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CAPÍTULO SEIS

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Enquanto ela esperava não ter que falar com as famílias dos falecidos, Mackenzie estava cumprindo os afazeres de sua lista de tarefas mais rápido do que ela esperava. Depois de deixar a casa dos Sterlings, naturalmente, o próximo lugar para se conseguir respostas era a casa dos parentes mais próximos. No caso dos Sterlings, a familiar mais próxima era uma irmã que morava a menos de dezesseis quilômetros da moradia dos Kurtzes. O resto da família vivia no Alabama.


Os Kurtzes, no entanto, tinham muitos familiares nas proximidades. Josh Kurtz não se mudou para muito longe de casa, vivendo a cerca de trinta e dois quilômetros não só da casa de seus pais, mas também de sua irmã. E já que o DP de Miami já havia falado bastante com os Kurtzes no início do dia, Mackenzie optou por falar com a irmã de Julie Kurtz.


Sara Lewis parecia mais do que feliz em se encontrar com eles, e embora a notícia sobre a morte de sua irmã tivesse sido dada há menos de dois dias, ela parecia ter se conformado, da maneira como uma pessoa de vinte e dois anos consegue se conformar.


Sara convidou ambos para entrar em sua casa em Overtown, uma pitoresca casa de um andar que era um pouco mais do que um pequeno apartamento. A casa era pouco decorada e tinha aquela espécie de silêncio irritante que Mackenzie havia sentido em tantas outras casas onde alguém estava lidando com uma perda recente. Sara sentou-se na borda de seu sofá, com uma caneca de chá nas mãos. Ficou claro que ela tinha chorado recentemente; ela também parecia não ter dormido muito.


—Suponho que se o FBI está envolvido, disse ela, —isso significa que houve mais assassinatos?

–Sim, houve, Harrison disse ao lado de Mackenzie. Ela franziu a testa brevemente, desejando que ele não tivesse tanta boa vontade em divulgar aquela informação.


—Mas, Mackenzie disse, interrompendo antes Harrison pudesse continuar, —nós, claro, não podemos fazer quaisquer afirmações sólidas sobre uma conexão sem uma investigação completa. E é por isso que fomos chamados.


—Eu vou ajudar o quanto puder, disse Sara Lewis. Mas eu já respondi às perguntas da polícia.

–Sim, eu entendo, e eu agradeço por isso, disse Mackenzie. Eu só quero cobrir algumas coisas que eles podem ter deixado para trás. Por exemplo, você por acaso tem alguma ideia de como a sua irmã e seu cunhado estavam financeiramente?


Ficou claro que Sara pensava que era uma pergunta estranha, mas ela fez o seu melhor para responder. Ok, suponho que sim. Josh tinha um bom emprego e eles realmente não gastavam muito dinheiro. Julie, às vezes, me repreendia, por gastar muito levianamente. Quero dizer, eles certamente não eram ricos… não pelo que eu sei. Mas viviam bem.


—Agora há pouco, um vizinho nos disse que Julie gostava de desenhar. Era apenas um hobby ou estava ganhando dinheiro com isso?

–Mais hobby, disse Julie. Era muito boa, mas sabia que não era nada de espetacular, sabe?

–E seus ex-namorados? Ou talvez ex-namoradas de Josh?


—Julie teve alguns, mas nenhum deles causou problemas. Além disso, todos eles vivem do outro lado do país. Eu sei que dois deles são casados. Quanto ao Josh, eu não acho que haveria qualquer ex envolvida. Quero dizer… inferno, eu não sei. Eles eram apenas um ótimo casal. Estavam realmente bem juntos—repugnantemente fofos em público. Esse tipo de casal.


A visita parecia muito breve para acabar, mas Mackenzie tinha apenas uma outra rota para perseguir e não tinha certeza de como se referir a ela sem ser repetitiva. Ela pensou nas estranhas transações no talão de cheques dos Sterlings, ainda incapaz de entendê-las.


Provavelmente nada, pensou. Pessoas usam seus talões de cheques de forma diferente, é só isso. Ainda assim, vale a pena analisar.


Pensando nas abreviaturas que ela tinha visto no talão de cheques dos Sterlings, Mackenzie continuou. Quando abriu a boca para falar, ela ouviu o telefone de Harrison vibrando no bolso dele. Ele rapidamente verificou a tela, em seguida, ignorou a chamada. Desculpem-me, disse ele.


Ignorando a perturbação, Mackenzie perguntou: —Você por acaso sabe se Julie ou Josh estavam envolvidos com qualquer tipo de organização ou talvez até mesmo clubes ou academias? O tipo de lugar em que eles rotineiramente pagariam taxas?


Julie pensou sobre isso por um momento, mas balançou a cabeça. Não que eu saiba. Como eu disse… eles realmente não gastavam muito dinheiro. A única taxa mensal que eu sei que Julie pagava, fora as contas, era a sua conta do Spotify, e isso custa apenas dez dólares.


—E você tem sido contatada por alguém, como um advogado, sobre o que aconteceu com as finanças deles? Perguntou Mackenzie. Sinto muito por perguntar isso, sei que posso estar pressionando.


—Não, ainda não, disse ela. Eles eram tão jovens, eu não sei mesmo se eles tinham um testamento. Merda… Eu acho que tenho que olhar tudo isso, não é?


