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Capítulo 2

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Estava a beijá-la. Pelo amor de Deus, estava a beijá-la!

Entendia-o num aspeto racional, mas não fazia sentido. Sobretudo, porque o que estava a fazer com a boca não se parecia nada com os beijos que imaginara ou de que ouvira falar.

Passava-lhe a língua pelos lábios, tentava-a e seduzia-a ao mesmo tempo para que se abrisse… para ele.

Algo que, naturalmente, não tencionava fazer… até ceder e deixar fugir um som do mais profundo da garganta que a fez tremer.

Então, essa tentação perversa que era a sua língua entrou na boca dela, entrou nela e tudo se perturbou.

Talvez fosse o ângulo, o seu sabor suculento e desmedido, essa mestria indolente ao beijá-la, ao afundar-se, ao mexer-se…

Quando se afastou, continuava a esboçar um sorriso e fora ela que ficara a tremer, embora se garantisse que era de raiva e de indignação.

– Não pode… andar por aí a beijar as pessoas!

Ele sorriu mais abertamente.

– Vou ter isso em conta se alguma outra personagem de contos de fadas sair do bosque.

Lauren corou. Ardiam-lhe as faces, ardia por dentro e o corpo derretia-se. Os mamilos estavam inchados e um desejo húmido brotava entre as pernas… e envergonhava-a profundamente.

– Não sou uma personagem de um conto de fadas.

Lauren arrependeu-se assim que o disse. Porque haveria de participar nesse disparate, fosse o que fosse? No entanto, não conseguia evitá-lo.

– Os contos de fadas não são reais e também não quereria ter nada a ver com eles, mesmo que fossem.

– É uma pena. O que são os contos de fadas senão um compêndio de todas as tentações da humanidade? Fantasias, imaginações sombrias…

Lauren pensou que não havia nenhum motivo para que sentisse esse nó na garganta nem para que tivesse de engolir em seco…

– Tenho a certeza de que o trabalho de algumas pessoas, ou falta dele, lhes permite dedicar o tempo a pensar nos méritos dos contos infantis – replicou ela, num tom que ela própria sabia que era muito pedante –, mas receio que o meu trabalho seja mais adulto.

– Claro, não há nada tão adulto como fazer o que outros ordenam.

Lauren sentia-se deslocada e era algo que nunca lhe acontecia. Sentia os lábios inchados, mas não queria tocar-lhes para verificar. Não queria dar-lhe essa vantagem, visto que lhe indicaria que era vulnerável e isso era excessivo. Na verdade, era intolerável que tivesse alguma vulnerabilidade.

– Ninguém pode viver numa cabana num bosque e conservar a prudência.

Se esperara que olhasse para ela com fúria, teve de ficar com essa vontade, porque se limitou a continuar a olhar fixamente para ela com esse sorriso e esse brilho prateado nos olhos que a derretia por dentro.

– O teu estalajadeiro avisou-me de que estavas a caminho.

Recuou um pouco e ela sentiu-o tanto que ficou mais humilhada. Tinha alguma coisa na forma de se mexer que fazia com que quisesse aproximar-se, com que quisesse esticar as mãos e…

Naturalmente, não o fez. Cruzou os braços para o conter e conter-se ao mesmo tempo e tentou olhar para ele com o sobrolho franzido como se, assim, pudesse expulsar todas essas sensações tão incómodas.

– Poderias ter-te poupado o incómodo e o passeio – estava a dizer ele. – Não quero saber do teu patrão rico e, efetivamente, sei quem é. Podes ficar tranquila. Não estou interessado nele, na mãe ou no testamento de pessoas desmesuradamente ricas que, provavelmente, teria odiado se as tivesse conhecido.

Lauren sentiu-o como uma traição, quando não devia ter sentido nada. Não era pessoal. Ela não tinha nada a ver com as famílias Combe e San Giacomo, era apenas uma empregada e agradecera-o muitas vezes, porque bastava o contacto com os muito ricos e conhecidos para estar agradecida com o que tinha e com o facto de o ter conseguido sem ter tido de suportar a observação dos outros ou o peso do passado.

No entanto, irritava-a que aquele homem rejeitasse o que lhe correspondia… e sentia um formigueiro nos lábios. Conseguia recordar tão vividamente como a beijara que conseguia saborear outra vez a sua virilidade implacável. Tudo isso se misturava e formava um nó que a embargava.

– O meu patrão rico é o seu irmão – recordou-lhe ela, num tom mais cortante do que o necessário. – Não se trata de dinheiro, trata-se de família.

– Uma família muito rica – indicou Dominik, com um olhar duro –, e que, para começar, não me quis. Acho que vou poupar-me uma reunião cordial organizada devido ao capricho de uma mulher morta.

