Читать книгу Resumo elementar de archeologia christã - Joaquim Possidonio Narciso da Silva - Страница 14
CAPITULO III
ОглавлениеSummario.—Estylo Latino—Estylo Bysantino—Fórmas das Basilicas—Origem da Basilica Christã—O Narthex—Orientação das Basilicas e Egrejas Christãs—Egrejas cruciformes, circulares e polygonaes—Cryptas—Baptisterios—Oratorios domesticos—Templos pagãos e edificios profanos apropriados em Egrejas Christãs—Systema e regras de construcção—Decoração monumental—Narthex, fachadas e portaes das Basilicas—Janellas e a maneira de as vedar.—Madeiramento do cume dos edificios—Torres—Pinturas representadas em mosaico—Pavimento nos edificios—Altares—Ciborium—Ambon, Tribuna para as leituras da Biblia—Poltrona para os bispos e bancos para os sacerdotes—Cemiterios—Monumentos funerarios—Sarcophagos—Tumulos subterraneos—Objectos com symbolos christãos achados nas sepulturas—Alfaias religiosas—Calices e Patenas—Custodias—Relicarios—Pombas e torres—Accessorios do altar—Corôas de metal precioso suspensas sobre o altar—Dipticos—Encadernação dos livros dos Evangelhos—Estofos religiosos—Paramentos sacerdotaes—Jesus Christo sob fórmas symbolicas—Os Apostolos S. Pedro e S. Paulo.
Periodo Latino e Bysantino. A architectura christã póde considerar-se dividida em dois ramos perfeitamente distinctos. O primeiro, que se poderá chamar o Estylo Latino, foi adoptado pela egreja Latina, isto é, na Italia, na Illyria, na Dalmacia e em toda a Europa Occidental. É caracterisado pela imitação mais ou menos correcta da architectura classica, greco-romana. O outro estylo, formado por elementos orientaes e romanos, nasceu em Constantinopla, e ahi se desenvolveu, formada sob a influencia Oriental, uma configuração inteiramente nova: deram-lhe o nome de Bysantino.
O Estylo Latino predominou no Occidente até ao principio do seculo VIII; e o Estylo Bysantino no Oriente, até á tomada de Constantinopla pelos Musulmanos, em 1453.
Chamou se Latino o estylo do imperio do Occidente, em primeiro logar porque, derivando do Estylo Romano ou Classico, foi empregado nos paizes em que a lingua latina era a lingua ecclesiastica e vulgar; em segundo logar, porque existiu tanto tempo como aquella lingua, approximadamente.
O Estylo Bysantino tem o nome derivado de Bysancio ou Constantinopla, capital do imperio do Oriente.
Estylo Latino. A architectura greco-romana chegou ao seu apogêo durante os dois primeiros seculos da era christã. A sua decadencia começou no seculo III, afastando-se da nobre simplicidade do Estylo Classico.
No seculo IV, ainda mais se pronunciou a sua degeneração.
Começaram então a desmanchar os antigos monumentos para em seu logar construir e decorar mais facilmente os novos. Tal era o estado da architectura no Occidente, quando foram construidos os primeiros monumentos christãos do periodo Latino.
Fórma das basilicas. As basilicas profanas eram vastos edificios construidos no Forum, ou nos arredores das praças publicas. Serviam para ponto de reunião dos vendedores, assim como de outros individuos que se occupassem de negocios. Era n'ellas que os magistrados administravam Justiça.
As basilicas christãs foram construidas segundo o modêlo das basilicas profanas; sómente, em vez de se construirem ao longo das praças publicas, eram precedidas de um pateo quadrado, com o fim de as afastar do ruido e do tumulto da rua. Tinham, como as basilicas profanas, a fórma d'um rectangulo mais ou menos alongado e compunham-se de tres partes principaes—o pateo ou o atrium; a nave e o Sanctuario.
O narthex abria-se ao fundo do atrium. Era uma especie de vestibulo, propriamente dito, formado pelo portico transversal contiguo á fachada da basilica.
Esta primeira parte da basilica era occupada, durante o officio, por aquelles a quem as leis ecclesiasticas prohibiam tomar parte nas assembléas dos fieis.
Do narthex, entrava-se por uma, tres ou cinco portas para a basilica, que era ordinariamente dividida em tres naves por duas ordens de columnas.
A da direita, reservada para os homens, e a da esquerda para as mulheres.
Avançando pela nave dentro, encontravam-se os ambons, pulpitos destinados á leitura dos Santos Evangelhos para as prédicas, e á promulgação das leis ecclesiasticas.
Entrava-se emfim na terceira parte da basilica, a parte mais Santa e mais veneranda, aquella onde os seculares não podiam penetrar, e que se chamava o Sanctuario.
O altar occupava a parte central do Sanctuario, e tinha frente para uns poucos de lados.
Atraz do altar desenvolvia-se o abside de fórma semi-circular e coberto ordinariamente com uma meia cupula.
