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CAPÍTULO QUATRO

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Leilia encarou Nash como se fosse a primeira vez que o via. Esse não era seu melhor amigo. Nash parecia estar… “Você está bêbado?” Ela fechou a porta atrás de si e tirou o casaco. Se ele estivesse bebendo muito, precisaria de alguém para cuidar dele.

“Talvez eu tenha tomado uns golinhos de uísque.” Ele levantou a garrafa, mais da metade vazia.

“Por favor me diga que essa garrafa não era nova.” O que o tinha feito beber tanto? Era o ano novo mas mesmo assim… Nash não bebia muito. “Me dá isso.” Ela pegou a garrafa das mãos dele e a colocou em um balcão, fora do seu alcance. “O que você tem? Você agiu estranho o dia inteiro.”

“Um homem não pode beber em paz de vez em quando?” Ele gesticulou para a televisão. “Olhe, é um dos seus cavaleiros. Você não quer ver se ele está pronto para ser arrebatado dos teatros de Hollywood?”

Leilia olhou para a televisão. Gawain Daly realmente estava na televisão, se exibindo para a audiência. Ele sempre foi assim. O homem prosperava quando recebia atenção e absorvia os holofotes. Gawain era atraente. Realmente tinha jeito de celebridade e usou seu rosto deslumbrante e corpo sarado para alcançar o sucesso. O único motivo de saber algo sobre Gawain era por causa de seu vínculo com Tristan. Em tempos longínquos, Tristan e sua prima Sage eram inseparáveis. Ela nunca entendeu o que os tinha feito se afastar, mas não era da conta dela mesmo. Sage desapareceu na mesma época em que Gawain partiu para Hollywood. Às vezes ela se perguntava se a debandada dos dois estava relacionada. “Não estou interessada em Gawain ou qualquer um dos pretensos cavaleiros. Eu nunca quis me meter no meio desse trio.” Isso soou bem mais safado do que ela pretendia…

“Então o que você quer?” As palavras saíam arrastadas quando ele falava. “Porque eu achava que conhecia você, mas claramente não conheço.”

Leilia suspirou. “Você se importa se eu fizer café?” Acho que faria bem pra você. Acho que pra mim também.” Ela precisaria de muitas xícaras para lidar com o que estava aborrecendo ele.

“Faça como quiser”, ele respondeu. “Mas eu não quero. Traga de volta meu uísque. É tudo do que eu preciso agora.”

Leilia foi até o balcão e colocou uma xícara na máquina de café individual. Ela inseriu a cápsula de café e verificou que tinha água, então apertou o botão para iniciar o preparo. Ela percebeu a garrafa de vinho que tinha dado para ele mais cedo. Pelo menos ele não a tinha gasto na sua farra bêbada. Esse vinho deveria ser saboreado e apreciado, não usado para encher a cara. Quando o café estava pronto, ela o levou até ele — puro, como ele gostava. “Aqui está”, ela o entregou para ele. “Quente, escuro e forte pra caramba. Mas não tão forte quanto a mais de metade de garrafa de uísque que você absorveu.”

Ele cheirou o café e o devolveu. “Eu falei que queria o meu uísque. A única maneira de eu beber isso é se você adicionar uma boa dose de álcool.”

Ela suspirou, pegou a caneca e a colocou na mesa em frente ao sofá, então sentou-se ao lado dele. “Eu não vou servir mais uísque a você. Por que em vez disso não conversamos sobre o que o está incomodando?

A voz de Gawain ecoou pela sala e Nash quase rosnou para a televisão. Leilia pegou o controle e desligou a tevê. Ela não precisava que continuasse a provocá-lo. Ela estava familiarizada com a aversão dele a Gawain, Tristan e Percival. Aqueles três eram populares no ensino médio e Nash era do grupo dos nerds. Com os anos ele desabrochou e se tornou um homem deslumbrante. Ela preferia seu cabelo loiro dourado e seus olhos azuis-claros que refletiam sua inteligência. Nash era um gênio. Ele desenvolveu um software que o tornou um homem muito rico. Ele poderia comprar mansões mas preferia seu pequeno apartamento de um quarto, acima da loja da prima dela, a Travessa do Feliz Acaso.

“O que te faz feliz?”, ele perguntou. “Você quer mais do que a vinícola e a adega?”

Ela levantou a mão e colocou um longo cacho dourado de cabelo dele atrás da orelha. Ele tinha deixado crescer no último ano e estava quase comprido o suficiente para fazer um pequeno rabo de cavalo. Leilia gostava do cabelo dele comprido. “Alguém realmente sabe o que quer? E claro que estou feliz. Eu amo a vinícola e a adega.”

“Mas você não quer…Sei lá…Mais?”

“Você quer dizer tipo amor e uma família? Talvez uma casa com cercas e um quintal com um cachorro?” Ela deu de ombros. “Um dia vou querer. Com a pessoa certa.”

Ele ficou quieto por alguns segundos. “Claro. A pessoa certa”, ele finalmente resmungou baixinho. Nash esfregou os olhos. “Acho que preciso dormir pra passar.”

Leilia não discordou dessa afirmação. Ela estava supresa que ele conseguia manter os olhos abertos e que não tinha vomitado, considerando o tanto de uísque que ele tinha bebido. “É uma boa ideia. Deixa eu te ajudar a ir para o quarto.

“Eu consigo fazer isso.” Ele ficou em pé, cambaleou um pouco e caiu. “Está bem, talvez eu precise de um pouco de ajuda.”

Ela riu e se levantou, então estendeu a mão e o ajudou. “Vamos lá, cara.” Nash conseguiu ficar de pé com a ajuda dela. Ele envolveu seus braços nela e manquejaram até a cama. Que, felizmente, não estava muito longe. Ele mais caiu do que sentou na cama. “Vamos tirar essa camisa.”

“Você está tentando me deixar pelado para se aproveitar de mim?”

“Eu nunca…” Ela sentiu as bochechas corarem. Nash realmente tinha um peito musculoso que ela secretamente admirava, mas ele não precisava saber disso.

“Está tudo bem se você quiser. Eu não me importo”, ele falou para ela. Ela desabotoou a camisa dele e a tirou. “Seria uma boa mudança, na verdade.” Seus olhos fecharam e ele caiu de costas na cama.

Leilia suspirou e jogou as pernas dele para cima da cama para que ele ficasse mais confortável e o cobriu com o cobertor. Ela começou a ir embora mas ele a chamou antes que ela estivesse longe. “Não vá”, ele implorou. “Fique comigo.”

Ela o encarou e os olhos dele mostravam algo que ela não reconhecia. Não era comum ele suplicar para ela. Tinha um pouco de tristeza nos seus olhos e ela não gostava de ver isso. “Está bem”, ela concordou. “Pelo menos até você dormir.”

“Eu aceito o que eu conseguir”, ele resmungou.

Leilia deitou na cama com ele e encostou a cabeça no seu ombro. Tinha algo nessa ação que parecia…certo. Não era a primeira vez que ela fazia algo assim, mas isso parecia, de alguma forma, mais íntimo. Ele a envolveu nos braços e a puxou para mais perto. “Te amo”, ele disse baixinho. Então tocou os lábios nos dela gentilmente e repetiu: “Sempre te amei.”

Seu coração deu uma paradinha. Certamente ele não queria dizer isso de forma romântica. Ou queria? Porque se fosse isso, talvez o destino tenha intervindo e a juntou com o homem que ela amava. Já não era sem tempo…

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