Lauren segurou-lhe o pulso quando lhe tocou no queixo com uma mão. Devia tê-la afastado com uma palmada, mas era tudo meloso, espesso e lento e ela só sentia como a agarrava, como lhe agarrava o queixo com uma espécie de certeza que fazia com que tudo vibrasse por dentro, em contraste com a firmeza da sua mão. Suavizou-se, derreteu-se…

– Gosto do sabor – murmurou ele, num tom sarcástico, letal e insuportável, embora ela não se afastasse. – Não sabia que uma loira tão cortante podia ter um sabor tão doce.

Quando as suas palavras chegaram por completo ao interior desconhecido e palpitante dela, ele já se virara e já se dirigia para a cabana.

Lauren achou que se odiaria para sempre pelo ardor que sentia nos olhos, porque não se lembrava de ter permitido que brotassem umas lágrimas de fúria.

– Vamos ver se o entendi bem.

Disse-o atrás dele e, certamente, não reparou na sua musculatura nem imaginou que as mãos dele a percorriam de cima a baixo para se maravilhar com o seu corpo…

– O estalajadeiro avisou-o e isso significa que sabia que vinha. Também lhe disse como estava vestida para que pudesse contar essa história do Capuchinho Vermelho? Isso torna-o o Lobo Mau, não é?

Deu por si a segui-lo através da clareira como se não a tivesse alterado e isso não podia ser prudente. Como se não a tivesse beijado até quase perder os sentidos… Contudo, não estava a pensar nisso porque não podia fazê-lo. Se pensasse nisso, não pensaria em mais nada.

– Há todo o tipo de lobos nos bosques da Europa.

A sua voz pareceu mais sombria, sobretudo, quando se virou e voltou a olhar para ela de cima a baixo… e teve o mesmo efeito do que antes. Olhar para ela era como observar uma tempestade.

– Mau é uma descrição como outra qualquer – acrescentou ele.

Percebeu que ele não respondera à pergunta.

– Porquê?

Lauren parou a meio metro dele, mais ou menos, e pôs as mãos na cintura com o xaile aberto. Aborreceu-se com essa parte de si própria que se emocionou quando ele olhou para a corrente delicada de ouro que lhe pendia do pescoço e para a blusa de seda que tinha por baixo. Os seios e os mamilos endureceram, mas devia ser uma reação ao frio repentino, não a ele…

Passara anos a usar sapatos que lhe recordavam que era uma mulher e com a esperança de que esse dia fosse o dia em que Matteo a via como uma, para variar. Nunca o fizera nem o faria.

Aquele homem, pelo contrário, fazia com que se sentisse disparatadamente feminina sem se esforçar.

Tentou convencer-se de que o que sentia era uma indignação absoluta, mas essa vertigem impedia-a de acreditar.

– Porque te beijei? – Lauren viu o brilho dos seus dentes, como se ele quisesse sorrir e se arrependesse no último momento. – Porque queria, Capuchinho Vermelho. Por que outra razão seria?

– Talvez me tenha beijado porque é um porco – acusou ela, com frieza. – Algo que costuma acontecer aos homens que perdem o domínio sobre si próprios.

O rosto dele refletiu uma espécie de prazer sombrio.

– Parece-me que misturou as histórias. Além disso, em qualquer caso, quando há porcos, também há bufos e, se não me engano… sopros. – Ele inclinou a cabeça como se quisesse recordar-lhe como era indómito e como estava afastado das experiências dela. – Estás a insinuar-te?

Sentiu uma labareda por dentro, mas não se deixou levar, não se deixou dominar pelas imagens do que ele poderia chamar «sopros».

– Muito engraçado – troçou ela, antes de se envergonhar ainda mais. – Não é de estranhar que um homem que vive numa cabana no bosque tenha tempo suficiente para mudar os contos de fadas ao seu gosto, mas não estou aqui por si, senhor James.

– Chama-me Dominik. – Ele sorriu, mas ela não se deixou enganar por esse sorriso. – Imagino que o senhor James fosse o meu pai, mas nunca conheci esse homem.

– Gosto da sua estratégia. – Lauren tentou outra tática antes de pensar no beijo. – Pôs-me no meu lugar, obrigada, e adoraria ir-me embora e contar ao meu patrão que o melhor que poderia fazer é não reconhecer o ermitão bárbaro que vive no bosque como o seu irmão perdido, mas receio que não possa.

– Porquê?

– Porque tanto faz porque está aqui e se é um bárbaro, um ermitão ou um patife que não sabe lidar com as pessoas. – Abanou uma mão como se não soubesse com que adjetivo ficar. – Se consegui localizá-lo, isso quer dizer que os outros também conseguirão e não serão tão agradáveis como eu. Serão jornalistas e paparazzi e, quando começarem a vir, não vão parar de o fazer. Vão rodear a cabana e transformar a sua vida num inferno. – Lauren sorriu de orelha a orelha. – É apenas uma questão de tempo.

