Читать книгу Escândalo em veneza - Caitlin Crews - Страница 5
Capítulo 1
Оглавление– Sei que o seu conselho de administração lhe deu as condições destas sessões por escrito, senhor Combe, mas acho que precisamos de as examinar. Mesmo que conversemos, tenho de destacar que não é o meu cliente. Apresentarei as minhas conclusões ao conselho, não procurarei soluções terapêuticas consigo. Entende o que isso quer dizer?
Matteo Combe olhou fixamente para a mulher que estava sentada à frente dele na biblioteca da casa veneziana que fora da família da mãe desde os começos da História. Os San Giacomo eram aristocratas com um sangue tão azul como o mar. Até contavam com alguns príncipes italianos, o bisavô de Matteo entre eles… e Matteo sabia que uma das maiores deceções na vida do seu avô fora não ter passado o seu título.
Seria muito sortudo se pudesse preocupar-se com semelhantes deceções, mas tinha preocupações mais prementes nesse momento, como conservar a empresa que os antepassados do pai, de classe trabalhadora, tinham criado do zero no norte de Inglaterra durante a revolução industrial. O facto de ter escolhido tratar dessa situação na casa aristocrática, que tanto dizia de si próprio, era para a sua própria satisfação.
Além disso, talvez também tivesse pensado que, assim, podia intimidar a mulher, a psiquiatra, que estava com ele.
A doutora Sarina Fellows era, que ele soubesse, a primeira pessoa americana que punha um pé ali… e surpreendeu-o vagamente que a casa não se afundasse no Grande Canal como forma de protesto. Embora, claro, as casas de Veneza fossem tão famosas como ele pela tenacidade face às adversidades.
Sarina era tão enérgica e eficiente como as suas palavras tinham sido e isso não pressagiava nada de bom. Vestia-se de preto dos pés à cabeça, mas não parecia lúgubre devido ao que vestia. Reconhecia o estilo artesanal italiano assim que o via. O cabelo era como seda preta e estava apanhado num coque na nuca. Os olhos tinham um tom âmbar com um anel escuro nas íris. Os lábios eram perfeitos, como se rogassem a um homem que os saboreasse e, talvez por isso, não tinham cor.
Supôs que parecia o que era, a mão executora da sua destruição se os seus inimigos levassem a sua avante, embora não estivesse disposto a deixar que nada nem ninguém o destruísse. Nem essa mulher nem a morte inesperada dos pais com umas semanas de diferença e que a única coisa que tinham deixado para trás fora as consequências dos segredos que tinham guardado e que ele fosse, contra a sua vontade, o testamenteiro de tudo o que tinham escondido enquanto estavam vivos. Nem sequer as decisões desafortunadas da irmã mais nova, que o tinham levado diretamente àquela situação, a que o presidente do conselho das Indústrias Combe, o melhor amigo do seu falecido pai, quisesse ficar com as rédeas.
Nada o destruiria, não o permitiria.
No entanto, primeiro, tinha de esclarecer aquela situação tão absurda.
Sarina esboçou o que ele pensou que seria um sorriso compassivo, embora lhe parecesse desafiante, e ele nunca rejeitara um desafio e muito menos quando devia tê-lo rejeitado para manter a paz.
No entanto, já detestava todo esse processo e acabara de começar.
Lembrou-se de que lhe fizera uma pergunta e ele assentira, não fora? Dera a sua palavra.
Ficaria ali, submeter-se-ia àquela intrusão e responderia às suas perguntas, a todas e cada uma. Mesmo que tivesse de o fazer com os dentes cerrados.
– Sei muito bem porque está aqui, menina Fellows – conseguiu responder ele.
O que não conseguiu foi disfarçar a impaciência e a frustração e o que a sua secretária de toda a vida se atrevia a chamar, na sua própria cara, o seu mau feitio.
– Doutora.
– Como? – perguntou ele, quando não entendeu.
– Doutora Fellows – explicou ela, com um sorriso cortante –, senhor Combe. Não é menina Fellows. Espero que essa diferença o convença de que estas conversas são plenamente profissionais, embora possa ser complicado.
