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CAPÍTULO SEIS

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—Papai, você não precisa me acompanhar até a porta toda vez, Maya gritou enquanto cruzavam Dahlgren Quad em direção a Healy Hall no campus de Georgetown.

–Eu sei que não preciso, disse Reid. Eu quero. Você tem vergonha de ser vista com seu pai?

–Não é isso, Maya murmurou. O passeio tinha sido tranquilo, Maya olhando pensativa pela janela, enquanto Reid tentava pensar em algo para falar, mas não conseguiu.


Maya estava se aproximando do final de seu primeiro ano do ensino médio, mas ela já havia feito o teste de suas aulas de AP e começou a fazer alguns cursos por semana no campus de Georgetown. Foi um bom salto em direção ao crédito universitário e foi ótimo para a aplicação – especialmente porque Georgetown era sua melhor escolha no momento. Reid insistiu não só em levar Maya para a faculdade, mas também em levá-la para a sala de aula.


Na noite anterior, quando Maria foi obrigada a interromper o encontro de repente, Reid correu para suas meninas. Ficou extremamente perturbado com a notícia da fuga de Rais – seus dedos tremiam contra o volante de seu carro -, mas ele se forçou para permanecer calmo e tentou pensar logicamente. A CIA já estava em busca e provavelmente também a Interpol. Ele conhecia o protocolo; todos os aeroportos seriam vigiados, e bloqueios seriam estabelecidos nas principais vias de comunicação de Sion. E Rais não tinha aliados a quem recorrer.


Além disso, o assassino havia escapado na Suíça, a mais de seis mil quilômetros de distância. Meio continente e um oceano todo se estendiam entre ele e Kent Steele.

Mesmo assim, sabia que se sentiria muito melhor quando recebesse a notícia de que Rais havia sido detido novamente. Estava confiante na capacidade de Maria, mas desejou ter tido a perspicácia de pedir a ela para mantê-lo atualizado da melhor maneira possível.


Ele e Maya chegaram à entrada de Healy Hall e Reid parou.

–Tudo bem, vou te ver depois da aula?

Ela olhou para ele desconfiada.

–Você não vai me acompanhar?


—Não hoje. Tinha a sensação de que sabia por que Maya estava tão quieta naquela manhã. Ele lhe dera um pedacinho de independência na noite anterior, mas hoje estava de volta aos seus receios habituais. Tinha que se lembrar que ela não era mais uma garotinha.

–Olha, eu sei que tenho ficado um pouco em cima de você pouco ultimamnte…


—Um pouco? Maya zombou.

–… E sinto muito por isso. Você é uma jovem muito capaz, perspicaz e inteligente. E só quer independência. Eu reconheço isso. Minha natureza superprotetora é um problema meu, não seu. Não é culpa sua.


Maya tentou esconder o sorriso no rosto dela.

–Você acabou de usar a fala 'não é você, sou eu'?

Ele assentiu.

–Usei, porque é verdade. Eu não seria capaz de me perdoar se algo acontecesse com você e eu não estivesse lá para evitar.


—Mas você nem sempre vai estar lá, ela disse, não importa o quanto você tente. E preciso ser capaz de cuidar de meus problemas.

–Você está certa. Vou tentar recuar um pouco.

Ela arqueou uma sobrancelha.

–Você promete?

–Eu prometo.


—Ok. Ela se esticou na ponta dos pés e beijou sua bochecha. Vejo você depois das aulas. Ela se dirigiu para a porta, mas depois teve outro pensamento:

–Sabe, talvez eu devesse aprender a atirar, por via das dúvidas…

Ele apontou um dedo severo em sua direção.

–Não me provoque.


Ela sorriu e desapareceu no corredor. Reid ficou parado por alguns minutos. Deus, as meninas estavam crescendo rápido demais. Em dois curtos anos, Maya seria uma adulta, legalmente falando. Em breve teria carros, aulas na faculdade e… e, mais cedo ou mais tarde, garotos. Felizmente, isso ainda não havia acontecido.


