande, principalmente, quando nos deparamos com realidades tão diversas e tão desiguais das mulheres que, na pandemia, alongam ainda mais os braços para envolver, acolher, apapachar1 (em língua espanhola de origem náhuatl), em estratégias de cuidado, existência e resistência, seus familiares, amigos, o próximo, o mundo, suas ideias, suas lutas, sua arte, sua individualidade e coletividade na tentativa de deslocar-se e estar presente em vários momentos e lugares, transpondo as fronteiras espaciais e até mesmo as fronteiras temporais. Tudo isso não pode ser minimizado neste momento, precisa ser olhado, contextualizado e ressignificado.

Na realidade, a própria pandemia é a manifestação de uma sociedade conectada, resultado também de pessoas que se movem, circulam entre países, continentes e culturas. No entanto, também nos mostra que essa conexão e movimento é desigual: as mulheres circulam tanto quanto os homens? Quais mulheres se deslocam, de que maneira e por quais razões? E, ainda mais fundamental, quando falamos de mulheres, que mulheres são estas? Essa pergunta remonta ao questionamento da intelectual negra Sojourner Truth, Ain’t I A Woman? (E eu não sou uma mulher?). O pensamento de Truth refere-se à luta contra-hegemônica das mulheres negras, para que estas também fossem reconhecidas como agentes de transformação, além de evidenciar a busca pela desconstrução de uma sujeita hegemônica: a mulher branca. Sojourner Truth deslocou-se da diáspora à fuga das amarras da escravidão, um mover-se muito diferente das suas “companheiras” brancas de trincheira.

Neste sentido, quando pensamos no termo mulheres, não estamos nos reportando ao conceito de sujeito universal, que poderia nos levar à concepção de mulher universal; é necessário refletir sobre outras categorias que poderiam explicar a complexa trama de identidades contemporâneas. Como enfatiza Silvana Aparecida Mariano (2005), também não consideramos apenas a categoria classe social para explicar a posição do sujeito, é necessário ir além e escapar do essencialismo, que tende a criar um sujeito universal, pois como pondera a autora, “essa universalidade é também masculina” (Mariano, 2005: 484). A crítica ao feminismo liberal é necessária para que possamos incorporar todas as mulheres a partir de suas diversas formas de pensar e ser, sejam elas vividas e sentidas através do feminismo negro, das interseccionalidades, do mulherismo, entre outros.

Assim sendo, pretendemos ampliar e aprofundar as possibilidades teóricas e refletir sobre quem são essas mulheres que surgem e se deslocam por diferentes territórios, a partir do diálogo que os capítulos do livro nos proporcionam com elas, uma vez que esta obra foi escrita por diversas mulheres, de diferentes regiões e de diferentes identidades: latino-americanas, europeias, negras e brancas que também dialogam com seu corpus de estudo, o que nos permite potencializar o nosso debate em uma travessia que nos leva para diversos conhecimentos, sensibilidades e destinos.

Para iniciar a nossa jornada, é importante que percebamos as estruturas de poder que herdamos do colonialismo e que se perpetuam nas relações de gênero (Lugones, 2008) para superá-las. Tomar consciência desse processo violento que advém da colonização e que ainda está presente em nossa sociedade, agora pelo capitalismo, torna-se fundamental para alcançar essa superação, trata-se de uma atitude de resistência.

Para Lugones, existe um sistema moderno e colonial eurocêntrico de gênero que ignora as categorias raça e classe social em sua constituição e que representa as permanências do mundo colonial na atualidade. Essas permanências continuam sendo reproduzidas, recaindo também sobre as mulheres, em suas vertentes mais plurais. Assim sendo, o conceito de feminismo interseccional, que leve em consideração “outras intersecções como raça, orientação sexual, identidade de gênero” precisa ser retomado para que se possa olhar criticamente para a “universalização da categoria mulher” (Ribeiro, 2017: 14).