A cadeira do Bispo era collocada ao fundo do abside, e para ella se subia por uns poucos de degraus. Aos lados da cadeira episcopal, se achavam, contiguos ao hemicyclo do abside, os assentos ou bancos destinados aos padres, que assistiam aos Officios Divinos.
A alteração mais notavel, que a disposição interior das basilicas soffreu com o andar do tempo, foi o accrescentamento do cruzeiro ou nave transversal, entre o abside e a nave propriamente dita.
Orientação das basilicas e das egrejas christãs. Chama-se orientação uma disposição particular, segundo a qual o eixo longitudinal d'um edificio, d'um tumulo, etc., se dirige uma disposição particular, segundo a qual o eixo longitudinal d'um edificio, d'um tumulo, etc., se dirige do Occidente para Oriente.
Desde a primitiva que a egreja christã adoptou o costume de orar voltando o rosto para o Oriente.
O costume de orientar as egrejas foi dos primeiros seculos do Christianismo.
Ha dois modos inteiramente oppostos d'orientar as egrejas. N'um, usado antigamente, a fachada principal forma a parte Oriental do edificio e a capella-mór do lado do Poente. N'outro, que preponderou mais tarde, a posição de todas as partes da egreja é completamente trocada, a fachada está voltada para o Occidente, e a capella-mór para o Oriente.
O primeiro modo d'orientação não durou muito tempo. Nos seculos V e VI, a começar no V, se construiram muitas egrejas com a capella-mór voltada para o Oriente. No Occidente a mudança effectuou-se lentamente, pois só se completou durante o seculo XIII.
Cryptas. A maior parte das basilicas foram edificadas nos mesmos sitios onde tinham sido sepultados os restos mortaes d'um Martyr, ou de qualquer Santo illustre.
Nas primitivas basilicas, o altar era situado mesmo sobre a sepultura.
As galerias e capellas subterraneas, que mais tarde foram substituidas, tiveram o nome de cryptas, da palavra grega que significa, eu escondo.
Estas galerias abobadadas transformaram-se muito tarde em verdadeiras capellas, ou egrejas subterraneas, por debaixo de todo o presbyterium; bastante vastas para necessitarem o emprego de columnas que recebiam os arcos das abobadas, formando assim muitas naves.
Baptisterios. Distinguem-se tres especies de baptismo: o baptismo por immersão, o baptismo por aspersão, e o baptismo por infusão ou affusão.
O primeiro ministra-se mergulhando na agua todo o corpo; no segundo e terceiro, o ministro, de longe ou de perto, lança a agua sobre a cabeça do neophito. O baptismo por immersão foi usado até ao seculo XII; a começar d'esta épocha, principiou a ser substituido, na egreja Latina, pelo baptismo por infusão, do qual até ali se não serviam, a não ser para os doentes em perigo de vida.
Primitivamente era reservada aos Bispos a administração do Solemne Baptismo. O Bispo mergulhava tres vezes o neophito, invocando de cada vez uma das Pessoas da Santissima Trindade.
Depois da abjuração de Constantino, quasi se generalisou por toda a christandade o baptismo ministrado nos edificios particulares situados ao lado das principaes egrejas, e especialmente das cathedraes.
Os baptisterios tinham em geral a fórma circular ou octogona, mas alguns havia quadrados, e outros ainda em fórma de cruz grega. As pias baptismaes eram muito grandes, porque muitas vezes se ministrava a adultos o baptismo por immersão.
Templos pagãos e edificios profanos convertidos em egrejas christãs. Os templos pagãos não se prestavam em geral para o culto christão, em consequencia das suas diminutas proporções.
Entretanto alguns foram convertidos, com ligeiras modificações, em egrejas christãs, e outros foram-lhes encorporados.
A maior parte d'estas transformações datam do reinado do imperador Theodosio (383-385), e dos seus successores immediatos.
Tambem houve monumentos civis que foram transformados em egrejas christãs; taes como as thermas e os banhos, que entre os romanos excediam em magnificencia os proprios templos.
Caracteres do Estylo Latino. As basilicas christãs foram muitas d'ellas construidas, aproveitando para isso monumentos mais antigos. Mas em consequencia das basilicas serem muito mais vastas do que os templos pagãos, tornava-se por isso não raras vezes necessario desmanchar muitos d'esses monumentos para construir uma só basilica.
A architectura estava n'uma tal decadencia, que muitas vezes chegavam a reunir fragmentos de dimensões e estylos differentes, e ajustavam-nos o melhor que podiam.
Se, por exemplo, se tratava de columnas provenientes de diversos monumentos, não pertenciam muitas vezes á mesma Ordem d'architectura; tendo portanto os fûstes e os capiteis de alturas differentes, enterravam os fustes, ou os collocavam sobre soccos. O desvio e a distancia relativa das columnas variavam dentro de limites excessivos.
A unica innovação d'alguma importancia introduzida nas construcções, foi a substituição da arcada pela architrave.
