Читать книгу As Vozes Da Luz - Aldivan Teixeira Torres, Daniele Giuffre' - Страница 6

Pernambuco,30 de outubro de 2014

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Após uma noite mal dormida, recheada de ansiedade, crises e problemas a resolver o filho de Deus finalmente acorda. Como de costume, levanta-se, espreguiça-se, pega toalha, sabonete e xampu e a passos regulares dirige-se ao banheiro. Ultrapassa a porta do seu quarto, tem acesso à sala, passa pelo corredor, vai à cozinha, encontra seus familiares e pega o balde de água que sua irmã prestativa preparara, agradece a mesma e finalmente entra no pequeno repartimento da sua humilde casa. Chegando lá, tira a roupa, começa a ensaboar-se, joga um pouco de água, esfrega-se e esforça-se para ficar limpo e puro para mais um dia de labuta.

Durante o banho, um monte de ideias açoita sua mente sobre as questões gerais de sua vida incluindo sua carreira de escritor. No momento atual, tudo se resumia há uma grande esperança cujos trabalhos esperava surtir efeito no futuro em todos os campos. Era em que acreditava.

Com a sequência de enxaguamentos, tudo passa muito rápido em sua mente como se fosse um filme: A inveja dos outros, a ambição humana, as dificuldades de relacionamento e a insistente força dos seus familiares contra seus sonhos. O conjunto disso era uma carga pesada que se via obrigado a carregar.

Mas mesmo diante de tantas dificuldades, nada nem ninguém o faria desistir. Isto estava certo e com isto em mente conclui o banho em dois tempos esperando dias melhores. Veste a toalha, sai do banheiro, passando pelos mesmos locais de antes até chegar ao seu quarto.

No seu reduto, veste roupa e sapatos novos, penteia o cabelo, usa perfume e arruma sua mochila rapidamente. Ao aprontá-la, sai do quarto carregando-a a tiracolo, chega à sala, avisa que vai sair, ultrapassa o obstáculo e finalmente tem acesso a estradinha que o levaria a rua em pouco tempo.

Da estradinha tem acesso à rua e com alguns passos encontra com seus colegas que faziam o mesmo trajeto que ele. Cada qual lutava pelos seus objetivos e eram exemplos a serem seguidos na comunidade.

Com a companhia dos mesmos, o filho de Deus percorre o centro e tem acesso a pista. Seriam cerca de cento e cinquenta metros a percorrer até a beira da movimentada rodovia BR 232.

Este pequeno trajeto é cumprido sem maiores surpresas numa total interação entre os amigos tornado a rotina menos monótona. Agora era só esperar a condução que os levariam a seus respectivos trabalhos.

Não esperam muito. Com quinze minutos o carro passa, todos embarcam na van cor cinza e quando estão acomodados é retomada a viagem. Aproveitam o percurso de 18,5 km para continuar conversando com os outros passageiros e o motorista que já consideravam seus amigos pela convivência diária. Tudo é muito bom.

Como estavam em alta velocidade não demoram mais do que quinze minutos no trajeto e já adentram na entrada da cidade, a querida Arcoverde. Passam pelo bairro Boa Vista, chegam ao centro e os passageiros aos poucos vão ficando em suas respectivas paradas. Chega a vez do Filho de Deus. Ele agradece a atenção de todos, despede-se, atravessa a rua e então adentra no trabalho do qual tanto gosta.

Cumprimenta os seguranças, passa pelo portão eletrônico, atravessa um corredor, ultrapassa outra porta, cumprimenta os colegas que já estão presentes e senta no seu guichê de atendimento. Abre a mochila, tira as ferramentas de trabalho que incluem carimbos, extrator de grampo, grampeador, calculadora e furador além da sua garrafa d’água e copo. Toma um gole do precioso líquido, dirige-se ao banheiro e para isso tem que ultrapassar mais duas portas. Chegando ao recinto satisfaz suas necessidades fisiológicas, lava as mãos e o rosto, enxuga-se e finalmente sai do mesmo. Ultrapassa os mesmos obstáculos e volta ao seu guichê. Agora estava pronto para iniciar o seu trabalho de atendimento ao público com duração total de seis horas.

