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Prólogo

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Reino das Quatro Luas, Sor City


Ao longo da estrada lamacenta e esburacada depois da chuva recente que levou à capital, rolava uma carroça coberta puxada por cavalos, dentro da qual, sobre um piso de tábuas nuas, um velho espancado, de barba grisalha, vestido com uma túnica cheirando a suor e encharcado de sangue, congelou.


O ar frio da manhã era de gelar os ossos, fazendo com que o velho respirasse pesadamente pelas narinas e soltasse nuvens de vapor.


Já era o quarto dia de viagem. No quarto dia, eles o colocaram em uma ração de fome, muitas vezes recusando até mesmo um gole de água, muito menos um pedaço de pão.


Um velho trocado por oitenta, e qualquer outro em seu lugar, depois da surra que se seguiu à detenção, já teria desistido há muito tempo, mas Marvin não era tão simples quanto poderia parecer à primeira vista.


O sangue forte dos videntes de Averin corria em suas veias, o que sustentava a vitalidade do velho e o energizava. Ela era sua salvação e… maldição.


Desde há vinte anos, após o fim da Guerra dos Cem Anos, o elfo negro e líder da Caçada Selvagem Gamar, conhecido no mundo como o «Rei Negro», ascendeu ao trono do Reino das Quatro Luas, Marvin e seus irmãos e irmãs de sangue, bruxas e bruxos, não houve vida. Uma caçada foi declarada contra eles, eles foram mortos no mesmo local onde foram encontrados, não poupando nem os bebês.


Houve um extermínio da semente mágica… houve um genocídio.


Todos esses anos o velho esteve escondido nas montanhas, assumindo o disfarce de outra pessoa e criando ovelhas. Ele não conjurou, não invocou poder. Apenas ocasionalmente ele regalava suas criaturas vivas com ervas úteis para que ela o agradasse com uma prole saudável, boa carne e lã rica. Mas não poderia continuar por muito tempo.


Um dos aldeões que morava nas proximidades notou um criador de ovelhas bem-sucedido, entregou-o a outro e, menos de uma semana depois, dois guerreiros invadiram sua casa, em armaduras de placas com pontas de metal nas placas e com máscaras de ferro em seus rostos.. Sem julgamento ou investigação, colocando algemas em seus pulsos decrépitos, começaram a chutar o velho na barriga e nas costas até que ele, sangrando, perdeu a consciência.


Marvin já acordou na carroça, sem entender por que os deuses salvaram sua vida e por que os soldados não o mataram no local, como costumavam fazer.


– Rog, o que você vai comprar com as águias, o que vamos ganhar por esse bruxo? – ouviu-se a voz de um jovem guerreiro, sentado com seu camarada sênior na irradiação.


– Cala a boca, garoto. Você atrairá a atenção dessa escória que está girando por perto e nem você nem eu veremos nenhuma águia pelo resto de nossas vidas», respondeu seu amigo mais velho, sua voz rangendo como a roda da carroça em que andavam.


Nenhum rosto era visível por trás das máscaras, mas, a julgar pela voz, foi esse Rog, como lembrava Marvin, quem deu os golpes mais dolorosos. Poupando nem a força nem a raiva que dominou os elfos negros desde o nascimento.


Por essa cólera, rendição à qual lidavam com os censuráveis, eram odiados, vilipendiados pelas costas com as últimas palavras, cuspiam baixinho no rastro, mas tinham medo, e obedeciam.


– Água – resmungou o vidente, lambendo os lábios rachados de secura. Ele não aguentava mais, e não se importava com quantas chicotadas ele receberia por esse pedido insignificante – por favor, pelo menos um gole.


– O que ele está gritando? veio a voz descontente de Rog de fora.


– Pede água. Você vê, eu não o recebo há muito tempo. Não preste atenção.

– Seu idiota estúpido, para que serve um cadáver semi-seco para nós? – Estamos quase chegando, e se perturbarmos o rei, dando-lhe um morto em vez de um bruxo, logo tomaremos seu lugar nós mesmos. Vá, dê-lhe uma bebida, – houve um baque, então um grito de um guerreiro júnior e a carroça rangeu até parar em uma estrada deserta.


