Читать книгу Ansiedade...não mais! Guía prático para ter autocontrole, mesmo sendo humano - Luciana de Aguiar Rodrigues - Страница 8
Оглавление__
“Cada adversidade, cada fracasso, cada dor de cabeça carrega consigo a semente de um benefício igual ou maior.”
Napoleon Hill
Concordo em gênero, número e grau com essa frase e hoje sou grata a todas as minhas dores por me fazerem evoluir, aprender e crescer.
Minha família era de classe média que lá pelos anos 90, começou a ter dificuldades financeiras como a maioria da população. Não tinham tudo para me dar, mas sempre fizeram o possível para que eu me sentisse muito amada e me ensinando valores fundamentais para eu ser quem sou hoje. Quando terminei o ensino secundário, já tinha feito vários cursos porque não sabia o que queria ser, mas desde os 14 anos trabalhava na loja de autopeças do meu pai e vendia pistões, anéis e bronzinas para automóveis.
Profissionalmente, ainda não sabia o meu caminho. Fiz cursos em várias áreas, desde corte e costura até decoração de interiores. Lá pelos 22 anos, decidi fazer Magistério, visto que muitas tias eram professoras e tinham uma vida estável. Me encantei com a profissão, por dar aulas, por aprender com os alunos e perceber mais claramente que a vida é uma troca de aprendizagens. Até mesmo quem acha que não tem nada a ensinar, quando está interagindo, está nesse processo de ensino/aprendizagem.
Isso sempre me encantou: a maneira como aprendemos e que isto é constante. Fiz a graduação em Letras, pós-graduação em Psicopedagogia e segui lecionando.
No campo da vida amorosa, aos 17 anos eu era uma adolescente apaixonada e pedi para meus pais me emanciparem e darem autorização para eu me casar. Neste momento, percebi o quanto meus pais me amavam porque mesmo parecendo loucura, eles acreditaram em mim e me consideraram madura o suficiente para encarar a decisão que eu estava tomando. Claro que não percebemos que nem eu, nem ele, tínhamos bagagem emocional, mas isso mais adiante você vai entender...
Quando casei, minha vida mudou completamente. Eu não era mais uma “adolescente” porque, literalmente, estava indo brincar de casinha com um príncipe encantado e começando a construir uma vida totalmente diferente da maioria das minhas amigas.
Por mais que houvesse alguns desentendimentos e desencontros, essa experiência foi um dos grandes aprendizados da minha vida e fez eu ter hoje dois filhos fantásticos dos quais sou muito grata. Dos 10 anos de casamento, nos primeiros 5 fomos um casal muito unido, participávamos ativamente do CTG (Centro de Tradições Gaúchas) e estávamos sempre rodeados de amigos, eventos e responsabilidades sociais. Os outros 5 anos foram eu morando em um estado com os meus filhos e ele trabalhando em outro. Foi aí que começou o grande distanciamento, não só como casal, mas também como família.
Nessa época, éramos um casal referência porque além de participarmos do CTG, nós também participávamos de um grupo de jovens casais da Igreja Católica e todos ao redor nos consideravam um “casal perfeito”. Mas essa perfeição estava longe de existir, já que eu estava extremamente infeliz por ter o marido morando tão distante e ainda ter que cuidar de duas crianças sozinha, muitas vezes sem saber o que fazer.
O conceito de que “O que Deus uniu, o homem não separa’’ era muito forte na minha cabeça, mas um dia resolvi conversar com o Padre da minha paróquia e ele me disse o seguinte: “Deus te quer feliz.” Aquela frase nunca saiu da minha cabeça e mesmo ele não dizendo o que eu deveria fazer, ficou muito claro para mim que Deus queria me ver feliz e para eu me sentir feliz, precisaria pedir o divórcio. Essa foi a primeira grande decisão que tive que tomar e a essa altura, até meu corpo já estava dando os primeiros sinais dessa infelicidade. Não foi nada fácil, eu sabia que teria uma grande batalha pela frente porque meus filhos tinham 3 e 1 ano e eu iria criá-los sozinha, já que meu ex-marido continuava trabalhando em outro estado.
