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Capítulo 2

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Jag ficou à porta do quarto do hotel onde Regan James se alojava e questionou a validez dos seus atos, tal como estivera a fazer durante todo o caminho.

Depois da conversa no bar, era evidente que ela não sabia nada do seu paradeiro, nem de que a irmã dele estava com ele. No entanto, mostrara-se cautelosa quando lhe perguntara quando fora a última vez que o irmão contactara com ela e ele não sabia se era porque tinha alguma coisa para esconder ou se era devido ao seu instinto de autoproteção.

Em qualquer caso, ela era a sua única ligação com Chad James e teria muita informação relevante sobre o irmão que poderia ajudá-lo a encontrar a irmã dele.

Quando ia bater à porta, um instinto predador apoderou-se dele. Regan James fora uma revelação no bar. Não se enganara quando vira a sua fotografia pela primeira vez. Os seus olhos não eram castanhos, mas cor de canela, e o seu cabelo era de uma cor avermelhada e dourada que o fazia pensar na areia do deserto durante o pôr do sol. A sua voz também fora uma revelação: Uma mistura de ternura e sexo puro.

Era evidente que os outros homens do bar tinham pensado o mesmo, porque Jag reparara nos olhares sensuais que pousavam nela quando se mexia pelo local. Os seus movimentos elegantes chamavam a atenção e o seu sorriso era deslumbrante. Até ele ofegara assim que a vira e, quando parara junto da sua mesa e o observara, ele sentira vontade de a agarrar e de a sentar no seu colo.

Há muito tempo que não reagia com tanto desejo com uma mulher e o único motivo por que estava ali era porque não conseguira interrogá-la no bar.

De facto, algumas pessoas tinham começado a reconhecê-lo, apesar de ter cortado a barba e o bigode. Jag acariciou o queixo e reconheceu que gostava da sensação da pele sem pelos. A ideia de acariciar o decote de Regan James com a face apareceu na sua mente e fez com que ofegasse.

Jag franziu o sobrolho. Há muito tempo que as emoções não o afetavam tanto. Milena sempre o acusara de ter gelo nas veias, de ser desumano. Não era. Era tão humano como qualquer homem e a reação física que tivera ao ver Regan James demonstrava-o.

A verdade era que Jag aprendera a controlar as emoções ainda jovem e não via nada de mal nisso. Como líder, era fundamental que mantivesse a cabeça fria quando todos os outros a perdiam. Nunca permitira que um rosto bonito ou um corpo sensual interferisse nas suas decisões e nunca o permitiria.

Zangado por estar a pensar a respeito das emoções e do sexo, levantou o punho para bater à porta.

Ouviu que, de repente, o barulho da água cessava e que uma voz feminina dizia:

– Um momento.

Jag respirou fundo. Ótimo. Ela acabara de sair do duche.

Abriu-se a porta e deu por si a olhar diretamente para os olhos de Regan James. Ao fim de uns segundos, deslizou o olhar pelo seu corpo.

– O senhor!

– Eu – troçou Jaeger, tentando disfarçar o facto de o seu corpo ter reagido ao vê-la com o robe e uma toalha a cobrir-lhe a cabeça. Entrou no quarto antes de ela ter a oportunidade de reagir e de fechar a porta com força.

– Espere. Não pode entrar aqui.

Jag não se incomodou em responder. Olhou à volta e procurou pistas a respeito de onde podia estar o seu irmão.

– Ouviu-me? – Agarrou-o pelo braço para o virar e ele fê-lo, franzindo o sobrolho e muito surpreendido.

Ninguém tocava nele sem permissão. Nunca.

Olhou fixamente para ela enquanto fechava o robe com força. Esse gesto confirmou-lhe que estava nua por baixo do tecido. Desejou agarrar na roupa e retirar-lha do corpo antes de a penetrar várias vezes, até esquecer o peso do dever. Até não conseguir recordar o que era sentir-se sozinho. No entanto, ninguém podia fugir do destino e passar uma noite entre os braços daquela mulher não mudaria nada. O dever e a solidão vinham juntos. Aprendera-o ao observar o seu pai.

– Ouvi-a.

– Então, o que está a fazer aqui?

Antes de a pousar na mesa, Jag olhou para a fotografia do irmão de Regan.

– Deixou isto no bar.

Regan olhou para a fotografia.

– Bom… Obrigada por ma devolver, mas podia tê-la deixado na receção.