Mackenzie ficou de pé, incapaz de responder à pergunta. Mais uma vez obrigada por falar conosco, Sara. Por favor, se você pensar em algo mais em relação às perguntas que eu lhe fiz, eu agradeceria se puder me ligar.


Com isso, ela entregou Sara um cartão de visita. Sara pegou o cartão e o guardou enquanto os levava até a porta. Não estava sendo rude, mas estava claro que ela queria que eles fossem embora o mais rápido possível.


Com a porta fechada atrás deles, Mackenzie encontrou-se de pé na varanda de Sara com Harrison. Ela considerou corrigi-lo rapidamente por ter deixado Sara saber que houve mais assassinatos e que poderiam estar relacionados com o assassinato de sua irmã. Mas tinha sido um erro motivado pela sinceridade, algo que ela tinha feito uma ou duas vezes no começo. Então, ela deixou isso passar.


—Posso te perguntar uma coisa? Perguntou Harrison.

–Claro, disse Mackenzie.


—Por que você estava tão focada nas finanças? Isso tem algo a ver com o que você viu na casa dos Sterlings?


—Sim. É apenas um palpite por enquanto, mas algumas das transações estavam–

O telefone de Harrison começou a vibrar novamente. Ele pegou-o do bolso com um olhar envergonhado em seu rosto. Ele verificou a tela, quase ignorando-a, mas em seguida, manteve o objeto nas mãos enquanto eles caminhavam de volta para o carro.


—Desculpe-me, eu tenho que atender, disse ele. É minha irmã. Ela ligou enquanto estávamos lá dentro, também. O que é estranho.


Mackenzie não lhe deu tanta atenção ao entrar no carro. Ela mal estava ouvindo o final da conversa de Harrison quando ele começou a falar. No entanto, até o momento em que ela puxou o carro de volta para a rua, ela podia dizer pelo seu tom de voz que algo estava muito errado.


Quando ele terminou a chamada, havia uma expressão de choque em seu rosto. Seu lábio inferior tinha uma espécie de curva, algo entre uma careta e um franzir de rosto.

–Harrison?


—Minha mãe morreu esta manhã, disse ele.

–Ah meu Deus, disse Mackenzie.

–Ataque cardíaco… assim. Ela–


Mackenzie poderia dizer que ele estava lutando para não romper em lágrimas. Ele virou a cabeça para longe dela, olhando para fora da janela do lado do passageiro, e começou a desabafar.

–Eu sinto muito, Harrison, disse ela. Vamos levá-la de volta para casa. Vou marcar o seu voo agora. Você precisa de qualquer outra coisa?


Ele só fez um breve aceno de cabeça, ainda olhando para longe dela enquanto chorava um pouco mais abertamente.


Mackenzie primeiro ligou para Quantico. Não conseguiu falar com McGrath ao telefone, então ela deixou uma mensagem com a recepcionista dele, deixando-a saber o que tinha acontecido e que Harrison pegaria um voo de volta para DC o mais rápido possível. Ela então ligou para a companhia aérea e pegou o primeiro voo disponível, que partia em três horas e meia.


No momento em que o voo foi reservado e ela terminou a chamada, o telefone tocou. Olhando para o Harrison com um olhar simpático, ela respondeu a ligação. Parecia terrível voltar a sua atenção para uma mentalidade de trabalho após a notícia de Harrison, mas ela tinha um trabalho para fazer —e ainda não havia pistas sólidas.


—Sou a Agente White, disse ela.

–Agente White, sou a oficial Dagney. Eu pensei que você iria gostar de saber que temos uma potencial pista.


—Potencial? Ela perguntou.


—Bem, certamente ele se encaixa no perfil. Este é um cara que tem passagens por várias invasões de domicílio, duas das quais incluíam violência e agressão sexual.

–Nas mesmas áreas dos Kurtzes e dos Sterlings?


—É onde a coisa fica promissora, disse Dagney. Um dos casos que envolviam agressão sexual aconteceu no mesmo conjunto de casas onde os Kurtzes viviam.


—Nós temos um endereço do cara?


—Sim. Ele trabalha em uma oficina de carros. Uma pequena oficina. E nós temos a confirmação de que ele está lá agora. O nome dele é Mike Nell.


—Envie-me o endereço e eu terei uma conversa com ele. E algo sobre os registros financeiros solicitados pelo Harrison? Perguntou Mackenzie.


—Ainda não. Nós temos alguns caras trabalhando nisso, no entanto. Não deve demorar

muito.


Mackenzie encerrou a chamada e fez o seu melhor para deixar que Harrison tivesse o seu momento de dor. Ele já não estava chorando, mas claramente tinha que fazer um esforço para se manter firme.


—Obrigado, disse Harrison, enxugando uma lágrima em seu rosto.

–Pelo quê? Perguntou Mackenzie.


Ele encolheu os ombros. Ligou para McGrath e o aeroporto. Lamento, este é um incômodo imenso no meio do caso.

–Não é, disse ela. Harrison, eu sinto muito pela perda.


Depois disso, o carro caiu em silêncio e querendo ou não, a mente de Mackenzie voltou para o modo trabalho. Havia um assassino em algum lugar lá fora, aparentemente com algum tipo estranho de vingança para casais felizes. E ele poderia estar à sua espera neste exato momento.

Mackenzie mal podia esperar para conhecê-lo.

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