Eu digo que existem “3 Ds” que nos fazem evoluir: o desemprego, o divórcio ou a doença. No meu caso, os 3 chegaram juntos. Aos 27 anos, quando resolvi me separar, a doença se manifestou e foi difícil criar dois bebês, pois ainda estava desempregada.
Logo após a separação, com todas as dores da ruptura de um relacionamento, comecei a ter crises de dor no abdômen, diarréia, vômitos e fui investigar para entender o que estava acontecendo. Depois de ir a 8 médicos e fazer inúmeros exames sem ninguém descobrir o que era, fui diagnosticada com Doença de Crohn. Eu nunca tinha ouvido falar nisso, naquela época só diziam que era uma doença crônica, inflamatória e psicossomática, ou seja, além do médico me receitar inúmeros remédios até acertar nas doses do tratamento ideal, eu ainda precisei consultar um psicólogo para trabalhar o meu emocional. Foram várias tentativas até achar um que acreditava que conseguiria me ajudar.
As dores eram frequentes e as idas ao hospital eram semanais, não foi um período fácil. Eu precisei realmente trabalhar muito a minha cabeça, mas depois de um certo tempo, fui me adaptando e consegui levar a vida de uma forma um pouco mais normal.
Eu já havia voltado a trabalhar, lecionava em uma cidade bem distante de onde eu morava e acabava passando muito tempo longe dos meus filhos, que eram cuidados pela escolinha e pelos meus pais. Fui me dando conta que tudo aquilo não estava fazendo sentido: eu estava doente, ganhava pouco e não conseguia ter tempo com meus filhos. Tudo isso, além de mais infelicidade, fazia eu sentir ainda mais dor porque cada vez que eu me sentia frustrada, as crises aumentavam e as idas ao hospital também.
Aguentei tudo isso por alguns anos porque eu não tinha outra opção (ou era isso que eu acreditava na época). Eu tentava controlar a doença com remédios e terapia, cuidava dos meus filhos no pouco tempo que eu tinha e dava aula para adolescentes. E não é que eu não gostasse desse trabalho, eu sempre gostei de ensinar, mas aquilo não me trazia uma realização plena. Até que chegou o ano de 2014, o ano decisivo da minha vida. Eu precisei encarar a situação da minha doença de frente - e de vez.
Além dos problemas que eu estava enfrentando, minha mãe foi diagnosticada com um câncer de 7 cm no abdômen que precisava ser removido com urgência. Fiquei completamente abalada e ali eu percebi que precisava criar forças para ajudá-la da mesma forma que ela sempre me ajudou, mas eu não sabia de onde essa força viria. Na mesma época que descobrimos tudo isso, além da Doença de Crohn, eu fui diagnosticada com Estenose no Intestino, que acontece quando uma parte do intestino está tão estreita que precisa ser removida por cirurgia. Como não era algo muito urgente, resolvi esperar.
Minha mãe não pôde retirar o tumor pois estava em um local muito delicado e iniciou o tratamento com quimioterapia. Como eu estava extremamente debilitada com toda essa história, tive uma suboclusão e meu intestino fechou, precisando ir imediatamente para a emergência do hospital. No mesmo dia que eu entrava em cirurgia para retirar um pedaço do intestino, minha mãe iniciava sua primeira sessão de quimioterapia. Minha única irmã estava acompanhando a nossa mãe e não tinha ninguém para ficar comigo. Precisei chamar minha comadre para me ajudar e foi ela quem ficou 10 dias me acompanhando no hospital. Eu não podia ver meus filhos, não sabia ao certo o que estava acontecendo e não tinha forças nem de ajudar a minha mãe e nem a mim mesma. Foi uma fase muito complicada.
Ao ser liberada, o médico me informou que meu intestino não iria mais me incomodar, porém eu teria que tomar Azatioprina para o resto da vida. Eu não conseguia acreditar naquilo, pois mesmo passando por um processo extremamente doloroso, ainda não havia conseguido resolver o problema. Ao retomar minha rotina, a ideia da doença ser crônica me consumia, até que um dia eu pensei: se esta doença é psicossomática, ou seja, eu a criei através dos meus pensamentos, eu também sou capaz de curá-la. Se eu fui a responsável por somatizar essa doença no meu corpo, eu também sou capaz de acabar com ela. E no momento que tomei essa decisão, comecei a ver a vida de outra maneira. Nessa época, já não fazia mais terapia, porque para mim não fazia mais sentido ficar conversando com a psicóloga sobre a doença e sobre o problema que eu tinha. Eu resolvi tomar outra atitude.