– É um prazer ouvi-lo.
Matteo questionou-se se o teria feito intencionalmente.
Sempre se orgulhara de ser tão contundente como o pai, que fora famoso pela violência dos seus ataques. Embora, claro, ele nunca se tivesse visto numa situação como aquela.
– Não passei muito tempo, nenhum tempo se for sincero, em terapias impostas, mas o caráter profissional desta experiência era, como é natural, o que mais me importava – acrescentou Matteo.
A tempestade do fim da primavera açoitava as janelas, chegava do canal e ameaçava inundar a praça de São Marcos como costumava fazer no outono e no inverno. Essa ameaça de inundação refletia perfeitamente o estado de espírito de Matteo, mas a mulher que tinha à frente limitava-se a esboçar um sorriso tão imperturbável como a chuva que batia contra os vidros.
– Entendo a resistência a este tipo de terapias ou a qualquer tipo de terapia. Talvez o melhor seja ir diretamente à questão.
Estava sentada numa poltrona antiga de costas altas que ele sabia, por experiência própria, que era incomodíssima, mas que parecia feita à medida dela, que examinou as notas que tinha numa pasta de couro que levantava como uma arma à frente dela.
– É o presidente e diretor-executivo das Indústrias Combe, correto?
Matteo vestira-se de uma forma informal para essa entrevista ou sessão, como ela se empenhava em chamá-la. Nesse momento, arrependia-se. Teria preferido o conforto de um dos seus fatos exclusivos para se recordar que não era um preguiçoso tirado da rua. Era Matteo Combe, o filho mais velho e herdeiro, contrariado, da fortuna dos San Giacomo e da empresa multinacional que os antepassados tenazes do pai tinham criado do zero há muito tempo nas cidades industriais do norte de Inglaterra.
A sua secretária insistira que tinha de… se humanizar. Naturalmente, o problema era que Matteo nunca tivera muito jeito para ser humano. Não tivera muita prática com a família, com a mãe escandalosa e negligente e o pai ciumento, agressivo e seguro de si próprio e com as cenas que faziam.
Fez um esforço para esboçar um sorriso, algo em que também não tinha muita prática.
– Era presidente antes de o meu pai morrer. Tinha estado a formar-me para que ocupasse o seu lugar durante algum tempo. – Na verdade, desde que nascera, mas não o disse. – Tornei-me diretor-executivo depois de ele morrer.
– E decidiu assinalar a data do seu falecimento lutando com um dos presentes no enterro, com um príncipe, ainda por cima.
O sorriso dele congelou.
– Naquele momento, não importava quem era. Só sabia que era a pessoa que engravidou e abandonou a minha irmã.
Sarina voltou a verificar as notas e virou as páginas com uma firmeza que irritou Matteo, que o irritou mais, melhor dizendo.
– Refere-se à sua irmã Pia, alguns anos mais nova do que o senhor, mas que é, para todos os efeitos, uma mulher adulta que, em teoria, pode decidir ter um filho se quiser.
Matteo olhou para a mulher que estava sentada naquela poltrona onde o avô o sentava quando achava que tinha de lhe ensinar um pouco de humildade. Naturalmente, ele também tinha um relatório dela. Sarina Fellows nascera e fora criada em São Francisco e destacara-se numa das escolas privadas mais relevantes da cidade. Estudara primeiro em Berkeley e, depois, em Stanford e, em vez de exercer como psiquiatra, abrira a sua própria consultoria. Naquele momento, viajava por todo o mundo e assessorava as empresas que precisavam de perfis psicológicos dos diretores.
Matteo era a sua vítima mais recente.
Batera nesse príncipe que engravidara e abandonara Pia, algo de que não se arrependia. A sua maninha era a única integrante da família que adorara incondicionalmente, embora muitas vezes à distância, e era a herdeira de duas grandes fortunas. Era um alvo para caçadores de fortunas sem escrúpulos e, aparentemente, para príncipes. Repeti-lo-ia com muito prazer, mas fizera-o à frente dos paparazzi e alegrara-lhes o dia.
