Читать книгу O playboy implacável - Miranda Lee - Страница 7

Capítulo 3

Оглавление

Alice já sabia que a sala de baile era no primeiro andar. Estivera lá naquela manhã para verificar se tinham seguido as suas instruções. Também se ocupara pessoalmente de pôr os cartões com os nomes no seu lugar e tentara satisfazer os desejos dos convidados. Cada cartão tinha o nome do convidado à frente e um número para o leilão atrás.

Saiu primeiro do elevador para que Jeremy não a agarrasse pelo cotovelo outra vez. Odiava ser brusca, mas seria se tivesse de ser e teria de ser se continuasse a tratá-la daquela forma. O seu contacto fazia-lhe coisas no corpo em que não suportava pensar.

– Por aqui – indicou ela, enquanto se apressava pelo corredor.

Alcançou-a com dois passos. Era muito mais alto e tinha as pernas muito compridas. Além disso, ela não conseguia andar muito depressa com uns saltos de dez centímetros e uma saia tão justa.

O corredor acabava por se abrir para um espaço maior onde dois empregados estavam a dar os últimos retoques numa zona paralela a uma parede e reservada para o bar.

– As bebidas prévias ao jantar estão programadas a partir das sete e meia – comentou Alice, enquanto abria a porta dupla que dava para a sala de baile. – O jantar começa oficialmente às oito e meia. Pedi-te para vires às sete para que tivesses tempo de ler a lista de lotes que vão leiloar-se e para que comentássemos como queres… proceder.

– Proceder…? – repetiu ele, enquanto se inclinava para a frente para lhe segurar a porta.

Alice conteve um suspiro. Tinha umas maneiras perfeitas. Parte dos seus recursos para seduzir seria fazer-se de cavalheiro com as mulheres. Afastaria as cadeiras da mesa, abriria as portas dos táxis… e usaria sempre preservativo.

Conseguiu, por pouco, não ficar boquiaberta. Podia saber-se porque lhe acontecera aquilo? Efetivamente, Jeremy Barker-Whittle parecia-lhe atraente, como a todas as mulheres, porque era impressionante, mas o facto de lhe parecer atraente não tinha nada a ver com querer ir para a cama com ele. No entanto, quando olhou para aqueles olhos azuis lindos e para aquela boca tão sensual, não pôde evitar questionar-se como seria ir para a cama com ele. Tinha de ser bom se a irmã de Fiona não parara de o elogiar. Conhecera a irmã de Fiona, uma verdadeira foliona que, segundo Fiona, fora para a cama com todos. De acordo com isso, também teria ido para a cama com Jeremy.

– O gato comeu-te a língua? – perguntou ele, com ironia.

Alice pestanejou, engoliu em seco e esboçou um sorriso forçado.

– Lamento muito, mas pensei em algo terrível e distraí-me.

– Alguma coisa que deva saber?

– Não. Estive um pouco obcecada com a posição dos convidados para o jantar e pensava que tinha cometido um erro numa das mesas. Mesmo assim, pode corrigir-se. O que queria dizer com «proceder» era se queres que se leiloem todos os lotes depois do jantar ou se preferes que se leiloem alguns entre os pratos.

– Claramente, é melhor leiloar entre os pratos. Isso vai manter o interesse dos convidados e evitar que se aborreçam.

– Estou de acordo. Segue-me.

Jeremy seguiu-a e desfrutou muito mais da visão do seu rabo do que da sua atitude. A sua voz e o seu olhar eram frios, mas ainda faltava muito para que pudesse conversar com ela e satisfazer a sua curiosidade.

Alice levou-o por um bosque de mesas circulares com toalhas de linho branco, faqueiro de prata, copos de cristal e uns cartões lindos com os nomes dos convidados.

– Parece tudo fantástico – comentou ele.

– Sim, é verdade – concordou, gélida.

Jeremy franziu o sobrolho e interrogou-se o que incomodaria a linda menina Waterhouse. Não podia comportar-se assim com todos os homens que conhecia. Era algo contra ele ou era outra coisa? Talvez tivesse discutido com alguém. Podia ser um namorado ausente…

– Organizaste tudo?

– Quase tudo – respondeu ela, laconicamente. – Naturalmente, o pessoal do hotel ajudou-me muito.

