Читать книгу Judas - Augusto de Lacerda - Страница 18
GAMALIEL, que enxugára á manga da tunica uma santa lagrima de enthusiasmo civico:
ОглавлениеAi! desde que um idumeu
Conseguiu transviar o nobre povo, o hebreu,
E nos hombros depoz o manto purpurino...
Maldito! que deixaste um rasto viperino,
Um rasto de peçonha! Infame! Rei protervo,O teu nome recorda o luto e um acervo
De horrores!—Certo dia, ousaste no portal
Da casa do Senhor dar poiso á immortalAguia romana!...—Vil, nascido de idumeus, O Cezar tambem morre: a aguia eterna é Deus! ... Que tristeza, ao pensar n'uma tão negra historia! —Do nome do tiranno o filho honra a memoria. Surge um brado, a Nação protesta, grita, lucta... Afinal, para quê? sem forças, dissoluta?... —Eu vi por toda a parte erguerem-se madeiros; Vi morrerem na cruz milhões de prisioneiros, Gritando «Jehovat!» nas ancias da agonia! E ao passo que na morte o hebreu se contorcia, E filhas e mulher's davam á luz o pranto, O incendio voraz lavrava o Logar Santo! —Depois?... Depois mais nada. O Cezar nos esmaga, Revolvendo o punhal na apodrecida chaga! Seja procurador Coponio, ou seja Marco, Ou Rufo, ou Grato, ou Poncio, a nação é um charco Onde vivem, senís, as rãs do servilismo... É provincia romana; e viva o cezarismo!
E ri amargamente n'uma cascalhada ironica de velho rabbino, apertando, convulso, o cajado na mão ossuda onde as veias resaltam.