Tinham dito que tal pai, tal filho e, poucos dias depois da sua morte, tinham falado dos escândalos abundantes e zangas do seu falecido pai, para o caso de alguém ter estado tentado a esquecer quem fora Eddie Combe. Tinham bastado quatro notícias depreciativas para que a imprensa sensacionalista começasse a questionar-se se ele era a pessoa indicada para gerir a maldita empresa.
Não tivera outro remédio senão ceder às exigências do seu afetado conselho de administração. Um a um, tinham afirmado que nunca tinham visto algo parecido. Algo que era uma mentira descarada, pois todos tinham sido nomeados por Eddie, que fora conflituoso por natureza.
No entanto, Eddie estava morto e era algo que continuava a ser difícil de acreditar. Desaparecera essa energia e fúria e ele tinha de tirar «boas notas» com a médica por causa do seu comportamento no enterro do pai ou arriscava-se a um voto de censura.
Poderia ter esmagado a moção calmamente, mas sabia que a empresa estava a passar por um momento de transição. Se queria gerir, não ameaçar, mentir e atacar, que fora o que o pai fizera durante toda a sua vida, tinha de começar com bom pé. Sobretudo, quando sabia o que mais os testamentos dos seus pais escondiam.
– A minha irmã é ingénua – comentou Matteo. – Foi criada para que não soubesse grande coisa do mundo e muito menos dos homens. Receio que não goste que se aproveitem da sua forma de ser.
Sarina mexeu-se ligeiramente na poltrona e olhou fixamente para ele, como se fosse uma experiência científica. As mulheres não costumavam olhar assim para ele e não podia dizer que gostasse muito. Sobretudo, quando não pôde evitar perceber que a médica era bastante bonita. Tinha umas pernas esbeltas e suaves e era muito tentador imaginá-las por cima dos seus ombros enquanto a penetrava…
Tinha de se concentrar.
Sabia o suficiente sobre ela para imaginar que não gostaria do que estava a pensar. Sabia que criara a consultoria do zero e que era implacável e decidida, duas qualidades que ele também tinha e que costumava apreciar nos outros. Ainda que, talvez, não nesse caso, quando essa firmeza penetrante como uma faca era dirigida contra ele.
– Parece que viu um fantasma – comentou ela, quase sem lhe dar importância. – Viu?
– Numa casa como esta, há fantasmas por todos os lados – replicou Matteo, com inquietação.
Não era a ideia dos fantasmas que o inquietava, mas a sensação estranha que o dominava, a ideia de que conhecia aquela mulher quando sabia que não era assim. Afastou essa sensação.
– As salas estão cheias dos meus antepassados – continuou Matteo. – Tenho a certeza de que mais do que um se diverte a pregar sustos, mas não posso dizer que me tenham incomodado. Fique a dormir cá, se quiser, e talvez seja visitada por um fantasma…
– Não seria mau, já que não acredito nos fantasmas – replicou ela, inclinando a cabeça. – O senhor acredita?
– Se acreditasse, não lhe diria. Não gostaria de chumbar no seu exame.
– Não é um exame, senhor Combe. São conversas, mais nada. Entenderá que os seus acionistas e diretores não tenham gostado desse comportamento violento e antissocial que mostrou no enterro.
Ele encolheu os ombros com uma despreocupação que nunca sentira.
– Estava a proteger a minha irmã.
– Se não se importar, ajude-me a entender a sua forma de pensar. – Sarina apoiou um cotovelo no braço da poltrona e tocou no queixo com alguns dos seus dedos compridos e elegantes. – A sua irmã está grávida de seis meses e, segundo todos os relatórios, não tem a mínima incapacidade. As minhas indagações sobre a Pia indicam que é uma mulher bem formada, viajada e independente. Mesmo assim, sentiu uma necessidade arcaica de a defender e de o fazer de uma forma brutal.