Passei a estudar neurociência e física quântica, li inúmeros livros, fiz muitos cursos e comecei a pesquisar tudo o que fizesse sentido sobre o que pensamos e como nos sentimos. Comecei a entender como funcionava o nosso cérebro, como nós pensamos e a partir da física quântica, como eu poderia trazer todos esses conceitos das Leis Universais (lei da vibração, lei da atração) para a minha vida e para a minha cura. Eu aprendi que se eu quisesse realmente melhorar — não só fisicamente, mas também como mãe e como pessoa — eu necessariamente teria que ter uma mudança total de vida e através de todo esse conhecimento que eu fui adquirindo e buscando, eu mergulhei de cabeça nesse mundo da neurociência e da física quântica. Todo o meu conhecimento e meus estudos me fizeram descobrir várias técnicas que poderiam ser aplicadas de forma prática. Eu sempre acreditei que não adiantava simplesmente dizer: pense diferente. Mas como fazer isso? Era essa a resposta que eu estava disposta a descobrir.
Comecei a colocar em prática algumas técnicas na minha vida e percebi uma mudança incrível. Por não pensar da mesma maneira de antes, eu automaticamente já sentia menos dores e conseguia ficar mais tempo sem ter uma crise e precisar ir para o hospital. Seguia medicada, mas ainda assim querendo descobrir cada vez mais possibilidades. Continuava dando aula, cuidando dos meus filhos e tendo uma vida normal. Quando recebemos a notícia que o câncer da minha mãe estava estagnado e não oferecia mais risco de vida, senti um grande alívio, pois parei de temer pela possibilidade de perdê-la.
Foi nesse momento que percebi que poderia começar a ensinar outras pessoas tudo aquilo que eu havia aprendido. Fiz mais alguns cursos que me capacitaram ainda mais e como eu sempre tive uma didática muito boa, não foi tão difícil. Consegui compilar todo o meu conhecimento intelectual e prático em um método de técnicas de controle mental que criei chamado treinamento Vivaz. Este treinamento possui várias técnicas simples e práticas que nos fazem conseguir controlar nossos pensamentos, observar as nossas emoções e, principalmente, mudar as nossas ações.
A minha felicidade em ouvir os depoimentos das pessoas que passavam pelo treinamento e a transformação que acontecia em suas vidas era tamanha que eu me dei conta que era isso que fazia meu coração vibrar. Eu sempre gostei de ensinar e sentia prazer em ser professora, mas transformar a vida das pessoas tinha um outro significado muito maior.
A cada quatro meses, eu fazia exames de rotina e controle da minha doença e em uma das consultas, vimos que meus exames estavam bem melhores. Decidi diminuir a dose de Azatioprina por conta própria, mas seguia acompanhando os níveis dos exames e aplicando cada vez mais técnicas na minha vida, na maneira que eu pensava e na maneira que eu trabalhava com as minhas emoções.
Dois anos depois, com os exames cada vez melhores e vendo que a doença estava de certa maneira controlada, que eu não tinha mais crises porque eu conseguia controlar os meus pensamentos e as minhas emoções, eu tirei a Azatioprina de vez e pedi para meu médico alguns exames mais profundos e elaborados para saber como estava a doença. Nesse dia, o médico falou que a minha Doença de Crohn estava inativa e em reemissão. Eu não entendia direito o que isso significava, mas como todos diziam que a doença era crônica e me acompanharia pelo resto da vida, eu me considerei vitoriosa por estar sem medicação, sem crises e sem dores.
Paralelo a tudo isso, como eu era uma professora concursada, essa “estabilidade financeira” tinha um grande peso na minha vida. Ao mesmo tempo, eu ponderava se ensinar Língua Portuguesa para adolescentes era o que eu deveria fazer ou se eu deveria me dedicar 100% a ensinar as pessoas a lidar melhor com as suas emoções e, consequentemente, viverem melhor.