Ignorando-a, Jag levantou a tampa da mala de Regan e olhou para o seu conteúdo.

– Esta é toda a bagagem que tem?

Olhou para ele, atravessou o quarto e fechou a mala de repente.

– Isso não lhe diz respeito.

Jag decidiu que já passara bastante tempo a aguentar aquela mulher, portanto, lançou-lhe um olhar fulminante.

– Fiz-lhe uma pergunta.

– E eu pedi-lhe para se ir embora – indicou ela.

Jag olhou para ela por um instante.

– Não me vou embora – avisou. – Não antes de me dizer tudo o que sabe sobre o seu irmão.

– Conhece o meu irmão, não é? – Recuou. – Também sabe onde está? Mentiu-me?

– Sou eu que faço as perguntas. A menina responde – comentou, com frieza.

Ela abanou a cabeça.

– Quem é o senhor?

– Isso não tem importância.

– Tem o meu irmão? – perguntou, num tom de preocupação. – Tem, não tem?

– Se eu tivesse o seu irmão, porque haveria de estar aqui?

– Não sei. Não sei o que quer, nem porque está aqui.

Ela engoliu em seco e Jag sentiu uma certa tensão no peito ao ver que ela estava temerosa. A necessidade de a tranquilizar apanhou-o de surpresa.

Consciente de que tudo aquilo seria mais fácil se ela estivesse relaxada, tentou usar um tom conciliador.

– Não tenha medo, menina James. Só quero fazer algumas perguntas.

Ao ouvi-lo a pronunciar o seu nome, uma sensação estranha percorreu o seu corpo. Ele reparou que ela olhava de esguelha, procurando uma via de escape. Antes de conseguir pensar em como tranquilizá-la, ela correu para o telefone do hotel.

Se ele quisesse chamar a equipa de segurança, tê-lo-ia feito. Não tinha outro remédio senão pará-la, portanto, rodeou-a pelas costas e levantou-a do chão.

Ela resistiu, cravando-lhe as unhas no braço.

– Fique quieta – queixou-se Jag, quando lhe deu um pontapé na tíbia. – Bolas, não sou… – Jag deixou escapar um palavrão quando sentiu que lhe dava uma cotovelada muito perto do sexo.

Decidido a pôr fim àquela situação, virou-a e segurou-lhe as mãos atrás das costas, fazendo com que os seus corpos entrassem em contacto por completo. Durante a resistência, o robe de Regan abrira-se e a nova posição fez com que os seus seios ficassem apertados contra o peito de Jag. Ao senti-lo, Jag reagiu como um menino de quinze anos em vez de como um homem de trinta que, além disso, era rei.

Ela respirava de forma ofegante e o seu cabelo húmido rodeava o seu rosto corado. Jag ficou com falta de ar. Assim, com as faces coradas, os lábios entreabertos e a respiração entrecortada, Regan estava magnífica.

– Vou deixá-la no chão – indicou ele. – Se fugir outra vez ou for buscar a arma que tem na mala, terei de a deter. Se ficar quieta, será tudo muito mais fácil.

Para ele, pelo menos.

O seu olhar fulminante indicou-lhe que não acreditava, mas, pelo menos, parou de resistir.

Ele abanou a cabeça e soltou-a. Se voltasse a fugir, pará-la-ia novamente. Embora preferisse não ter de o fazer.

– Onde está o seu telemóvel?

Queria verificar se recebera chamadas durante o dia e continuar a investigar a partir daí. Ao ver que não respondia, olhou para ela. E, pela sua expressão, soube que não ia responder-lhe.

– Menina James, não me faça zangar fazendo com que isto seja ainda mais difícil.

– Zangá-lo! Que graça! Segue-me até ao hotel, irrompe no meu quarto e ataca-me. E é o senhor que está zangado?

– Não a ataquei – defendeu-se Jag. – Retive-a e voltarei a fazê-lo se fugir outra vez. Aviso-a.

Ela cruzou os braços e tremeu.

– O que quer?

– Não a quero – respondeu ele –, portanto, pode ficar tranquila.

Olhou para ele como se não acreditasse. Depois de como a tratara, compreendia que fosse assim. Ainda assim, era verdade. Ele preferia as mulheres sofisticadas, complacentes e dispostas. Ela não era nada dessas coisas. Então, porque o afetava dessa forma?

– Sente-se para que possamos falar do que quero. Preciso de informação sobre o seu irmão.

