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Capítulo 1

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– Não, não podes expulsar-me. Sou demasiado bonita para ser expulsa – disse Fabiana, olhando para Xan, com incredulidade. – Ou não entendi bem? Sabes que não domino a tua língua e que…

– Entendeste perfeitamente – replicou Xan. – Disse-te que só podias ficar dois meses e já passaram. Mas não te preocupes com as tuas coisas. Os homens da mudança chegarão dentro de uma hora.

Fabiana virou-se para um espelho, olhou-se com aprovação e, depois de arranjar o cabelo lindo de caracóis escuros, disse:

– Não consigo acreditar que já não me desejas.

Xan perdeu a paciência. Como era possível que tivesse escolhido uma mulher tão incrivelmente vaidosa?

– Não te desejo.

– E para onde vou?

Fabiana fixou os olhos nele, consciente de que não encontraria alguém tão interessante. De cabelo preto, corpo perfeito e um metro e noventa de altura, o grego Xan Ziakis tinha um rosto quase tão devastadoramente atraente como a sua conta bancária, que era a de um mago das finanças.

– Para um hotel – respondeu ele. – Reservei-te uma suíte.

Xan não se sentia incomodado com a situação. Fabiana sempre soubera que mudava de amante de dois em dois meses e, por outro lado, ganhara benefícios grandes com a sua associação com ele. Até mais do que merecia, tendo em conta que só tinham ido para a cama algumas vezes.

Esse detalhe impulsionou-o a questionar os seus motivos. Teoricamente, procurava a companhia de mulheres como Fabiana para satisfazer a sua libido, mas, embora só tivesse trinta anos, fartava-se depressa delas. O seu trabalho interessava-lhe mais do que o sexo e ainda não estava pronto para ceder às pressões insistentes da mãe, empenhada em fazer com que encontrasse uma namorada e se casasse de uma vez.

Além disso, não queria repetir os erros do pai. Helios casara-se demasiado jovem e os seus cinco casamentos tinham deixado três coisas a Xan: Um grupo custoso e problemático de meios-irmãos, a determinação férrea de continuar solteiro até aos quarenta anos e a intenção não menos férrea de ir para a cama com todas as gatas selvagens que se atravessassem no seu caminho.

No entanto, nem Fabiana nem as suas muitas predecessoras tinham alguma coisa em comum com os gatos selvagens. Eram modelos ou atrizes que conheciam a sua situação económica e adoravam conceder os seus favores em troca da generosidade dele.

Ao pensar nisso, Xan pensou que parecia bastante sórdido, mas, sórdido ou não, era o acordo mais adequado para ele. Assim, cobria as suas necessidades mais básicas e poupava os perigos do amor, que conhecia muito bem porque lhe tinham partido o coração com vinte e um anos, quando ainda era jovem e idealista. E aprendera a lição.

Quatro anos depois, transformara-se num multimilionário que comprava e vendia empresas na cidade de Londres de forma habitual. O seu bom trabalho abafara o buraco gigantesco que o pai imprudente causara na fortuna dos Ziakis e, depois de resolver esse problema, dedicara-se a organizar a sua vida sexual como organizava tudo o resto, porque não suportava a desordem.

Queria que a sua vida fosse sossegada, até rotineira. Não acabaria no caos de problemas matrimoniais e divórcios custosos que dizimara o património de Helios. Era mais forte e mais inteligente do que o pai. De facto, era mais inteligente do que a imensa maioria das pessoas que conhecia e só corria riscos no campo profissional, onde confiava plenamente no seu instinto.

Ainda estava a gabar-se da sua inteligência quando o som do telemóvel o afastou dos seus pensamentos. Era o seu chefe de segurança, o que o perturbou, porque Dmitri não teria ligado sem ter um bom motivo.

Ao fim de uns segundos, estava tão zangado que se foi embora dali sem se despedir da bonita Fabiana. Alguém se atrevera a roubar um dos seus pertences mais adorados. Alguém violara o santuário das suas águas-furtadas, um lugar tão importante para ele que nem as próprias amantes o conheciam.

– Suspeito que tenha sido a empregada – informou Dmitri.

– A empregada? – replicou Xan, atónito.

