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Um grão de sandice

Este caso faz-me lembrar um doudo que conheci. Chamava-se Romualdo e dizia ser Tamerlão. Era a sua grande e unica mania, e tinha uma curiosa maneira de a explicar.

— Eu sou o illustre Tamerlão, dizia elle. Outr’ora fui Romualdo, mas adoeci, e tomei tanto tartaro, tanto tartaro, tanto tartaro, que fiquei Tartaro, e até rei dos Tartaros. O tartaro tem a virtude de fazer Tartaros.

Pobre Romualdo! A gente ria da resposta, mas é provavel que o leitor não se ria, e com razão; eu não lhe acho graça nenhuma. Ouvida, tinha algum chiste; mas assim contada, no papel, e a proposito de um vergalho recebido e transferido, força é confessar que é muito melhor voltar á casinha da Gamboa; deixemos os Romualdos e Prudencios.

Realismo de Machado de Assis (Clássicos da literatura mundial)

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