Chegaram ao palco, que era ao fundo da sala de baile e que podia usar-se para diferentes eventos: Concertos, entregas de prémios, apresentações… Naquela noite, tinha um atril com um microfone e uma mesa muito comprida por trás com uma variedade de objetos e um computador portátil aberto num extremo. Aquele seria o lugar de Alice, que lhe daria os objetos e iria anotando os números dos vencedores.

Jeremy olhou para o atril e pensou que não era o melhor lugar para um homem nervoso. Ele, felizmente, não o era, mas interrogou-se como Jacobs teria aguentado. Embora também não o conhecesse muito bem. Que ele soubesse, Kenneth podia ser, no fundo, um exibicionista. Ser preguiçoso não significava que fosse tímido.

Havia três lances de degraus para chegar ao palco. Alice parou a meio e, finalmente, virou-se para olhar para ele. Estava corada, mas os olhos continuavam a ser gélidos.

– Deixei a lista dos lotes no atril. Podes dar-lhe uma olhadela enquanto vou verificar os lugares.

– Está bem.

Observou-a enquanto abria caminho entre as mesas. Não parou até chegar à que era mais perto da porta. Ele encolheu os ombros e foi para o palco.

A lista era comprida e variada. Havia lembranças de eventos desportivos e de espetáculos, jantares para dois em restaurantes exclusivos, um fim de semana familiar numa casa de hóspedes de Weymouth, umas férias breves para dois em Espanha, bilhetes preferenciais para um concerto de rock, voos de ida e volta para diferentes capitais da Europa, um retrato a óleo da duquesa de Cambridge pintado por um artista emergente de Londres e, por último, embora não o menos importante, o privilégio de Kenneth Jacobs usar o nome de duas pessoas no seu próximo romance.

Jeremy não demorou a ler a lista e voltou a deixá-la no atril, antes de pegar no maço de madeira, observá-lo e experimentá-lo, fazendo com que ecoasse na sala vazia. Os empregados levantaram a cabeça, mas Alice não. Já não estava na mesa próxima da porta. Questionou-se se não teria sido uma desculpa para não estar mais com ele do que o estritamente necessário. Cerrou os dentes enquanto saía do palco e se dirigia para a saída. Na verdade, começava a sentir-se incomodado e perturbado. Porque não gostava dele? As mulheres gostavam sempre dele e nunca o tratavam com essa displicência.

Depressa percebeu que Alice também não estava na zona das bebidas. Já tinham começado a chegar pessoas, mas a sala não estava cheia e um cabelo loiro como o dela destacava-se em qualquer lugar.

– Jeremy Barker-Whittle! – exclamou um homem, atrás dele. – É uma alegria ver-te aqui.

Jeremy virou-se, contrariado. George Peterson fora seu cliente quando era assessor de investimentos. Era dono de vários estacionamentos e confiara nele para que transformasse as suas economias consideráveis numa carteira de valores que lhe permitisse reformar-se antecipadamente. Felizmente, conseguira agradá-lo. George tinha cinquenta e muitos anos, como a esposa, e gostava que não tivesse trocado a esposa por uma modelo, como muitos homens que tinham começado do zero faziam.

– No outro dia, estive a falar com a Mandy sobre ti, não foi, querida? – George sorriu de orelha a orelha. – No mês passado, estive muito nervoso porque vendi todas as minhas ações e participações e pus o dinheiro no banco.

– Fizeste bem, George, está tudo muito volátil, mas o dinheiro não vai crescer no banco. Talvez devesses pensar comprar alguma propriedade.

– Vês? O que te disse, querida? O Jeremy sabe sempre o que está a acontecer. O que fazes agora, rapaz? Já tens uma namorada como é devido ou continuas a andar de flor em flor?

Foi um acaso que Alice aparecesse naquele momento com uma taça de champanhe na mão direita, sorrindo e falando enquanto percorria a sala. Os seus olhares encontraram-se e Jeremy sorriu. George virou o rosto corado para ver quem estava a sorrir.

– Muito bonita – comentou George. – É a tua acompanhante para esta noite?

– Não – reconheceu Jeremy. – É a mulher que organizou tudo isto. Chama-se Alice Waterhouse. Alice! – chamou-a. – Vem conhecer uns amigos muito bons.

Jeremy sorriu porque ela já não conseguiria evitá-lo.

– Conheço a Alice – interveio Mandy. – Falei com ela ao telefone quando recebi a primeira mensagem por causa deste evento. Quando lhe contei como gostava dos livros do Kenneth Jacobs, disse-me que me poria na mesa dele.