– Ou o filho. Deixou-o entrar no apartamento, embora saiba que é contra as regras – respondeu Dmitri. – O que preferes que faça? Chamo a polícia? Ou resolvo o assunto de forma discreta?

Xan pensou que não havia castigo suficiente para o crime que tinham cometido. Não tinham roubado um objeto qualquer, mas o pequeno vaso de jade que decorava o vestíbulo das águas-furtadas, uma peça da China imperial, que lhe custara uma verdadeira fortuna.

– Chama a polícia! – bramou, fora de si. – Quero que todo o peso da lei caia sobre eles!

No dia seguinte, Daniel atirou-se para os braços de Elvi e começou a chorar.

– Lamento muito! – disse o adolescente à irmã. – Este pesadelo é culpa minha!

Elvi pôs-lhe as mãos na cara e fixou o olhar nos olhos verdes angustiados.

– Acalma-te. Vou fazer-te um chá e…

– Não quero chá! – interrompeu-a Daniel. – Quero ir à esquadra e dizer que fui eu, não a mamã!

– De maneira nenhuma – replicou Elvi, impondo-se ao irmão. – A mãe aceitou a culpa por uma boa razão.

– Sim, claro, a maldita faculdade de Medicina! Mas isso não importa, Elvi.

Elvi abanou a cabeça. Daniel queria seguir os passos do seu falecido pai. Queria ser médico desde que era uma criança. Esforçara-se tanto que conseguira uma bolsa em Oxford por causa dos seus resultados académicos excelentes. E, se o condenassem por roubo, a sua carreira ficaria acabada antes de começar.

Isso era tão evidente como o facto de a mãe ter mentido para o proteger. Mas como era possível que o irmão tivesse roubado alguma coisa? Parecia-lhe tão absurdo que não conseguia acreditar.

Decidida a encontrar respostas, sentou-se na cama de Daniel e observou-o. Não se pareciam nada. Eram filhos de mães diferentes, porque a de Elvi falecera pouco depois de dar à luz e o pai voltara a casar-se, o que explicava as suas diferenças notáveis: Ele, era um jovem alto, moreno e magro de dezoito anos e ela, uma loira baixa e exuberante de olhos azuis. A nova esposa do pai, Sally, adotara Elvi legalmente quando era pequena e tomara conta dela.

– Conta-me o que aconteceu. Preciso de saber.

– Não há muito para contar – disse ele. – Pediu-me para ir buscá-la para a levar à reunião dos Alcoólicos Anónimos, mas cheguei mais cedo.

Elvi suspirou. Sally Cartwright estava há três anos sem beber, mas o alcoolismo era uma doença muito grave e Daniel e ela certificavam-se de que assistia às reuniões para que não sofresse uma recaída.

– E? – insistiu Elvi.

– Estava a acabar de limpar, portanto, disse-me para me sentar no vestíbulo e não tocar em nada. Como se fosse um menino pequeno! – protestou o adolescente. – Incomodou-me tanto que fiz o contrário do que me tinha pedido.

– Tocaste no quê, Daniel?

– Num vaso de jade, uma daquelas coisas que só se veem nos museus. Era tão bonito que agarrei nele e o levei até à janela para o ver à luz.

– E o que aconteceu depois? – perguntou ela, cada vez mais preocupada.

– Bateram à porta e a mãe aproximou-se para a abrir – explicou, incomodado. – Como não queria que me visse com o vaso, escondi-o depressa. Mas não tive tempo para o devolver, porque o homem que bateu à porta era um empregado do senhor Ziakis que se zangou ao ver-me e ordenou que me fosse embora e esperasse pela mãe na rua.

– Oh, meu Deus! Devias ter-lho dado! Transformaste-te num ladrão assim que te foste embora com o vaso!

– Achas que não sei? – perguntou o rapaz, com tristeza. – Mas o medo venceu, de modo que o levei para casa e o guardei numa gaveta. Tencionava contar à mãe, para que o devolvesse no dia seguinte. Quem ia imaginar que descobririam a sua ausência nessa mesma noite e que denunciariam o roubo?

Elvi pensou que Daniel se comportara como um verdadeiro idiota, mas não deu a sua opinião porque era óbvio que ele também pensava assim.

– Quando é que a polícia veio?

