Читать книгу O Testamento: O Código De Deus - Aldivan Teixeira Torres, Daniele Giuffre' - Страница 13
A viagem
ОглавлениеDurante o caminho até a rodovia os viajantes se distraem conversando entre si,admirando a paisagem que se encontrava ainda verde pois estávamos no mês de setembro do corrente ano de 2014.
A região de Mimoso era mesmo linda .Porém,eles tinham consciência de que o mundo não se restringia só ali e as aventuras lhe davam as condições de conhecer os mais variados lugares do imenso país que habitavam.E isto era muito bom.A cada nova experiência,aumentava a sua sede de conhecimento e ampliava sua cultura que também era influenciada por cada pessoa que encontravam no caminho.Em frente sempre,pela literatura e pelo prazer!Era um dos lemas da equipe.
Com este pensamento em mente,concluem o trajeto de aproximadamente um quilômetro sem maiores problemas ou surpresas.Chegam na beira da pista e iriam pegar a primeira autolotação rumo á rodoviária da cidade vizinha,Arcoverde.De lá,pegariam um ônibus para o destino final,Cabrobó.Enquanto esperam, aproveitam o tempo para escutar a boa e animada música brasileira no radinho de pilha que Renato não esquecera de levar.A música ajuda no relaxamento de todos.
Uma hora depois,finalmente uma autolotação passa:Uma besta cor de prata,larga e espaçosa.Os três adentram na mesma e por sorte tem vagas para todos ficarem sentados,ficam um ao lado do outro.No trajeto curto,aproveitam para serem simpáticos,conhecem novas pessoas e mantêm um bom bate papo envolvendo motorista e demais passageiros.Com isto,o tempo parece passar bem rápido.
Quando menos esperam,já chegam na cidade.Como a rodoviária ficava bem distante do centro (Bairro São Cristovão) tem que esperar a entrega dos passageiros em cada um dos pontos até chegar a vez deles.No momento em que isto se concretiza,se despedem,pagam a passagem e agradecem ao condutor.Agora se iniciava a segunda parte da viagem,bem mais longa e estressante.
Philliphe e o vidente vão se informar sobre os horários dos ônibus para Cabrobó enquanto Renato espera sentando nos bancos.O atendente informa aos dois que o próximo sai em duas horas.No reencontro com Renato,decidem conjuntamente sair um pouco,procurar um restaurante e fazer um lanche reforçado.
E assim fazem.Saem da rodoviária,atravessam a avenida principal e pedindo orientação a algumas pessoas chegam a um restaurante chamado pôr-do-sol localizado a uma quadra a esquerda dali.Ao adentrar no estabelecimento,são direcionados a uma mesa com cadeiras que ainda estava vazia e é fornecido um cardápio para que pudessem avaliar o que pedir.
Ficam cerca de quinze minutos neste exercício e acabam,por maioria dos votos,escolhendo macaxeira cozida com charque.Chamam o garçom,repassam o pedido e enquanto esperam a conversa se inicia.
—Muito ansioso com a sua primeira viagem de aventuras,seu Philliphe?(indaga o vidente)
—Muito mesmo.Sabe,em minha vida inteira nunca aconteceu coisa igual e depois que li o seu livro sonhava com este momento.(Philliphe)
—Eu entendo perfeitamente.Na minha primeira vez,também me senti assim.(constatou Renato)
—A primeira vez sempre é especial,a melhor de todas.Depois,fica-se viciado como eu.Não consigo viver parado,tanto nas esferas espiritual e corporal.(O vidente)
—Maravilha.Se pelo menos achar uma solução para o meu problema já me dou por satisfeito.Tenho que entender que já tenho certa idade.(observou Philliphe)
—E você se considera velho?Qual a sua idade?(O vidente)
—Em torno de quarenta mas sofri tanto na vida que pareço ter cinquenta.(Philliphe)
—Muito jovem.Com os avanços da medicina,está praticamente na metade da vida.(vidente)
—Além do que a idade é algo que está em nossas cabeças.Por exemplo,tenho quinze anos de idade real e uns trinta anos de idade mental.(explicou Renato)
—Brilhante,companheiro!Está vendo,Philliphe?Não se preocupe com isso.(vidente)
—Obrigado pela força dos dois.Aliviou um pouco a minha dor.(Philliphe)
“Philliphe se emociona por ter encontrado dois personagens tão legais e distintos” . "Tinha tido muita sorte mesmo”.Quantos milhões não sonhavam em estar frente a frente com o vidente super poderoso dos livros e que polemicamente se declarava “O filho de Deus”?E quantos outros não queriam estar junto de Renato,símbolo de superação,que fora fundamental em todas as aventuras da série?Além de ter tido conhecido a miraculosa guardiã?Ainda bem que arriscara,procurara seu destino no momento certo e que os dois compraram sua causa.