Nas regiões onde escasseavam monumentos antigos, os edificios do periodo Latino eram em geral muito pequenos, baixos e pobremente decorados, muitos até de madeira.
Apezar do que acabâmos de expôr, no seculo V e VI, construiram-se em Ravenna muitos monumentos importantes (dos quaes ainda alguns se conservam), sem que fôsse necessario recorrer á devastação que tiveram os anteriores; o que prova existir n'aquella epocha em Ravenna uma brilhante escola de habeis constructores.
Materiaes de construcção. As basilicas e os monumentos do periodo Latino eram construidos com pedras d'alvenaria regulares, quasi sempre quadradas, de mediano preparo, e tambem com tijolos chatos, ficando separados por uma espessa camada de cimento. Muitas vezes tambem os muros eram formados por cordões de uma, duas ou muitas faxas de pedras d'alvenaria alternadas com outras compostas de uma ou duas fiadas de tijolos.
Decoração dos monumentos. O periodo Latino não foi epocha de esplendor para a architectura ornamental.
O ábaco dos capiteis recebeu, durante o periodo Latino, dimensões e um esvasamento taes que muitas vezes parecia ser um capitel sobrepôsto sobre outro. A frente do ábaco era adornada, do lado da nave principal, com um symbolo, que algumas vezes era o monogramma do fundador, e em geral havia uma Cruz d'ordem Trina isolada, ou inscripta n'um circulo. Chama-se Cruz de Ordem Trina aquella cujos braços são mais largos nas extremidades do que no ponto de intersecção dos ramos. Esta cruz, quer só, ou entre dois cordeiros, ou entre dois passaros, com a frente um para o outro, foi um dos symbolos christãos mais usados durante o periodo Latino.
Narthex, fachadas e portaes das basilicas. O narthex interior occupava o fundo do atrio, e era formado pelo portico contiguo á fachada principal da basilica. Communicava pelos extremos com as galerias que rodeavam o atrio; como se observa na egreja de Villarinho de S. Romão, na provincia do Douro.
Nas basilicas latinas, quando a configuração do terreno não permittia estabelecer o atrio e o narthex, substituiam algumas vezes estes, por galerias altas collocadas no interior do edificio ao longo da nave.
Os portaes das basilicas eram construidos segundo o modelo dos portaes ricos do estylo classico.
As portas dos portaes das basilicas eram de bronze ou de madeira. Algumas das portas de bronze, das primeiras basilicas, provieram de monumentos pagãos. No seculo IX, a egreja de Santa Maria Maior, em Roma, tinha portas de prata.
Janellas e vidraças. As janellas das basilicas eram rasgadas d'alto a baixo, e de volta inteira.
Serviam de vidraças a estas janellas grandes laminas de marmore ou de pedra, atravessadas de buracos para por elles penetrar a luz no interior dos edificios. Mais tarde, estas laminas foram vasadas de maneira que offereciam á vista os mais complicados desenhos. Na Europa Occidental e Septemtrional, em que as laminas de pedra e de marmore escasseiavam, guarneciam as janellas com caixilhos de madeira.
As clara-boias muitas vezes não tinham cobertura, principalmente nos paizes meridionaes; e n'outros eram vedadas com laminas de pedras translucidas ou de placas de alabastro.
Desde o seculo VII que começou a haver vidraças com vidros brancos e esverdeados, e até mesmo com vidros de differentes côres. Não appareciam ainda figuras, nem ornatos alguns, pintados sobre os vidros; as vidraças com vidros de côr eram formadas por um grande numero de vidros coloridos, cortados de differentes modos e que se reuniam de certa maneira, a fim do conjuncto representar figuras de fórmas regulares.
Desde o reinado de Constantino, os grandes edificios apenas se cobriam com madeira.
A maior parte d'esta construcção ficava visivel no interior dos edificios. Em alguns, as naves tinham tectos de madeira com pinturas diversas, representando caixões ricamente adornados e dourados.
Raras eram as basilicas que desde a sua fundação tinham possuido torres. Os campanarios que hoje se vêem proximo das antigas egrejas de Roma, são quasi todos posteriores ao seculo VIII. As torres do periodo Latino são na maior parte de fórma circular ou octogonal.
Nas grandes basilicas as abobadas esphericas do abside e o Arco Triumphal, e algumas vezes tambem as paredes comprehendidas entre as janellas altas da nave e das arcadas que ligam as columnas, ficavam revestidas com vistosos mosaicos.
Os materiaes mais ordinariamente empregados n'este genero de trabalho, eram folhas de marmore e pedaços de vidro.