– Esta manhã. Chegaram com um mandato e, é claro, encontraram o vaso. A mãe pediu-me para ir ao quarto dela buscar a mala e, enquanto eu tentava encontrá-la, confessou que era culpada. Já a tinham algemado quando voltei – explicou Daniel, visivelmente entusiasmado. – Precisamos de um advogado com urgência.

Elvi tentou encontrar uma solução, mas não lhe ocorreu nenhuma. Conhecia demasiado bem o patrão da mãe, um homem tão rico como obsessivo. Tinha armários diferentes para cada tipo de roupa e uma mesa em que ninguém podia tocar. Ordenava os seus livros por ordem alfabética e exigia que lhe mudassem os lençóis todos os dias.

A sua obsessão chegava a tal extremo que redigira uma lista onde se especificava detalhadamente o que Sally podia ou não fazer. E o facto de esse mesmo homem parecer saído de uma revista de supermodelos masculinos não mudava as coisas. No máximo, tornava-as mais injustas.

Elvi sabia porque o investigara na Internet, perturbada com a sua atitude maníaca. A deusa da sorte abençoara Xan Ziakis de todas as formas possíveis e, no entanto, comportava-se como se sofresse de um transtorno obsessivo-compulsivo. Embora talvez fosse realmente assim. Afinal de contas, ninguém podia ser tão perfeito pessoalmente, como ela própria pudera verificar.

Só se tinham encontrado algumas vezes, quando ainda acompanhava a mãe às suas reuniões dos Alcoólicos Anónimos. Mas pensava sempre o mesmo: Que era a perfeição personificada, o homem mais bonito que alguma vez vira.

Horas depois, Sally Cartwright sentou-se com a filha adotada no quarto que partilhavam. Era uma morena esbelta e bela de olhos verdes que atravessara a barreira dos quarenta anos há muito tempo.

– Fiz a única coisa que podia fazer – afirmou, olhando para ela com intensidade.

Elvi tinha consciência de que o irmão estava no quarto contíguo e, como não queria que ouvisse a conversa, respondeu, em voz baixa.

– Não, não era a única coisa. Podias ter dito a verdade. Ambos podiam tê-lo feito.

– Ninguém teria acreditado, Elvi. Somos pobres – replicou a mãe, com tristeza. – E porque somos? Porque devastei a vossa vida e a minha! Até consegui fazer com que uma família feliz acabe num sítio como este.

O sítio a que Sally se referia era o apartamento do estado onde viviam, mas o sentido depreciativo do seu comentário não preocupou tanto Elvi como a sua amargura. Tinha medo de que o sentimento de culpa a arrastasse outra vez para o álcool.

A vida dos Cartwright mudara radicalmente depois da morte súbita do pai. Até então, tinham uma casa e uma posição económica desafogada. Contudo, a tragédia afetou tanto Sally que começou a beber e acabou por perder o seu emprego como professora numa escola de raparigas, o que obrigou Elvi a deixar os estudos e a começar a trabalhar com apenas dezasseis anos.

Infelizmente, o seu sacrifício não fora suficiente. As dívidas acumuladas derrubaram o castelo de cartas do seu pequeno paraíso familiar e, pouco tempo depois, bateram no fundo e ficaram sem casa.

A sua existência posterior fora um esforço lento, contínuo e geralmente fracassado para recuperar parte do que tinham perdido, embora as suas vidas tivessem melhorado bastante. Tiveram uma grande alegria quando Daniel pôde entrar na faculdade de Medicina! Elvi estava orgulhosa dele, porque continuara a estudar, apesar das circunstâncias, e conseguira um lugar numa das melhores universidades do país.

E, agora, um erro estúpido podia destruir tudo.

– Não, não – continuou Sally, decidida. – Tinha de confessar. É a única forma de vos devolver o que vos tirei com o meu alcoolismo. E não podes dizer nem fazer nada que me faça mudar de opinião.

Elvi pensou que isso ainda estava para ver, embora se abstivesse de o dizer em voz alta.

Naquela noite, enquanto Sally dormia na sua cama, Elvi ficou a pensar na sua falecida mãe, uma enfermeira finlandesa que faleceu poucos meses depois de dar à luz, atropelada por um carro. Elvi não se lembrava dela. Só lhe deixara algumas fotografias desgastadas e um punhado de cartas da avó, que também falecera. Mas isso não impedia que a amasse tanto como amava o irmão.