– Passei toda a infância à espera que alguém viesse – replicou ele, com delicadeza, depois de um silêncio que a deixou nervosa. – Nunca veio ninguém. Vais perdoar-me se não acreditar que, agora, de repente, interesso a alguém.

– Quando era pequeno, era um erro ilegítimo. Foi o que o pai da Alexandrina San Giacomo escreveu sobre si, não é uma descrição minha – apressou-se a esclarecer ela. – Agora, é o herdeiro San Giacomo que devia ter sido sempre. É um homem muito rico, senhor James. Mais ainda, faz parte de uma linhagem muito antiga e ilustre.

– Enganas-te por completo – contradisse, com uma amabilidade que não enganou Lauren, pois viu a expressão implacável do seu rosto. – Sou um órfão, um ex-soldado e um homem que prefere estar consigo próprio. Se fosse a ti, voltava a correr para o homem que segura a tua trela e contava-lhe. – Então, os olhos dele deixaram escapar um brilho ameaçador. – E fazia-o já, como um cão obediente, antes que me esqueça do teu sabor e dar rédea solta ao meu mau feitio.

Fá-lo-ia com muito prazer. Se ser o cão de Matteo a livrasse daquele homem, adoraria sê-lo, mas não fora a tarefa que lhe tinham pedido.

– Receio que não possa fazê-lo.

– Não há alternativa, Capuchinho Vermelho. Já te dei a minha resposta.

Lauren percebia que falava a sério, que estava disposto a voltar para a cabana ridícula no meio do nada, a esquecer as suas origens e a fingir que não a encontrara. Sentiu um arrebatamento de um sentimento diferente e que não dizia nada de bom dela.

Não desdenharia a fortuna dos San Giacomo e tudo o que a acompanhava. Não gozaria com a ideia de ser uma herdeira desaparecida durante todo esse tempo. Era muito melhor do que a realidade crua, que tanto o pai como a mãe se casaram outra vez e que tinham umas famílias maravilhosas e novas de que gostavam muito mais do que dela, a lembrança de todas as más decisões que tinham tomado juntos.

Tinham-na passado de mão em mão sem vontade e com muito pouco carinho até, finalmente, ser maior de idade e lhes comunicar que podiam parar de o fazer. A verdade triste era que ela esperara que algum deles objetasse ou, pelo menos, fingisse, mas nenhum dos dois se incomodara em fazê-lo… e não achava que isso tivesse importado muito se tivesse sangue azul e uma fortuna repentina para amortecer o golpe.

– Esta notícia teria entusiasmado a maioria das pessoas – conseguiu dizer ela, sem ceder aos seus próprios sentimentos. – É quase como ganhar a lotaria, não é? Segue em frente com a sua vida, mas, de repente, descobre que é uma pessoa completamente diferente de quem pensava que era.

– Sou exatamente quem acho que sou. – Garantiu-o num tom tão ameaçador como o seu olhar. – Trabalhei muito para o ser e não tenciono desistir por causa dos remorsos de uma mulher morta.

– Mas eu não…

– Sei quem são os San Giacomo – interrompeu Dominik. – Acredita em mim, em Itália, senti a sombra deles e não quero ser um deles. Podes dizer isso ao teu patrão.

– Voltará a mandar-me cá e, se continuar a rejeitar-me, acabará por ser ele a vir. É o que quer? Quer ter a oportunidade de lhe dizer que não está interessado no presente que quer dar-lhe?

– É um presente ou é o que me correspondia por nascimento e não me permitiram reivindicar? – perguntou ele, olhando para ela com atenção.

– Seja o que for, não será nada se se fechar na sua cabana de madeira como se não estivesse a acontecer nada.

Riu-se. Não deitou a cabeça para trás nem deixou escapar uma gargalhada, só sorriu. Foi um sorriso fugaz que fez com que Lauren tivesse vontade de ouvir uma gargalhada real.

Podia saber-se o que estava a acontecer?

– O que não entendo é o teu empenho.

A sua voz foi como uma carícia nas costas e não ajudou imaginá-lo a fazer precisamente isso e a passar-lhe a língua pelo corpo enquanto lhe acariciava as ancas e… Teve de se sacudir levemente para franzir o sobrolho e voltar a concentrar-se nele.

– Sei que estiveste à minha procura. Demoraste semanas, mas perseveraste. Se, em algum momento, te passou pela cabeça que não queria que me encontrassem, isso não te parou… e aqui estás, sem que te tenha convidado.

– Se sabia que estava à sua procura – algo em que tinha de pensar bem porque parecia difícil sabê-lo quando estava naquela cabana rodeada de árvores –, porque não entrou em contacto comigo?