Ele se distraiu admirando a arquitetura do campus enquanto se dirigia para o Copley Hall. Não tinha certeza se ficaria cansado de andar pela universidade, apreciando as estruturas dos séculos XVIII e XIX, muitas construídas no estilo Românico Flamengo que floresceu na Idade Média europeia. Claro que eram bons os meados de março na Virgínia. Pois acontecia um ponto de virada na estação. A temperatura subia e descia dos dez aos quinze graus em dias mais agradáveis.


No seu papel como um adjunto estava tipicamente assumindo turmas menores, de vinte e cinco a trinta alunos e principalmente de pós-graduação. Ele se especializou em lições de guerra, e muitas vezes substituía o professor Hildebrandt, que era titular e viajava frequentemente por causa de um livro que estava escrevendo.

Ou talvez ele esteja secretamente na CIA, refletiu Reid.


—Bom dia, disse em voz alta quando entrou na sala de aula. A maioria de seus alunos já estava lá quando chegou, então correu para a frente, colocou sua bolsa de viagem na mesa e tirou o casaco de tweed.


—Estou alguns minutos atrasado, então vamos direto ao ponto.

Era bom estar na sala de aula novamente. Esse era o elemento dele – pelo menos um deles.    —Tenho certeza de que alguém aqui pode me dizer: qual foi o evento mais devastador, pelo número de mortes, na história europeia?


—Segunda Guerra Mundial, alguém falou imediatamente.

–É um dos piores em todo o mundo, com certeza, respondeu Reid, mas a Rússia se saiu muito pior do que a Europa, pelos números. O que mais?


—A conquista mongol, disse uma menina morena com um rabo de cavalo.

–Outro bom palpite, mas vocês estão pensando em conflitos armados. O que estou pensando é menos antropogênico; mais biológico.


—Peste Negra, murmurou um garoto loiro na primeira fila.

–Sim, senhor…?

–Wright, o garoto respondeu.

Reid sorriu.

–Sr. Wright? Aposto que você usa esse sobrenome para paquerar as garotas.

O garoto sorriu timidamente e balançou a cabeça.


—Sim, o Sr. Wright está certo – a Peste Negra. A pandemia da peste bubônica começou na Ásia Central, viajou pela Rota da Seda, foi levada para a Europa por ratos em navios mercantes e, no século XIV, matou uma estimativa de setenta e cinco a duzentos milhões de pessoas. Parou por um momento para enfatizar seu discurso.


—Isso é uma enorme disparidade, não é? Como esses números podiam ser altos assim?

A morena na terceira fileira levantou a mão ligeiramente.

–Porque eles não tinham uma Agência de recenseamento há setecentos anos atrás?


Reid e alguns outros estudantes riram.

–Bem, claro, tem isso. Mas também é por causa da rapidez com que a peste se espalhou. Quer dizer, estamos falando de mais de um terço da população da Europa morta em dois anos.


Para colocar isso em perspectiva, seria como se toda a costa leste e a Califórnia tivessem desaparecido. Ele se encostou na mesa e cruzou os braços. Agora eu sei o que você está pensando. ‘Professor Lawson, você não é o cara que entra e fala sobre guerra?’ Sim, e estou falando disso agora.


—Alguém mencionou a conquista mongol. Genghis Khan teve o maior império contíguo da história por um breve período, e suas forças marcharam na Europa Oriental durante os anos da praga na Ásia. Khan é tido como um dos primeiros a usar o que hoje classificamos como guerra biológica; se uma cidade não cedesse a ele, seu exército catapultaria os corpos infectados pela peste sobre suas muralhas, e então… teriam que esperar um pouco.


O Sr. Wright, o garoto loiro na fila da frente, franziu o nariz em desgosto.

–Isso não pode ser real.