Em muitas basilicas de Roma, o abside abobadado em forma de esphera tem ao centro a imagem de Jesus Christo em pé ou sentado, com o braço direito erguido, ou lançando a benção, e com um rolo de papel ou um livro collocado á sua esquerda. Aos lados do Salvador estão representados os Apostolos, ou outros Santos. O sólo que pisam é o da Judeia, o que se conhece pela representação do rio Jordão, cujo nome é muitas vezes inscripto debaixo dos pés de Jesus Christo, e pela presença das palmeiras, que foram, desde o primeiro seculo da era christã, o symbolo da Terra promettida. Logo abaixo do abside se estende, em toda a largura, uma zona estreita, no centro da qual se vê o Cordeiro Divino coroado com ou sem a Cruz, collocado sobre um outeiro d'onde brotam os quatro rios do Paraíso: Geham, Phison, o Tigre e o Euphrates, symbolos dos Evangelistas. Doze cordeirinhos, seis de cada lado, se dirigem para o cordeiro symbolico, e parecem sahir das cidades Santas de Jerusalem e Bethlem, que occupam os extremos da composição, e se acham representadas por varias portas e muralhas com ameias. Estes cordeirinhos symbolisam os fieis.
Alguns mosaicos representam o sonho de S. João, isto é, os quatro animaes, symbolos dos Evangelistas; e os vinte e quatro velhos, vestidos de mantos brancos, offerecendo coroas ao Cordeiro.
Para piso das basilicas, os primitivos christãos serviam-se dos differentes processos de empedramento, como os romanos usavam. Mais tarde, estes processos foram substituidos por um trabalho de novo genero, chamado opus alexandrinum, assim designado por ter sido usado primeiramente na Alexandria. Estes empedramentos consistiam em um conjuncto de variados marmores em que predominavam os porphyros verdes e vermelhos; pareciam como um rico tapete estendido no sólo. O empedramento alexandrino foi muito pouco empregado na Europa Occidental e Septemtrional.
Havia tambem empedramentos em que sobresahia a prata e outros metaes preciosos.
Parte do piso do Sanctuario da basilica do Vaticano é de palhetas de prata; mas o da capella de S. Pedro, da mesma basilica, é de palhetas de ouro.
Nas catacumbas era mesmo sobre os tumulos dos martyres que se celebravam os Santos Mysterios; porém, a começar do seculo III, este uso foi approvado tambem pela Egreja.
No Occidente, o altar era quasi sempre erigido sobre o tumulo d'um martyr. Os restos mortaes do Santo collocavam-se immediatamente debaixo do altar n'um sarcophago, e ainda, na maior parte dos casos, ficavam depositados n'uma crypta collocada debaixo do Sanctuario. Tanto na Grecia como no Oriente, nunca em tempo algum, e até mesmo em nossos dias, se fez d'um tumulo um altar, mas sim d'uma mesa, que recordava aquella sobre a qual o Salvador instituiu a Eucharistia. Um altar nunca encerrava reliquias. Desde o tempo de Constantino, que data a maior parte dos altares das egrejas do Occidente. No principio do seculo VI (517) o concilio de Épona prescreveu, que todos os altares fossem de pedra, os quaes foram adoptados pela razão symbolica de ser considerado o Salvador a pedra angular.
Os altares de pedra d'essa épocha eram sempre formados por uma especie de prateleira quadrada ou rectangular, para constituir a mesa do altar propriamente dito. Esta mesa, muitas vezes, cobre um sarcophago ou um tumulo de madeira; outras é sustentada por um pé central em forma de cippo e ainda outras posta em quatro, cinco e mesmo até seis columnellos.
Havia altares formados de tres lages, das quaes duas se collocavam verticalmente, servindo de supporte á terceira, collocada horisontalmente, a fim de formar a mesa do altar. Encontram-se tambem altares formados de cinco placas, tendo, pelo seu conjuncto, a fórma de um cofre de pedra.
A Auréola era formada de folhagens e sustentada por quatro anjos; Nosso Senhor Jesus Christo fica collocado entre dois Cherubins, que facilmente se reconhecem pelas suas asas abertas. Uma mão figurada no remate superior da Auréola, é para indicar a presença de Deus. É tambem adornada de flores, para indicar que o assumpto se passa no Céu.
As esculpturas mostram que esta arte estava muito decahida no seculo VIII. Essas figuras com posições grotescas e forçadas, teem todas o rosto de frente, e os membros desproporcionados, sendo tudo d'uma imperfeição tal, que é difficil imaginar-se nada mais grosseiro e rude.
A inscripção, muito mal escripta, e n'uma linguagem quasi inintelligivel, não é mais esmerada do que as esculpturas.
Quando as faces dos altares das basilicas das grandes egrejas não tinham esculpturas, eram então revestidas de laminas de ouro e de prata, com engastes de pedras preciosas, ficando cobertas de colchas bordadas, representando algumas vezes assumptos sagrados.
Desde o seculo IV até meiado do XII, que as mesas dos altares eram muitas d'ellas escavadas em fórma de bandeja em toda a extensão do plano superior, tendo um rebórdo de alguns centimetros de altura; às vezes tinham ornatos esculpidos. Muitas mesas eram furadas nos angulos, com um ou muitos buracos, cuja serventia ainda não foi possivel descobrir. O altar era encimado por um ciborium, especie de docel ou baldaquim, sustentado por quatro columnas de madeira ou de marmore e de metal.