Alice esboçou um sorriso forçado e foi conhecer os amigos de Jeremy. Jeremy apresentou-lhos e ela lembrou-se depressa da sua conversa com Mandy.

– Lamento imenso, mas o senhor Jacobs não vai poder vir esta noite. Tem uma constipação horrível.

Alice alegrou-se por poder falar com alguém que não fosse o fastidioso Jeremy, que continuava a sorrir com aquele ar petulante, como se houvesse uma relação secreta entre os dois.

– No entanto – continuou ela –, vamos continuar com o leilão do seu prémio. O editor dele aceitou, muito amavelmente, fazer as honras como leiloeiro.

Alice esboçou um sorriso açucarado que não se refletiu nos seus olhos.

– O quê? – George esbugalhou os olhos. – Está a falar de ti, Jeremy?

– Efetivamente.

– Desde quando és editor?

– Desde pouco depois de deixar os bancos.

– Há dinheiro nisso…?

– Certamente, não – respondeu Jeremy, com franqueza –, mas, como costuma dizer-se, o dinheiro não é tudo.

Alice reparou, embora não se importasse, que os olhos de Jeremy tinham parado de brilhar por um segundo.

Aproximou-se um empregado com uma bandeja com bebidas e ofereceu-lhes taças de champanhe ou copos de sumo de laranja. Todos escolheram champanhe, menos Alice, que já tinha uma taça. Não podia beber demasiado se tivesse de lidar com esse Don Juan toda a noite. A sua tentativa de o evitar até ao jantar fracassara.

– Tenho de me misturar – interveio Alice. – Vejo-vos durante o jantar, estamos todos na mesma mesa.

– Que bom! – exclamou Mandy.

– Eu acompanho-te – ofereceu-se Jeremy.

– Não é preciso – replicou Alice. – Devias ficar com os teus amigos.

– Podemos ficar sozinhos – replicou George. – Vão à vontade.

Alice apercebeu-se do olhar de cumplicidade que George lançava a Jeremy. Preferia não imaginar o que lhe contara.

– Porque é que o George olhou assim para ti? – perguntou ela, enquanto abriam caminho entre a multidão crescente.

– Como?

Ela parou e observou-o com raiva.

– Como se estivesse a fazer de casamenteiro.

– Não percebi…

Alice suspirou com desespero.

– O George é um pouco romântico – continuou Jeremy. – Não faças caso.

Ela estava a tentar encontrar alguma coisa para dizer quando um casal, um executivo da televisão e a esposa, chamou a atenção de Jeremy. Isso foi o que aconteceu durante os quarenta minutos seguintes. Os convidados competiam para monopolizar a sua atenção como se fosse uma celebridade e presumiam que ela era a namorada dele, algo que ele nunca negou. Embora isso também não impedisse que as mulheres o seduzissem nem que ela se sentisse ridícula e irracionalmente ciumenta.

Alice, irritada e perplexa, mal conseguia manter a sua calma habitual. Mal conseguiu conter a vontade de gritar com uma loira muito maquilhada e com umas pestanas falsas tão grandes que estavam prestes a cair. Respirou fundo, virou-se para Jeremy e sorriu com desinteresse.

– Lamento muito, Jeremy, mas tenho de ir à casa de banho antes de começar o jantar. Vemo-nos na mesa, a nossa é a número um.

Sentiu um alívio enorme ao afastar-se dele, mas olhou-se ao espelho e viu que tinha os olhos demasiado brilhantes, algo preocupante. Tinha de ter cuidado, muito cuidado.

Jeremy encontrou George e a esposa quando entrou na sala de baile às oito e vinte e cinco e foram a conversar até à mesa número um, que era à frente do palco. Não via Alice e essa ausência constante desesperava-o. Como não gostava de desperdiçar energias, começou a aceitar que era possível que Alice não se sentisse atraída. No entanto, se fosse verdade, porque reagira negativamente quando algumas mulheres o tinham seduzido? Percebera a irritação na sua linguagem corporal, sobretudo, quando essa loira começara a babar-se.

Estava a pensar nos motivos que Alice podia ter para o evitar quando apareceu no palco e se dirigiu lentamente para o atril. Estava impressionante e não conseguia desviar o olhar dela. Era como uma Audrey Hepburn jovem, mas com o cabelo loiro. Que classe! Uma vez no atril, ligou o microfone e deu-lhe umas pancadinhas para conseguir silêncio na sala de baile buliçosa. Quando todos se sentaram, sorriu e começou a falar nesse tom refinado e cristalino.

