Читать книгу Um Escudo De Armas - Морган Райс, Morgan Rice - Страница 7

CAPÍTULO UM

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Gwendolyn protegeu-se contra o vento frio e fustigante quando ela parou à beira do Canyon e deu seu primeiro passo sobre a ponte arqueada que se estendia sobre a Travessia do Norte. Aquela ponte precária e oscilante, coberta de gelo, estava feita de cordas e tábuas de madeira e dava a impressão de que não poderia suportar o peso deles. Gwen agachou-se ao dar seu primeiro passo.

Gwen escorregou, estendeu a mão e agarrou-se a varanda, a qual balançava e era de pouca ajuda. Seu coração ficou apertado ao constatar que aquela ponte precária era seu único caminho para cruzar para o lado Norte, entrar no Mundo Inferior e encontrar Argon. Ela olhou adiante e viu à distância o Mundo Inferior convidando-a, um lençol de neve cegante. A travessia se via cada vez mais nefasta.

Uma rajada súbita de vento golpeou a ponte e a corda balançou violentamente, Gwendolyn se encontrou agarrada à varanda com ambas as mãos e ajoelhada. Por um momento, ela duvidou que pudesse sustentar-se, ou até mesmo cruzar a ponte. Ela percebeu que a travessia era muito mais perigosa do que tinha pensado e que todos estavam arriscando suas vidas ao tentar cruzá-la.

“Majestade?” Disse uma voz.

Gwen se virou e viu Aberthol parado a uma distância curta, ao lado de Steffen, Alistair e Krohn, todos eles esperavam para segui-la. Os quatro compunham um grupo bastante peculiar, equilibrando-se ali na borda do mundo e enfrentando um futuro incerto ou uma provável morte.

“Nós realmente devemos tentar cruzar isso?” Perguntou ele.

Gwendolyn virou-se e olhou de volta para a neve e o vento fustigante diante dela; ela enrolou as peles ao redor de seus ombros mais apertadamente enquanto tremia. Secretamente, ela não desejava cruzar a ponte; ela não desejava prosseguir aquela jornada. Ela realmente preferia retirar-se para a segurança do seu lar da infância, a Corte do Rei, permanecer detrás de suas muralhas protetoras diante de um cálido fogo e não ter de contemplar nenhum dos perigos e preocupações que a haviam absorvido desde que ela havia se tornado rainha.

No entanto, ela já não poderia fazer isso. A Corte do Rei já não existia mais; sua infância havia passado; ela era a rainha agora. Ela estava esperando um bebê, tinha um futuro esposo em algum lugar mundo afora e eles precisavam dela. Por Thorgrin, ela pisaria sobre o fogo se isso fosse preciso. Gwen estava certa de que isso seria realmente necessário. Todos eles precisavam de Argon – não apenas ela e Thor, mas o Anel inteiro. Todos eles estavam lutando, não somente contra Andronicus, mas também contra uma magia poderosa, poderosa o suficiente para prender Thor e sem Argon, Gwen não sabia se eles realmente poderiam combatê-la.

“Sim!” Ela respondeu. “Nós devemos.”

Gwen preparou-se para dar mais um passo e dessa vez Steffen se colocou apressadamente diante dela, bloqueando o seu caminho.

“Majestade, por favor, permita-me ir adiante.” Disse ele. “Nós não sabemos que coisas aterrorizantes nos esperam nesta ponte.”

Gwendolyn estava comovida com sua oferta, mas ela se aproximou e gentilmente o empurrou para um lado.

“Não.” Disse ela. Eu irei na frente.

Ela não perdeu tempo, em vez disso deu um passo à frente agarrando-se firmemente à corda da varanda.

Quando Gwen deu mais um passo, ela foi invadida pela sensação gélida em sua mão, o frio do gelo penetrou-a, sua sensação fria atingia suas mãos e braços. Ela respirava com dificuldade, sem saber se poderia sequer agarrar-se com firmeza.

Houve outra rajada de vento, ela fez com que a ponte balançasse para um lado e para outro e forçou Gwen a agarrar-se com muito mais força e suportar a dor causada pelo gelo. Ela lutou com todas as suas forças para manter o equilíbrio quando o seu pé escorregou nas tábuas cobertas de gelo, sob seus pés. A ponte pendeu bruscamente para a esquerda e por um breve instante Gwen esteve segura de que cairia pela tangente. A ponte voltou a sua posição normal e logo depois balançou para a posição contrária.

Gwen se ajoelhou novamente. Ela mal havia avançado três metros e seu coração já batia tão descompassado que ela quase não podia respirar, suas mãos estavam tão dormentes que ela quase não podia senti-las.

Ela fechou os olhos, respirou fundo e pensou em Thor. Ela visualizou o rosto dele, cada ângulo dele. Ela aferrou-se ao amor que sentia por ele, a sua determinação de libertá-lo sem importar o que fosse necessário para isso

Sem importar o que fosse necessário para isso.

