Читать книгу Antes Que Ele Veja - Блейк Пирс - Страница 6
PREFÁCIO
ОглавлениеSusan Kellerman entendeu a necessidade de se vestir bem naquela ocasião. Ela estava representando a sua empresa e tentando conquistar novos compradores, então a sua aparência impressionava. O que ela não entendia, porém, era por que diabos ela tinha que usar saltos. Ela estava usando um lindo vestido de verão e tinha o par perfeito de sapatilhas para combinar com ele. Mas não... A empresa insistia nos saltos. Um toque de sofisticação.
Duvido que saltos tenham algo a ver com uma venda, ela pensou. Especialmente se o aspirante a cliente for um homem. De acordo com a sua folha de vendas, a pessoa da casa em que ela estava se aproximando era um homem. Dessa forma, Susan verificou o decote do seu vestido. Ela estava mostrando um pouco do seu colo, mas nada escandaloso.
Isso, ela pensou, demonstra sofisticação.
Com seu grande e pesado expositor na mão, ela subiu os degraus com os seus saltos e tocou a campainha. Enquanto esperava, deu uma rápida olhada em volta da casa. Era uma pequena casinha situada nos arredores de um bairro de classe média. A grama havia sido cortada recentemente, mas os pequenos canteiros de flores que delimitavam o minúsculo conjunto de escadas da porta da frente estavam muito necessitados de uma capina.
Era um bairro tranquilo, mas não o tipo de bairro em que Susan moraria. As casas, espalhadas pelas ruas, eram pequenas e com o estilo tradicional de New England. A maioria, ela supôs, pertencia a casais mais velhos ou a pessoas que lutam para pagar suas contas. Esta casa, em particular, parecia muito longe de se tornar a propriedade do banco.
Ela estendeu a mão para tocar a campainha novamente, mas a porta abriu antes que ela pudesse tocá-la. O homem que apareceu tinha tamanho e constituição corporal medianos. Ela supôs que ele teria cerca de quarenta anos. Havia algo de feminino nele, algo que ela podia ver pelo modo como ele simplesmente atendeu a porta e lhe deu um sorriso largo e brilhante.
“Bom dia” disse o homem.
“Bom dia” disse ela.
Ela sabia o nome dele, mas foi instruída por quem a treinou a nunca usá-lo até que as linhas de comunicação estivessem totalmente abertas. Quando você os cumprimenta pelo nome imediatamente, isso os faz sentir como presas, em vez de clientes, mesmo quando eles agendam uma visita com bastante antecedência.
Não querendo lhe dar tempo para fazer perguntas e, portanto, assumir o controle da conversa, ela acrescentou: "Eu gostaria de saber se você tem um tempo para conversar comigo sobre sua atual alimentação."
"Alimentação?" O homem perguntou com um sorriso debochado. "Eu não controlo minha alimentação. Eu meio que como o que quero."
"Oh, isso deve ser legal," Susan disse, com o seu sorriso mais encantador e com um tom de voz muito alegre. "Tenho certeza de que você sabe, que não são muitas pessoas com mais de trinta anos que podem dizer isso e ainda manter um corpo saudável."
Pela primeira vez, o homem olhou para a maleta na mão esquerda dela. Ele sorriu de novo e desta vez foi um sorriso lento - o tipo de sorriso que alguém dá quando percebe que foi pego.
"Então, o que você está vendendo?"
Foi um comentário sarcástico, mas pelo menos não foi uma porta fechada na cara dela. Ela considerou isso como a primeira vitória em direção a ser convidada para entrar. "Bem, eu estou aqui em nome da Universidade A Better You", disse ela. "Oferecemos aos adultos com mais de trinta anos uma maneira muito fácil e metódica de ficar em forma sem ter que malhar em uma academia ou alterar demais o estilo de vida."
O homem suspirou e sua mão foi até a porta. Ele parecia entediado, pronto para mandá-la embora. "E como vocês fazem isso?"
