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Capítulo 2

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Onde se metera?

Helios estava há quinze minutos no seu apartamento e Amy não atendia as chamadas. Segundo o chefe de segurança, saíra do palácio. A sua contrassenha pessoal indicava que saíra às sete e quarenta e cinco, mais ou menos quando os irmãos e ele estavam a receber os convidados.

Voltou a ligar-lhe enquanto ia ao bar e se servia de um copo generoso de gim. A chamada acabou no correio de voz. Bebeu o líquido cristalino e levou a garrafa para o escritório.

Os monitores de segurança mostravam imagens das passagens secretas, mas só ele podia vê-las. Olhou com atenção para o ecrã da câmara número três, que estava focada na porta que os ligava. Havia algo no chão que não conseguia distinguir claramente…

Foi até à porta, abriu-a e viu uma caixa. Era uma caixa cheia de frascos de perfume, joias e lembranças. Eram os presentes que dera a Amy enquanto tinham estado juntos. Amontoara-os numa caixa e deixara-a à sua porta.

O arrebatamento de fúria rasgou-o por dentro. Levantou um pé antes de saber o que estava a fazer e deu um pontapé à caixa. O vidro partiu-se e o barulho ecoou no meio do silêncio.

Não fez nada durante um bom bocado. Limitou-se a respirar fundo enquanto tremia de fúria e dominava a vontade de destruir o que restava na caixa. A violência fora a solução do pai para os problemas da vida. Sempre soubera que era algo que ele também tinha, mas, ao contrário do pai, sabia controlá-lo.

Essa fúria repentina que se apoderou dele era incompreensível.

Amy, que sabia como estava atrasada, fechou a porta do apartamento e desceu a correr as escadas que levavam ao museu do palácio. Marcou a contrassenha, esperou que a luz verde se acendesse, abriu a porta e entrou na zona privada do museu, uma zona vedada aos visitantes.

Passou ao lado da cozinha pequena para o pessoal e fez figas para que não tivessem acabado os bolos e o café. Os bougatsas acabados de fazer pelos cozinheiros do palácio, que lhes traziam todas as manhãs, tinham-se transformado na sua comida favorita.

Sentiu água na boca só de imaginar os bolos de massa fina. Esperava que restasse algum com creme. Não comera quase nada durante os dois últimos dias e, naquele momento, depois de ter conseguido dormir um pouco, estava faminta. Além disso, adormecera, apesar do despertador, e acelerou o passo enquanto subia um lance de escadas que levava à sala de reuniões.

– Lamento o atraso – desculpou-se ela, enquanto entrava com uma mão no peito. – Eu…

Não pôde acabar a frase quando viu Helios sentado à cabeceira da mesa redonda. Tinha os cotovelos apoiados na mesa e os dedos de uma mão colados aos da outra. Acabara de se barbear e, embora estivesse vestido informalmente, com uma camisola verde de gola redonda, irradiava um poder avassalador, um poder que, nesse instante, estava concentrado nela.

– Ainda bem que nos acompanha, menina Green – comentou ele, num tom equilibrado. – Sente-se.

Ela, desassossegada ao vê-lo ali, pestanejou várias vezes e respirou fundo. Helios era o presidente do museu do palácio, mas não participava na gestão quotidiana. Só fora uma vez à reunião das terças-feiras durante os quatro meses que ela trabalhara lá.

Ontem à noite, quando voltara ao palácio, soubera que teria de o ver em breve, mas esperara que lhe desse uns dias. Porque tivera de aparecer nesse dia? Era a primeira vez que se atrasava e tinha um aspeto horrível.

Além disso, para cúmulo, o único lugar livre era mesmo à frente dele. Afastou a cadeira da mesa e sentou-se com as mãos no colo para que não se visse que estavam a tremer. Greta, uma das conservadoras e a melhor amiga que tinha na ilha, estava sentada ao seu lado. Segurou-lhe a mão e apertou-a com delicadeza. Greta sabia tudo.

No centro da mesa, estava a bandeja com bougatsas que tanto desejava. Restavam três, mas perdera todo o apetite e o coração acelerava de tal forma que ecoava por todo o corpo.

Greta serviu-lhe uma chávena de café e Amy agradeceu-lhe.

– Estávamos a falar das obras de que continuamos à espera para a exposição do meu avô – continuou Helios.