– Ninguém vive numa casinha no meio de um bosque da Hungria se quiser que o visitem e muito menos uns visitantes imprevistos. – O sorriso dele foi outra vez como uma faca afiada e perigosa. – Mas aqui estás…

– Faço muito bem o meu trabalho. – Lauren ergueu o queixo. – Na verdade, faço-o especialmente bem e, quando me dão uma tarefa, levo-a a cabo.

– Se te pedir para saltares, chegas à lua, não é?

Percebeu a brincadeira e sentiu vergonha, embora não entendesse. Não entendia nada daquilo.

– Sou a secretária pessoal dele, senhor James, e isso significa que o ajudo em tudo o que precisa. Vem com o posto, não é um defeito da minha personalidade.

– Posso dizer-te o que sei do teu empregador. – Dominik disse-o num tom indolente, como se fosse um jogo, mas ela sabia que não era. – É uma desonra, não é? É um homem que ama tanto essa família de que quer que faça parte que deu um murro ao amante da irmã no enterro do pai. Que rico exemplo! Não consigo entender porque não quero envolver-me com essas pessoas…

Fazia muito bem o seu trabalho. Teve de se recordar naquele momento, mas era verdade. Respirou fundo e expirou devagar enquanto tentava entender o que estava a acontecer.

Era evidente que aquele homem sentia rancor pelas pessoas que o tinham deixado num orfanato e até era compreensível. Supunha que era possível que não estivesse a desdenhar a oferta de Matteo, mas a oferta chegava demasiado tarde para ser importante. Também conseguia entender isso porque passara mais horas do que estava disposta a reconhecer a imaginar que os pais lhe suplicavam que lhes dedicasse o seu tempo e que ela os rejeitava.

Além disso, supunha que, se tivessem enviado um homem para o encontrar, Dominik teria encontrado uma forma de o incomodar, como faria com qualquer emissário enviado por quem o abandonara. Toda a história do beijo e dos contos de fadas era um jogo para a despistar, tal como as situações que ela imaginava com os seus pais.

Tinha de presumir que o facto de se recusar a envolver-se com os San Giacomo se devia a se sentir ferido nos sentimentos, mas, se havia alguma coisa que sabia sobre os homens, independentemente de serem ricos, poderosos ou impenetráveis, era que todos respondiam aos sentimentos feridos como se os próprios sentimentos fossem um ataque e como se qualquer pessoa que estivesse perto fosse um cúmplice.

– Entendo a sua posição – Lauren tentou parecer conciliadora –, digo-o sinceramente, mas, mesmo assim, quero que vá ver a sua família. O que tenho de fazer para o conseguir?

– Primeiro, passeias pelo bosque ameaçador com uma capa vermelha. Depois, deixas que o Lobo Mau te encontre e descubra o teu sabor. Agora, fazes uma oferta… aberta? Que olhos tão grandes que tens, Capuchinho Vermelho.

Não havia nenhum motivo para tremer por isso, como se ele estivesse a fazer uma previsão em vez de estar a jogar esse jogo a que já dedicara demasiado tempo e atenção.

No entanto, o bosque rodeava-os, o vento soprava entre as árvores e a vila estava longe dali… e ele já a beijara.

O que estava a oferecer-lhe, questionou-se, embora não respondesse.

Quando olhava para Dominik James, sentia-se como se não se conhecesse. Fazia com que se sentisse trémula e nervosa, como se o seu corpo fosse de outra pessoa. Fazia com que a língua não funcionasse como devia. Não gostava de nada disso, não gostava, mas também não se virou para se ir embora.

– Tem de haver alguma coisa que o convença a ir a Londres e a aceitar o lugar que lhe corresponde na família San Giacomo – insistiu ela, tentando parecer tranquila e racional. – Evidentemente, não é o dinheiro ou não teria desperdiçado a oportunidade de ter a sua própria fortuna.

– Não pode tentar-me com esse tipo de poder – indicou ele, encolhendo os ombros.

– Porque, naturalmente, prefere brincar. Finge que não se interessa pelo poder, mas usa todo o poder que tem para fazer o contrário do que se lhe pede.

Olhou para ela com os olhos semicerrados e ela tremeu por dentro e, sentindo um certo pânico, interrogou-se se não devia ter dito isso. No entanto, não gritou nem a ameaçou, limitou-se a olhar para ela durante um instante, até sorrir com indolência. Foi um sorriso afiado que a deixou com falta de ar, embora não pressagiasse nada de bom para ela, para o coração que acelerara e para todas as coisas que queria fingir que não sentia, como esse calor que a consumia por dentro.

– Claro que sim, Capuchinho Vermelho – reconheceu ele, em voz baixa. – Entra, senta-te junto da lareira e convence-me, se conseguires.

Escândalo no quarto

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