– Sou brutal, infelizmente. – Matteo não soube porque essa palavra ardera como uma chama dentro dele, embora talvez gostasse de ter a mão no seu queixo, como o dedo dela. – Suspeito que seja uma consequência natural de ter sido criado numa família… histórica.
– Senhor Combe, todas as famílias são históricas por definição, chama-se gerações. O singular é a sua história, com casas venezianas e pretensões de nobreza. – Pareceu-lhe ver um brilho de alguma coisa no seu olhar, mas sufocou-o depressa. – Continuemos com o assunto da sua irmã. Achava que defendia a sua honra? Que… patriarcal.
Não gostou de como disse a palavra, marcando todas as sílabas como se fossem dardos.
– Peço desculpas por amar a minha irmã.
Matteo amava Pia, certamente, embora não pudesse dizer que a entendesse. Melhor dizendo, não entendia as suas decisões quando tinha de saber que todos estavam a observá-la. No entanto, também era possível que não lhe tivessem inculcado isso desde muito pequena como tinham feito com ele.
– Parece-me muito interessante que use o verbo «amar» nestas circunstâncias – comentou Sarina. – Não sei como me sentiria se o meu irmão decidisse expressar o seu suposto amor dando um murro ao pai do filho que espero.
– Tem um irmão?
Sabia que Sarina Fellows era a filha única de um professor universitário de Linguística e de uma bioquímica japonesa que se tinham conhecido na faculdade em Londres e tinham acabado por dar aulas na mesma universidade da Califórnia.
– Não tenho um irmão – respondeu ela, sem se alterar porque a desmascarara –, mas fui criada por umas pessoas que defendiam a não-violência. Ao contrário de si, se for verdade o que sei do passado turbulento da sua família.
Teria gostado de lhe perguntar a que passado turbulento se referia. Os San Giacomo tinham participado em duelos e tinham conspirado durante séculos. Os Combe tinham sido mais diretos, mais propensos a dar murros. No entanto, independentemente do ponto de vista, eram turbulentos.
– Se sou culpado de alguma coisa, é de ser um irmão mais velho demasiado protetor.
Então, Matteo recordou, com essa mistura de pasmo e tristeza de sempre, que também tinha um irmão mais velho, um irmão mais velho que a mãe abandonara quando era muito jovem, mas que incluíra no seu testamento, um irmão mais velho que ainda não conhecera e que continuava sem acreditar que era real.
Talvez tivesse sido por isso que ainda não fizera nada.
Tentou esboçar outro sorriso, embora não servisse para nada. A médica não mudou a sua expressão. Ficou em silêncio até o sorriso dele se apagar.
Sabia que era um estratagema que ele próprio usara centenas de vezes, mas não gostava que o usassem com ele. Sentiu a necessidade de preencher esse silêncio, como acontecia com todos, mas conteve-se.
Ficou na poltrona antiga onde o avô se sentara há décadas, quando a amargura de ser nobre, mas não da realeza, o corroía. Ficou como recordava que o seu avô fazia, tentando parecer tão despreocupado como devia estar porque aquilo era apenas um pequeno contratempo, um aborrecimento e mais nada.
Estava a submeter-se àquilo porque quisera, porque, assim, poderia demonstrar ao seu conselho de administração que era rigoroso e diferente do pai… não porque se sentira obrigado.
Não se importava que a médica não se apercebesse.
Além disso, quanto mais tempo olhasse para ele nesse silêncio que se espessava entre eles, mais lhe custava pensar em algo que não fosse como era atraente. Esperara uma mulher mais parecida com uma bruxa, uma mulher, por exemplo, velha e suscetível.
Suspeitava que a sua beleza era outro estratagema, pois Sarina Fellows não parecia o tipo de mulher que poderia exercer esse suposto poder sobre a vida dele. Parecia o tipo de mulher que gostaria de levar para a cama. Esbelta, elegante e segura de si própria. Preferia as mulheres inteligentes e refinadas porque gostava tanto de uma conversa inteligente como de outros entretenimentos mais sensuais e insaciáveis.