O museu do palácio de Agon era muito famoso e vinham especialistas de todo o mundo, o que fazia com que os empregados falassem uma mistura de línguas. Para o simplificar, o inglês era a língua oficial em horário de trabalho.

Amy pigarreou e tentou ordenar as ideias.

– As estátuas de mármore estão a caminho vindas de Itália e deviam chegar amanhã de manhã ao porto.

– Há alguém para as receber?

– O Bruno vai mandar-me uma mensagem assim que entrarem nas águas de Agon. – Amy referia-se a um dos conservadores que voltaria de Itália com as estátuas. – Irão assim que nos comunicarem. Os motoristas foram avisados e está tudo organizado.

– E as obras do museu grego…?

– Chegarão na sexta-feira.

Helios sabia tudo isso. A exposição era uma ideia dele e tinham trabalhado juntos nela.

Amy chegara a Agon em novembro como parte de uma equipa do Museu Britânico que emprestava obras ao museu do palácio. Ela, durante aqueles dias na ilha, tornara-se amiga de Pedro, o diretor do museu. Embora ela não soubesse no seu momento, ficara impressionado com os seus conhecimentos sobre Agon e, sobretudo, com a tese de doutoramento sobre a arte minoica e a sua influência na cultura de Agon. Pedro propusera que organizasse a exposição do aniversário.

Essa proposta fora como um sonho tornado realidade e uma honra imensa para alguém com tão pouca experiência. Amy, que só tinha vinte e sete anos, compensava a experiência que não tinha com entusiasmo.

Também aprendera, quando tinha dez anos, que a família feliz e perfeita que lhe parecera o natural não era como a tinham feito acreditar. Ela também não era o que a tinham feito acreditar. O pai era o pai biológico, mas os irmãos eram apenas meios-irmãos. A mulher que a tivera era da ilha de Agon e metade do seu ADN era… agonita.

Desde que descobrira, para seu espanto, sentira-se fascinada com tudo o que estava relacionado com Agon. Devorara livros sobre o seu passado minoico e a sua transição para a democracia. Apaixonara-se pelas histórias sobre as guerras. Estudara os mapas, reparara tanto nas montanhas, nas praias e nos mares que conhecia tão bem a sua geografia como a do seu próprio país.

Agon transformara-se numa obsessão.

A história dela estava na história de Agon, assim como a chave para entender quem era realmente. Nunca poderia ter imaginado que teria a oportunidade de passar nove meses lá. Era como se o destino estivesse a dar-lhe o empurrãozinho de que precisava para encontrar a mãe. A mulher que a tivera estava ali, naquela ilha de meio milhão de habitantes.

Pensara nela durante dezassete anos e não parara de se questionar se se pareceria com ela, se teria a mesma voz, se se arrependia de alguma coisa… Envergonhava-se do que fizera? Com certeza que sim. Como seria possível que alguém fizesse o que Neysa Soukis fizera e não estivesse envergonhada?

Encontrara-a depressa, mas como ia apresentar-se? Essa fora a grande pergunta. Não podia aparecer um dia à sua porta porque, certamente, lha fecharia na cara e não conseguiria as respostas que queria. Pensara em escrever uma carta, mas também não soubera o que dizer. «Lembrava-se dela? Teve-a consigo durante nove meses e, depois, ignorou-a. Podia, por acaso, dizer-lhe o motivo?»

As redes sociais, graças a Greta, tinham sido frutíferas. Neysa não as usava, mas encontrara um meio-irmão. Tinham estabelecido uma comunicação incipiente e esperara que ele fosse uma ponte entre elas.

– Organizaste o transporte para sexta-feira? – perguntou Helios, com um olhar sombrio.

– Sim, está tudo organizado – repetiu ela. – Estamos mais adiantados do que o previsto.

– Tens a certeza de que a exposição estará organizada a tempo para o baile?

Perguntou-o num tom despreocupado, mas mostrava algo implacável e um ceticismo que não mostrara antes.

– Sim.

Amy cerrou os dentes para conter a dor e a raiva.

Estava a castigá-la. Devia ter atendido alguma das suas chamadas. Seguira o caminho dos covardes, fugira do palácio com a esperança de, depois de uns dias afastada dele, conseguir reunir a força de que precisava para resistir. A melhor forma, a única forma de parar de o desejar era passando a síndrome de abstinência como pudesse. Tinha de resistir, não podia ser a… outra.