Lágrimas continuam a rolar do seu rosto,o vidente e Renato se preocupam,o confortando com um abraço.Juntos os três se tranqüilizam.Alguns instantes depois,finalmente o rango fica pronto e delicadamente é servido nos pratos de cada um.
Começa uma pausa para o lanche reforçado e todos educadamente começam a alimentar-se em silêncio.Neste ínterim,pessoas saem e entram no restaurante,uma música ao fundo começa a ser tocada o que toca ainda mais os corações sensíveis dos três incitando a comunicação novamente.
—Gosta de Música popular Brasileira (MPB),filho de Deus?(pergunta Philliphe)
—Gosto.Tenho um gosto eclético para música:gosto de música que tenha letra,qualidade e toque ao fundo do coração.Especificamente,amo música internacional com seus principais expoentes (apesar de não entender),sertanejo,pop,rock,funk,romântico,country,axé,etc.(O vidente)
—E você Renato?(Philliphe)
—Gosto de música sem vergonha.kkkkk.(em risos,Renato)
—Como assim,kkkk?(em ataque de risos,Philliphe)
—Letras com duplo sentido,palavrões e ousadas.Mexem muito com a minha imaginação!(Renato)
—Tem vergonha,Renato!Vai rezar que é melhor.(vidente)
—Não me provoque.Você pode ser o filho de Deus mas ainda não é santo.Não me force a falar.(diz Renato,irado)
—Chantagista,kkkk.Paz,Renato!(vidente)
—Vocês dois são umas figuras,hein?Realmente na música há gosto para tudo e todos os estilos tem que ser respeitados.Eu,particularmente,sou dos antigos e gosto mais do meu forrozinho pé de serra como todo bom sertanejo.Quando estava com minha falecida amada Angélica,curtimos vários momentos felizes junto ouvindo este tipo de música.Sabem,é muito mágico,inexplicável.(Philliphe)
—Eu entendo.Amo também a música e ela me desperta também muitos sentimentos distintos.Na verdade,escuto música a todo o momento pois me faz muito bem.(o vidente)
—Como esta que está tocando agora?(Philliphe)
—Sim,um grande amor impossível.(O vidente)
—Não é bom,companheiro.Já falamos sobre isso.Siga sua vida.(Renato)
—è inevitável,Renato.Há alguém que controle o ímpeto do coração?(o vidente)
—Não o recrimine,Renato.Você não tem idade para isso mas um dia vai compreender.Precisamos é apoiá—lo.Conte comigo sempre,amigo.(Philliphe)
O vidente é mais um que se emociona.Para de comer,chora até a música se extinguir.Os colegas o abraçam e ele finalmente se restabelece rapidamente.Terminam de comer,chamam o garçom novamente e desta feita pedem algo para beber:Cerveja para Philliphe,refrigerante para Renato e um suco de goiaba para o vidente.
Ficam a observar o movimento do estabelecimento.Cinco minutos depois,já são servidas as bebidas e então o silêncio se quebra mais uma vez.
