Читать книгу Escravo - Luigi Passarelli - Страница 6

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Passeava no caminho de volta, como de costume. Se viu na frente da loja onde ele tinha se apaixonado por muitas mulheres e garotas durante a sua adolescência. Na vitrina, agora, não tinha nenhuma que despertasse o seu interesse. Mesmo assim fez um tentativo, um teste.

Ele apontou para uma menina de biquíni o seu telefone celular para verificar o funcionamento do Programa. Ela parecia feliz e amigável. No entanto, a conta ainda não tinha sido ativada. Ivano não podia saber o custo da operação, nem mesmo adicionar a garota no carrinho ou na lista de desejos. A menina acenou de volta. Ele não podia ouvi-la. Mas se fez entender. Evidentemente ela não desapreciava a aparência de Ivano. Pena que não fosse reciproco. Ivano se afastou para pensar naquelas meninas que fizeram ele sonhar tantas noites, elas eram uma companhia real e sensual em suas fantasias. E de como gradualmente elas desapareciam da sua vida no cotidiano. Tinha um pouco de vergonha. Especialmente por sua família. Avisaram que não devia nem pensar em certas coisas. Criar uma família era outra coisa, mesmo naquela época. Ele iria encontrar a mulher certa no momento certo. Suas pequenas aventuras na escola com algumas de suas colegas não o tinha satisfeito completamente. Vividas sempre com medo e escondidas... Um mendigo que pedia comida chamou a sua atenção. Ivano queria fazer uma outra tentativa. Entender o seu poder, se tudo era verdade. Apontou seu telefone. Sim, desta vez funcionou. O homem tinha um valor de cerca de três mil créditos. O velho homem com as pernas mutiladas, a barba de um profeta, sujo como poucos e vestido como um soldado do exército napoleónico, olhou para ele com um sorriso irônico. “Então, garoto! Quer me comprar? Você está se divertindo? Faz um presente para sua mãe! Leve-me para casa sua, me dê um quarto e lençóis! Vou ser muito útil pra sua família, não acha?” Ivano se assustou. E se envergonhou. Sim, era assim. Era assim mesmo que funcionava. Ele saiu depressa e pensou no respeito pelas pessoas. Mas também na utilização deles, a prática real. Sim, havia ainda uma possibilidade de escolha no Programa. Precisava ser esperto, como sempre, ou pelo menos preservar uma linha de lucro. Agora ele estava com medo de que alguém na rua pudesse descobrir o seu real valor e que se aproveitasse. Todos sabiam a memoria a regra principal do programa: somente as outras pessoas podiam saber o real valor de créditos que uma pessoa possuía. Somente o aparelho de uma outra pessoa pode te avaliar, nunca o próprio. O seu pai tentou tranquilizar Ivano antes que ele fosse ao consultório médico: apenas entrado no programa se pode ficar tranquilo. Os créditos eram os mesmos para todos, dependia do seu próprio caminho na vida, mas ele já sabia orientar-se, e esperava uma quantia reconfortante. Uma quantia que o teria mantido livre, pelo menos no começo. No entanto, Ivano podia imaginar o seu retorno a casa. Sermões e mais sermões. Atenções e mais atenções. Seu pai não perderia a oportunidade de fazer mais um punto da situação. No entanto, tinha que respeita-lo. Na sua casa, na verdade, nunca faltou nada do básico. Apenas a oportunidade de viajar que ele nunca teve. O mundo em si era algo distante e desconhecido. Apenas alguns bairros da sua cidade eram realmente frequentados pela sua família. E isso deveria bastar. Simplesmente, o mundo era perigoso demais para ser vivido plenamente. As viagens eram todas organizadas pelo Programa e somente poucos tinham a sorte de poder sair da própria área. Exatamente como ele e seus pais. E, talvez, todos os seus amigos e colegas. Ivano foi passando em frente das poucas lojas abertas ao longo do caminho. Eram quase todas lojas de alimentos frescos. Ele teve a tentação de fazer escondido a primeira compra da sua vida. Quem sabe, apenas uma bala. Mas sabia que o pai ficaria furioso. Teria arruinado o seu aniversário Price. E, talvez, o pai, choramingando com os tutores do sistema, teria imposto limites de gastos. Sim, para ser um verdadeiro adulto, fazer feliz seus pais, tinha que se comportar de uma maneira desprovida de tolas tentações. Basicamente, nada mudava em relação aos anos anteriores. Antes ele não podia comprar nada, e muito menos agora. Ele só tinha que esperar o momento certo para investir em algo de seu. Certamente não em um doce bobo e infantil. E mais, ele tinha que esperar que seu pai controlasse os seus créditos. Sim, agora ele tinha medo de saber o quanto haviam reconhecido o seu empenho, a sua carreira, praticamente, a sua vida. Ele confiava em seu pai, mas não cegamente. Tinha medo de não saber tudo, de ter perdido alguma coisa. Tinha, até, medo que os seus colegas tivessem presso muito mais que ele. Seria uma vergonha. Apertou o passo. Agora faltava pouco para chegar na porta de casa.

Escravo

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