Entre as columnas do ciborium havia umas cortinas ou reposteiros de corrediça, que se corriam para occultar o officiante e o altar durante a consagração.
O ciborium, que data do seculo XII, tem uma fórma um tanto differente da que foi posta em uso durante o periodo Latino.
As cortinas dos antigos ciboriums eram em geral de preciosissimos damascos de seda e ouro, ou com ricos lavores, guarnecidos de perolas, pedrarias e mesmo laminas de ouro e de prata.
Primitivamente, cada egreja apenas tinha um altar. Comtudo mais tarde houve egrejas no Occidente, que tinham muitos.
Os gregos e os orientaes nunca tiveram senão um altar nas suas egrejas.
Os altares portateis antigos compunham-se, bem como os mais recentes, de uma prancha rectangular de madeira, de pedra ou de metal, algumas vezes munida de uma moldura de ouro ou de prata, e tendo no extremo um appendice para servir de punho. Não se acharam altares portateis do periodo Latino, não obstante parecer indubitavel que deveriam ser communs n'aquelle periodo.
Uma tribuna, collocada no meio da nave principal das basilicas, era destinada á leitura dos Santos Evangelhos e aos sermões. Algumas egrejas possuiam tres: uma para o Evangelho, outra para a Epistola e outra para as prophecias.
A tribuna do Evangelho tinha regularmente duas escadas. Perto d'ella havia um enorme candelabro que servia para supportar uma grande tocha chamada o facho do Evangelho.
Nas basilicas christãs, o sanctuario e o côro eram separados da nave por uma divisão, umas vezes occultando o recinto, e outras ficando rendilhado, á altura de metro e meio a dois metros acima do chão. Esta divisão, chamada cancello, era muitas vezes de marmore.
A cadeira episcopal ou cathedra occupava o fundo do abside. Era de pedra de marmore precioso, e elevada tres degraus, pelo menos, acima do presbyterio.
Havia tambem cadeiras de marfim.
Aos lados da cadeira episcopal, e ao longo da parede do hemicyclo, achavam-se os bancos destinados aos padres, chamados algumas vezes exedrae, pelos auctores antigos. Eram muito simples, e durante o officio cobriam-se com almofadas.
A partir do meado do IV seculo caíu a pouco e pouco em desuso o enterramento nas catacumbas; e no principio do seculo seguinte, desappareceu completamente. Os cemiterios estabeleciam-se á roda da capella-mór das egrejas e das basilicas, situadas fóra dos muros das cidades, com os seus tumulos quasi sempre orientados.
N'estes cemiterios depositavam-se a maior parte das vezes os cadaveres em covas de pedra e cal. Entre duas paredes parallelas e distantes entre si 70 centimetros, pouco mais ou menos, abriam-se, por meio de lages ou simples tijolos, nichos de tamanho sufficiente para receber um cadaver. Estes nichos chegavam ás vezes a disporem-se em dez ordens, umas sobre as outras. Este systema foi o adoptado para as sepulturas dos cemiterios do IV, V e VI seculos.
Algumas vezes tambem os cadaveres eram encerrados em sarcophagos, que em seguida se cobriam com terra, ou se collocavam tanto ao ar livre como debaixo de abobadas, no interior das egrejas e das basilicas.
Foi sómente no VII seculo que a Egreja começou a permittir, ou antes a tolerar, as inhumações, não precisamente no interior, mas em redor dos templos situados dentro das cidades. Unicamente os bispos haviam até ali gosado do privilegio de serem enterrados nas suas egrejas Cathedraes.
Durante o periodo Latino foram muito raros os edificios isolados que se construiram para servir de sepultura aos grandes personagens.
As esculpturas dos sarcophagos começaram a modificarem-se no meiado do V seculo. Os assumptos biblicos desapparecem a pouco e pouco, e são substituidos por imagens de Santos. A Cruz da SS. Trindade ou o monogramma de Christo occupa, muitas vezes, o centro da face principal dos sarcophagos, destinada antes para o logar do Salvador, tendo aos lados pombas, pavões, palmeiras, parras e outros symbolos.
As tampas são ornadas de Cruzes da SS. Trindade, formadas pelo entrelaçamento de Cruzes gregas e de Cruzes de Santo André, isto é, em fórma de X.
O meio da face principal d'alguns sarcophagos é occupado pelo monogramma de Christo, que d'este modo preenche o logar do Salvador. Os pavões aos lados do monogramma são os emblemas dos Apostolos, e as pombas, bicando os cachos de uvas, symbolisam os fieis alimentando-se do vinho eucharistico. A maior parte dos sarcophagos eram de pedra ou de marmore; no entanto alguns havia de chumbo e até mesmo de gesso.
Os sarcophagos do IV seculo tinham todos a mesma largura e a mesma altura nas extremidades; do V seculo, apparecem muitos tendo o lado da cabeça mais largo que o dos pés.