– Bem-vindos. Para começar, quero agradecer-vos por terem vindo esta noite para apoiar uma causa tão querida para mim. É uma desdita que os refúgios para mulheres sejam necessários no nosso mundo, que devia ser civilizado e ilustrado, mas são. É possível que alguns de vocês não saibam, mas sou assistente social de alguns refúgios de bairros marginalizados e sei que custa imenso seguir em frente e ajudar todas as mulheres que lhes pedem ajuda. Precisamos de mais refúgios, de mais assistentes sociais, de mais assessores… Naturalmente, tudo isso implica mais dinheiro e, esta noite, esperamos angariar parte, graças à vossa generosidade. Por favor… abram os cordões à bolsa. Acreditem em mim quando vos digo que tudo será crucial para essas mulheres que não têm para onde ir nem a quem recorrer. Precisam da vossa ajuda. Obrigada.

Quando parou de falar, a sala irrompeu em aplausos. Jeremy sentiu-se orgulhoso dela e francamente comovido. Que discurso! Bela mulher! Os políticos deveriam aprender com ela. Se não fosse o leiloeiro, teria licitado em todos os lotes para que alcançassem o preço mais alto antes de cair o maço. No entanto, decidiu que faria uma doação considerável no fim da noite. Até era possível que esse gesto servisse para que ela aceitasse sair com ele. Porque, certamente, sabia que ia pedir-lhe.

Quando Alice se sentou à mesa, todos se dirigiram a ela ao mesmo tempo. Felicitaram-na e garantiram-lhe que doariam. Jeremy não conseguiu falar, mas, assim que pôde, inclinou-se para ela para falar em voz baixa.

– Foi um discurso muito impressionante, Alice. Se quisesses, poderias ser angariadora de fundos profissional.

Alice ficou rígida com a reação do seu corpo à voz dele e ao calor da respiração na orelha. Sentiu um nó no estômago e os mamilos endureceram. Era aterrador, mas também era maliciosamente cativante. Desejava virar-se e sorrir a sério, com um sorriso que lhe indicasse como queria deixar-se levar por esse feitiço carregado de erotismo que achava que poderia fazer-lhe… se deixasse.

No entanto, seria como brincar com o fogo. Vira o que os homens podiam fazer a uma mulher.

Era possível que Jeremy não fosse tão atroz como o marido abusador da irmã ou como esse descarado desalmado com quem saíra na universidade, mas era um mulherengo compulsivo que queria as mulheres apenas para uma coisa. Embora também tivesse de reconhecer que a sua mente traiçoeira estivera a pensar nessa coisa desde que o conhecera. Evidentemente, Jeremy era um Casanova consumado que não precisava de levantar um dedo para que as mulheres se derretessem. A sua elegância e beleza naturais faziam-no por ele… e essa voz tão maravilhosa e sensual, claro.

Apesar da tentação poderosa, recusou-se a ser mais uma das suas conquistas de playboy. Esboçou um sorriso de mera cortesia, antes de virar a cabeça para responder. No entanto, infelizmente, não esperara que Jeremy estivesse tão perto. Os seus narizes, os seus olhos e as suas bocas ficaram a escassos centímetros. O seu sorriso congelou, olhou para os lábios dele e odiou-se por se questionar como seria beijá-los. Mesmo assim, desejou-o. Efetivamente, desejava-o e, durante um instante, quase cedeu a esse impulso premente de encurtar a distância que havia entre eles. No entanto, conseguiu dominar-se no último segundo e ele, graças a Deus, endireitou-se na sua cadeira.

– Não poderia ser uma angariadora de fundos profissional – replicou ela, com a frieza habitual. – Não gosto de pedir dinheiro a ninguém. Pelo menos, desta forma, as pessoas recebem alguma coisa em troca da doação. Garantiram-me que a comida e o vinho serão bons, mas, claro, não haverá muito por onde escolher. É um menu fixo com duas alternativas em cada prato. Era a única forma de conseguir servir tantos jantares.

– Parece-me bem – comentou Jeremy, enquanto chegavam os primeiros pratos.