Dois anos depois do acidente trágico, o pai casara-se com Sally, que lhe dera um filho. E, depois disso, eles eram o centro da sua existência, a única coisa que importava.

Infelizmente, Sally sentia-se culpada por ter caído no alcoolismo depois da morte do marido. Não entendia que Daniel e ela a tinham perdoado, se é que havia alguma coisa para perdoar. Ao fim e ao cabo, não era alcoólica de propósito. Ficara devastada ao ver-se sozinha com um bebé e uma menina de seis anos, porque não tinha familiares para a ajudar ou sequer alguns amigos.

Elvi compreendia perfeitamente. Tinha a inteligência e a compaixão necessárias para não culpar a mãe pela situação em que se encontravam. E, é claro, não ia permitir que voltasse a devastar-se depois de se ter esforçado tanto para se reabilitar.

Mas o que podia fazer?

Falar com Xan Ziakis com a esperança de que, por trás dos seus fatos de marca e da sua reputação de empresário implacável, se escondesse um homem decente? Não parecia possível. Não encaixava com a imagem de predador solitário que ganhara na cidade de Londres. Fazia as coisas por sua conta e risco. Recusava-se a trabalhar em equipa e desdenhava qualquer tipo de associação com outros, mesmo que fosse temporária.

De facto, a mãe comentara que nunca levava mulheres para casa, o que era bastante suspeito. Noutras circunstâncias, Elvi teria pensado que era homossexual. Mas não era, como bem sabia. Ainda recordava o elogio tórrido que lhe fizera há meses, um elogio que despertara o seu desejo e avivara brevemente a sua antiga paixão juvenil.

Por sorte, já não era uma adolescente impressionável, mas uma mulher de vinte e dois anos. Xan Ziakis deixara de ser a sua obsessão secreta. E, em qualquer caso, nunca teria conseguido competir com as modelos altas e esbeltas que apareciam com ele na imprensa: Mal ultrapassava o metro e cinquenta e sete de altura e, para o caso de ser pouco, tinha um corpo exuberante, de nádegas tão generosas como os seus seios.

Teria sido isso que chamara a sua atenção ao ponto de lhe fazer um elogio? Os seus seios grandes?

Elvi supunha que sim e questionou-se se poderia usá-los em seu benefício, para fazer com que falasse com ela e ouvisse as suas razões. Não era uma tática precisamente ética, mas podia ser a única possibilidade de aceder a um homem tão poderoso como ele.

Depois de se decidir, pensou no problema seguinte. O que devia fazer? Ir visitá-lo em casa? Ou aparecer no seu escritório? Em princípio, a segunda opção parecia mais recomendável do que a primeira, tendo em conta que dava muito valor à sua privacidade. Mas não chegou a tomar uma decisão até à manhã seguinte, porque adormeceu.

Pouco antes da alvorada, acordou de um sonho inquieto, levantou-se da cama e mudou de parecer sobre a estratégia a seguir. Como lhe parecia improvável que Xan Ziakis acedesse a uma reunião pessoal, decidiu escrever-lhe uma carta. A causa merecia-o e, em qualquer caso, seria melhor do que não fazer nada.

Ligou o computador de Daniel, redigiu uma desculpa pelos problemas que lhe tinham causado e começou a escrever sobre a história da sua família. Se pudesse, ter-lhe-ia contado a verdade, mas estava a dirigir-se a um homem perigoso, capaz de retirar as acusações contra a mãe, de acusar o irmão e, talvez, de usar essa mesma carta contra eles, uma possibilidade que a preocupava muito.

Mas que outra opção tinha? Aparentemente, nenhuma. Estava condenada a escrever a um homem implacável com a esperança de que houvesse algo decente no seu coração e se compadecesse da sua família.

Quando acabou, pôs a carta num envelope e dirigiu-se para a sede da sua empresa, onde chegou às oito. Por sorte, ela só começava a trabalhar às nove e, felizmente a mãe falara tanto do patrão dela que conhecia os costumes dele na perfeição: Saía de sua casa a essa mesma hora, entrava na limusina e ia diretamente para o escritório. Todos os dias. Inclusive aos fins de semana.