Se não a tivessem mandado para que o julgasse, talvez se tivesse divertido a encontrar uma forma de introduzir a mão por baixo da saia que usava e…
– Masculinidade tóxica – sentenciou ela, num certo tom de satisfação.
– É um diagnóstico? – perguntou Matteo, pestanejando.
– A boa notícia, senhor Combe, é que não é o único. – Os olhos escuros dela deixaram escapar um brilho de satisfação evidente. – Parece incorrigível. Pense um pouco no assunto. Normalmente, um enterro celebra-se para que os entes queridos possam despedir-se do falecido. Decidiu transformá-lo num ringue, derramou sangue, assustou quem estava lá e humilhou essa irmã que afirma amar… e tudo para reparar o seu sentido de honra.
Ele não suspirou, embora tivesse de fazer um verdadeiro esforço.
– Evidentemente, não conheceu o meu pai. Não havia entes queridos no seu enterro e, além disso, teria sido o primeiro a animar-me num combate de boxe.
– Custa-me a acreditar e, francamente, é mais uma prova dessa incorreção de cobói que parece parte integrante do Matteo Combe.
– Doutora Fellows, sou italiano por um lado e britânico por outro. Não tenho nada de cobói em nenhum sentido.
– Uso a expressão para ilustrar um protecionismo masculino e tóxico de que, que eu saiba, não se desculpou, nem então nem agora.
– Se me parecesse que devo pedir desculpas por defender a honra da minha irmã, e não me parece, seria algo de que teria de falar com a Pia, não consigo, com o conselho de administração ou, claro, com o público em geral – replicou Matteo, sem se alterar.
– Então, sente remorsos pela sua brutalidade ou não?
Suspeitava que o que sentia faria com que ela lhe chamasse coisas muito piores do que «cobói». Ele estendeu as mãos à frente dele como se fosse uma espécie de rendição, embora não soubesse como render-se, nem a nada nem a ninguém.
– O remorso parece-se muito com a sensação de culpa ou de vergonha, sentimentos inúteis que têm muito mais a ver com os outros do que connosco. – Baixou as mãos. – Não posso mudar o passado, mesmo que quisesse.
– Que confortável. Como não pode mudar o passado, também não vai incomodar-se em falar dele. Essa é a sua forma de agir?
– Não posso dizer que tenha uma forma de agir porque nunca tinha tido uma conversa, entre aspas, como esta.
– Não me surpreende…
– No entanto, estou aqui, não é? Prometi responder a todas as perguntas que me faça. Podemos falar durante muito tempo e sobre tudo o que quiser. Sou muito complacente. – Matteo voltou a sorrir, embora fosse um sorriso gelado. – E, aparentemente, tóxico.
– É interessante que tenha escolhido a palavra «complacente». – Teve a certeza de que percebera um tom brincalhão na voz, embora não se refletisse na sua cara. – Parece-lhe uma palavra acertada para descrever o seu comportamento?
– Abri-lhe a minha casa, convidei-a e, quem diria, veio. Aceitei ter todas as conversas que considere necessárias e, em troca, chama-me tóxico em vez de acessível.
– Essa palavra incomoda-o.
– Não diria que me incomoda, mas ninguém gosta que lhe chamem «tóxico». Não é um elogio.
O que o incomodava era a inutilidade de tudo aquilo, a perda de tempo e energia e, efetivamente, que fosse tão bonita, algo que era apenas outra arma e que não podia esquecer.
– E, claro, o senhor é um homem habituado aos elogios, não é?
Quis evitá-lo, mas, mesmo assim, sentiu que a sua boca esboçava outro sorriso.
– Talvez ache estranho, mas a maioria das mulheres que me conhece não me acha tóxico.
– Senhor Combe, está a tentar levar a sessão para um terreno sexual?
Matteo viu que os olhos dela deixavam escapar um brilho e teria jurado que era um brilho de triunfo. Compreendeu que estava metido numa confusão maior do que imaginara, mesmo antes de ela sorrir com sarcasmo.
– Ena, isto é muito pior do que tinha pensado – acrescentou Sarina.