As campas sepulchraes são em geral indicio de uma sepultura subterranea. O seu uso é muito remoto. As lages tumulares, assentes sobre os tumulos subterraneos ou nos nichos ao longo das paredes, eram já empregadas no V seculo, sendo muitas vezes esculpidas em relevo, e tambem algumas ornadas com desenhos só a traço. Por vezes ajustavam na parede, onde existia qualquer sepultura, uma placa de marmore ou de pedra, sobre a qual se gravavam symbolos, o nome do defuncto, a sua idade, ou tambem o dia do seu fallecimento.
Os tumulos dos cemiterios primitivos podem-se dividir em tres classes, segundo os objectos que n'elles se encontram. A primeira classe comprehende aquelles em que, além do esqueleto, se não encontra mais objecto algum, a não ser ás vezes uma pequena faca: estes tumulos são os dos servos ou pessoas de condição servil. Nos tumulos da segunda classe, o esqueleto é acompanhado do grande alfange de ferro, chamado scramasaxe: são estes os dos homens livres ou senhores feudaes. O homem livre gosava do privilegio de trazer á cintura este instrumento, que com elle era tambem depositado no tumulo. A terceira classe era constituida ordinariamente por um certo numero de tumulos ricos em coisas de toda a especie, principalmente em armas e objectos de toilette feminina: são esses os tumulos dos chefes militares, dos guerreiros e membros da sua familia.
O homem de guerra era sepultado com todo o seu equipamento, e ao lado depositava-se a sua esposa, adornada com todas as joias que tinha usado durante a vida.
As fivelas (fibules), que se encontram em tão grande numero n'essas sepulturas tinham duas serventias.
As maiores serviam para fechar o boldrié de coiro onde se suspendia o scramasaxe. Quasi todas são de ferro, sendo algumas marchetadas de prata ou revestidas de laminas de prata, com lavores representando folhagens ou figuras. Encontram-se algumas de bronze, e são as mais bellas.
Ha tambem umas fivelas de bronze e de menores dimensões, que serviam para ligar o vestuario á roda dos rins, para individuos dos dois sexos. Estas fivelas eram em geral menos lavradas que as do cinturão. Algumas havia tambem de ferro.
Os alamares, broches ou fibulas, destinadas a unir sobre os hombros ou sobre o peito as duas extremidades do vestuario, são sem duvida os objectos mais interessantes que se encontram nas sepulturas dos cemiterios. Ha-os de ouro, de prata, de bronze, e encontram-se sobretudo nos tumulos de mulher.
Encontram-se tambem frequentemente nos tumulos de mulher, pregos para segurar o cabello, com cabeças de aperfeiçoado trabalho. Ha-os de ouro, de prata e de bronze, com grandes comprimentos.
Os brincos das orelhas são em geral, assim como os pregos para o cabello, pequenas obras primas de ourivesaria. Compõem-se quasi sempre de um annel de grande diametro, ao qual está ligado um pequeno botão de ouro cheio de filigranas e de vidrilhos embutidos. Os collares que frequentemente se encontram nas sepulturas de mulher, compõem-se de contas, de fórmas e dimensões differentes, enfiadas n'um cordel. As contas são de vidro e de loiça de diversas côres, e de coral natural ou arredondado; tem-se tambem encontrado, mas raras vezes, contas de ouro massiço. As de vidro e de loiça são, em geral, pintadas com differentes camadas de côres juxtapostas, que adherem pela cozedura, reprezentando zig-zags, e outras muitas figuras estriadas. As côres que predominam, são o vermelho, o amarello, o verde, o pardo, o azul, o branco e o preto.
As vasilhas de barro constituem o complemento obrigado de todos os tumulos antigos. Encontram-se, quasi sempre, uma ou duas aos pés do esqueleto. Parece que estas vasilhas serviam aos pagãos para conterem agua lustral. Em seguida á sua crença na verdadeira fé, os convertidos ao Christianismo continuaram a encerrar vasilhas nos tumulos, porém mudaram a significação d'esta ceremonia funebre, substituindo a agua lustral pela agua benta.
A maior parte d'estas vasilhas são de barro preto e vermelho. Muitas apresentam a fórma d'uma pequena urna, tendo na parte superior do bojo ornatos de estylo muito rudimentar, feitos em volta e por meio da ponta d'um instrumento cortante.
As vasilhas de vidro, de fórmas elegantes e variadas, que se encontram nas sepulturas junto á cabeça ou aos pés do esqueleto, mostram que a arte de vidraceiro já tinha attingido um elevado gráu de perfeição. O maior numero são de vidro, d'um amarello esverdeado, soprado ou moldado; algumas têem como ornato riscas delgadas, brancas ou de côr, feitas depois da sopragem ou misturadas com a massa vitrea.
A introducção do Christianismo entre os Francos data do fim do seculo V. Não é por isso para admirar o encontrarmos nos seus tumulos objectos ornados com symbolos christãos.
O calice occupa o primeiro logar entre os vasos sagrados. Já os Apostolos se serviam de calices para a celebração dos Santos Mysterios.