"Através de uma combinação de shakes de proteína feitos com nossas próprias proteínas em pó e mais de cinquenta receitas saudáveis para oferecer à sua nutrição diária o impulso que ela precisa."
"E é isso?"
"É isso", disse ela.
O homem considerou a ideia por um momento, olhando para Susan e depois para o grande pacote nas mãos dela. Ele olhou para o relógio e encolheu os ombros.
"Eu vou lhe dizer uma coisa," ele disse. "Eu tenho que sair daqui a dez minutos. Se você conseguir me convencer dentro deste tempo, ganhará um cliente. Faço qualquer coisa para evitar voltar para a academia.”
"Esplêndido", Susan disse, encolhendo-se internamente com o elogio falso em sua voz.
O homem se afastou um pouco e acenou para que ela entrasse na casa. “Entre,” disse ele.
Ela entrou e foi para uma pequena sala. Uma televisão de aparência antiga estava no centro de uma área de lazer cheia de arranhões. Havia algumas poltronas velhas empoeiradas nos cantos da sala, junto com um sofá amarrotado. Havia bibelôs de cerâmica e paninhos rendados em todos por toda parte. Parecia mais uma casa de mulher velha do que a casa de um homem de quarenta e poucos anos.
Por razões que desconhecia, ela sentiu um alerta interno de perigo. Mas então ela tentou impedir o medo que estava sentindo com uma lógica incerta. Então, ou ele é incrivelmente fora dos padrões ou esta não é a casa dele. Talvez ele more com a mãe.
"Pode ser aqui?" Ela perguntou, apontando para a mesa de café na frente do sofá.
“Sim, está bem,” disse o homem. Ele sorriu para ela enquanto fechava a porta.
No momento em que a porta foi fechada, Susan sentiu algo se mexer em seu intestino. Parecia que o quarto tinha ficado frio e todos os seus sentidos estavam respondendo a isso. Havia algo errado. Foi um sentimento bizarro. Ela olhou para o bibelô de cerâmica mais próximo - um garotinho puxando um carrinho - como se fosse algum tipo de resposta.
Ela ocupou-se abrindo a sua maleta. Ela tirou alguns materiais da Proteína em Pó da Universidade A Better You e o mini liquidificador de cortesia (no varejo ele custa US$ 35, mas o seu sairá absolutamente de graça na sua primeira compra!) para se distrair.
“Agora,” disse ela, tentando manter a calma e ignorar o frio que ainda sentia. "Você está mais interessado em perda de peso, ganho de peso, ou em manter a sua forma física atual?"
"Não sei bem," o homem disse, de pé próximo à mesa de café e olhando para os produtos. "O que você diria?"
Susan achou difícil falar. Ela agora sentiu medo e sem um motivo real.
Ela olhou para a porta. Seu coração palpitou em seu peito. Ele trancou a porta quando a fechou? Ela não conseguia saber isso de onde estava sentada.
Ela então percebeu que o homem ainda estava esperando por uma resposta. Ela se livrou daquele sentimento e tentou voltar ao seu papel de apresentadora do produto.
"Bem, eu não sei," ela disse.
Ela queria olhar para a porta novamente. De repente, os falsos olhos de cada bibelô de porcelana na sala pareciam estar olhando para ela - olhando para ela como um predador.
"Eu não como muito mal", disse o homem. "Mas meu ponto fraco é torta de limão. Eu ainda poderia comer torta de limão seguindo o seu programa de alimentação?"
“Possivelmente”, disse ela. Ela examinou minuciosamente seus materiais, puxando a maleta para mais perto dela. Dez minutos, ela pensou, ficando cada vez mais desconfortável com o passar de cada segundo. Ele disse que tinha dez minutos. Eu posso consigo fazer isso por esse tempo.
Ela encontrou o pequeno panfleto que mostrava o que o homem poderia comer durante o programa e olhou para ele para entregá-lo. Ele o pegou e quando fez isso, sua mão roçou a dela por apenas um momento.