—Bem,Philliphe,fale-nos um pouco mais de você.Como é geralmente sua rotina,o seu dia a dia?(O vidente)
—Atualmente minha vida se resume a trabalho que envolve o setor público,o meu sítio e minha casa.Estou assim desde que perdi o que era mais importante na minha vida,meus filhos e minha mulher.E a de vocês?(Philliphe)
—A minha vida é agitada.Trabalho também no setor público,seis horas por dia,e ao chegar em casa estudo para concursos e realizo o meu mister de escritor.Considero-me caseiro e quando saio a passeio,geralmente nos fins de semana,prefiro fazê-lo acompanhado.(o vidente)
—Minhas atividades giram em torno dos estudos e ajudar a minha mãe em casa.Gosto de sair com amigos nos fins de semana e paquerar.(Renato)
—Além das citadas atividades,quais outras aprecia?(o vidente)
—Gosto de ler e de música.É o meu relaxamento .E vocês?(Philliphe)
—Muita música,filmes,futebol,leitura só nos fins de semana quando não estou muito ocupado.Algumas coisas que eu queria mudar um dia era ter tempo para praticar exercícios e dança meus pontos fracos.(O vidente)
—No meu caso,dança é o meu forte pois já participei de vários concursos com minha paquera e ganhei.Estudar também é bom pois é meu futuro.(Renato)
—Sua paquera?Estou impressionado com a ousadia deste garoto nesta idade seu vidente.(Philliphe)
—Eu não me impressiono mais.Ele já fez coisas mais deslumbrantes e secretas.Eu sei de tudo!(o vidente)
—Como o quê?(desafia Renato)
—Deixa para lá.KKkk(risos).Philliphe,mudando de assunto e se fracassarmos?Quer dizer,se não encontrarmos aquilo que deseja nesta imprevisível viagem?(Questionou o vidente)
—Não acredito.Pelo pouco que conheço de vocês,são vencedores em tudo o que fazem.Estou tranqüilo e vamos ver no que vai resultar esta loucura.(Philliphe)
—Muito bem.Philliphe.Independente do resultado,saiba que estamos contigo para o que der e vier.(Renato)
—Isto.Amigos sempre.(Completou o vidente)
A dupla incrível da série o vidente levantou-se e abraçou o protegido.Formavam assim um trio perfeito pronto para lutar pelo conhecimento e revelação necessárias referentes á quarta saga.Mas o que buscavam realmente?Por acaso seria o conhecimento de Deus,das suas linhas escritas a todo o momento que influenciavam os dois tipos de destino?ou quem sabe apenas um autoconhecimento próprio que curasse as feridas abertas pela vida?Ou até mesmo o sagrado testamento,algo nunca antes revelado na história da humanidade?Ou ainda uma junção dos três?O que se sabia,no momento,que o pesar de Philliphe era muito grande e merecia uma reflexão conjunta e um posterior direcionamento.Uma nova vida,assim por dizer,ele buscava e merecia depois de tantas tragédias particulares.
Findo o abraço,terminam a bebida,chamam o garçom,ele traz a conta,levantam-se,vão ao caixa e pagam.Após,com largas passadas,saem do restaurante e voltam fazendo o mesmo caminho em direção á rodoviária.Em dez minutos,já estão na mesma,vão ao balcão,compram as passagens para Cabrobó e sentam nas poltronas do cimento a esperar.Seriam mais de trinta minutos de angústia até a chegada da condução.
Neste intervalo,conversam um pouco mais entre si e com outros presentes,escutam música,compram pipoca e admiram o trânsito que no momento encontra-se bastante movimentado.Revezam-se nestas atividades até a chegada do ônibus que aparece no tempo previsto.Levantam-se das poltronas de cimento e com passadas firmes e largas aproximam-se da condução diante dum sol escaldante o que provoca arrepios e suores.
Com mais alguns passos,conseguem subir no automóvel e como de costume pegam as cadeiras da frente.Relaxam,conversam entre si e instantes depois com todos dentro finalmente é dada a partida.Rumo ao destino dos três,em mais um episódio complicado e desafiador.
Começava aí uma longa viagem monótona,cansativa e angustiante mas inspiradora para todos.Da parte deles,estavam dispostos a fazer todos os esforços para alcançar o sucesso,resolver seus problemas pessoais,aprender mais um pouco.Porém,só isso não era suficiente para lograr o êxito.Ainda estavam envolvidos na aventura forças desconhecidas,o confronto luz-treva era muito presente,o Maktub escondia-se cada vez mais e envolvia os dois tipos de destino.Tudo era questão de tempo e eles teriam que esperar.De Arcoverde a Cabrobó seriam aproximadamente 250 km(Duzentos e cinqüenta quilômetros) que podiam ser percorridos contando as paradas em aproximadamente quatro a cinco horas.
A grande travessia se inicia......Os três esforçam-se para passar o tempo da maneira mais confortável possível.Enquanto o vidente aproveita para ler um bom livro,Philliphe dorme ao lado e Renato conversa animadamente com uma garota no outro banco.O nome dela è Michelle Lopes.Vejamos como nosso augusto personagem se sai no diálogo.
—Oi,meu nome é Renato e o seu?
—Michelle Lopes.De onde você?
—Resido na Serra do Ororubá,próximo ao distrito de Mimoso-Pesqueira-PE e você?
—Em Arcoverde mesmo.Qual sua idade?