Ao ver que ela ficava de pé, Jag suspirou e sentou-se.

– Há uma semana, o seu irmão mandou-lhe uma mensagem. Falou com ele depois disso?

– Como sabe que me mandou uma mensagem?

– Eu faço as perguntas, menina James – recordou-lhe, com muita paciência. – A menina responde.

– Não vou dizer-lhe nada.

– Tenho de a avisar de que será melhor pensar nisso – comentou ele, com frieza. Talvez ela não soubesse, mas ele estava disposto a fazer tudo para encontrar a irmã e o facto de o irmão daquela mulher estar com ela irritava-o. Observou-o como se desejasse dar-lhe uma dentada e ele sentiu que o desejo o invadia por dentro.

– Não, não voltei a saber dele.

– O que a fez vir a Santara?

– Ele vive aqui. E, ao ver que não atendia o telefone, preocupei-me.

– Ele vivia aqui. – Não viveria lá durante muito mais tempo.

– Se se tivesse mudado, ter-me-ia avisado.

Ela abanou a cabeça.

– Vejo que estão bastante unidos.

– Muito unidos.

A convicção com que falava fez com que ele sentisse uma pressão no peito. Houvera uma época em que ele também estivera muito unido aos seus irmãos. Depois, o pai falecera num acidente de avioneta e isso tornara-o rei. A partir daí, tinham deixado de estar unidos. Não havia espaço para isso.

– O que sabe a respeito do que o seu irmão esteve a fazer ultimamente?

– Nada.

– A sério?

– Não sei nada – insistiu ela, mudando o peso de um lado para o outro e tentando conter-se para não o enfrentar.

Jag ter-se-ia surpreendido se não achasse a sua ousadia muito atraente. E excitante.

– Quero dizer, sei que desfrutava do seu trabalho, que gostava de ir ao campo aos fins de semana, que tinha acabado de comprar um forno que adorava e que tinha uma secretária nova.

– Uma secretária nova?

– Sim. Olhe, não vou responder a mais perguntas até responder às minhas. – Ao pôr as mãos nas ancas, o decote do robe abriu-se. – Porque está tão interessado no meu irmão?

Tentando não olhar para o decote, Jag tentou também controlar a sua libido.

– Ele tem uma coisa minha. – Cerrou os dentes e questionou-se como Milena estaria. Se estava bem ou se precisava dele.

– Roubou-o?

A surpresa que o seu tom de voz transmitia fez com que ele fizesse uma careta.

– Poderia dizer-se que sim.

Regan percebeu que ele ficava tenso ao responder. Mais uma vez, fê-la pensar num leão disposto a atacar. Era evidente que o que o irmão levara era importante para ele. E isso explicava o seu interesse por Chad. No entanto, embora Chad tivesse passado uma má época depois da morte dos pais, não era uma má pessoa. Era inteligente, muito mais do que ela, e fora por isso que sempre tentara certificar-se de que ele acabava os estudos em Inteligência Artificial, na universidade, com boas notas. Um sucesso que o levara até àquele país belo e indómito.

Um lugar muito parecido com o estranho que ela tinha à sua frente e que a deixava com falta de ar cada vez que pousava o olhar dos seus olhos azuis nela. Era possível que fosse o que mais odiava, a forma como o seu corpo reagia a apenas um dos seus olhares.

Estava a observá-la e ela teve de se esforçar para ignorar as sensações que experimentava. Se ele não lhe tivesse tocado, se não a tivesse agarrado e apertado contra o seu corpo, teria sido mais simples.

Regan sentiu que os mamilos endureciam ao recordar como lhe tocara com o braço. Era como uma rocha e ela estava sozinha com ele num quarto de hotel.

– Não foi o Chad – comentou ela, com fúria.

– Foi ele, sim.

– O meu irmão não é um ladrão – contradisse, com convicção. – Está enganado.

– No meu trabalho, não posso dar-me ao luxo de cometer erros. Na verdade, tenho de voltar. Onde está o seu telemóvel?

– Para que quer o meu telemóvel?

Ele semicerrou os olhos de tal forma que as pestanas escuras esconderam quase por completo a sua cor azul.

– Já me entretive o suficiente, menina James. Onde está?

Levantou-se do sofá e ela recuou.

– Primeiro, diga-me quem é. Deve-me uma resposta, pelo menos, por me ter assustado.