A pele de gamo que substituiu a porta traseira da carroça deslizou para o lado, deixando entrar uma luz brilhante e ofuscante que perfurou seus olhos como mil agulhas. Fechando os olhos com força, Marvin, usando o que restava de sua força, rastejou o mais longe possível, tentando se enrolar em uma bola. Nessa posição, seus algozes não alcançavam os órgãos vitais, passando ou com um chicote ou com a ponta de uma bota apenas pelas pernas e costas do velho.


Mas desta vez não houve golpes.


Um segundo se passou… dois. Silêncio. Marvin abriu os olhos e ergueu-se ligeiramente sobre o cotovelo, virando-se para o soldado de pé no chão e olhando para ele, que segurava um pequeno frasco na mão.


Ao vê-la, uma saliva viscosa saiu da boca do vidente, e um leve arrepio percorreu seu corpo. Sem tirar os olhos da máscara de ferro que escondia completamente o rosto do elfo escuro, ele puxou as mãos algemadas em sua direção.


– Piiii


– Aqui está sua água, toco podre! – com estas palavras, o jovem guerreiro desatarraxou a tampa do frasco e borrifou água no rosto do velho, – se você nos incomodar novamente, não deixarei um lugar vivo.


Com um forte puxão da pele, ele voltou à irradiação, e a carroça partiu.


Lambendo avidamente as gotas que caíram em seus lábios e mãos, Marvin foi até a beira da carroça e viu um pequeno buraco na pele esticada. Enfiando o dedo, abriu um buraco grande o suficiente para ver o que acontecia lá fora e, acostumando-se à luz, fixou o olho nela, tentando não perder nada importante.


Mais de uma hora se passou quando a carroça finalmente passou pelos portões da cidade, onde eles nem se deram ao trabalho de verificar a presença de mercadorias proibidas. Os elfos negros do Reino das Quatro Luas eram invioláveis, ao contrário do resto das pessoas.


Marvin continuou a observar pela janela improvisada o que acontecia nas ruas da cidade.

Não para vocês que, sempre amontoados, pulavam descalços pelas poças deixadas após a chuva, ou vendedores de legumes discutindo alegremente com os clientes sobre preços, ou apenas espectadores-transeuntes que adoram ficar ociosos de uma taberna para outra.


Mas o velho já contou quatro cortejos fúnebres.


Nesta primavera, a «Mora Negra» não poupou ninguém: nem velho nem jovem. Assassinado indiscriminadamente dia e noite. O número de corpos era tão grande que muitas vezes eram jogados em poços longe da cidade sem sequer tentar enterrá-los. E qual é o ponto se a linha para eles era interminável.


Esta doença foi trazida com eles pelos elfos negros, como uma das armas durante a guerra. Então ela se estabeleceu no reino. Bruxas e bruxos conheciam a cura certa para a infecção e poderiam ajudar se Gamar não tivesse sido perseguido por eles.


– Uau! Chegamos, – a carroça balançou e parou abruptamente em frente ao portão alto, que começou a se abrir lentamente.


Os guerreiros que acompanhavam Marvin tiraram a irradiação e, tirando papéis dos bolsos, foram até os soldados que guardavam o castelo.


Depois de checar os documentos dos desembarcados, começaram a fazer perguntas, muito provavelmente relacionadas à carga importada, e quando ouviram a resposta, arregalaram os olhos e abriram a boca e olharam na direção do vagão.


– Eles falaram sobre o bruxo, – Marvin pensou com um suspiro cansado, – e por que eu me rendi a eles, fraco?


Dois soldados, usando as mesmas máscaras dos elfos negros que capturaram o vidente, correram para a carroça, afastando Roj e seu amigo, que gritavam atrás deles.


A pele de gamo substituindo a porta se ergueu e um guerreiro alto, coberto de ferro da cabeça aos pés, pulou na carroça.