Iniciam-se os atendimentos e entre os serviços do dia incluem-se atualizações de dados, orientações gerais, entradas em processos administrativos. Tudo é muito dinâmico e requer muita responsabilidade por parte dos servidores. Exatamente ás 09:00 Hs da manhã o filho de Deus sente fome e então promove sua primeira parada técnica. Abre novamente a mochila, retira seu lanche e dirige-se a copa. São mais dois obstáculos a serem ultrapassados e chegando ao recinto o filho de Deus faz questão de lavar as mãos, pegar seu lanche e sentar na pequena mesinha do recinto. O ambiente é ainda composto por balcão da cozinha, armário duplo, geladeira, micro-ondas e fogão. Sozinho na ocasião, a primeira coisa que o filho de Deus faz é servir-se de chá e começar a comer seu lanche (pão com ovos e queijo). Demora apenas dez minutos nesta tarefa, lava novamente as mãos e dirige-se novamente ao seu guichê pois era responsável e não queria deixar ninguém esperando.

Ao chegar a seu posto, reinicia os seus atendimentos por mais quatro longas horas. Por ser um dia normal, conseguem concluir os atendimentos no tempo previsto e então aproximadamente ás 13:00 Hs o filho de Deus dá baixa em seu ponto, despede-se gentilmente dos seus colegas e vai embora saindo pelos mesmos locais de entrada.

Ao ter acesso ás ruas, em ritmo forte, dirige-se agora ao ponto de lotação com o objetivo de chegar o mais rápido possível em casa pois tinha trabalho a fazer. Neste sentido, passa pelo beco do Buíque, dobra a direita, segue a avenida principal até um local de cruzamento, o local mais perigoso da cidade.

Ao chegar à esquina, o sinal está fechado para os pedestres. Para um pouco e observa o movimento e quando o mesmo diminui resolve atravessar pois em sua visão não havia nenhum perigo.

No entanto, ao chegar à metade da travessia, um caminhão escondido dobra em sua direção e parece desenfreado. O filho de Deus fica sem reação ante o perigo, houve um grito, alguém o agarrando e o caminhão passar bem perto. O baque da queda o faz ficar sem sentidos por um bom tempo.

Ao acordar, está amparado por um jovem rosado e circundado por curiosos. Sem entender bem o que está acontecendo, entra em contato com o jovem.

—O que houve e quem é você?

—Eu me chamo Emanuel MelKin Escapuleto e fui a pessoa que conseguiu salvar sua vida. Por favor, preste mais atenção quando for atravessar uma rua. (Aconselhou ele)

O jovem continuou preocupado com Aldivan que ainda se mostrava abatido. Com o intuito de desfazer a confusão, dirige a palavra ás pessoas ao seu redor.

—Muito obrigado pessoal. Podem ir agora. Eu cuidarei dele.

Um a um, os curiosos foram saindo desejando melhoras para o filho de Deus. Ainda bem que tinha sido só um susto. Emanuel continuo muito atencioso com Aldivan e o ajudou a levantar-se. Foi então retomada a conversação entre os dois.

—Eu queria agradecer por tudo o que fez por mim. A propósito, quando estava atravessando a rua não te vi. De onde você surgiu? (O filho de Deus)

—Eu estava atrás do poste ao seu lado, telefonando. Quando percebi que o caminhão vinha para cima de você, não pensei duas vezes. (Emanuel)

—Meu muito obrigado mais uma vez. Você é daqui mesmo?

—Não. Estou a passeio. Moro num povoado de Ibimirim chamado Jeritacó.Já ouviu falar?

—Nunca. Não conheço Ibimirim mas tenho muita vontade.

—Que bom. E você? De onde é?

—Não tenho residência fixa. O meu mister de escritor me faz viajar constantemente em busca de aventuras.

—Ah, que legal. Olha, está muito ocupado? Queria conhecê-lo melhor.

O filho de Deus verifica o horário e constata que são 13:30Hs. Na verdade, seu horário era muito corrido, mas a conversa prometia e dar atenção era o mínimo que podia fazer por alguém que havia salvado a sua vida. Resolve aceitar a proposta.

—Tudo bem. Que tal se irmos a um restaurante aqui perto? Eu o convido para um almoço.