– Não lhe devo nada. – Olhou para ela de cima a baixo. – Sou o rei de Santara, o xeque Jaeger Salim al-Hadrid.

– O rei? – Regan cobriu a boca com a mão e conteve um risinho. A julgar pela roupa que usava, parecia mais um mercenário do que um rei. Tinham-no contratado para matar Chad? Pensava que o levaria até ao seu irmão? – Duvido. Quem é realmente?

Imediatamente, apercebeu-se de que se enganara ao rir-se daquele homem. Fulminou-a com o olhar, deu um passo para ela e disse, com frieza:

– Sou o rei.

– Está bem, está bem… – Regan esticou a mão para o deter. – Acredito. – Estava a mentir, mas ele não tinha de saber. Precisava que se fosse embora o quanto antes.

Tentou não pensar na simetria perfeita do seu rosto e em concentrar-se em sobreviver. Era evidente que era um louco ou um assassino e ela estava sozinha com ele no quarto.

O medo apoderou-se dela. Tentou recordar que todos consideravam que ela tinha um dom para a comunicação, mas ele não era uma criança de sete anos que tinha um telemóvel escondido por baixo da secretária.

– Acha que estou a mentir? – perguntou ele.

– Não, não. – Regan tentou tranquilizá-lo, mas ele deu uma gargalhada.

– Incrível…

Ele abanou a cabeça e Regan avaliou rapidamente a distância que havia até à porta.

– Demasiado longe – murmurou ele, como se lhe tivesse lido a mente. Provavelmente, não fora muito difícil, visto que ela estava a olhar para a porta como se desejasse que se abrisse sozinha.

– Olhe…

Ele aproximou-se dela tão depressa que Regan não conseguiu continuar a frase.

– Não há mais perguntas. Não há mais jogos. Dê-me o seu telemóvel ou terei de procurar por todo o lado até o encontrar.

– Está na casa de banho.

Ele semicerrou os olhos.

– Ia tomar banho quando apareceu – explicou ela. – Eu gosto de pôr música enquanto tomo banho.

– Vá buscá-lo.

Regan quase lhe disse para pedir por favor, mas decidiu que o melhor que podia fazer era estar calada. Quanto mais depressa encontrasse o que procurava, mais depressa se iria embora.

Dirigiu-se para a casa banho e parou ao ver que ele a seguia. Olhou para ele através do espelho e os seus olhares encontraram-se por uns instantes. Não pôde evitar que uma onda de excitação a invadisse por dentro. Envergonhada, baixou o olhar e agarrou no telemóvel. Deu-lho e cruzou os braços a modo de proteção.

– Palavra-passe?

Ela sentiu o calor do seu corpo e desejou que ele se retirasse para trás.

– Trudyjack – disse ela.

– Os nomes dos seus pais? – Olhou para ela, surpreendido. – Podia ter usado ABC.

Regan olhou para ele, espantada. Como sabia que eram os nomes dos seus pais? Como sabia tanto a respeito dela?

– Quem é? – sussurrou ela, assustada.

– Já lhe disse. Sou o rei de Santara. Descobri tudo a seu respeito pouco depois de aterrar no meu país.

Regan engoliu em seco e apoiou-se no lavatório. Seria mesmo quem dizia que era? Não parecia possível, no entanto, tinha uma aura de poder e autoridade inconfundível. Embora ela pensasse que os assassinos também.

Observou-o enquanto ele olhava para a lista de contactos e de mensagens de correio eletrónico.

– O telemóvel do Chad está desligado – informou ela, incapaz de manter o voto de silêncio que fizera há instantes. Não conseguia evitá-lo. Nunca soubera estar em silêncio. – Sei porque tento falar com ele todos os dias.

– Não tem o telemóvel com ele.

– Então, o que procura no meu telemóvel?

– Um número pré-pago. Um endereço de correio eletrónico de um remetente desconhecido.

– Como sabe que não tem o telemóvel com ele?

Ignorando a pergunta, ele continuou:

– Tem outro telemóvel?

Regan franziu o sobrolho. Porque é que Chad não levara o telemóvel? Era como parte da sua pessoa.

– Não, mas se tivesse, não lhe diria.

Olhou fixamente para ela e ela sentiu um calor forte na barriga.

– Gosta de me provocar, não é verdade, menina James?

Regan sentiu que o coração acelerava. Não, não gostava de o provocar. Nada.

Olhou para ela e guardou o telemóvel no bolso. Desejava dizer-lhe que não podia ficar com ele, mas, àquelas alturas, a única coisa que queria era que se fosse embora.