– Você está fazendo mágica, seu ghoul? – ele cuspiu maldosamente na cara de Marvin, que estava encolhido em um canto.


– Não senhor. Erro… – o velho não teve tempo de terminar, um punho poderoso voou para frente e a consciência do bruxo foi engolida pela escuridão.


***


Uma dor terrível atravessou sua costela, mas Marvin não teve forças para gritar. Abrindo os olhos com dificuldade, ele tentou enfocar os olhos por cerca de um minuto, como um peixe jogado na praia, abrindo e fechando a boca.


– Se você cometeu um erro, e este não é um bruxo, suas cabeças vão adornar os portões do meu castelo, – ouvindo uma voz staccato, sepulcral, Marvin pela primeira vez desde que foi capturado sentiu não apenas medo, mas um horror selvagem.


Pisando no peito do velho com uma bota cravejada de ferro, o próprio Rei Negro, Gamar, o Conde, ergueu-se sobre ele.


Há rumores de que ele perdeu suas orelhas pontudas na última batalha com o Rei Rognar, mas não se sabia ao certo se isso era verdade ou não, já que o líder da Caçada Selvagem não se separou de uma máscara de ferro cobrindo toda a sua cabeça, cujo topo, como uma coroa, estava decorado com lâminas de adagas.


– Majestade, eu juro que é um bruxo. Vizinhos disseram que ela pastoreia ovelhas há vinte anos, e pelo menos um lobo foi morto ou algum tipo de doença. Eles dão tanta lã que é justo construir um palácio, e ele se amontoou em um barraco. Não se escondendo lá, sua pequena alma vil.


– Hmm, interessante, – Gamar resmungou, tirando a bota do velho agitado, e dando um passo para o lado, – nos deixe em paz.


Em menos de um segundo, a porta da sala do trono bateu atrás do último guerreiro que saiu correndo. Uma leve brisa soprou no rosto de Marvin enquanto ele estava deitado no chão, desgrenhando sua barba grisalha já desgrenhada.


– Eu não vou torturar você velho para descobrir a verdade. Curto e doce, você está fazendo mágica ou não? – assim que o bruxo estava prestes a balançar a cabeça, o rei acrescentou, – pense bem antes de responder. Sem magia, você só é bom o suficiente para alimentar os ratos.


Com um suspiro convulsivo, o ancião sentou-se e abaixou a cabeça.


– Eu sou um vidente, – a língua inchada não obedeceu bem ao seu mestre e, portanto, sua fala não foi clara, mas Gamar não perguntou novamente, – eu posso misturar ervas, convocar força por um curto período de tempo. Mas isso é tudo.


– Não preciso de mais. Eu quero que você leia um feitiço agora mesmo, que entre seu povo é chamado de «Tríade», o velho levantou abruptamente a cabeça em surpresa e quase caiu no chão novamente, «você não sabe como?


– Ora, eu posso, só… Faz mais de cinquenta anos que não ouço uma palavra sobre ele. Acho que ninguém mais se lembra, – Gamar apenas resmungou alto em resposta, dirigindo-se para a porta: «Vossa Majestade, preciso de uma bacia de tamanho médio com água de nascente e uma gota de seu sangue.


– É tudo?

– Mais bagas de ascitinka. Estou sem comida há quatro dias, espero que ajudem a reabastecer a reserva mágica. E assim… – Curvando a cabeça, ele estendeu as mãos algemadas para frente.


Tendo aberto a porta e dando ordens brevemente, o rei sentou-se no trono, e os servos correram no salão, cumprindo todas as condições indicadas por Marvin: alguém abriu as algemas com uma chave, liberando os pulsos do velho, alguém lhe trouxe frutas em um pires dourado, e alguém lhe trouxe uma bacia de metal cheia de água limpa.


Quando tudo estava pronto, Gamar, com um aceno de cabeça, novamente se livrou de todos os presentes, deixando apenas o velho, então tirou a luva, espetou o dedo com um punhal, deixando cair uma gota de sangue na água, e ordenou que ele continuasse.