Nos primeiros seculos da egreja, os calices eram de madeira, de vidro e até mesmo de chifre.
Depois da conversão de Constantino, é que se começou a generalisar o uso dos calices de ouro e de prata. Muitas vezes eram tambem ornados de pedrarias.
Existem calices de differentes especies. Os calices ordinarios, que se compõem, como os de todas as idades posteriores, de uma taça, um nó e um pé, tinham, em geral, a taça de fórma cylindrica, mais ou menos vasada, muito estreita e profunda. Os calices da segunda especie eram os calices ministeriaes, que serviam para distribuir aos fieis o precioso sangue, quando estava em uso a communhão de duas especies na Egreja. Este uso foi abolido no XIII seculo. Os calices ministeriaes, em geral, de grandes proporções, tinham duas asas.
Havia ainda os calices das offerendas, calices offertorii, nos quaes os diaconos recebiam as oblações de vinho; os calices baptismaes, que serviam para dar aos novos baptisados uma mistura de leite e de mel; e os calices de adorno, que nos dias solemnes eram suspensos na egreja, nas proximidades do altar, ou collocados sobre a credencia.
A patena, assim chamada do verbo latino patere, estar aberto, em consequencia da sua fórma larga e pouco profunda, é um prato de metal, de vidro, ou de qualquer outra substancia, no qual se colloca a Hostia, durante a Santa Missa. O seu uso é tão remoto como o do calice.
As patenas eram redondas, quadradas ou polygonaes e munidas d'um rebórdo.
O uso de reservar a Santa Eucharistia para os doentes e ausentes, provém desde a origem do Christianismo.
Pouco depois, quando os altares foram augmentados com o ciborio, suspendiam a reserva Eucharistica encerrada em vasos com a fórma de torres e pombas. Os vasos para as Sagradas Particulas tinham primitivamente a fórma de uma pomba. Quasi todos eram de ouro, de prata e de cobre dourado. A pomba Eucharistica encerrava-se geralmente em um Tabernaculo com fórma de torre.
Durante o período Latino-bysantino, os corpos dos Santos eram cuidadosamente encerrados em sarcophagos, e depositados em cima d'um altar ou n'uma crypta subterranea.
O Relicario para o Santo Lenho tem quasi sempre a fórma de pequenas Cruzes peitoraes, concavas interiormente, e abrindo-se em toda a sua altura, por meio d'uma dobradiça collocada no vertice superior da Cruz.
As chaves da confissão de S. Pedro são assim chamadas, porque se diz, que serviam para dar ingresso no tumulo do principe dos Apostolos, na crypta da basilica Vaticana. As chaves são grossas, ovaes, ôcas e de lavores rendilhados.
Os Soberanos Pontifices dos primeiros seculos tinham por uso distribuir aos reis, aos principes e aos bispos, parcellas das cadeias de S. Pedro, dentro de anneis, cruzes, e principalmente em preciosas chaves.
Desde o IV seculo que começaram a importar de Jerusalem os oleos provenientes das lampadas que ardiam de noite e de dia no Santo Sepulchro, e em outros logares Santos.
Os Papas e os Bispos enviavam estes oleos ás egrejas, aos soberanos e ás pessoas de distincção. Eram conservados e remettidos em pequenos vasos de vidro ou de metal, circulares, e achatados, com gargallo.
Durante os primeiros seculos, a Mesa do altar estava inteiramente livre e a descoberto, e só se punha em cima o pão, o vinho e os Vasos Sagrados necessarios para o Santo Sacrificio.
Os Crucifixos e os castiçaes eram desconhecidos durante os primeiros seculos. N'essa épocha apenas algumas vezes se via uma cruz ao lado direito do altar.
Corôas de altar, geralmente de metal precioso e ornadas de pedrarias engastadas, constituiram, durante todo o periodo latino, o mais rico accessorio do altar.
As mais notaveis corôas de altar, que foram descobertas em 1858 e 1860, em Toledo (Hespanha), são em numero de onze, todas de ouro e cravejadas de pedras.
Algumas vezes, principalmente a partir do IX seculo, deu-se o nome de regnum ás corôas votivas dos altares, para as distinguir das de illuminar. Tambem ás vezes se penduravam Cruzes proximo dos altares.
As luzes que se empregavam com profusão, durante os Officios Divinos, eram collocadas proximo dos altares, quer sobre uma mesa, quer sobre candelabros, ou ainda mais vezes sobre lustres, em fórma de corôa, suspensos no côro, no Sanctuario e até mesmo no meio da egreja.
Os diptycos são de épocha muito remota. Ao principio eram formados de duas pequenas taboas de madeira ou de marfim, dobrando-se uma sobre a outra, e cuja parte interior continha uma camada de cera, sobre a qual se escrevia. Estas taboas eram rodeadas com uns fios de linho, sobre os quaes se deitava cêra que se imprimia com um sinete. Serviam assim para as missivas secretas.