– Satisfeito? – perguntou Regan.

– Nem por isso. – Olhou par ela de cima a baixo e ela recordou que estava nua por baixo do robe.

O quarto parecia muito mais pequeno e o ambiente tornou-se muito mais tenso, fazendo com que fosse impossível respirar. Aquele homem afetava diretamente o seu sistema. Não havia dúvida.

– Porque decidiu entrar num avião e vir até aqui depois da mensagem?

– Eu… – Regan engoliu em seco. – Estava preocupada. Não é normal que o Chad não esteja localizável.

– Portanto, veio até aqui pensando que podia ter algum problema? Dá sempre prioridade ao seu irmão ou gosta de se sentir indispensável?

As suas palavras feriram o orgulho de Regan, porque havia um pouco de verdade nelas. Transformar-se na tutora de Chad e perder-se no papel ajudara-a a preencher um vazio na sua vida e a superar a dor da perda dos seus pais.

– Não me conhece – disse, corada.

– Nem quero. Vista-se! – ordenou, antes de sair da casa de banho.

Regan respirou fundo para tentar acalmar-se. Aproximou-se da porta e viu que ele estava a examinar as fotografias da sua máquina fotográfica. Imediatamente, sentiu pânico.

– Eh, não toque nisso. É velha e não poderei comprar outra.

Aproximou-se para recuperar a máquina fotográfica, mas ele segurou-a ao alto.

– Não vou estragá-la – redarguiu. – Não a menos que me continue a tentar tirar-ma.

Regan pôs as mãos nas ancas.

– Não importa quem é, não tem o direito de examinar as minhas coisas.

Olhou para ela com desprezo, indicando que tinha todo o direito do mundo e que, se não, pouco importava, porque não havia nada que ela pudesse fazer.

– Vou fazer o possível para recuperar a minha irmã, menina James. Será melhor começar a habituar-se.

A irmã?

Regan franziu o sobrolho.

– O que é que a sua irmã tem a ver com tudo isto?

Observou-a. O azul dos seus olhos era tão claro e frio que parecia que ela estava a observar um glaciar.

– O seu irmão tem a minha irmã. E, agora, eu tenho a dele.

– Isso é uma loucura.

– Por uma vez, estamos de acordo.

– Não, quero dizer, o senhor está louco. O meu irmão não está com a sua irmã. Sei que me teria dito.

– A sério?

– Têm uma relação ou algo assim? – Sempre tinham partilhado tudo no passado e, se lho escondera…

– Será melhor que não. Agora, mexa-se. A minha paciência está a esgotar-se. Preciso de regressar ao palácio.

Um momento? Era mesmo o rei de Santara?

– Eu… Eu não vou a lado nenhum consigo.

– Se insistir em ir como está, não vou detê-la, mas garanto-lhe que receberá mais olhares do que antes, quando estava com as calças de ganga justas e uma blusa.

– A minha roupa era perfeitamente adequada, obrigada.

– Tem cinco minutos.

– Não vou consigo.

– É uma escolha sua, é claro, mas a alternativa é ficar neste quarto até o seu irmão regressar.

Regan franziu o sobrolho.

– Aqui fechada?

– Não posso permitir que o desaparecimento da minha irmã se torne público. Se andar por aí sozinha e a fazer perguntas, só conseguirá chamar a atenção e meter-se em confusões.

– Não vou dizer nada, prometo!

Regan sabia que parecia desesperada e estava. A ideia de estar fechada num quarto de hotel durante um tempo incerto não era aceitável. Se o que aquele homem dizia era verdade, ela queria ter liberdade para poder encontrar Chad e descobrir o que estava a acontecer. Preferivelmente, antes de aquele homem o encontrar.

Ele abanou a cabeça.

– Tome uma decisão. Não tenho toda a noite.

– Não tenciono ficar aqui!

– Então, vista-se.

Regan sentia que a cabeça dava voltas. Para além da falta de sono, a situação avançava demasiado depressa.

– Preciso de mais tempo para pensar nisto.

– Dei-lhe cinco minutos. Restam quatro.

– Acho que nunca tinha conhecido um homem tão arrogante como o senhor. De facto, sei que não.

Ele cruzou os braços e observou-a.

– Vão desligar o seu telefone e haverá guardas à porta do seu quarto. Aconselho-a que não tente sair.