—Obrigado.Eu aceito. Eu estou mesmo com fome.

—Então me siga.

A dupla atravessa a avenida com mais cuidado e desce a rua sentido via correios. Após ultrapassarem uma dezena de estabelecimentos comerciais, encontram um local tranquilo cujo almoço era do tipo autosserviço.

Adentram no estabelecimento que se chamava massa delícia, escolhem uma mesa disponível, o filho de Deus guarda sua mochila na mesma e junto com seu novo amigo vão preparar seus pratos. Cada qual os preenche com os alimentos de sua preferência porque tinham bastante variedade. Ao final, pegam os talheres, pesam o prato, pegam a notinha e dirigem-se a mesa respectiva. Pedem algo também para beber o qual são prontamente atendidos.

Com alguns passos, chegam à mesa, acomodam-se em duas cadeiras ao redor dela e enquanto comem vão trocando informações.

—Como é seu nome mesmo? (Emanuel)

—Meu nome é Aldivan Teixeira Tôrres, mas também sou conhecido como filho de Deus, vidente e Divinha.Como disse, sou escritor, autor da série “O vidente”.

—Massa! E qual seu Gênero?

—Escrevo ficção romance. Meu objetivo na literatura é contribuir com a minha experiência de vida a fim de que muitos se transformem.

—Eu amo ler. Tem algum livro seu para me mostrar?

—Eu tenho. Espere um instante.

O filho de Deus pega sua mochila, a abre e tira um exemplar de seu primeiro livro publicado (Forças opostas) e entrega a Emanuel.Com um olhar rápido, o mesmo visualiza a sinopse, a capa, o sumário e a introdução e depois retoma o contato.

—Muito interessante. Gostei muito. Posso ficar com ele?

—Claro. É seu.

—Obrigado.

Emanuel guarda o livro ao seu lado e ambos ficam em silêncio por um instante concentrando-se no almoço. Por um momento, os olhos de Emanuel brilham como se tivesse tido uma ideia. Retoma o contato com o amigo ao seu lado.

—Olha, você acha que foi uma mera coincidência nosso encontro?

—Eu não sei. Eu não acredito em coincidências.

—Eu também não acredito e tenho uma proposta a lhe fazer.

—Qual?

—Quero ser seu parceiro em uma nova série.

—E o que o credencia para que eu o aceite?

—Eu tenho um dom especial. Consigo captar exatamente os pontos vitais dos problemas, os focos importantes de todas as histórias. Um exemplo foi ter te encontrado e salvo sua vida no momento preciso. Além disso, tenho contatos importantes por todo o mundo que lhe serão muito úteis.

—Ahan.Especificamente quais são estes focos?

—Relativos a área religiosa. Isto te interessa?

—Muito. E o que sugere como nossa primeira aventura?

Emanuel olha para o relógio em seu braço e parece se decepcionar. Após, retoma o contato.

—Quando você pode me visitar para que conversemos melhor?

—Ir a Jeritacó? Nem sei onde fica.

—Há lotação de Ibimirim para lá durante toda a manhã. Chegando lá, você se informa onde fica a minha casa. O povoado é pequeno e todo mundo me conhece.

—Ok. Vou pensar no seu caso e provavelmente se puder ir vai ser no sábado. Tem algum contato?

—Eu tenho celular, mas ele só pega área na cidade. Mas como disse chegando lá você me encontra. Bem, agora tenho que ir se não perco a lotação.

—Ok. Até.

—Tchau.

Emanuel aperta as mãos do filho de Deus e dirige-se a saída apressadamente deixando-o cheio de dúvidas. Entre as principais questões que se passavam em sua mente estavam: Quem era realmente ele? O que pretendia? Por que sentia que o conhecia há um longo tempo? Era realmente um grande mistério que o instigava cada vez mais. No entanto, no momento, estava muito atrasado e como não tinha avisado nada sua família deveria estar preocupada. A aventura ficaria para outro dia.

O filho de Deus então recolhe seu prato. Ajeita sua mochila e levanta-se caminhando em direção ao caixa. Entrega o prato, o recibo e o dinheiro. Espera o troco e quando o recebe sai do estabelecimento iniciando o percurso até o ponto de lotação o qual ficava bem próximo.