As mulheres que aparecem neste livro têm diferentes procedências, nacionalidades, raça, classe social ou ideologias. Mulheres negras cuja cultura ancestral diaspórica formou suas identidades, construídas sob um deslocamento forçado, mas que ganham potência na intensidade e densidade de suas escritas. Àqueles que têm na pele a cor da noite, sabem que educar é tornar-se semelhante aos ancestrais (Machado, 2017: 17). Mulheres europeias que deixaram suas marcas no continente americano; mulheres que lutaram contra o colonialismo em seus países e que jamais puderam sair de seu território, mas que através de suas imagens cruzaram oceanos e fronteiras. As próprias escritoras dos capítulos aqui presentes, intelectuais e acadêmicas, têm distintos lócus de enunciação: mulheres europeias que escrevem desde Europa; mulheres do Sul que escrevem no Norte ou vice-versa; mulheres negras ao Sul do Sul e também mulheres negras nortistas; mulheres brancas latino-americanas. Mulheres em circulação a partir de suas mais diversas acepções.

Desta forma, Mulheres transatlânticas é uma obra que na sua essência nasce com um formato híbrido, escrita em língua portuguesa e em língua espanhola, forjada quase na translinguagem e na transculturalidade, o que já mostra um movimento das línguas e das culturas, no intuito de construir redes de pesquisas e pesquisadoras, em uma perspectiva feminista decolonial, transversal, interseccional, multimodal, migrante etc. Assim sendo, em uma perspectiva transdisciplinar, estabelece relações entre literatura e história, trazendo para o centro das discussões a história das mulheres e sua produção intelectual.

Esta obra, portanto, é composta por nove capítulos e, para responder o questionamento proposto por Gayatri Spivak, Pode a subalterna falar?, o livro está dividido em quatro partes: Identidades diaspóricas, Deslocamentos forçados, Identidades transatlânticas e Intelectuais em movimento. Os capítulos aqui presentes buscam realizar uma análise e reflexão sobre os movimentos transatlânticos em feminino por meio de um olhar interdisciplinar (especialmente a partir da história e da literatura), bem como a partir de teorias e temáticas críticas e instigantes que buscam reconstruir histórias pouco (ou nada) conhecidas. Mulheres que deixaram sua marca por onde passaram e que nesta obra ganham vida.

Adentrando as águas de além-mar, nos tornamos transatlânticas. Mergulhamos em mares, travessias, ventos, um oceano profundo de memórias invocadas. Ventres do mundo, diaspóricas, africanas, são as mulheres negras em suas múltiplas formas de ser e viver, que abrem os caminhos destas escrita que desde o princípio é uma encruzilhada de vozes.

Desta forma, na primeira parte desta obra, Identidades diaspóricas, temos o capítulo de Janine “Nina Fola” Cunha, Mulheres negras e de terreiro – uma experiência sociopolítica transatlântica. Mãe, mulher de terreiro e socióloga, Nina Fola nos apresenta as similaridades presentes em mulheres negras diaspóricas no Sul da América do Sul e suas confluências ancestrais africanas. Em um texto que nos insere na gira das referências negras, de diferentes tempos e contextos, os elos se dão a partir da centralidade dos valores civilizatórios dos terreiros e da potência das mulheres de terreiro. Nesta escrita que celebra e reafirma que os nossos passos vêm de longe, como bem nos descreve a médica, intelectual e ativista negra Jurema Werneck, a autora se insere no texto e a partir das escrevivências, desta escrita que parte do vivido, discorre sobre a importância dos mananciais epistêmicos dos terreiros e da força matrigestora presente na cosmogonia negro-africana.

Nesta primeira parte também temos o texto de Elisângela Gomes, Maria-nova: forjada a ferro e fogo. A partir das histórias e memórias da personagem-narradora Maria Nova, a autora aborda e evoca as camadas profundas do pensamento negro literário da grande escritora e intelectual negra Conceição Evaristo. Escrito em 1983 e publicado pela primeira vez em 2006, Becos da Memória é uma celebração à memória negra, coletiva, que se faz nos olhares, corpos, becos, num contar e recontar para movimentar uma narrativa a partir do que foi imposto para as populações negras em diáspora. Aqui, a memória é celebrada não só como uma inscrição nas questões históricas, mas sim na palavra e nas diversas formas de oralidade. Uma memória da dor, mas que também vai dizer das possibilidades, que questiona o tempo cronológico e se faz espiralar, com pessoas que guardam fragmentos num tempo que é circular. Uma forma negra de ver a memória.