—Quinze e você?
—Dezoito.Iniciando a faculdade de Pedagogia.E você?estuda também?
—Sim.Estou no primeiro ano do ensino médio.Estudo na cidade de Pesqueira no colégio cristo Rei.
—Ah,que bom.Muito bem!Vejo falar que é um bom colégio.
—É verdade.Mas é como diz o ditado,quem faz o colégio é o aluno.
—Concordo.E além de estudar,o que faz?
—Ajudo minha mãe em casa e profissionalmente sou auxiliar de escritor.Sou companheiro de aventuras do célebre o vidente.
—Ah!Que massa.Parabéns!como é mesmo isso?
—É assim.Vão surgindo as oportunidades,as aventuras e nos engajamos nas soluções dos problemas.Já estamos no quarto episódio.
—Maravilha!Fiquei curiosa.Poderia me contar um pouco desta experiência?
—Sim,claro.No primeiro episódio,o objetivo era reunir as “Forças opostas”.Eu e meu colega o vidente,usando da nossa arte fizemos uma viagem no tempo e caímos no início do século XX,num Mimoso dominado pelo coronelismo e por uma bruxa má.Durante trinta dias,tivemos a oportunidade de investigar as injustiças e ao juntar os fatos percebemos o desequilíbrio total das forças opostas e o sofrimento duma jovem moça chamada Christine dominada por um pai perverso e sanguinário.Depois de muitas tentativas,conseguimos um acordo com as trevas,uma batalha que decidiria o destino de todos.E assim se fez.Numa grande guerra comandada pelo vidente e pela força celestial conseguimos derrotar finalmente a força das trevas e restabelecer a paz.Tudo melhorou,podemos então ajudar Christine a ser verdadeiramente feliz.Concluído este trabalho,fizemos a viagem de volta ao nosso tempo e foi escrito o primeiro título da série com nome sugestivo:Forças opostas-O mistério da gruta.Um tempo depois,o vidente nos procurou na montanha cheio de indagações sobre sua noite escura da alma,período em que se afastou de Deus,afundou-se em pecados sendo dominado totalmente pelo seu mensageiro e pelo poder respectivo das trevas.Com toda delicadeza,minha mãe e o hindu o prepararam com relação aos pecados capitais.No entanto,nem todos os esforços foram capazes de acalmá-lo.Foi então sugerido que fizéssemos uma viagem a uma ilha onde se localizava o reino dos anjos onde talvez sanássemos nossos problemas e encontrássemos a revelação que se necessitava.No caminho,embarcamos num navio de piratas,vivemos incríveis aventuras com uma gente estigmatizada e de quebra ainda tivemos a oportunidade de aprender um pouco mais sobre a noite escura.Com sorte,depois de muitas avarias,conseguimos chegar a ilha prometida.Vivemos outras experiências até chegar a revelação prometida.As indagações do livro são:Seria possível que um criminoso se recupere no momento em que está afundado na noite escura?Ou a provável recuperação é apenas um paliativo para uma noite ainda mais escura?Após as revelações,concluímos nossos trabalhos e voltamos para a nossa casa com mais uma missão cumprida.O resultado foi o segundo livro da série intitulado “A noite escura da alma”.Já no terceiro livro,ajudei o vidente a reconstruir sua própria história e no desenvolvimento dos seus dons.No caminho,encontramos um mestre da luz incrível chamado Angel que nos direcionou a mais uma visão.O que ela revelou foi um nordeste de contrastes no início do século XX,focado na batalha de um grupo por justiça,igualdade e liberdade de expressão.Inspirado nesta história,finalmente pudemos fazer o elo entre o mundo daquela época e o atual,com suas diferenças e semelhanças,alcançando o milagre do “Encontro entre os dois mundos”,título também da história.E é isto.Agora estamos indo de encontro mais uma vez com o destino inexplicável.
—Que interessante.Parabéns aos dois.O sucesso com certeza virá.
—Obrigado.O que te traz nesta viagem?
—Tenho parentes em Cabrobó e pretendo ir visitá-los.Faço isso pelo menos uma vez por ano.
—Você mora com quem?
—Moro com meus pais e mais um irmão.E você?
—Com minha mãe adotiva.Minha mãe biológica morreu e meu pai perdeu minha guarda porque me batia muito.
—Ah,sinto muito.Imagino como deve ter sido difícil sua infância.