Mesmo assim, não podia ter imaginado que lhe doeria fisicamente voltar a vê-lo… e doía atrozmente.

Helios entrevistara-a antes de a contratarem. A exposição do aniversário era a sua prioridade absoluta e quisera certificar-se de que o organizador era o que tinha mais afinidade com a ilha.

Felizmente, Pedro e ele tinham concordado que ela era a melhor candidata. Alguns meses mais tarde, quando jaziam saciados nos braços um do outro, dissera-lhe que o convencera por causa da sua paixão e entusiasmo e porque soubera que se entregaria à tarefa como merecia.

Conhecer Helios… Não fora como imaginara, não era o príncipe rígido, pedante e presunçoso que esperava.

A atração fora imediata, como uma reação química que não conseguira controlar. Surpreendera-a com a guarda em baixo, embora não tivesse nenhuma ilusão. Era um príncipe, mas, além disso, era poderoso e desmesuradamente atraente. Não pensara que essa atração pudesse ser recíproca, nem no seu sonho mais disparatado, mas fora.

Participara mais na exposição do que ela previra e vira-se muitas vezes a trabalhar sozinha com ele e aquele fogo ofegante que a queimara por dentro crescera sem que ela soubesse o que fazer.

As aventuras no local de trabalho eram o pão nosso de cada dia, mesmo no mundo erudito das antiguidades, mas nunca a tinham tentado. Gostava tanto do seu trabalho que a absorvia por completo. O seu trabalho dava-lhe um objetivo e uma razão de ser. Trabalhar com objetos antigos, ver como tinham evoluído as técnicas e os costumes, demonstravam-lhe que o passado não tinha de ser o futuro. O que a mãe biológica fizera não tinha de a condicionar, mesmo que percebesse que o seu comportamento era como um estigma invisível que trazia com ela.

Nunca pensara na possibilidade de ter uma relação que pudesse significar alguma coisa. Como podia comprometer-se com alguém se não sabia quem era? Por isso, não era de estranhar que os seus sentimentos se tivessem transtornado ao sentir uma atração assim por um homem que era o seu patrão e que, além disso, era um príncipe.

Helios não tinha essas inibições.

Despira-a mil vezes com o olhar e muito antes de ter tocado nela.

Até uma tarde, quando estavam a falar na sala mais pequena da exposição, ela num extremo e ele, no outro, passar, numa décima de segundo, de estar imóvel a mexer-se, a chegar até ela com quatro passos e abraçá-la.

E fora só isso. Estivera ao seu dispor e ele, ao dela.

Os três meses que tinham passado juntos tinham sido um sonho. A sua relação fora fisicamente intensa, mas também surpreendentemente natural. Não houvera expectativas nem inibições, só paixão.

Devia ter sido fácil desligar-se.

Os olhos que a tinham despido milhares de vezes dirigiram-se para Pedro para lhe indicar que podia falar dos assuntos gerais do museu. Estava a organizar-se uma exposição muito especial, mas, mesmo assim, o museu em geral tinha de continuar a manter o nível elevado de sempre.

O humor de Helios, que costumava ser agradável, estava a alterar todos e Pedro, claramente nervoso, examinou os pontos do dia a toda a velocidade e acabou a comentar que, naquela quinta-feira, precisam que alguém substituísse uma das guias. Amy ofereceu-se. A quinta-feira era o seu único dia de folga dessa semana e adorava guiar grupos de visitas sempre que podia. Uma das coisas de que mais gostava no museu era da colaboração. Todos ajudavam quando era preciso. Era uma forma de fazer as coisas que começava no topo, no próprio Helios, ainda que, nesse dia, não houvesse rasto desse espírito.

– Antes de nos irmos embora – comentou Pedro, no fim reunião –, lembro-vos de que têm de entregar os menus para a quarta-feira seguinte antes de sexta-feira.

Helios, como agradecimento aos empregados por todo o trabalho que tinham feito pela exposição, organizara um jantar para todos antes de começarem as férias de verão. Era o típico gesto generoso dele e um ato social a que tivera muita vontade de ir, ainda que, nesse momento, odiasse a ideia de sair uma noite com Helios e os seus colegas.