Desde a sua origem que a Egreja Christã teve diptycos. Eram tabellas ou catalogos, sobre os quaes se inscreviam certos nomes que deviam ser lembrados e lidos, pelo menos em parte, nas reuniões sagradas dos fieis.
Podêmos pois, conforme a origem, distinguir duas especies de diptycos sagrados: os diptycos consulares adaptados á liturgia, e os diptycos puramente ecclesiasticos.
Os diptycos puramente ecclesiasticos eram de marfim ou de metal. Tinham nas faces exteriores esculpidos ou cinzelados a imagem de Christo e a da Santa Virgem, ou assumptos tirados da historia do Velho e Novo Testamentos, e outros symbolos christãos.
Quando a leitura dos diptycos começou a deixar de se usar nos officios sagrados, transformaram-se as taboas esculpidas ou cinzeladas, em capas para livros liturgicos.
Desde o tempo de S. Jeronymo que começaram a ornamentar, o mais ricamente possivel, o livro dos Evangelhos; notava-se esta riqueza tanto no exterior como no interior do volume.
Muitas vezes o texto sagrado era escripto com letras de ouro sobre membranas côr de purpura.
Exteriormente os livros dos Evangelhos eram ornados com todo o esmero; nas capas abundavam o ouro, a prata, os vidrilhos, as pedrarias e as perolas, e durante muito tempo, foi costume encerral-os em estojos ou cofres, capsae, ricamente trabalhados.
As capas dos Evangeliarios podem-se dividir em duas classes: as de laminas metallicas e as de marfim.
Entre as primeiras, umas eram simples, sem figuras e até mesmo desprovidas de toda a ornamentação, outras cravejadas de pedras e esculpidas em relevo, representando assumptos religiosos.
Os assumptos das capas dos Evangeliarios de marfim e de metal não differem dos que têem as dos diptycos. São symbolos ou scenas extrahidas do Novo Testamento e principalmente da vida e da paixão de Nosso Senhor.
Estofos preciosos. Durante os primeiros seculos da era christã, os fatos ordinarios eram de tela, ou, na maior parte das vezes, de lã. Depois da conversão de Constantino, o uso dos tecidos de seda para as vestes liturgicas generalisou-se bastante, a ponto tal, que o Soberano Pontifice S. Silvestre, contemporaneo d'este imperador, foi obrigado a abolil-o nas roupas brancas de altar chamadas corporaes.
Além dos tecidos unidos, ha outros ornados com figuras ordinariamente multicolores, obtidas umas pela applicação de variegadas côres depois da tecedura, outras durante a tecedura, por meio de certas combinações dos fios da cadeia e da trama.
Durante o periodo Latino, o fabrico textil da seda era completamente desconhecido na Europa meridional e occidental. Provinham da Asia, do Egypto, da Grecia e de Constantinopla, os tecidos de seda. É por este motivo que muitas vezes se chamavam estofos transmarinos, e mais tarde tambem, estofos dos Sarracenos, porque os arabes mahometanos forneciam para o Occidente uma grande quantidade.
Os estofos mais antigos não raras vezes eram decorados com medalhões circulares ou ovaes, no genero de Maestricht, obtidos ou pela tecedura, ou por bordados applicados posteriormente.
A ornamentação dos tecidos, que vinham do Oriente e sobretudo da Persia, consistia em assumptos em que predominavam o reino animal e o vegetal, e até por vezes na propria mythologia d'este ultimo paiz. Em vão procurariamos o symbolismo christão n'estas representações tão variadas. Apenas ali se encontra o producto da imaginação dos artistas orientaes, que confeccionaram esses tecidos.
Os symbolos e os assumptos christãos só excepcionalmente apparecem sobre alguns productos das fabricas gregas ou bysantinas, e isso mesmo em uma épocha relativamente recente; consistem em pequenas Cruzes Gregas da Trindade, inscriptas em circulos, animaes symbolicos, taes como o leão e o pavão, e raramente um personagem isolado. As scenas historicas do Velho e Novo Testamentos não começaram a representar-se sobre os estofos senão durante o VIII seculo.
Desde o meiado do IV seculo, que a egreja começou a servir-se d'este meio, para representar, sobre os tecidos empregados nas ceremonias sagradas, assumptos religiosos extrahidos do Velho e do Novo Testamentos, ou da historia dos Santos.
O ouro, a seda e as perolas, abundavam em todos estes bordados, que consistiam muitas vezes em medalhões circulares ou ovaes e que applicavam sobre tecidos preciosos, para lhes imprimir um caracter religioso.
Desde o VI seculo que a arte de bordar foi, na Europa occidental, a principal occupação das mulheres nobres, e no seculo seguinte, esta arte elevou-se a um tal gráu de prosperidade, nas Ilhas Britannicas, que durante toda a idade media não deixou de florescer.
Desde os primeiros seculos, que se ornavam com bordados de purpura, ou de qualquer outra côr brilhante, as vestes de lã branca dos padres e