No segundo bloco, intitulado Deslocamentos forçados, temos o capítulo de Lilibeth Zambrano, Escritura performática en tránsito: los signos del afuera y el cuerpo migrante en “A chave de casa” (2007), de Tatiana Salem Levy. Na análise do romance de Levy, Zambrano vai tecendo várias ideias a respeito dos deslocamentos provocados pelo processo de desterritorialização na literatura. Baseada nas teorias de rizoma e territorialidade de Deleuze e Guattari, a autora vai construindo uma análise em que aponta para um lócus de enunciação ambivalente e contraditório, de onde se percebe a diluição das fronteiras do nacional, culturais e linguísticas, em um movimento de flexibilização dos conceitos de identidade, nacionalidade e literatura nacional.

O registro dos espaços em trânsito surge por meio de formas simbólicas e reais na narrativa, sobretudo quando Zambrano analisa o papel que desempenha a narradora performer no romance. Essa narradora, que revela os conflitos surgidos na fratura de um entre-lugar, representa uma crise de identidade de uma mulher descendente de imigrantes turcos no Brasil, que se choca com as tradições de seus antepassados em um contexto histórico e social diferente daquele que existia na terra de seus ancestrais.

A ideia de entre-lugar (Santiago, 1978; Bhabha, 2001) se coaduna com a percepção desse sujeito em trânsito que é o próprio migrante, esse sujeito que já não pertence mais à terra que deixou e nem à nova terra em que se fixou em busca de uma nova vida. Trata-se de uma tentativa que criar uma nova realidade social a partir da fusão entre a cultura deixada e a cultura encontrada, o que permite a criação de um território de conflitos, de choques. Como elementos para dar sentidos a esse processo de fluxos, de migrações, de desterritorializações, a autora coloca em evidência os enunciados gerados a partir da experiência dos corpos deslocados e da memória que aflora para mostrar os cenários da experiência do entre-lugar.

Também, neste mesmo bloco, encontra-se o capítulo de Isabel Araújo Branco, cujo título é Luisa Carnés: militância e exílio nas duas margens atlânticas. Aqui também encontramos a experiência do deslocamento forçado para a sobrevivência, como é o caso da escritora Luisa Carnés, que após a perda dos republicanos na Guerra Civil Espanhola, teve que partir para o exílio no México. Carnés é uma das autoras republicanas invisibilizadas pela ditadura franquista, somente agora está sendo reconhecida como uma escritora importante do exílio espanhol.

O texto de Isabel Branco nos traz essa dimensão da escritura da autora, que retrata em sua obra a perspectiva de mulheres representantes da classe trabalhadora e seus temas tão caros como o assédio sexual, o aborto, a prostituição. Ao analisar Tea rooms – Mujeres obreras, percebe como o romance, em um movimento interseccional de classe social, desvela a mulher trabalhadora que é duplamente explorada, primeiro por ser mulher e segundo por desenvolver um tipo de trabalho que não permite a independência econômica, muito menos o acesso à educação que poderia liberá-las da exploração capitalista.

A obra de Carnés revela uma mulher transatlântica, que cruza o oceano e precisa refazer sua história, também em um entre-lugar, entre o que deixou na Espanha e o que encontra no México, estabelecendo um diálogo entre ambos os territórios, ressignificando sua permanência em terras americanas, ao mesmo tempo em que se converte na guardiã de uma memória coletiva da Espanha republicana, agora em uma articulação internacionalista, ao defender em sua narrativa que a luta não deve se concentrar entre os povos e nem deve ser de caráter nacional, ao contrário, a resistência é necessária para enfrentar a luta de classes e os sistemas políticos que exploram.

O terceiro bloco, Identidades transatlânticas, brinda-nos com três capítulos. O primeiro, intitulado Por una patria católica. Identidades femeninas en el catolicismo social: Discursos y representaciones en circulación por el espacio atlántico en clave postcolonial (Argentina y España en las décadas centrales del siglo XX), escrito pela historiadora Sara Martín Gutiérrez, aborda, a partir de uma perspectiva da “história da vida cotidiana”, as atitudes sociais das trabalhadoras católicos na Argentina e na Espanha durante os anos 1950, ou seja, em tempos que governavam Francisco Franco e Juan Domingo Perón. A autora está particularmente interessada nas representações e discursos transnacionais do catolicismo social que se difundiram de forma transatlântica através da Ação Católica.