A largas passadas, segue em frente por uns trezentos metros, atravessa no mesmo cruzamento e ufa! Nada aconteceu, pois, o horário era de pouco movimento. Pega então a direita, caminha mais cem metros, dobra à esquerda e já chega ao destino.

Eram 14:30 Hs e por sorte ou razão do destino só faltava uma pessoa para o carro lotar. Imediatamente, dirige-se ao automóvel com a companhia dos fiscais e escolhe um bom lugar ao lado duma jovem loira esbelta e uma senhora de meia idade mais cheia na segunda carreira de poltronas da vã. Cumprimenta as duas rapidamente, o motorista e então é dada a partida. Despedia-se brevemente da sua querida Arcoverde prometendo voltar no outro dia.

O carro segue sentido centro-Boa vista-Rodovia BR 232 e enquanto corre em seu ritmo frenético o filho de Deus aproveita para puxar conversa com suas vizinhas de canto.

—Oi, tudo bem? Tu vens sempre a Arcoverde?

—Sim. Pesqueira tem poucas opções na realização de exames mais apurados o que me obriga vir sempre aqui. (Senhora de meia idade)

—Eu estava na casa de meu irmão. Havia séculos que não o visitava. (Jovem loira)

—Qual é o nome de vocês? (O filho de Deus)

—Georgia. (Senhora de meia idade)

—Karla. E o seu? (Jovem loira)

—Aldivan Teixeira Tôrres mas podem também me chamar de Vidente ou filho de Deus.

—Vidente? É sério? (Geórgia)

—Sim. Tenho um dom maravilhoso ainda não desenvolvido, mas que me é bastante útil. (O filho de Deus)

—Interessante. (Geórgia)

—E filho de Deus? Não é muita pretensão sua? (Karla)

—Não me tenham como prepotente. Não fui eu que escolhi este título e sim as entidades que me acompanham. (O filho de Deus)

—Caramba! Estou passada! (Karla)

—Cada vez mais impressionada com este jovem. (Geórgia)

—Não se impressionem. Apesar das especificidades sou um jovem absolutamente normal que busca o sentido da vida. Quero com a literatura propagar uma mensagem de esperança para que muitos assim como eu sintam-se transformados pela ação do espírito. É isso. (O filho de Deus)

—Muito bom. Desejo sorte em seu caminho. (Geórgia)

—Quero muito ler seus livros pois ainda me sinto perdida. (Karla)

—Obrigada as duas. Isto me dá um combustível a mais para eu prosseguir com meus sonhos. (O filho de Deus)

O destino se aproxima, o carro dobra a direita e entra numa via estreita. Com alguns poucos metros, o vidente despede-se, paga a passagem e finalmente desce. Caminha mais alguns metros e chega a casa.

Adentra na sua residência, na sala é recebido com carinho pelos familiares e então se dirige ao seu quarto onde troca de roupa rapidamente e guarda a mochila. Após, sai do quarto, passa pela sala e corredor e finalmente chega à cozinha. Neste respectivo ambiente, lava as mãos na pia, as enxuga no pano, prepara seu prato com o que tinha disponível (massas, arroz, feijão, farinha, carne, salada, verdura e suco) e finalmente senta numa cadeira ao redor da mesa principal. Teria agora quinze minutos de respiro para se alimentar e descansar um pouco.

Após o almoço, vai novamente ao quarto onde tira a roupa, veste uma toalha e pega xampu, sabonete e hidratante. Daí dirige-se ao banheiro da casa onde tomaria um banho bem rápido. E assim se faz. Quinze minutos depois, já está de volta ao quarto de banho tomado e roupa trocada.

Agora era o vidente e o computador no seu mister de escritor. Trabalharia o restante da tarde, jantaria e continuaria com os trabalhos á noite. Tudo em prol dum grande sonho: “Conquistar o mundo com suas palavras”.

Ao final do dia, dormiria e isto geralmente era cedo. Esta é a rotina diária do sonhador, o vidente da gruta e neste dia especial (trinta de outubro) estava especialmente tocado com a experiência junto à Emanuel, o jovem que lhe fizera uma proposta importante que poderia mudar sua carreira.

As Vozes Da Luz

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