Novamente, alertas soaram em sua cabeça. Ela tinha que sair dali. Ela nunca tinha tido tal reação ao pisar na casa de um cliente potencial, mas isso era tão avassalador que ela não conseguia pensar em outra coisa.
“Sinto muito,” disse ela, pegando a maleta e seus materiais de volta. "Mas só agora me lembrei que tenho uma reunião em menos de uma hora, e tenho que percorrer um longo caminho até o outro lado da cidade."
"Oh," ele disse, olhando para o panfleto que ela tinha acabado de entregá-lo. "Bem, eu entendo. Com certeza. Espero que possa chegar pontualmente.”
“Obrigada,” disse ela rapidamente.
Ele deu para ela o panfleto e ela o pegou com a mão trêmula. Ela o colocou na maleta e começou a andar em direção à porta da frente.
Estava trancada.
“Com licença” - disse o homem.
Susan se virou, ainda com as mãos em direção à maçaneta da porta.
Ela mal viu o soco atingi-la. Tudo o que ela viu foi um punho branco que bateu em sua boca. Ela sentiu o sangue imediatamente escorrer e sentiu o gosto em sua língua. Ela diretamente caiu para trás no sofá.
Ela abriu a boca para gritar e sentiu como o lado direito de sua mandíbula estava travado. Ao tentar ficar de pé, o homem veio novamente, desta vez acertando o joelho em seu estômago. O fôlego lhe faltou e ela não pôde fazer nada, mas encolher-se, lutando para respirar. Enquanto estava assim, ela estava vagamente consciente do homem que a pegava e a jogava sobre seu ombro como se ela fosse uma impotente mulher das cavernas que ele estava arrastando de volta para a caverna dele.
Ela tentou lutar contra ele, mas ela ainda não conseguia respirar. Era como estar paralisada, como se afogar. Seu corpo inteiro parecia mole, incluindo a sua cabeça. Ela estava pingando sangue na parte de trás da camisa do homem e isso foi tudo o que viu quando ele a levou pela casa.
Em algum momento, ela percebeu que ele tinha levado ela para outra casa - uma casa que era de alguma forma anexa à que ela tinha estado há momentos atrás. Ela foi jogada no chão como um saco de pedras, batendo a cabeça em um chão de linóleo arranhado. Pontos brilhantes de dor cintilavam em seus olhos quando ela foi finalmente capaz de tomar o menor fôlego. Ela rolou, mas quando ela conseguiu ficar de pé, ele chegou lá novamente.
Seus olhos estavam ficando nebulosos, mas ela conseguiu distinguir o suficiente para ver que ele havia aberto uma espécie de pequena porta no lado de uma parede - escondida atrás de algum tipo de falso revestimento. Estava escuro lá, havia camadas de poeira e algum tipo de revestimento volumoso de isolamento pendurado com farrapos rasgados. Seu coração bateu contra seu peito como se estivesse tentando romper os ossos do tórax quando ela percebeu que ele estava levando ela para lá.
"Você estará segura aqui,” o homem disse a ela enquanto se curvava e a arrastou para o espaço.
Ela estava no escuro, deitada sobre tábuas rígidas que serviam como assoalho. Tudo o que ela podia sentir era o cheiro da poeira e do seu próprio sangue, ainda escorrendo de seu nariz quebrado. O homem ... ela sabia seu nome, mas não conseguia se lembrar. Tudo era sangue e um aperto doloroso em seu peito enquanto ela ainda lutava por respirar.
Ela finalmente puxou algum ar e quis usá-lo para gritar. Mas em vez disso, ela deixou que o ar enchesse os seus pulmões, aliviando seu corpo. Naquele momento de breve alívio, ela ouviu a porta do espaço fechado se fechar em algum lugar atrás dela e então ela estava abandonada na escuridão.
A última coisa que ela ouviu antes do seu mundo se tornar escuro foi o riso dele, bem do lado de fora da porta.
"Não se preocupe," ele disse. "Tudo isso acabará logo."