Martín Gutiérrez realiza um exame dos discursos transnacionais a partir da perspectiva das católicas das classes médias que participaram da mobilização política após a Segunda Guerra Mundial. Nesse sentido, a autora pretende identificar como esses discursos e representações foram recebidos pelas trabalhadoras, ou seja, a partir de uma perspectiva from below, tanto na Argentina como na Espanha. Este capítulo se concentra, portanto, no estudo das atitudes das trabalhadoras católicas, revelando discursos e reações em relação ao discurso oficial que, com frequência, poderiam ser considerados “resistentes”.

Neste mesmo bloco, temos o capítulo da historiadora espanhola Irene Mendoza Martín, intitulado Las relaciones entre las mujeres artistas y las industrias del ocio en el continente americano entre 1850 y 1900. Nele a autora trabalha com um aspecto pouco estudado sobre as relações entre Espanha e América Latina: as relações que as indústrias do entretenimento fomentaram, principalmente o teatro e o cinema, desde meados do século XIX. A autora, neste sentido, enfoca seu estudo na relevância que as artistas femininas tiveram neste período, protagonizando diversas peças teatrais e filmes em ambos os lados do Atlântico. Essa circulação e difusão cultural, tendo como protagonistas mulheres espanholas, foi possível através dos laços históricos entre Espanha e América Latina. Nesta relação histórico-cultural, ganhou relevância o mito de Carmen, que era associado à Espanha e, portanto, ao flamenco. Assim, algumas artistas, como Carmencita, Ofelia Aragón, la Bella Otero ou Pepita Soto, representam a relevância da mobilidade das mulheres para o estabelecimento da indústria do lazer no Ocidente e para fomentar os laços transatlânticos.

Para concluir esta parte do livro, temos o capítulo de Marizol González Romero, Reflejos de resistencia: Circulación de fotografías de mujeres argelinas realizadas por Marc Garanger (1954-1962). No seu texto, González Romero aborda a imagem da mulher argelina como integrante da Frente de Libertação Nacional (FLN), durante a Guerra de Independência da Argélia (1954-1962). Desta maneira, a autora analisa as fotografias de mulheres argelinas muçulmanas feitas pelo militar francês Marc Garanger.

A autora concebe essas fotos como formas de resistência emocional frente à política de gênero colonial francesa. Neste trabalho, vemos que as imagens das mulheres argelinas são feitas através de um olhar colonizador e masculino, que vê essas mulheres como as outras, destituídas de poder e que sofrem, por meio das fotografia e da necessidade do desvelo, uma violência, ademais de física, também simbólica. Essas fotografias, no entanto, circularam pelo mundo, cruzando oceanos e sendo, portanto, evidências da resistência dessas mulheres. Neste trabalho, a autora nos mostra que as argelinas foram mulheres politicamente ativas e lutaram pela autodeterminação de seu país: uma luta que, por meio das suas fotografias, ultrapassou fronteiras.

O último bloco, Intelectuais em movimento, nos traz dois capítulos. O primeiro, de Aida Rodríguez Campesino, intitulado Carolina Marcial Dorado: una intelectual transatlántica, busca analisar a importância de Carolina Marcial Dorado, intelectual espanhola que teve sua biografia marcada pela experiência transatlântica entre Espanha e Estados Unidos.

No início do século XX, mudou-se para os Estados Unidos, onde trabalhou em várias instituições como professora de espanhol. Como resultado de suas experiências biográficas e seus escritos, este capítulo, escrito por Rodríguez Campesino, realiza um estudo biográfico de Carolina Marcial, que sintetiza uma experiência transatlântica marcadamente intelectual. Carolina Marcial, ademais, ao longo da sua vida, reflexionou sobre a situação das mulheres, deixando vários documentos e registros sobre o que pensava estar vivendo como uma “nova era” para as mulheres espanholas, cuja característica principal era o ingresso das mulheres ao espaço público. Ela própria, portanto, era um exemplo fidedigno destas mudanças, especialmente por ser uma mulher que viajava entre diferentes países, difundindo a cultura espanhola.