—Muito complicado mesmo.Mas sobrevivi.Agradeço a minha mãe e ao vidente por terem me apoiado tanto e acreditado em mim.
—Por falar nisso,ele está aqui?
—Sim.É este da poltrona da frente.
—Obrigada.Com licença.
Michelle Lopes se levantou,deu dois passos para frente e delicadamente bateu palmas diante do concentrado vidente engajado na leitura dum livro interessante.A contragosto,ele desviou sua atenção e a focou no rosto e silhueta marcantes de Michelle vestida com calça Jeans,blusa de algodão rosa e sandálias.Sorriu e gentilmente se comunicou.
—Sim.O que deseja moça?
—Meu nome é Michelle Lopes e conversando com um dos seus colegas tomei conhecimento de sua história.Poderia dar—me um abraço?
—Claro.Meu nome é Aldivan Teixeira Torres.Porém,também sou conhecido como vidente ou filho de Deus.Fique a vontade.
—Obrigada.
O vidente levantou-se,Michele se aproximou mais e com um passo adiante finalmente ocorreu o abraço.Aldivan emocionou-se com tanta amabilidade mostrada por uma desconhecida.Por isto ele não esperava e a cada instante que se passava o seu sonho de conquistar o mundo tornava-se mais palpável.
Findo o abraço,o vidente voltou a sentar e delicado que era retomou a conversa.
—Sente-se aqui,dona Michelle,conversemos um pouco pois ainda temos metade do percurso a percorrer.(Convidou o vidente)
—obrigada.Não irei incomodar?
—Que nada.De maneira nenhuma,á vontade.
Meio sem graça,Michelle assentiu e sentou-se.Como era magrinha,o espaço foi suficiente para a mesma.Na mesma hora,o vidente guardou o livro em sua mala a fim de prestar atenção a nova amiga.Por sorte,não acordaram Philliphe e então a conversa foi reiniciada.
—Renato me contou das peripécias de vocês.Conte-me,como é viver isso?
—Muito legal.Sabe,amo este mister.A cada nova missão concluída,sinto-me mais preparado para seguir em frente e vencer.
—Entendo.Sinto-me assim com a pedagogia,adoro crianças e é muito útil colaborar com seu desenvolvimento.
—Claro.Cada um faz parte para o engrandecimento e a evolução da sociedade.Você está de parabéns também.
—Obrigada.E o que é escrever para você?
—Algo natural como comer,estudar ou trabalhar.Uma das minhas faces.E para você,o que é lecionar?
—Uma paixão.Apesar dos grandes desafios que a educação nos impõe,é reconfortante.
—A literatura também é um desafio.Nasci num país sem muita tradição literária possuidor de um grande bolsão de pobreza e onde a média de livros lidos por ano é apenas um por pessoa.
—Caramba!E isto não te desestimula?
—De forma alguma.Quanto maior o desafio,maior é a minha vontade de vencer e direciono todos os esforços para isso.
—Muito louvável.Preciso aprender a ser também assim .O problema são os grandes obstáculos do caminho.
—Nem sempre fui assim.Isto é algo que se adquire somente com a experiência.Qual sua idade?
—Dezoito e você?
—Quase trinta e um.Está explicado.Terá tempo suficiente para aprender os caminhos do sucesso e da felicidade.
—Assim espero.O que vão procurar em Cabrobó?
—Vamos até o povoado chamado Travessia do deserto a fim de nos encontrar.Conhece?
—Nunca fui mas ouvi falar.Ótima escolha.Falam muito das suas propriedades mágicas e alguns o consideram sagrado.Boa sorte.
—Obrigado.
—Bem,vou voltar para meu canto.Muito prazer,Aldivan e sucesso em sua caminhada.
—Desejo o mesmo para você.
—Tchau.
Michelle levantou-se,cumprimentou o vidente com um beijo no rosto e se afastou. Volta para ao lado de Renato que já se encontrava chateado com sua ausência.A conversa volta a desenrolar-se entre os dois sobre vários assuntos enquanto o ônibus avança.Cabrobó se aproximava.
Aproximadamente meia hora depois,finalmente chegam.O ônibus para e todos descem com suas pesadas malas.Gentilmente, Michelle despede-se e só ficam os três mosqueteiros:Renato,o vidente e Philliphe.Juntos,vão ao ponto de lotação que ficava ao lado da rodoviária e contratam um dos carros.Colocam a bagagem na mala,cumprimentam o motorista,adentram no carro e finalmente a partida é dada.Rumo a travessia do deserto!
