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BABA– Humor que deposita o caracol litterario nas folhas que roe.

BAILARINAS– Illusões pintadas.

BAIXEZA– Meio de elevação.

BALA– Objecção penetrante.

BALANÇA– Salvo-conducto de varios ladrões.

BALÃO– Imitação de certos potentados. É grande, ôco, e não sabe dirigir-se.

– Mineiro do infinito.

BALOFO– Homem sem miolo, ou cheio de palha.

BANANA– Entre os homens, caracol sem casca.

BANCA-ROTA– Phenomeno physico produzido por uma prisão de ventre. Os intestinos não restituem os laxantes, e causam o volvo.

BANCO– O dos réus attrahe as pessoas habeis, que mandam gente para o do hospital, ou que fazem concorrencia ao que emitte dinheiro.

BANDALHO– Bacalhau fresco1 e homem podre.

BANQUEIRO– Artista que faz bancos. Cuidado, não cáiam!

BARALHO– Orçamento do estado.

BARBARO– Indigena, que não é applaudido pela sociedade protectora dos animaes, nem sequer por estes.

BARQUEIRO– Caronte peiorado.

BARRIGA– Demonio familiar, que desculpa e justifica tudo.

BASTARDIA– Uma vangloria, quando instituida pelos reis; uma vergonha, quando creada pelo povo.

BASTARDO– Uma letra e uma uva. A affinidade provém de que o sumo da uva se engarrafa, e a letra é garrafal.

– Linhagem com que se embrulham muitas familias nobres.

BATALHA– Maneira de ter rasão, á moda dos brutos.

BATATAS– Genero decadente, desde que os illegiveis as empurram aos eleitores.

BATERIA– As de cozinha são muito mais uteis á humanidade do que as de artilheria. Comtudo é por estas que as nações fazem sacrificios! Este facto, por si só, basta para fazer o elogio da nossa especie!

BATOTEIRA– Viuva de dois ou tres maridos.

BEATA– Emolumento ecclesiastico.

BEIJO– Uma recordação de Judas.

BELISCÃO– A satyra das unhas.

BELLEZA– Flor de um dia, que, apesar da sua pouca duração, explica muitos segredos.

BEMAVENTURADO– O que sente pela primeira vez atrás da sege que o leva o choito cavallar do correio ministerial.

BEMDIZENTE– Genero que se acabou ha muito, e não se manda vir mais. Era da Parvalheira.

BEMFAZEJO– Sabe-se que ainda ha alguns pelo muito que elles se apregoam a si proprios, como é de justiça. Do contrario, acreditariamos que tinham acabado inteiramente.

BEMFEITOR– Pessoa que dá conselhos a quem lhe pede esmolas, em vez de dar bengaladas.

BENEFICENCIA– Uma boa cousa que a vaidade estraga.

BENEFICIO (PRESTADO) – Coices a haver.

– (RECEBIDO) Serviço de que nos esquecemos para não humilhar quem nol-o fez. Oh! humanidade… Quem não te conhecer que te compre, e verá a prenda que leva!

BENEMERITO– Sujeito que não rouba quanto póde.

BENGALA– Tira teimas; pouco usado.

BERNARDA– Rede de pescar empregos e postos.

BERNARDICE– Conceito virado do avêsso.

BESTA– Bicho de varias especies. O que não come palha é dos peiores.

BEXIGA– A deusa da actualidade.

– Discurso laudatorio.

BIBLIOTHECARIO– Um collega da traça.

BICHAS– Prefiram as de rabiar.

BOFETADA– Conclusão, que em alguns casos se torna principio.

– Troco dado sem ser pedido.

– Visita mal recebida.

– Resposta em vulto.

– Eloquencia da mão direita.

– Argumento solido.

BOI– Animal que muda o sexo depois de morto.

BOMBA– Noticia inesperada.

BOMBEIRO– Inimigo de innovações.

BONDADE– Qualidade que attrahe o abuso.

BORBORYGMOS– O gargantear das tripas.

BOTAS– Terror dos selvagens. Umas botas apertadas, umas calças com suspensorios e prezilhas, e um collarinho bem teso – eis os beneficios que a civilisação offerece, de envolta com os seus vicios, ao homem primitivo! Entalado, esticado e gemendo dentro d'essas prisões, o pobre diabo, costumado a ter como a sua melhor riqueza a liberdade de movimentos, atira com tudo isso para longe de si, no primeiro ensejo, e foge para os seus bosques, arma o arco e espreita por entre as arvores os inquisidores que o atormentaram para lhes agradecer a judiaria com frechadas. Se estes, porém, o avistam primeiro, e lhe mostram de longe uma bota e um par de calças, o desgraçado larga as armas, e precipita-se no rio, preferindo ser comido pelos jacarés, ou morrer afogado, a dar-se em holocausto áquellas machinas de tratos.

BOTEQUIM– Escola de bellas-letras e de bons costumes.

BOTICARIO– Agente do coveiro.

BRAZÃO– Estudo dos fosseis.

BRUTO– Animal commum: morde e dá coice.

BUGIO– Parodia humana.

BURLESCO– Annuncio em que se promettem enterros pobres fingindo de ricos. É de tentar os defuntos mais exigentes?

BURRA– A personificação do amor moderno. Se Balaam cá voltasse, veria o que é eloquencia! As burras de hoje teem todas o diabo no corpo, um diabo amarello e luzente, que faz dar urros a quem o quer apanhar!

BURRO– Irracional a quem muita gente faz concorrencia.

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Em algumas partes de Portugal chama-se bandalho ao badejo.

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