Ele foi até a pélvis, ajoelhou-se ao lado dele e levantou as duas mãos, sussurrou para si mesmo as palavras que só ele conhecia.


A sala estava iluminada com luz verde. A água na bacia ondulou até que um campo de batalha cheio de corpos de guerreiros caídos apareceu na superfície, onde bem no centro, perfurado por uma espada, o rei Rognar estava no chão.


Um fio fino de sangue rastejou do canto de sua boca. O olhar escaldante dos olhos azuis foi direcionado para Gamar, que estava de pé ao lado dele, que estava tapando sua orelha sangrando com uma mão e segurando a coroa real na outra. Não havia máscara no elfo escuro, mas como ele estava meio virado, Marvin não podia ver seu rosto.


– Você venceu, Rei da Caçada Selvagem, – Rognar falou em um sussurro, mas mesmo através das ondulações da água cada palavra chegou ao velho, «matou meu filho, agora eu… Você acha que trouxe o reino das Quatro Luas de joelhos, mas você não. Invoco todos os deuses de Averin e juro que enquanto o trono estiver sob seu jugo, nenhuma mulher no reino dará à luz seu filho ou filha. Você não terá ninguém para deixar o trono e será tomado por quem realmente o merece.


Aquele Gamar, que agora estava ao lado do corpo do rei derrotado, explodiu em altos insultos e não ouviu a continuação do discurso de Rognar, o Temerário, mas Marvin não perdeu um único detalhe, franzindo a testa e coçando a barba.


Você já viu o passado?


– Sim sua Majestade.


Então você entende o que eu preciso.


Exalando ruidosamente, o velho criou coragem e ergueu um olhar cauteloso para o Rei Negro.


– Rei Rognar… ele te amaldiçoou, deixando você sem filhos. Mas em suas palavras ele mencionou apenas as mulheres do reino… Você quer que eu olhe para o presente agora e veja sua futura rainha nele.


– Não só viu, mas me mostrou, e chamou ela pra mim.


– Mas isso é impossível, só quem tem sangue mágico correndo nas veias é capaz de ver… e para invocar, vai me levar muito tempo e esforço.


Gamar se levantou do trono e, aproximando-se do bruxo, agarrou sua mão. Ignorando os gritos, ele golpeou a adaga que apareceu em sua palma contra a pele delicada, levantou a máscara e, pressionando os lábios pretos e mirrados na ferida sangrenta, tomou um gole.


– Nada é impossível. Agora mostre!


O vidente, tremendo de medo, não ousou argumentar mais. Levantando as mãos novamente, ele sussurrou as palavras do feitiço.


Novamente uma luz verde e novamente pequenas ondas passaram pela água, o que trouxe consigo uma nova imagem.


Um poço profundo, no fundo do qual havia um caixão de madeira. Perto do poço estavam dois caras com pás nas mãos, eles estavam conversando sobre alguma coisa, de vez em quando olhando de lado para a garota parada ao longe e enxugando os olhos avermelhados com um lenço.


Ela estava vestida de maneira incomum e, para os padrões locais, muito leve: uma blusa preta justa que chegava aos joelhos, uma saia preta muito estreita que delineava todas as suas curvas e mostrava panturrilhas esbeltas, sapatos graciosos com saltos tão altos como Marvin nunca tinha visto antes.


Cabelos loiros na altura da cintura, nariz arrebitado e olhos verdes a faziam parecer jovens elfos. A única coisa que faltava eram orelhas pontudas.


Gamar, incapaz de se conter, rosnou em seu estômago. Marvin poderia jurar que o elfo negro ficou intrigado com o que viu.


– Ela é! Quem é ela? As ondulações se dissiparam e a imagem desapareceu.


– Pedi aos poderes mágicos que mostrassem uma mulher que pudesse dar à luz e dar à luz seu filho. Ela é o próprio vaso, mas não sei o nome dela e não sei onde ela está. A única coisa que sei é que não pertence ao nosso mundo.


– Se você não quer perder a cabeça, faça a sua.

Lenda sombrio reinos

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