O alívio foi evidente quando a reunião acabou. Ninguém ficou, como costumava ser habitual, e todos se levantaram e foram precipitadamente para a porta.

– Amy, por favor, quero dizer-te uma coisa.

A voz profunda de Helios ouviu-se por cima dos passos apressados. Ela parou a uns centímetros da porta, fez um ar inexpressivo e virou-se.

– Fecha a porta.

Fechou-a e voltou a sentar-se à frente dele, embora tentasse afastar-se o máximo possível.

Nada era suficientemente longe. Esse homem gotejava testosterona… e também gotejava desejo de vingança.

O coração saía-lhe do peito, mas cerrou os dentes e cruzou os braços. Mesmo assim, não pôde evitar observá-lo fixamente. A corrente de prata brilhava na base do pescoço, a corrente que lhe tocara nos lábios tantas vezes quando faziam amor.

Enquanto olhava para ele e se questionava quando ia falar, percebeu que a observava com a mesma intensidade e sentiu a boca seca.

– Estiveste bem em casa da Greta? – perguntou ele.

– Sim, obrigada – respondeu ela. – Como soubeste que estive lá?

– Pelo GPS do teu telemóvel.

– O quê? Espiaste-me?

– És a amante do herdeiro ao trono de Agon. A nossa relação é um segredo bem conhecido e não arrisco o que é meu.

– Já não sou tua – replicou ela, levada pela fúria. – Seja qual for o dispositivo que puseste, já podes desligá-lo.

Amy pôs a mala na mesa, tirou o telemóvel e atirou-lho, que o apanhou com uma mão e se riu. Embora fosse uma gargalhada sem vontade.

– Não há nenhum dispositivo. – Helios devolveu-lhe o telemóvel. – Fez-se através do teu número.

– Para de o fazer, tira-o do teu sistema ou seja o que for.

Observou-a atentamente. Essa imobilidade tirava-a do sério. Helios nunca estava imóvel, tinha energia para iluminar o palácio todo.

– Porque te foste embora?

– Para me afastar de ti.

– Não pensaste que me preocuparia?

– Pensei que estarias tão ocupado a selecionar a tua esposa que nem sequer perceberias.

– Ah – ele sorriu finalmente –, estavas a castigar-me…

– Não – negou ela, com firmeza. – Estava a afastar-me porque sabia que esperarias ir para a cama comigo depois de teres passado a noite à procura de esposa.

– E pensaste que não serias capaz de resistir.

Amy corou e Helios sentiu um arrebatamento de satisfação ao verificar que acertara. A sua amante bonita e apaixonada estivera ciumenta.

Amy, esbelta, feminina e com o cabelo loiro, certamente, era a mulher mais bonita que conhecera. Um escultor não hesitaria em representá-la como Afrodite. Bulia-lhe o sangue só de a ver, mesmo que usasse, como naquele momento, uma saia azul e um top recatado.

No entanto, também tinha algo que não costumava ter, umas sombras escuras por baixo dos olhos castanhos, os lábios secos e a cútis pálida… E ele era o motivo.

Sentiu emoção só de pensar nisso. Fosse qual fosse o castigo que quisera impor-lhe por ter desaparecido uns dias, saíra-lhe o tiro pela culatra.

Nunca lhe falaria da fúria que o dominara quando vira a caixa à frente da sua porta.

O que lhe recordava que…

Pegou num envelope grosso e aproximou-o por cima da mesa. Quando não conseguira conter a raiva, destruíra a caixa, partira os frascos e arruinara os livros, mas as joias tinham-se salvado.

Ela semicerrou os olhos, esticou uma mão elegante e abriu-o com cautela. Cerrou os dentes quando viu o que havia lá dentro. Voltou a pousar o envelope na mesa e levantou-se.

– Não as quero.

– São tuas e ofende-me que mas devolvas.

– E tu ofendes-me ao dar-mas quando estás prestes a pôr um anel de noivado no dedo de outra mulher – replicou ela, sem pestanejar.

Ele também se levantou e aproximou-se. Abraçou-a até ter a sua cabeça no peito. Era demasiado forte e ela não conseguia escapar dele, mesmo que tentasse. Além disso, ele sabia que essas tentativas não significavam nada.

Sentia o seu calor. Queria estar entre os seus braços.

Inclinou a cabeça para trás com a respiração acelerada. Ele viu que as pupilas se toldavam com uma fúria que fez com que o sangue bulisse.