Um fato que me marcou muito e foi o grande responsável por eu tomar a decisão que o trabalho com o magistério não estava me trazendo a satisfação que eu gostaria foi na volta das férias de julho. Eu havia pedido para os meus alunos lerem um livro desde maio e quando cheguei na sala de aula e perguntei quem iria contar a história do livro, de 40 alunos, nem 10 levantaram a mão. Naquele momento eu tive certeza que não era ali que eu estava fazendo a diferença. Eu precisava fazer a diferença com quem realmente queria uma mudança de vida e foi isso que me motivou. Dez dias depois eu fui à secretaria de administração do meu município e pedi minha exoneração. Não foi fácil, eu ainda tinha dúvidas porque iria começar a trabalhar como treinadora mental sem garantia nenhuma. Mas naquele momento, a certeza que eu tinha no meu coração de que eu ajudaria as pessoas era tão grande que eu resolvi mais uma vez agir. As pessoas diziam que eu era louca de pedir exoneração de um concurso público, mas essa foi a grande virada da minha vida. Foi realmente um ato de coragem para que eu acreditasse em um sonho muito maior, que era ajudar a transformar a vida das pessoas.
Comecei a trabalhar só com as terapias, atendendo pessoas, produzindo conteúdos informativos de maneira que elas também pudessem investir nelas próprias e foi aí que minha vida mudou de vez. Eu já tinha ido para Portugal uma vez e sempre pensei que seria um ótimo lugar para se viver, principalmente pela qualidade de vida. Já que eu não tinha mais vínculos profissionais e podia atender de qualquer lugar do mundo, pedi o visto para morar em Portugal e vim, apenas com uma mala de 17kg. Aluguei um quarto, que foi minha casa por 10 meses, e meus vizinhos se tornaram a minha família. Quando você sabe coordenar e controlar a sua energia, você também atrai pessoas que estão na mesma frequência que você, então agora estou vivendo em Portugal, atendendo pessoas do mundo todo e transformando a vida de cada uma delas.
E quero te dizer que agora, nesse momento, enquanto estou escrevendo esse livro para apresentar um pouco do treinamento e das técnicas que eu utilizo, já faz 3 anos e meio que eu estou sem uso da Azatioprina e medicamento nenhum para a Doença de Crohn. Nenhum médico sabe explicar como estou há tanto tempo tão bem assim. Eu digo que isso é um processo diário de eu me manter bem e com a minha mente e emoções controladas. Sou muito grata a isso também.
Logo depois que eu mudei sozinha para Portugal, meus filhos vieram conhecer, gostaram e logo em seguida também vieram para morar. Eles trabalham, estudam e têm uma oportunidade de vida que provavelmente no Brasil eles talvez não teriam.
E eu continuo ajudando pessoas a entenderem as suas emoções, a saberem como lidar com elas e, principalmente, pararem de somatizar em seu corpo. Eu descobri que todas as dores do nosso corpo físico estão relacionadas com o nosso mental, e se hoje eu tenho uma dor de cabeça, eu já consigo analisar o que está causando isso, por que essa dor de cabeça está manifestando no meu corpo e a partir daí, eu consigo resolver o problema indo direto na causa, que muitas vezes não queremos ver. Com certeza essa causa é emocional, é algum sentimento como medo, frustração, preocupação, etc. Resolvendo o motivo, o corpo fica curado e eu estou aqui justamente para ensinar isso, pois a autocura está disponível para todas as pessoas e eu quero te mostrar que você pode.
Agora, antes de iniciar, faça um exercício (está na parte do workbook): escreva quais são as suas dores mais profundas. Escreva todas, mesmo que a lista fique enorme. Depois, coloque uma nota de 0 a 10 ao lado de cada uma. Sim, talvez em um primeiro momento seja difícil quantificar essa dor. Se isso acontecer, feche os olhos por alguns segundos, respire fundo, foque em seu coração e pense nessa situação de dor e sinta. Pontue na sua lista. A partir daqui, você já vai olhar para sua ansiedade de outra forma, começando a fazer um mapeamento desses apertos emocionais.