O curto trajeto de quinze quilômetros é percorrido com muita animação e energia por parte dos integrantes da viagem. Mais do que ansiosos estavam felizes com sua atitude desprendida diante da vida. E que novas emoções e conhecimentos viessem preencher suas almas sedentas.
O automóvel,uma van cor cinza, entra na rua principal do povoado e para exatamente em frente no centro, junto a uma praça. O trio desce,pega as malas,paga a passagem,despede-se do motorista e ali mesmo,no centro,localizam uma pousada.Com alguns passos,entram nela e mesmo sem ter reservado a estadia,conseguem alojamento junto á Dona do estabelecimento que se chamava Luíza para os três.Após acertar as bases,vão descansar da longa viagem.O que os aguardava nesta aventura instigante?Continuem acompanhando,leitores.
Duas horas depois, os viajantes acordam simultaneamente.Um por vez,levantam-se da cama,tomam banho,fazem um lanche na cozinha,escovam os dentes,reúnem-se e decidem iniciar a grande travessia que estava marcada nos seus respectivos destinos.A fim disso,arrumam as mochilas e saem da pousada . Juntando informações, contratam dois jovens experientes neste tipo de aventura.Chamam-se Rafael Potester e Uriel Ikiriri.
O grupo dirige-se ao grande deserto de Cabrobó com todos os aparatos necessários para passarem alguns dias naquele inóspito lugar.Seria possível?Mesmo parecendo loucura,os visitantes não pareciam se importar.Ao contrário,pareciam bastante animados.
No caminho até a entrada do deserto num total de oitocentos metros(800 m) aproveitam para se conhecer melhor e distrair um pouco da missão que era deveras complicada.Acompanhem alguns trechos.
—O que procuram exatamente no deserto?(Indagou Rafael)
—Viemos conhecer um pouco mais de nós mesmos e da força que nos comanda.(Resumiu o vidente)
—Queremos ainda auxiliar nosso amigo Philliphe em suas questões pessoais.(Complementou Renato)
—Entendi.(Rafael)
—E quais questões seriam?(Interessou-se Uriel)
—Quero curar meu desespero que se instalou desde que perdi minha família toda num acidente de carro.Quero entender o porquê de tudo isso e a melhor forma de agradar a Deus.(Explicou Philliphe)
—Complicado mesmo.É como diz o ditado,Deus escreve certo por linhas tortas e não cabe a nós julgar.Mas é interessante este questionamento,vão em frente.(Uriel)
—Podem contar conosco nesta grande aventura.Seremos seus anjos.(Prontificou-se Rafael)
—Ah,obrigado,vamos precisar mesmo.(Assentiu o vidente)
—Sinto-me mais tranqüilo.(Declarou Renato)
—Obrigado pelo interesse e estamos também a disposição.(Philliphe)
—De onde vocês são?(Rafael)
—Eu e Renato somos de Pesqueira e nosso amigo Philliphe de Arcoverde.E vocês?(o vidente)
—Somos daqui mesmo e do universo ao mesmo tempo.(Respondeu misteriosamente Rafael)
—Não entendi.(Constatou o vidente)
—Também não.(Reforçou Philliphe)
—Como assim?(Quis saber Renato, incrédulo)
—O que o meu colega quis dizer é que todos nós temos uma origem divina.Temos um nascimento corpóreo e outro espiritual.Não é isto,Rafael?(Interveio Uriel)
—Exato.(Rafael)
—Vocês são impressionantes.(O vidente)
—Diria filósofos.(Philliphe)
—Ou quem sabe Anjos.(Concluiu Renato)
—E você acredita nisto,garoto?(Uriel)
—sim.Por tudo que vivi,não duvido de nada.(Renato)
—Está certo.(Uriel)
—Como já disse,de certa forma seremos.E isto basta por enquanto.(Rafael)
—Está bem.(Conformou-se o curioso Renato)
—Continuemos então.Sigam-nos e cuidado com os animais peçonhentos.(Recomendou Uriel)
—Ok.(o Trio de visitantes)
O grupo se aproximou ainda mais da entrada do grande deserto.Com mais cem metros,ultrapassaram a cerca que dividia o terreno e começaram a caminhar sobre o interessante e místico lugar cheio de poeira,pedras e diante de um sol escaldante.O que os esperava?Os próximos capítulos prometiam.