– Não fiques ciumenta – murmurou Helios, apertando-a com mais força. – O meu casamento não muda o que sinto por ti.

Mordeu o lábio inferior carnudo e o olho esquerdo tremeu com uma amargura que nunca vira.

– Mas muda o que sinto por ti.

– Mentirosa. Não podes negar que continuas a desejar-me. – Tocou-lhe na face com a dele e sussurrou-lhe ao ouvido. – Há uns dias, sem ir mais longe, gritavas o meu nome e ainda tenho os arranhões nas costas.

Ela afastou a cabeça.

– Isso foi antes de saber que procuravas uma noiva para te casares imediatamente. Não tenciono ser a tua… amante.

– Não tem nada de estranho. Os reis de Agon tiveram amantes durante gerações.

O avô fora a exceção à regra, mas só porque tivera a sorte de se apaixonar pela esposa.

Dos trinta e um reis que Agon tivera desde 1203, só alguns tinham encontrado o amor e a fidelidade com os seus cônjuges. O próprio pai, embora tivesse morrido antes de subir ao trono, tivera dúzias de amantes e, além disso, desfrutara de mostrar as suas infidelidades à esposa.

– Há gerações, os teus antepassados também esquartejavam os seus inimigos, mas é algo que já pararam de fazer.

Ele riu-se e acariciou-lhe o queixo. Era linda, mesmo sem maquilhagem.

– Não nos casamos por amor ou para ter companhia, como os outros fazem, casamo-nos pelo bem da nossa ilha. Pensa nisso como um acordo empresarial. Tu és a minha amante, és a mulher com quem quero estar.

A sua mãe fora desgraçada nesse sentido. Já amava o pai quando se casaram e esse amor acabara por a devastar muito antes de morrerem naquele acidente de viação.

Nunca causaria a ninguém a dor que o pai causara. Tinha de se casar, mas não disfarçava o que queria: Uma esposa que lhe proporcionasse a próxima geração de herdeiros. Não haveria sentimentos nem expectativas de fidelidade. Seria uma união baseada no dever e em mais nada.

Amy observou-o fixamente e em silêncio durante um instante, enquanto procurava alguma coisa, embora ele não soubesse o que esperava encontrar.

Baixou a cabeça para lhe beijar os lábios que ela separara, mas afastou-se e mal se tocaram.

– Falo a sério, Helios. Acabámos. Não serei a tua amante – repetiu ela, num sussurro.

– A sério…?

– Sim.

– Então, porque continuas aqui? Porque sinto o calor da tua respiração na cara?

Passou-lhe os lábios pela face, agarrou-a pelo rabo e apertou-a contra si para que sentisse como a desejava. Ela gemeu levemente.

– Vês? – Helios mordeu-lhe o lóbulo da orelha com delicadeza. – Ainda me desejas, mas estás a castigar-me.

– Não. Eu…

– Psiu… – Tapou-lhe os lábios com um dedo. – Ambos sabemos que poderia possuir-te neste momento e que não te oporias.

Os seus olhos deixaram escapar um brilho ardente, mas ergueu o queixo com rebeldia.

– Vou dar-te cinco segundos para que te vás embora – continuou ele, falando em voz baixa. – Se, dentro de cinco segundos, não te tiveres ido embora, vou levantar-te saia e fazer amor contigo em cima desta mesa.

Ela tremeu. Foi um arrepio muito leve, mas ele conhecia-a tão bem que sabia o que veria nos seus olhos.

Efetivamente, toldaram-se e tinham as pupilas mais dilatadas. Via a ponta da língua entre os lábios afastados e ele sabia que, se pusesse as mãos nos seios magníficos, teria os mamilos endurecidos.

Soltou-a e cruzou os braços.

– Um…

Amy levou uma mão à boca e ao queixo.

– Dois…

Engoliu em seco sem parar de olhar para ele e ele quase conseguia sentir o seu desejo.

– Três… E quatro…

Ela virou-se e foi a correr para a porta.

– Uma semana! – exclamou ele.

Estava a meio da divisória e não deu nenhum indício de o ter ouvido, mas ele sabia que ouvira perfeitamente.

– Dentro de uma semana, matakia mou, estarás na minha cama outra vez, garanto-te.

No ardor

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