Alice alegrou-se por poder concentrar-se em algo que não fossem essas sensações desatinadas. Conteve um suspiro de alívio quando todas as pessoas da sua mesa começaram a comer com aparente satisfação. Os empregados ofereciam constantemente vinho branco ou tinto e cada mesa tinha jarros de água fresca e de sumo de laranja para o caso de alguém não beber álcool. Mandy, que estava à sua direita, e ela escolheram vinho branco, embora não tencionasse beber muito.

– Come – disse Jeremy, ao vê-la com o garfo na mão e a cabeça noutro lugar. – Adoro as mulheres que desfrutam da comida.

– Parece-me que gostas de todas as mulheres.

– É possível que tenhas razão, são o sexo mais bonito sem nenhum género de dúvidas.

– Com especial ênfase no sexo – troçou ela.

– Não gostas muito dos homens, pois não? – perguntou ele. – Ou é só comigo?

O remorso corroeu-a por dentro quando percebeu como fora antipática quando não lhe fizera nada. Fora tudo fruto da sua imaginação.

– Lamento – desculpou-se ela, sinceramente. – Não costumo ser tão desagradável, mas foi um dia complicado. Gosto de ti, a sério, e agradeço que tenhas vindo para ser o leiloeiro. É que…

– O quê?

Alice fechou os olhos e abanou a cabeça. Era impossível explicar-lhe sem ser desagradável outra vez.

– Nada – respondeu ela. – Estou um pouco cansada.

– Não pareces cansada, estás muito bonita.

– Por favor, não…

– Não o quê? – interrompeu ele. – Não queres que te diga que me pareces maravilhosa? Eu gostaria de te convidar para jantar, Alice.

Não conseguia acreditar que estivesse tão tentada a aceitar o jantar e, depois, a cama. A intensidade dessa tentação deixou-a atónita. Fiona tivera toda a razão do mundo. Jeremy era muito perigoso.

– Obrigada, lisonjeias-me, mas não posso aceitar.

– Posso perguntar porquê? Acabaste de me dizer que gostas de mim

– Tenho de te dar um motivo? Talvez tenha namorado.

– Tens?

– Não.

Alice levou o copo de vinho aos lábios. Decidira não beber, mas esse homem faria qualquer mulher beber.

– Tens namorado? – insistiu ele.

O susto fez com que lhe caísse um pouco de vinho. Ele, rapidamente, pegou no lenço branco que tinha no bolso do casaco e limpou-lhe o vinho que lhe caíra pelo queixo e pelo pescoço e que se aproximava do decote.

– Não faças isso! – ordenou ela, embora tivesse ficado com pele de galinha.

– Não sejas ridícula – replicou ele, enquanto continuava a limpar-lhe o vinho.

George e Mandy disseram qualquer coisa, mas ela só conseguia concentrar-se nesse lenço endiabrado que se dirigia para os seus mamilos duros e eretos.

Ele parou antes de os alcançar e retirou o lenço. Alice não soube se devia sentir-se aliviada ou dececionada.

– Então, qual é o verdadeiro motivo para que não possas aceitar o meu convite? – perguntou ele, sem se alterar, enquanto ela tentava acabar o primeiro prato. – E, por favor, gostaria que me dissesses a verdade.

– Se queres sabê-lo, é por causa da tua reputação.

– Que reputação? – perguntou ele, perplexo.

– Vá lá, Jeremy, tens de saber o que as pessoas dizem de ti. És um playboy.

– Ah, é só isso? Esse é o único motivo?

– Não te parece um motivo suficiente? – perguntou ela.

– Nunca me tinha acontecido.

Observou-o fixamente. Era arrogante, sem dúvida, mas com uma naturalidade maravilhosa que fazia com que fosse irresistível e terrivelmente sedutor.

– Imagino que não haja muitas mulheres que te… rejeitem, Jeremy, mas eu, sim. Não penses muito nisso. É que, simplesmente, não quero perder tempo com um homem que acha que sair com alguém é um jogo e que as mulheres são intercambiáveis.

– Não consigo imaginar-te a ser intercambiável, Alice. Pareces-me única.

– Porquê? Porque te rejeitei?

Ele sorriu e ela quis esbofeteá-lo… e beijá-lo… e aceitar o convite.

Endireitou-se, como fazia quando a vida a punha entre a espada e a parede.

– Temos de leiloar algumas coisas – comentou ela, com frieza, enquanto se levantava.

O playboy implacável

Подняться наверх