– E como sei que é quem diz que é? – quis saber ela. – Podia ser um impostor. Um assassino. Estaria louca se fosse consigo.

– Não sou um assassino.

– Não sei!

– Vista-se e poderei demonstrar-lhe.

– Como?

Ele suspirou.

– Pode perguntar a qualquer empregado do hotel. Eles saberão quem sou.

Pela primeira vez desde que ele entrara no quarto, Regan viu uma possível saída. Se a levasse para o andar de baixo, poderia alertar alguém do que estava a acontecer.

– Está bem, só… – Agarrou numas calças limpas e numa camisola de manga comprida. – Dê-me um minuto.

Dirigiu-se para a casa de banho e, quando saiu, encontrou-o a olhar para o relógio.

– Um minuto mais cedo. Estou impressionado.

«Cretino arrogante», pensou ela.

Regan agarrou na mala e saiu à frente dele. Esperou que ele chamasse o elevador.

– Se realmente é um rei, onde estão os seus guardas?

– Não costumo levá-los comigo para tratar de assuntos extraoficiais. Posso tratar de mim próprio.

– E como é que ninguém no shisha bar conhecia a sua identidade? Se realmente é o rei, imagino que lhe tivessem feito reverências.

Ele sorriu.

– Percebi que as pessoas não se apercebem do que não esperam.

Regan arqueou uma sobrancelha. Não podia discutir. Parecera-lhe um homem perigoso, mas não imaginara que apareceria à sua porta a acusar o seu irmão. Também não esperava que ele lhe dissesse que era o rei. Embora ainda não tivesse confirmado se era verdade ou não.

– Como está a dor de cabeça? – perguntou ele. – Não se incomode em negá-lo. Está tão pálida que parece que vai desmaiar.

– A minha cabeça está bem. – Não tencionava admitir que tinha razão. Não sabia o que ele podia fazer com essa informação.

Quando chegaram ao andar de baixo, Regan ficou mais nervosa e olhou à sua volta. Ao ver que o vestíbulo estava quase vazio, dececionou-se. Antes de conseguir avançar, agarrou-a pelo braço e levou-a até à receção.

O sorriso do jovem que os atendeu mostrava nervosismo.

– Ah, Alteza, é uma honra para nós. – O homem fez uma reverência para a secretária.

Depois, disse alguma coisa na língua de Santara e a colega respondeu. O homem ficou com os olhos bem abertos.

– Mas… – comentou, com um ar de pânico. – Menina James, este senhor é sua Alteza, o rei de Santara.

– E como é que eu sei que isto não estava preparado? – quis saber ela, com desdém. – A opinião de um homem não diz muito. – Regan virou-se para o homem e disse: – De facto, queria informar que…

Não pôde dizer mais nada porque o estranho que estava ao seu lado resmungou alguma coisa e levou-a até uma sala onde uma pianista tocava um tema melancólico. Através de uma janela, Regan viu uma sala cheia de gente.

Pararam à entrada e ficaram de pé até a sala ficar em silêncio e as pessoas se virarem para olhar para eles. Ao vê-los, metade dos presentes levantou-se e fez uma reverência ao homem que ainda a agarrava pelo braço.

Regan abanou a cabeça, como se resistisse a acreditar que era realmente o rei de Santara. Se efetivamente o era, então, era possível que o irmão estivesse com a irmã dele, a princesa Mena, a nova investigadora-adjunta.

Claramente preocupado com a hipótese de ela fazer alguma tolice, o rei rodeou-a pela cintura e apertou-a contra o seu corpo. Regan pôs a mão no seu peito para evitar que os seus corpos se tocassem demasiado. Conseguia sentir o batimento do coração de Jag e só conseguia concentrar-se no azul dos seus olhos à luz ténue. O tempo pareceu parar enquanto ele a observava com tanto ardor que fez com que Regan mal conseguisse pensar. Não importava quem eram. A única coisa que importava era que ele a beijasse para acalmar a dor que estava a forjar-se no seu interior.

Pigarreou e pousou o olhar nos lábios de Regan. Durante um instante, pensou que ia beijá-la.

Então, observou-a fixamente e segurou-a com mais força.

– Satisfeita? – murmurou ele.

Regan abanou a cabeça e sentiu que cambaleava, apesar de ele a agarrar. Ouviu a palavra ao longe, como se avançasse por um túnel escuro, e fez algo que nunca fizera. Desmaiou.

A bela cativa

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