Gwendolyn abriu os olhos e forçou-se a dar vários passos para a frente, agarrando-se firmemente à varanda, dessa vez disposta a não parar diante de nada. O vento e a neve poderiam arrastá-la para as profundezas do Canyon. Porém ela já não se importava mais. Já não se tratava mais do bem-estar dela. Tratava-se do amor de sua vida. Por ele, ela faria qualquer coisa.

Gwendolyn sentiu o peso da ponte oscilando detrás dela, ela olhou para trás e viu Steffen, Aberthol, Alistair e Krohn seguindo-a. Krohn deslizava em suas patas e se apressou para passar à frente dos outros, esgueirando-se para um lado e outro até que ele chegou ao lado de Gwendolyn.

“Eu não sei se eu consigo fazer isso.” Aberthol exclamou com sua voz cansada, depois de dar uns poucos passos vacilantes.

Ele ficou ali, seus braços tremiam enquanto ele se agarrava à corda, era um homem idoso e fraco que mal podia se aguentar.

“Sim, você vai conseguir.” Disse Alistair, colocando-se ao lado dele e passando um braço ao redor de sua cintura. “Eu estou aqui. Não se preocupe.”

Alistair caminhou com ele, ajudando-o a avançar, o grupo prosseguiu sua caminhada e avançava pela ponte dando um passo de cada vez.

Gwen, mais uma vez, estava admirada com a fortaleza de Alistair diante da adversidade; admirada com sua natureza calma e sua bravura. Ela também irradiava um poder que Gwendolyn não entendia. Gwen não podia explicar porque ela se sentia tão achegada a Alistair, mas no curto tempo que fazia que elas tinham se conhecido, Gwen já a queria como a uma irmã. Ela derivava forças da presença de Alistair e também de Steffen.

Houve uma calmaria no vento e eles puderam avançar mais rapidamente. Logo eles haviam atravessado a metade da ponte e se moviam mais rápido. Gwen já estava mais prática com as tábuas de madeira escorregadias e eles já podiam avistar o outro lado do Canyon, a cerca de apenas cinquenta metros. O coração de Gwen começou a encher-se de otimismo. Eles iam conseguir chegar, depois de tudo.

Uma nova rajada de vento os golpeou, ela foi bem mais forte do que as anteriores, tão forte que forçou Gwen a ficar de joelhos e agarrar a corda com as duas mãos. Ela se agarrou com toda a sua alma quando a ponte balançou em um ângulo de quase noventa graus e logo depois balançou novamente com a mesma violência. Gwen sentiu que uma das tábuas se soltou debaixo de seus pés e gritou quando sua perna ficou metida até a coxa, no espaço vazio entre as tábuas de madeira da ponte. Ela se remexia tentando sair, mas não conseguia.

Gwen se virou e viu quando Aberthol perdeu sua força, se soltou de Alistair e começou a escorregar para a borda da ponte. Alistair reagiu rapidamente, ela estirou o braço e agarrou o pulso dele, segurando-o justo antes que ele caísse pela borda.

Alistair se inclinou sobre a borda da ponte, segurando firme o pulso de Aberthol enquanto ele balançava abaixo dela, suspendido sobre o nada, nada além do abismo do Canyon. Alistair lutava para sustentá-lo e Gwen rezava para que a corda não cedesse. Ela se sentia tão inútil, presa ali, entalada entre as duas tábuas. Seu coração batia loucamente enquanto ela tentava se soltar.

A ponte se sacudia violentamente e Alistair e Aberthol sacudiam junto com ela.

“Solte-me!” Aberthol exclamou. “Salve-se você!”

O bastão de Aberthol deslizou de sua mão e despencou pelos ares, dando voltas sobre si mesmo enquanto caía nas profundezas do Canyon. Agora tudo o que ele tinha era o bastão que estava atado às suas costas.

“O senhor vai estar bem.” Alistair disse calmamente.

Gwen ficou surpresa ao ver Alistair tão equilibrada, tão confiante.

“Olhe nos meus olhos.” Alistair instruiu firmemente.

“O quê?” Aberthol gritou em meio ao vento.

“Olhe nos meus olhos.” Alistair ordenou com mais firmeza em sua voz.

Havia algo em seu tom de voz que comandava os homens, Aberthol olhou para ela. Seus olhos se encontraram e assim que isso aconteceu, Gwendolyn observou um raio de luz emanar dos olhos de Alistair e brilhar até os olhos de Aberthol. Ela observou com incredulidade quando o brilho envolveu Aberthol, logo Alistair se inclinou para trás e com um forte puxão, ela arrastou Aberthol de volta para a ponte.

Aberthol ficou ali, atordoado, respirando com dificuldade, ele olhava para Alistair admirado; em seguida, ele virou-se e imediatamente agarrou a corda da varanda com as duas mãos, antes que outra rajada de vento viesse.

“Majestade!” Steffen exclamou.

Ele ajoelhou-se sobre ela, em seguida estendeu a mão, agarrou seus ombros e puxou com toda a sua força.

Gwen começou a desentalar-se lentamente das tábuas, mas quando ela já estava prestes a se soltar, sua mão escorregou da mão gelada de Steffen; ela caiu novamente ficou ainda mais entalada onde tinha estado. De repente, uma segunda tábua se soltou debaixo de Gwendolyn e ela gritou quando sentiu que começava a despencar.