Para fechar este último bloco, temos o capítulo de Camila Nakamura Vieira, Ana Cristina César: da prática tradutória à circulação intelectual feminina. A autora escreve sobre a produção intelectual da poetisa Ana Cristina César, no sentido de visibilizar como ela é capaz de impulsionar a leitura de mulheres escritoras do século XX no eixo Brasil-Europa, território conhecido pela escritora carioca.

O caminho para promover a circulação dessa escritura feminina é o da tradução. Ana C. traduz os textos das autoras com as quais sente algum tipo de afinidade intelectual e ideológica. Para explicar este processo, Vieira percorre a teoria da tradução para compreender o papel que o tradutor possui na circulação de textos, conceitos e ideias nas mais diferentes realidades culturais. É exatamente este o papel que desempenha Ana C. como tradutora, como é possível observar em sua tradução da escritora neozelandesa Katherine Mansfield, com quem apresenta inclusive uma coincidência autobiográfica.

Neste sentido, é importante destacar que a circulação de mulheres pode ocorrer de maneira diversa, não dependendo apenas do deslocamento territorial, suas ideias, suas concepções teóricas ou causas sociais também perambulam pelo mundo social e intelectual. São narradoras desse mundo em escombros que precisa ser revisto, ressignificado.

O livro Mulheres transatlânticas também tem o mesmo intuito, que os textos, as autoras, os temas, as experiências e as teorias aqui propostos possam circundar o mundo em um movimento de superação, e de afetos, que possam trazer mudanças e alento para as mulheres em suas mais variadas identidades e para a humanidade.

No pós-pandemia, vamos precisar de um mundo novo, com novos olhares e certamente as mulheres, e o que representam, farão parte deste contexto. Afinal, como afirmou Sojourner Truth “então todas as mulheres, juntas, conseguirão mudar a situação e pôr novamente o mundo de cabeça para cima!” (Truth, apud Ribeiro, 2017: 13).

Por fim, queríamos agradecer às autoras pela grande contribuição dos seus trabalhos para esta obra tão diversa e interessante, bem como ao excelente trabalho de edição das editoras Autografia e UAM Ediciones. Lançamos um agradecimento especial ao Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) e à CAPES, já que esta obra não seria possível sem o apoio e a ajuda econômica fornecida por esta instituição pública.

Agradecemos também ao Projeto I+D para Jóvenes Investigadores da Universidad Autónoma de Madrid (Referência: SI1/PJI/2019-00257), ao Projeto Identidades en movimiento. Flujos, circulación y transformaciones culturales en el espacio atlántico (siglos XIX y XX) (Referência: PID2019-106210GB-I00) e ao Coletivo Atinuké – Sobre o Pensamento de Mulheres Negras, por acreditarem na concretização desta publicação.

Desejamos uma excelente leitura!

Referências

BHABHA, Homi. O local da cultura. Belo Horizonte: UFMG, 2001.

LUGONES, María. Colonialidad y género. Tabula Rasa. Bogotá – Colombia, Nº 9: 73-101, julio-diciembre 2008.

MACHADO, Vanda. Pele da cor da noite. Salvador: Edufba, 2017.

MARIANO, Silvana Aparecida. O sujeito do feminismo e o pós-estruturalismo. Estudos Feministas, Florianópolis, 13(3): 320, setembro-dezembro/2005.

RIBEIRO, Djamila. O que é: lugar de fala? Belo Horizonte: Letramento: Justificando, 2017.

RODRÍGUEZ, Darinka. Apapachar: el verdadero significado de una palabra de origen náhuatl. El país. 20 julho 2020. Disponível em: https://verne.elpais.com/verne/2020/07/23/mexico/1595481612_470684.html

SANTIAGO, Silviano. Uma literatura nos trópicos. São Paulo: Perspectiva, 1978.

1. A palavra apapachar, de origem náhuatl, significa “más que dar un abrazo o expresar afecto, tiene una definición poética extendida en el imaginario de los mexicanos” (Rodríguez, 2020). Apapachar, cujo significado é acariciar com a alma, parece ser imprescindível para expressar afetos em um momento tão singular de nossa história.

Mulheres transatlânticas

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