–É real, asseguro-lhe. Cerco a Kafa, no que hoje é a Crimeia, 1346. Vejam, queremos pensar que algo como a guerra biológica é um conceito novo, mas não é. Antes de termos tanques, drones, mísseis ou até mesmo armas no sentido moderno, nós, ã… eles, ã…


—Por que você tem isso, Reid? Ela pergunta acusadoramente. Seus olhos estão mais com medo do que com raiva.


Ao mencionar a palavra —armas, uma lembrança repentinamente passou por sua mente – a mesma memória de antes, mas mais clara agora. Na cozinha de sua antiga casa na Virgínia. Kate encontrara alguma coisa enquanto limpava a poeira de um dos dutos do ar condicionado.


Uma arma na mesa – uma pequena, uma LC9 de nove milímetros e prateada. Kate gesticula para ela como um objeto amaldiçoado.

—Por que você tem isso, Reid?

—É… só por proteção – você mente.

—Proteção? Você ao menos sabe como usá-la? E se uma das meninas tivesse encontrado?

—Elas não…

—Você sabe o quão curiosa Maya é. Jesus, eu nem quero saber como você conseguiu isso. Eu não quero isso em nossa casa. Por favor, livre-se disso.

—Claro. Me desculpe, Katie. Katie – o nome que você usa quando ela está com raiva.

Você cuidadosamente pega a arma da mesa, como se não tivesse certeza de como lidar com ela. Depois que ela sair para o trabalho, você terá que pegar as outras onze escondidas em toda a casa. Encontre pontos melhores para escondê-las.


—Professor? O garoto loiro, Wright, olhou para Reid com preocupação. Você está bem?

–Oi… sim. Reid se endireitou e limpou a garganta. Seus dedos doíam; agarrou a borda da mesa com força quando a memória o atingiu. Sim, desculpe-me.

Não havia dúvida agora. Tinha certeza de que perdera pelo menos uma lembrança de Kate.


—Hum… desculpe, pessoal, mas de repente eu não estou me sentindo bem, disse à turma. Foi repentino. Estão dispensados por hoje. Vou passar algumas leituras, e trabalharemos com elas na segunda-feira.


Suas mãos tremiam quando recitou os números das páginas. O suor se arrepiou em sua testa enquanto os alunos saíam. A menina morena da terceira fila parou em sua mesa.

–Você não parece bem, professor Lawson. Você quer que a gente ligue para alguém?


Uma enxaqueca estava se formando na frente de seu crânio, mas ele forçou um sorriso que esperava que fosse agradável.

–Não, obrigado. Eu vou ficar bem. Só preciso de um pouco de descanso.

–OK. Fique melhor, professor. Ela também saiu da sala de aula.

Assim que ficou sozinho, abriu a gaveta da escrivaninha, encontrou uma aspirina e engoliu-a com água de uma garrafa da sua bolsa.


Sentou-se na cadeira e esperou que seu batimento cardíaco diminuísse. A memória não tinha apenas um impacto mental ou emocional sobre ele – também tinha um efeito físico muito real. O pensamento de perder qualquer parte de Kate de sua memória, quando ela já havia sido tirada de sua vida, era nauseante.


Depois de alguns minutos, a sensação doentia em seu intestino começou a diminuir, mas não os pensamentos rodando em sua mente. Não conseguiu mais desculpas; teve que tomar uma decisão. Ele teria que determinar o que faria.


De volta a casa, em uma caixa em seu escritório, pegou a carta que lhe dizia onde poderia procurar ajuda – um médico suíço chamado Guyer, o neurocirurgião que instalara o supressor de memória em sua cabeça, em primeiro lugar. Se alguém pudesse ajudar a restaurar suas memórias, seria ele. Reid passou o último mês vacilando sobre se deveria ou não pelo menos tentar recuperar sua memória completamente.


Mas partes de sua esposa haviam desaparecido e não tinha como saber o que mais poderia ter sido eliminado com o supressor.

Agora estava pronto.

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