Gwendolyn estendeu a mão e agarrou a corda com uma mão e o pulso de Steffen com a outra. Ela tinha a sensação de que seus ombros estavam sendo arrancados de suas articulações, enquanto balançava em pleno ar. Steffen agora pendia também, ele estava inclinado sobre a borda com suas pernas entrelaçadas, arriscando sua vida para impedir que Gwendolyn caísse, as cordas estavam a ponto de quebrar-se atrás dele, elas eram a única coisa que os sustentavam.

Chegou até eles o som de um rosnado, Krohn saltou para frente e afundou suas presas na pele do manto de Gwen e puxou-a para trás com todas as forças, ao mesmo tempo em que rosnava e gania.

Lentamente, Gwen foi içada, centímetro a centímetro, até que finalmente ela foi capaz de agarrar-se às tábuas da ponte. Ela arrastou-se para cima e ficou deitada de costas, exausta, respirando com dificuldade.

Krohn lambeu seu rosto vez após vez, Gwen recuperava o fôlego, muito grata a ele e a Steffen, quem agora estava ao lado dela. Ela estava tão feliz por estar viva, por ter sido salva de uma morte horrível.

Mas de repente, Gwendolyn ouviu um barulho e sentiu quando a ponte inteira se sacudiu. Seu sangue gelou quando ela se virou e olhou para trás: uma das cordas que sustentava a ponte do Canyon havia se partido.

Toda a ponte estremeceu, Gwen observou com horror quando a outra corda começou a se partir também, a ponte agora pendia praticamente de um fio.

Todos eles gritaram quando repentinamente a metade da ponte se desprendeu da parede do Canyon; a ponte balançou todos eles tão rápido que Gwen mal conseguia respirar enquanto todos voavam pelo ar com a velocidade da luz, em direção ao outro lado da parede do Canyon.

Gwen olhou para cima e viu a parede rochosa que se aproximava em um borrão; ela soube que em alguns momentos todos seriam mortos pelo impacto; seus corpos seriam esmagados e que tudo o que restasse deles despencaria para as profundezas da terra.

“Rocha, abra passo! Eu lhe ordeno!” Gritou uma voz cheia de autoridade primordial, era uma voz diferente de qualquer outra que Gwen tinha ouvido.

Ela olhou para ver Alistair segurando a corda, estendendo a palma da mão, olhando fixamente e sem medo para a falésia que estavam prestes a impactar. Da palma da mão de Alistair emanava uma luz amarela, quando eles chegaram mais perto da parede do Canyon, Gwendolyn preparou-se para o impacto, ela ficou chocada com o que aconteceu depois.

Diante de seus olhos, a face sólida da rocha do Canyon mudou para a neve. Quando todos eles impactaram, Gwendolyn não sentiu o ruído do rompimento dos ossos que ela esperava. Em vez disso, ela sentiu seu corpo inteiro imerso em uma parede de neve leve e macia. A parede era muito fria e cobriu-a completamente, metendo-se em seus olhos, nariz e ouvidos, no entanto, não a havia machucado.

Ela estava viva.

Todos eles balançavam ali, a corda ficou pendurada no topo do Canyon, imersa na parede de neve. Gwendolyn sentiu uma mão forte agarrar-lhe o pulso, era Alistair. Sua mão estava estranhamente quente, apesar do frio. Alistair já tinha de alguma forma agarrado os outros também, logo estavam todos, incluindo Krohn, quem havia sido puxado para cima por ela, enquanto Alistair subia pela corda como se ela fosse nada.

Finalmente eles chegaram ao alto da parede e Gwen desabou no chão, na terra firme, do outro lado do Canyon. No exato segundo em que eles subiram, as cordas restantes se partiram e o que restava da ponte despencou para baixo, caindo em meio à neblina, para as profundezas do Canyon.

Gwendolyn ficou ali, respirando com dificuldade, muito grata por estar em terra firme novamente, perguntando-se o que havia acontecido. O chão era gélido, estava coberto de gelo e neve, mas mesmo assim era terra firme. Ela estava fora da ponte e, estava viva. Eles haviam conseguido cruzar, graças a Alistair.

Gwendolyn se virou e olhou para Alistair com um novo sentimento de admiração e respeito. Ela estava grata por tê-la ao seu lado, muito mais do que poderia expressar. Ela realmente sentia que Alistair era a irmã que ela nunca tinha tido. Gwen tinha a sensação de que ainda não tinha sequer começado a ver a profundidade do poder de Alistair.

Gwen não tinha ideia de como eles iriam regressar para o Anel quando todos terminassem sua missão ali – se é que eles conseguiriam realizar isso, se eles realmente poderiam encontrar Argon e levá-lo de volta. Enquanto Gwen olhava para a parede de neve ofuscante à sua frente, a entrada para o Mundo Inferior, ela teve a sensação de que os obstáculos mais difíceis ainda estavam por vir.

Um Escudo De Armas

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