Minutos depois, o veículo preto enorme parou à frente do edifício. Elvi estava à espera na calçada e teve uma surpresa ao ver que Xan Ziakis não chegava sozinho, mas na companhia de três guarda-costas tão bem vestidos como ele, que formaram um muro à sua volta.

– Para trás! – exclamou um dos guarda-costas.

Elvi recuou, tão perturbada com a sua atitude beligerante como com a beleza do homem alto e moreno que tentava proteger.

– O que tem aí? – perguntou outro, cuja cara lhe era familiar.

– Uma carta – conseguiu dizer.

– Sobre a sua mãe?

– Sim…

– Dê-ma.

Elvi deu-lha e, ao levantar a cabeça, apercebeu-se de que a observava com amabilidade, o que aumentou a sua confusão.

– Quem é?

– Dmitri – disse o homem. – Conheço a sua mãe… Não posso garantir que o senhor Ziakis leia a carta, mas vou certificar-me de que a recebe.

– Obrigada.

– Não tem de quê. A Sally é uma mulher encantadora.

O guarda-costas guardou a carta e desapareceu no interior do edifício, em que os outros já tinham entrado.

Elvi afastou-se e entrou num autocarro para se dirigir para a loja de costura onde trabalhava, questionando-se se Xan Ziakis chegaria a ler a carta. Dmitri prometera que lha entregaria e não tinha motivos para duvidar dele, especialmente, porque lhe dera a impressão de que não achava que Sally cometera o crime. Ainda que, a julgar pelo que sabia sobre o patrão dele, fosse capaz de a deitar fora.

No entanto, Xan ficou tão perplexo ao ver que o chefe de segurança lhe deixava uma carta na mesa que a agarrou imediatamente e olhou para o nome do remetente, Elvi Cartwright.

O seu primeiro impulso foi deitá-la para o lixo, por um lado, porque desconfiava das mulheres em geral e, por outro, porque já a conhecia. Encontrara-se com ela há dois meses, à porta do edifício onde vivia, e gostara tanto que falara com Dmitri para que a investigasse, no caso de ser vizinha dele.

Quando Dmitri lhe dissera que era a filha da mulher que lhe limpava a casa, expulsara-a dos seus pensamentos. Do seu ponto de vista, os multimilionários não deviam misturar-se com os familiares dos seus empregados. A brecha que os separava era demasiado grande e o risco de complicar as coisas, excessivo.

Contudo, apesar disso, lembrava-se de Elvi como se acabasse de a ver. Os seus olhos azuis lindos, o seu cabelo loiro e a sua naturalidade avassaladora tinham-lhe chamado a atenção poderosamente. E nem sequer sabia porquê.

Elvi Cartwright não se parecia nada com as mulheres com quem costumava ir para a cama. Era de estatura baixa e dava a impressão de ser um pouco rechonchuda, embora não tivesse a certeza: Só a vira uma vez e usava um casaco preto que escondia a sua figura. Mas, por muito inexplicável que fosse, sentira-se mais atraído por ela do que por qualquer uma das suas amantes.

Indeciso, voltou a olhar para a carta que Dmitri deixara na secretária. Porque se teria envolvido num assunto tão sórdido? À falta de respostas, optou por a abrir e esquecer as dúvidas. Ao fim e ao cabo, era o seu chefe de segurança. Se não podia confiar nele, não podia confiar em ninguém.

Minutos depois, descobrira duas coisas: Primeiro, que Elvi escrevia muito melhor do que imaginara e, segundo, que a sua intervenção abria um leque amplo de possibilidades eróticas.

Quanto mais lia, mais tórridas eram as suas ideias. Ele, que nunca sucumbira a nenhum tipo de tentação imprudente; ele, que calculava todos os seus passos e reprimia todos os impulsos arriscados, deixou-se levar pela sua imaginação e acabou completamente dominado pela sua libido, algo que nunca acontecera.

No seu rosto, desenhou-se um sorriso sombrio que qualquer um dos que se atreviam a enfrentá-lo no mundo das finanças teria reconhecido imediatamente: Um sorriso de perigo, de ameaça iminente. Tomara uma decisão. Esperaria alguns dias, para que Elvi Cartwright se sentisse desesperada. E então, só então, entraria em contacto com ela.

Desejo e chantagem

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